SOLIDARIEDADE E FRATERNIDADE NA MAÇONARIA



À
GLORIA DO GADU
                    
Ao sermos iniciados na Maçonaria, aprendemos que ela é uma associação de homens escolhidos, cuja doutrina tem por base o  GADU, e  que tem como principio a LIBERDADE, IGUALDADE E  FRATERNIDADE.           
                      
Neste nosso trabalho, tentaremos falar alguma coisa sobre um dos princípios da Maçonaria que é a FRATERNIDADE e a SOLIDARIEDADE. 
                      
A palavra FRATERNIDADE pressupõe amor, abnegação, desvelo, compreensão e tolerância, enquanto a SOLIDARIEDADE seria um sentido moral que vincula o individuo a vida, aos interesses e às responsabilidades de um grupo social, nação ou da própria humanidade. 
                      
Nós, Maçons, temos conhecimento de que nosso dever é fazer o bem, sem olhar a quem. Devemos verificar as necessidades alheias e mesmo de nossos Irmãos para que cumpramos com eficiência nossa obrigação do dever assumido. 
                      
A atitude solidária é à saída de si para se dar ao outro, quem quer que ele seja. Ela não acontece  apenas entre amigos, mas se estende a todos. Ela é o olhar atento que capta a  necessidade do outro. A solidariedade revela o quanto uma  pessoa é verdadeiramente humana.  Em outras palavras, a pessoa “verdadeira” é aquela que é solidária ao outro nos momentos de  felicidade e nas situações de dor e de sofrimento. 

Em determinadas ocasiões será aquele que estará  ao lado do outro, silenciosamente, “colocando-se na sua pele”.  A solidariedade será num mundo  marcado pelas desigualdades e injustiças, o gesto de abraçar a causa  de todos os que vivem  “à margem da vida”. 
                     
Vivemos hoje, num “sistema” que estimula as pessoas a lutarem, freneticamente, por tudo aquilo que as desfigura em sua própria essência: a ambição e a ganância sem limites, a fome pelo poder  que oprime os outros, o consumo desenfreado, o narcisismo, a  ostentação, o   individualismo, a inveja e a competição a qualquer preço. Só tem valor quem possui quem domina e manipula o outro. Para “subir na vida, vencem aqueles que são” espertos e aqueles que, “bajulam” e que fazem “alianças estratégicas”. 
                      
Não podemos esquecer que a Maçonaria também tem suas regras, e cada Maçom tem suas obrigações individuais, como por exemplo, o dever de freqüência, o de ser pontual com seus compromissos, e principalmente reconhecer como Irmão todo Maçom regular, ajudando-o, protegendo-o e defendendo-o, sempre de forma justa, contra as injustiças do mundo profano, se necessário for com riscos da própria vida.

                      
Bem caríssimos IIrm.’. , levando-se em consideração que todo Maçom deve ter uma conduta digna e reta  pode-se concluir como é difícil “ser Maçom de verdade”, não que se possa dizer que a Maçonaria exija demais de nós, mas sim pela conduta individual de muitos Maçons imperfeitos.

Estes Maçons imperfeitos são aqueles Irmãos que mesmo tendo sido agraciados com a oportunidade de ingressar nesta tão sublime ordem, o que lhes proporciona conviver  com  princípios tão nobres, por vezes são conduzidos pela própria vaidade, deixando escapar por entre os dedos à oportunidade de tentarem se igualar a tantos verdadeiros Maçons. 
                      
Por isso, nós através da Fraternidade, devemos sempre  aprimorar nossas relações sociais  com os irmãos, com nossos familiares e com os profanos e ser também  mais  Tolerantes, ou seja, mais calmos, ponderados  e  justos em nossas decisões e  menos agressivos, para  podermos desenvolver em nossos corações a CARIDADE e com ela  aliviar o sofrimento alheio, em vencer  nossas próprias paixões e más tendências e a amar ao próximo como nos amou o G.ADU.  
                      
