A construção de uma
edificação é algo que envolve muito trabalho, muito empenho, e, sobretudo o
domínio de técnicas precisas transmitidas por alguém, para quem o ofício já não
tenha segredos, para outro alguém ignorante no ofício no qual se iniciou, e com
um longo caminho na sua frente rumo à perfeição.
O ofício, qualquer um,
preciso não só de quem tenha conhecimentos q.b. para nele atuar, mas também de
certos utensílios essenciais à realização das tarefas. A tarefa do Aprendiz
começa, desde logo, por ser, a identificação desses utensílios: o que são, como
se chamam, para que sirvam, quando se utilizam e finalmente como se utilizam.
O Aprendiz, em regra,
alguém que pensaria ter conseguido o mais difícil, isto é, o ingresso no seio
de uma comunidade especial, porque diferente de outras, constata ter de se
empenhar, pela aprendizagem com uma entrega total, sob pena de, não merecer a
confiança nele depositada para aceder ao conhecimento.
Estes quatro
parágrafos são diretamente aplicáveis a qualquer um, a qualquer sociedade
organizada, seja ela de cariz profissional, social, filantrópico, etc.
Na antiguidade, já os
Romanos legislaram no sentido das profissões serem hereditárias, impedindo-se,
desse modo, a extinção de algumas delas.
Na Idade Média as
profissões organizaram-se em Corporações ou ofícios, nos quais poucos tinham o
ensejo de ingressar, tal a necessidade de cada corporação guardar ciosamente os
seus segredos, os seus conhecimentos.
Tal aconteceu com os
Pedreiros franceses, os Maçons, ou Arquitetos, responsáveis pelas construções
de Catedrais. Os seus ensinamentos só eram transmitidos a Aprendizes, sendo
estes, homens de características especiais, a quem tinham sido reconhecidas
capacidades de integrar uma comunidade tão eclética.
Essa comunidade era a
Maçonaria operativa. Os Maçons eram então autênticos edificadores, construtores
ou arquitetos dos mais belos monumentos que ainda hoje se podem admirar.
Construções sólidas, duradouras, quase intemporais, encerrando em si um saber
acumulado, só desvendado ou acessível a muito poucos.
A Maçonaria já não é operativa, mas sim filosófica.
O Aprendiz Maçom tem,
porém que percorrer o caminho da sua iniciação, assim como percorreu o caminho
que a antecedeu, enquanto profano livre e de bons costumes.
O templo, também
conhecido por loja, é o espaço físico onde ele e os seus demais irmãos, uns
Aprendizes, como ele, outros já Companheiros, outros ainda Mestres, se reúnem
fraternalmente e em comunhão espiritual desenvolvem os seus trabalhos.
Essa é, porventura, a
catedral da comunidade iniciática a que pertence. Aí é a fonte onde o Aprendiz
saciará a sua sede de aprendizagem. Aí será onde uma mão amiga o amparará e
guiará na senda do seu aperfeiçoamento.
Esse Templo é o lugar
sacralizado orientado segundo a discrição bíblica do Templo de Salomão. Todos os
templos maçônicos são iguais, contêm os mesmos signos visuais. Mas cada templo
possui um espírito particular que caracteriza a respectiva assembléia de
maçons.
É então aqui, no nosso
Templo, que estamos a coberto da indiscrição dos profanos, onde não "chove",
e onde nos sentimos seguros na senda da descoberta das verdades e dos mistérios
da nossa congregação.
A Catedral que o Aprendiz procurará construir, então qual é?
A Catedral que o Aprendiz procurará construir, então qual é?
Encomendas como na
Idade Média já não existem. A catedral do coletivo, o templo ou loja, essa está
já construída, e a ser aperfeiçoada com o contributo de todos os irmãos,
através da sua participação.
Verdadeiramente a
Catedral que o Aprendiz terá de construir é a sua própria Catedral interior. De
pedra bruta, o Aprendiz terá de desbastar o seu potencial interior, ainda
disforme, e imperfeito.
Que a sabedoria do
Oriente me ilumine, ao desbastar a minha pedra disforme, que a força não me
falte, neste trabalho interior, e, no final, que a beleza seja seu apanágio, e
a minha catedral estará pronta.
Que a minha postura,
perante a vida, e os outros, seja tão reta quanto o é o esquadro; Que, enquanto
Maçom, eu me mantenha solidariamente eqüidistante dos homens, tal compasso cujo
desenho geométrico perfeito, simboliza, o maçom, na extremidade cujo movimento
de rotação se opera sobre si, para desenhar o círculo.
Que eu seja aprumado e
me mantenha ao nível de os meus irmãos me considerarem digno de me considerar
entre iguais, no seu seio. E tal como a colher do pedreiro alisa a superfície
irregular, eliminando as suas imperfeições, assim espero, tal como ela,
conseguir suprimir os meus muitos defeitos, aperfeiçoando, o meu caráter.
Estes signos maçônicos,
o esquadro, o compasso, o nível, o prumo a colher de pedreiro, serão os meus
utensílios que comigo transportarei para usar no meu trabalho interior, para
construir a minha Catedral Interior, na certeza que a Catedral de todos os meus
irmãos será o somatório da catedral da cada um de nós.
Sei irmãos o longo
caminho a ser percorrido no trilho da Maçonaria simbólica, constituída pelos 3
graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre.
O fim deste trilho
apenas significará o início de outro representado pela Maçonaria Filosófica.
Como comunidade eclética que somos o reconhecimento entre nós é feito com
sinais e palavras próprias, para que os profanos não se arroguem qualidades que
não têm perante nós.
E também para que de
entre nós não invoquemos graus aos quais não acedemos ainda. Isso só deverá ser
possível depois dos nossos irmãos Mestres acharem que está chegada a altura.
Será chegada a minha
vez de ultrapassar os meus 3 anos maçônicos de idade?
BIBLIOGRAFIA
Esta Peça de
Arquitetura pertence à ARLS MESTRE AFFONSO DOMINGUES
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