Para encerrar, gostaria de citar São Francisco de Assis, em sua Oração, onde ele faz um relato da mais bela filosofia do Amor ao Próximo:

                      “Senhor! Fazei de mim um instrumento da tua Paz”,
                        Onde houver trevas, que eu leve a luz,
                        Onde houver ódio que eu leve o perdão,
                        Onde houver dúvida que eu leve a fé,
                        Onde houver desespero que eu leve esperança,
                        Onde houver discórdia que eu leve união,
                        Fazei-me antes, Senhor,
                        Amar que ser amado,
                         Perdoar que ser perdoado,
                         Pois é dando que se recebe,
                         Perdoando que se  é perdoado,
                         E é morrendo que se vive, para a vida eterna ““.

BIBLIOGRAFIA: 
-         RITUAL DE APRENDIZ MAÇOM - RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO (Grande Oriente Paulista)
-         BOLETIM INFORMATIVO - O APRENDIZ
-         EDITORA A TROLHA
-         OPINIÕES PESSOAIS DOS INTEGRANTES DESTE TRABALHO. 

Trabalho efetuado pelos IIr:.
Jairo Bonifácio
Marcelo da Silva Marques
Ronaldo Nunes

Marcio Felipe Dutra

CORDA DE 81 OU 12 NÓS.


Maçônico, em sua parte superior. Sua ‘localização elevada’ lhe dá uma conotação celestial, confirmada pelos doze nós que aparecem em intervalos ao longo da corda e que simbolizam os doze signos do zodíaco.

Estes nós também correspondem às doze colunas que, exceto no lado leste, rodeiam o santuário interior de nossos templos em sua totalidade. Cinco destas colunas estão situadas ao norte, os outras cinco no Sul e as duas restantes, “Jaquim” e “Boaz”, no Ocidente.”

A corda de 12 nós que forma um friso nas paredes dos templos antigos da maçonaria escocesa simboliza a Cadeia de União que une todos os maçons e foi inspirada na corda mística “

Portanto, a corda de 12 nós usada nos templos maçônicos é um laço místico, ornamento que representa uma escola esotérica e sua literatura e simboliza o vínculo sagrado e indissolúvel que se estabelece entre o maçom admitido e os demais membros da Ordem.

Essa deve ser a leitura do simbolismo da corda de 81 nós encontrada nos templos das Grandes Lojas brasileiras.

A corda de 81 nós corresponde à corda de 12 nós dos templos originais onde foram praticados inicialmente os graus simbólicos do Rito Escocês Antigo e Aceito.

RITUAL DE 1804 DO REAA
As Lojas francesas que adotaram os primeiros rituais organizados pela Grande Loja Geral Escocesa em 1804 para os Graus de Aprendiz e Companheiro do Rito Escocês Antigo e Aceito trabalharam nos templos ornamentados com a corda de doze nós, a qual foi incorporada ao Rito a partir do simbolismo do local que caracteriza a natureza no escocesismo.

A corda de 12 nós substituiu em alguns templos as 12 colunas que representam as casas zodiacais. Também as Lojas filiadas ao Grande Oriente de França praticaram nos templos com a ornamentação aqui descrita os rituais de 1805 produzidos pelo Grande Oriente para o mesmo Rito.

Fonte Ir. José Castelani:
O painel representativo dos instrumentos usados pelos Pedreiros Livres. Uma das possíveis origens da corda de 81 nós é datada de 23 de agosto de 1773, por ocasião da instituição da primeira palavra semestral em cadeia da união, quando, na casa "Folie-Titon" em Paris, tomou posse Louis Phillipe de Orleans, como Grão-Mestre da Ordem Maçônica na França. Naquela solenidade estavam presentes 81 irmãos, e a decoração da abóbada celeste apresentava 81 estrelas.

Avançando mais no tempo, encontramos na Sociedade dos Construtores, embrião da Maçonaria atual, a herança da corda com nós, não necessariamente 81, mas 3, 5, 7 ou 12, que era desenhada no chão com giz ou carvão, alegoricamente fazendo parte de um Painel representativo dos instrumentos usados pelos Pedreiros Livres.


Laquito Leães

OS FILHOS DA VIÚVA

É como se autodenominam os maçons. Existem duas explicações para a origem da expressão.

*A primeira é relacionada com a lenda de Osíris, mito solar egípcio, decalcada em outras lendas mais antigas, como a do deus agrário Dumuzi, dos sumerianos.

Foi Plutarco quem transmitiu, no primeiro século da era cristã, a melhor versão da lenda de Osíris, confirmada, posteriormente, pela tradução dos textos hieroglíficos.

A lenda é tipicamente decalcada nos mitos solares, pois, de acordo com ela, Osíris foi assassinado no 17º dia do mês Hator, que marcava o começo do inverno.

A lenda, assim, do ponto de visto místico, mostra o Sol (Osíris) morto pelas forças das trevas (Set), deixando viúva a Ísis, para renascer, posteriormente, completando um novo ciclo, também representado pelas sucessivas mortes e renascimentos dos vegetais, de acordo com a influência solar.

Os Maçons, identificando-se com Hórus, são os filhos da viúva Ísis, a mãe-Terra, privada do poder fecundante do Sol (Osíris), pelas forças das trevas. A segunda explicação para a origem da expressão está ligada à lenda de Hiram, largamente baseada na lenda de Osíris e em outros mitos da antiguidade.

O artífice fenício Hiram construtor do templo de Jerusalém, segundo a lenda (mas, na realidade, um entalhador de metais, responsável pela confecção das colunas e das bacias necessárias ao culto), era filho de uma viúva da tribo de Neftali. Knight e Lomas avançam a teoria de que Hiram Abiff era, na realidade, Sequenere Tao II, o verdadeiro rei egípcio que viveu em Thebas, cerca de 640 km a Sul de Hyksos, capital de Avaris, perto dos limites do reino de Hyksos.

Sequenere era o "novo rei do Egito, que não conhecia José", que foi vizir por volta de 1570 A.C. Apophis especula-se, quereria conhecer os rituais secretos de Horus, que permitiam aos faraós transformarem-se em Osíris na morte e viver eternamente como uma estrela.

Apophis enviou homens a seu soldo para extrair a informação de Sequenere, mas ele mais facilmente morreria com violentas pancadas na cabeça antes de contar alguma coisa; na verdade, foi o que aconteceu.

A identificação de Hiram Abiff como sendo Sequenere baseia-se no crânio da múmia, o qual parece ter sido esmagado por três golpes aguçados, como os que foram deferidos em Hiram Abiff. E quanto aos assassinos descritos no folclore maçônico como Judeus? Knight e Lomas sugerem que estes serão dois dos irmãos expatriados de José, Simeon e Levi, auxiliados por um jovem padre de Thebast. Como prova, Knight e Lomas apontam a múmia encontrada ao lado da de Sequenere.

O corpo não embalsamado pertencia a um jovem que morreu com os órgãos genitais cortados, e com um estertor de agonia no rosto. Teria ele sido enterrado vivo como castigo pelo seu crime?

Os rituais maçônicos referem Hiram Abiff como o 'Filho da Viúva'... na lenda egípcia, o primeiro Horus foi concebido após a morte de seu pai, pelo que a mãe já era viúva mesmo antes da concepção. Parece lógico que, todos os que, daí em diante, se tornaram Horus, os reis do Egito, se apelidaram de “Filho da Viúva".

A lenda do Mestre Construtor Hiram Abiff é a grande alegoria maçônica. Na realidade, a sua história figurativa é baseada numa personalidade das Sagradas Escrituras, mas os seus antecedentes históricos são de acontecimentos e não da essência; o significado reside na alegoria e não em qualquer fato histórico que possa estar por detrás.

Para o construtor iniciado, o nome Hiram Abiff significa Meu Pai, o Espírito Universal, uno em essência, três em aparência. Ainda que o Mestre assassinado seja o estereotipo do Mártir Cósmico – O Espírito crucificado do Bem, o Deus moribundo – cujo Mistério é celebrado por todo o mundo.

Os esforços levados a cabo para descobrir a origem da lenda de Hiram demonstram que, apesar da forma relativamente moderna de representação da lenda, os seus princípios fundamentais remontam a uma longínqua Antiguidade.

É habitualmente reconhecido pelos estudiosos maçônicos que a história do martirizado Hiram é baseada em antigos rituais egípcios do deus Osíris, cuja morte e ressurreição retratam a morte espiritual do Homem e sua regeneração através da iniciação nos Mistérios.

Hiram é também identificado com Hermes através da inscrição na Placa de Esmeralda. Os "Filhos da Viúva" - Outros entendimentos pode-se dizer, escreve Persigout, que os Maçons eram os filhos da viúva, isto é, da Natureza sempre virgem e fecunda. Dá-se esse nome aos franco-maçons, diz Gédalge, em memória da viúva que foi mãe do arquiteto Hiram. Mas Ísis, a "Grande Viúva" de Osíris, procurando os membros esparsos de seu esposo, também é considerada a mãe dos Franco-Maçons que, seguindo-lhe o exemplo, procuram o corpo de seu Mestre Hiram, assassinado pelos três maus Companheiros, que simbolizam os vícios capazes de aniquilar o Ser: a Inércia, a Sensualidade e o Orgulho.

Quando, portanto, em dezembro, afirma Ragon, o sol hibernal parece deixar nossos climas para ir reinar no hemisfério inferior, parecendo, para nós, que ele desce ao túmulo, então a natureza fica viúva de seu esposo, daquele de quem ela recebe todos os anos, alegria e fecundidade.

Seus filhos ficam desolados; é, portanto, com muita razão que os maçons, filhos da natureza, e que, no grau de Mestre, revivem essa bela alegoria, se chamam filhos da viúva (ou da Natureza); como no reaparecimento de deus, eles se tornam os filhos da luz.

Segundo essa interpretação, acrescenta Ragon, devemos concluir que Hiram, arquiteto do templo de Salomão, ao se tornar o herói da lenda maçônica, é Osíris (o sol) da nova iniciação; que Ísis, sua viúva, é a Loja, emblema da terra, e que Órus, filho de Osíris (ou da luz) e filho da viúva, é o Maçom, isto é, aquele que mora na loja terrestre.

Para outros autores, a Franco-Maçonaria é Viúva desde que Jacques de Molay, grão-mestre dos Templários, foi queimado. A palavra "viúva" vem do latim vidua, e significa propriamente vazio, privado de. A palavra vazio tem o sentido de espaço e não de vácuo.

Nessa acepção, a expressão os "Filhos da Viúva" significaria os "Filhos do Espaço" e, como o Espaço é símbolo de Liberdade, os Franco-Maçons seriam igualmente os "Filhos da Liberdade. Mas a "Viúva" é caracterizada por um véu negro e então simboliza as Trevas que, como dissemos acima, são inerentes ao Espaço.

Esse é o motivo pelo qual os maçons são ao mesmo tempo os "Filhos da Viúva" e os "Filhos da Luz". Eles são "Filhos do Mundo das Trevas", mas, no seio do mundo, manifestam-se como os "Filhos da Luz".


http://filhosdehiran.blogspot.com.br/2008/10/filhos-da-viva-filhos-da-luz-como-se.html

QUER SER MAÇOM?


Isso mesmo! Estão perguntando se você quer ser maçom (com "n", sendo que os dicionários brasileiros registram maçom com "m" no final).

Bela maneira de começar 2016... e aqui vou eu de novo, para a alegria de muitos e desespero de alguns. Não que eu queira mudar o mundo, pois já me convenceram de que o mundo vai muito bem do jeito que está.

Todavia não posso ficar calado diante desta obra-prima do humor brasileiro! Vejam as fotos que encontrei no facebook ˗ uma requintada patuscada que desfila pelas ruas de importante metrópole brasileira, fazendo propaganda de mais uma "maçonaria", com telefone de contato, whatsApp e tudo mais.

Recebi essa pérola com diversos panfletos que apregoam o seguinte: · "Segredos jamais revelados - Loja Maçônica do Rei Salomão, parcele em até 10 vezes no cartão... · "Inclusos paramentos maçônicos + brindes... · "Estude e prepare-se para um novo mundo... · "Compre hoje mesmo seu kit... · "Conteúdo oficial top secret... · "Não seja refém das Lojas que cobram no mínimo R$ 2.000,00 por cada grau..." E por aí afora.

Quanto ao kit anunciado, ("compre hoje mesmo seu kit") quero crer que os iniciados nessa "maçonaria" recebem, junto com os segredos, paramentos, e brindes o kit (quitte) placet, o que já nos poupa de maiores aborrecimentos. Mas nem tudo está perdido.

A propaganda tem um ponto positivo e muito louvável quando afirmam: "estude e prepare-se para um novo mundo..." DE UMA COISA ESSES PROFANOS SABEM: maçonaria exige ESTUDO e preparação PARA UM NOVO MUNDO! Bingo!!! Conversei no facebook com os Irmãos que denunciaram essas fotos. Eles estavam indignados.

Eu já estou acostumado e acho é graça, ainda mais agora, quando são os profanos a descobrirem que para se descortinar um mundo novo através da Maçonaria é necessário ESTUDAR! Ganhei meu dia! ˗ já não posso mais ser considerado um implicante diante do ridículo de tudo isso.

Quando teve início a chamada Maçonaria "moderna", em 1717, na Inglaterra, as Lojas se reuniam nas tabernas (melhor dizendo, em botequins) e, uma vez organizada a Grand Lodge of England, predominaram sobre os pedreiros (operativos) uma nova classe de maçons ˗ os especulativos, entre eles membros da Royal Society, notadamente Christopher Wren, Robert Moray, John Wilkins, Robert Boyle, Alexander Bruce, Elias Ashmole e outras celebridades.

A palavra "especulativo" vem do verbo "especular" [estudo teórico, baseado predominantemente no raciocínio abstrato] ˗ e, já que hoje são tantos os latinistas na Maçonaria, a origem é 'specularis', segunda pessoa do singular do verbo 'speculor'. 

A palavra 'speculum' = o espelho, é (?) daquele indivíduo que tem o hábito de questionar muito, que investiga, estuda, raciocina, que reflete como um espelho, para si e para os outros.

Não preciso dizer mais nada sobre o porquê de os estudiosos incomodarem tanto. 

Desde sua fundação, a Maçonaria caminhou das tabernas para os estudos 
acadêmicos. Do início do Século XX até os dias de hoje ela faz o caminho inverso. 

Foi por causa desse descuido e dos evidentes exageros (pois nada há de mau ou um copo de cerveja) que o caráter iniciático da Maçonaria foi se perdendo e sendo banalizado.

James Anderson, atento às masmorras do vício, foi taxativo nas Constituições: "Poderão os Irmãos regozijar-se com alegria inocente, mas evitando-se todo e qualquer excesso, ou forçando qualquer Irmão a comer ou beber além de sua inclinação; ou impedindo-o de retornar ao lar ou trabalho quando suas obrigações o chamarem (...) Os Irmãos deverão ser cautelosos com palavras e atitudes, pois os mais perspicazes estranhos são capazes de descobrir ou perceber particularidades nossas que não devem ser reveladas".

 É preciso ser mais claro? Se passados trezentos anos dessas advertências os maçons ainda derrapam em tais observâncias, que futuro nos espera? Recente artigo que circula na web aponta como os principais problemas das Lojas a deserção e a baixa frequência de seus membros.

Mas esse assunto permanece como eterno tabu: existe, mas não pode ser examinado à luz da razão nem discutido com liberdade e isenção. Os interesses que predominam na Maçonaria mascaram a escolha errada de candidatos; e as sindicâncias são feitas para agradarem aos padrinhos; as Iniciações são mal feitas e ˗ diz o texto ˗ a "pobreza didática dos instrutores pela falta de leitura dos clássicos maçônicos".

Mas o cenário cor-de-rosa e as zonas de conforto e têm que ser mantidos a qualquer custo enquanto o caráter discreto e sigiloso das Lojas é degradado e descambado, após as sessões, em pândegas espalhafatosas onde predominam os faladores, os piadistas, os coscuvilheiros de sempre e outros parasitas.

O maçom mal escolhido e mal instruído falta às reuniões da Loja, mas não perde esses grotescos convescotes. Em pouco tempo deixa a Maçonaria para criar sua própria "potência". É assim que nascem as "maçonarias" que oferecem de tudo e qualquer coisa, até "um kit completo". , Se existem "novas maçonarias" vendendo conhecimento de goteira "em até 10 vezes no cartão", a responsabilidade é nossa dos maçons regulares ˗ pois permitimos que se profane o conhecimento iniciático em constantes piadinhas, na frase de reconhecimento ou telhamento cifrada em para lamas e pára-brisas da vida; nos trocadilhos pictóricos gravados em botons... e de forma imprópria a ostentação dos paramentos em público.

Acima de tudo isso, o símbolo do Esquadro com o Compasso, que transcende à análise racional, é transformado em mero "escudinho" para lapelas ou decalque para automóveis. Ou ainda, como temos visto com tristeza, em rótulo de cachaça.

Só o ESTUDO pode converter o maçom e fazê-lo reconhecer que o Esquadro e o Compasso são REALIDADES interiores; que se equivalem à Cruz com a Rosa no centro. Compasso, Cruz, Esquadro e Rosa não são marcas nem logotipos de empresas, nem sinais.

Quem estuda simbologia sabe a diferença entre símbolo, forma significado, face do signo, conceito, significância, representação mental e conteúdo(1). Como realidades interiores, os conteúdos transpessoais do Esquadro com o Compasso devem ser VENERADOS da mesma forma que os rosa-cruzes veneram a Cruz dourada sobreposta pela Rosa rubra.

Parece que nossos Irmãos do passado conheciam melhor sobre "cobertura da Ordem", pois dissimulavam, às vezes até da própria família, a existência desses detalhes em suas vidas. Mas... quem poderá contra tais obras destinadas à banalização e abjeção da Maçonaria? Se tais deslizes são inocentes entre os neófitos, eles restam impensáveis para quem atingiu o Mestrado.

Se o sentido íntimo dos Esquadros e do Compasso não conserrado num bom que atingir-lhes a alma, de que adianta serem de ouro e permanecerem nas lapelas? O mesmo se dá com a Cruz de Lorena que a maioria ostenta sem conhecer o significado e origem. Já dizia o antigo provérbio: "quem não pode com a mandinga, não carregue o patuá".

Começam nesse tipo de profanação os processos "políticos" dentro de nossas Oficinas que imitam os moldes da política profana: copiam os erros da república, repetem os enganos das monarquias e reproduzem os sussurros e mexericos dos parlamentos. Não se iludam, pois há maçons que vivem disso.

Alguns não compreendem o fato de eu reiterar determinadas questões e apontar tais equívocos. Não podem atinar com o fato de outro maçom estar "na mídia" com outro interesse que não seja o de se candidatar a alguma coisa. Contudo, volto a tranquilizar esses imediatistas: não sou candidato a nada e não vim à Maçonaria para fazer carreira. Sei bem a quem sirvo.

Evito abordar aspectos esotéricos na Maçonaria porque conheço a extensão do esoterismo, por mais de quarenta anos de estudo (condição essa que nunca alardeei e só uma meia-dúzia de íntimos conhece). Mas não posso deixar de abordar o conceito de egrégora, palavra criada a partir do grego ˗ "egregorien" ˗ que significa o somatório das forças físicas, mentais emocionais e espirituais formado numa espécie de atmosfera psíquica sobre um grupo (no sentido de velar e zelar). 

A dessacralização da Maçonaria aconteceu na egrégora, e este é o tamanho do problema (2).

A egrégora abarca o conjunto dos atos, fatos físicos e mentais desenvolvidos por uma congregação de pessoas no tempo e no espaço.

Por exemplo: um time de futebol ˗ assunto que todo mundo entende e gosta ˗ tem "sua egrégora" construída pelos jogadores, pela torcida organizada, pelo técnico e seus auxiliares, a diretoria do clube, a sede física, as cores do uniforme, o noticiário, a liderança do capitão do time, a história do clube, a memória dos grandes nomes e jogadores que passaram pelo time, etc.

Quanto mais unidos e solidificados forem cada um desses elementos, mas forte será a egrégora. As religiões, especialmente a Católica Romana, têm cada uma, sua própria egrégora e, quanto mais antigas e coesas, maior ação têm sobre seus seguidores, coletiva e individualmente.

A religiões africanas também são muito fortes nesse sentido, ao ponto de garantirem a sobrevivência dos povos escravizados nos continentes americanos por mais de duzentos anos. As famílias têm egrégoras, mais fortes ou mais fracas, assim como cada povo, cidade e nação.

Entretanto, da mesma forma que a egrégora tem poder sobre os membros do grupo, esses haurem benefícios físicos e mentais dessa atmosfera coletiva e enviam de volta para ela suas idiossincrasias. É um delicado e perigoso caminho de mão-dupla.

Vivemos às vésperas de um novo estado de alienação decorrente desse intercâmbio psicossomático.

O fato que deu origem a este artigo ˗ um carro a desfilar pelas ruas fazendo propaganda de mais uma "maçonaria" ˗ é o resultado dessa perda do Sagrado em nosso próprio meio. Poderemos nos transformar noutra coisa se permanecermos negligenciando o sentido oculto das Iniciações e dos rituais.

Independente dos anos passados na Maçonaria, muitos não se deram conta de que a Loja propicia ao indivíduo a experiência de um relacionamento repleto de significado e com categorias mentais de natureza transpessoal. Se a egrégora se encontra numa condição estável, os indivíduos compartilham de um "sentido vivo" e comum. Caso contrário, a Maçonaria permanece apenas um rótulo, um botom ou um decalque exterior.

Quando a egrégora entra numa condição instável, cada personalidade desenvolve seu próprio processo: uns se voltam para convicções mais primitivas e arraigadas (religiosas, supersticiosas ou mágicas); outros tornam-se alienados, isto é  transferem sua capacidade de pensar e julgar para o chefe ou líder do grupo, exatamente nas organizações criadas para libertar o homem dessas amarras.

Na ausência da coesão nascida nas bases, surge o terreno propício para os egos inflados cujos diques da mente foram cruelmente arrombados pelo poder tempestuoso da egrégora adulterada (3).

Toda problemática das atuais instituições iniciáticas consiste, paradoxalmente, em escolher entre o momentâneo e o perene. Adaptam-se à "modernidade" pela mutilação de suas estruturas e a desintegração começa a acontecer.

O processo é lento e praticamente imperceptível. Durante essa dissolvência, é cômodo para as mentes passivas continuarem na esperança, desejando e sonhando, infladas de um poder que já não possuem. Vamos aproveitar o início de um novo ano para repensarmos o que estamos fazendo aqui e agora.

É um ano que promete ser difícil, pois o Brasil atravessa uma crise econômica, social, política e cultural. Mas é exatamente nesses momentos que acontece a oportunidade de rompermos velhos paradigmas.

 A Maçonaria é grande, "grande é o espírito da Maçonaria, ˗ e contamos com excelentes maçons em nossas Lojas capazes de reverter as atuais expectativas. "Quem sabe, faz a hora; não espera acontecer".

(1) A este propósito, consultar Ferdinand de Saussure (1857 - 1913) linguista e filósofo suíço.
(2) Não confundir egrégora com inconsciente coletivo.
(3) Refiro-me aqui ao conceito da psicologia analítica de C.G.Jung e recomendo a leitura de "Ego e Arquétipo" de Edward F. Edinger (Editora Cultrix, esgotado ˗ porém existe em e-book na internet).

Por Ir.’. José Maurício Guimarães

O Irmão José Maurício Guimarães é Venerável Mestre e fundador da Loja Maçônica de Pesquisas “Quatuor Corona, Pedro Campos de Miranda”, jurisdicionada à Grande Loja Maçônica de Minas Gerais

TEMPLOS AS VIRTUDE E MASMORRAS AO VÍCIO


Escolhi este tema de forma independente às orientações da 2.'. Vig.'. para os trabalhos oficiais a minha postura como Ap.'. M.'., pois, acredito que , enquanto Ap.'., cada passo dentro de nossa Ordem , deve ser pesquisado, compreendido e postulado aos queridos IIr.'. , e, contudo, em conjunto, tentarmos consenso na interpretação destas duas palavras que conotam uma das mais discutidas dualidades inversas de nossa vida.

Outro motivo, que me pendi a este estudo/ pesquisa, foi o impacto de duas perguntas que a mim foram proferidas durante o Ritual de Iniciação, que, dentro de minha ignorância momentânea, percebi que minhas respostas não foram claras o suficiente, talvez pela emoção emanada do momento, ou até mesmo, pelo fato do desconhecimento profundo e misterioso que ambas as palavras nos submetem no dia a dia, na vida social e maçônica.

Relembro neste momento as seguintes perguntas:
O que entendeis por Virtude?
O que Pensais ser o Vício?

Relembro também as seguintes Palavras do Ir.'. Orad.'. : Se desejar tornar-vos um verdadeiro Maçom deveis primeiro morrer para o vício, para os erros, para os preconceitos vulgares e nascer de novo para a Virtude, para a honra e para a Sabedoria.

Como Homens livres e de bons costumes, entendo que além do sagrado dever de levantarmos templos a Virtude e cavarmos masmorras aos Vícios, devemos saber interpretar ambas as questões, para que no dia a dia, não sejamos submetidos ao despertar de nossa ignorância quando interpelado sobre seus significados. Daí, minhas conclusões que disserto a seguir.

Comecemos com a Virtude, em suas definições Filosóficas, que nos levam a discernir como um estado de Comportamento do Homem:

O primeiro desses significados se refere às qualidades materiais ou físicas de qualquer ser, inclusive do homem. São as virtudes da água, do ar, ou como as virtudes naturais dos seres vivos de respirar, reproduzir-se, ou do homem de raciocinar, de ser bípede etc. Esse significado se refere às qualidades não adquiridas, mas próprias da natureza de cada ser, tanto em razão de sua composição química como em razão de sua estrutura orgânica ou de sua evolução natural. São as qualidades e as capacidades naturais que os seres em geral manifestam, desde os átomos até os seres organizados superiores.

O segundo significado diz respeito às habilidades próprias do ser humano, como tocar um instrumento musical, saber usar uma ferramenta, saber escrever, pintar, ler, raciocinar logicamente etc. São, na verdade, destrezas, habilidades ou capacidades de execução de alguma atividade, adquiridas através de exercícios e experiências, tanto em nível corporal como em nível mental. São as qualidades adquiridas pelo aprendizado.

O terceiro sentido de virtude diz respeito ao comportamento moral resultante do exercício do livre arbítrio e, portanto, diz respeito exclusivamente ao homem. É exatamente desse terceiro sentido, o comportamento moral, que nos interessa como Maçons, pois somente ele diz respeito exclusivamente à educação do espírito, uma tarefa extremamente valorizada dentro da Maçonaria porque conduz ao comportamento moral, ao amor e a generosidade.

Comportamento moral é a pratica da solidariedade humana em todos os sentidos, e que pode ser manifestada de infinitas maneiras, pois são infinitas as maneiras que nos podem conduzir na pratica da solidariedade. Podemos, por exemplo, trabalhar com dedicação para tirar o homem de sua ignorância, podemos ajudar o nosso semelhante a superar suas necessidades materiais, podemos nos colocar ao lado do nosso semelhante em suas dores mais profundas, podemos estar ao lado dele quando abatido em seus males corporais, enfim há vários meios de praticar a solidariedade.

Para que um determinado comportamento moral possa ser considerado uma virtude não é suficiente à prática de atos morais esporádicos ou isolados. É necessário antes de tudo haver uma continuidade, um hábito, um estado de espírito sempre ativo e presente na consciência, a cada dia e a cada momento.

Dentro do Comportamento Moral, podemos acrescentar o próprio comportamento social que vivemos para fazermos valer na tríade Liberdade, Igualdade e Fraternidade, onde cujas são por excelência, os elementos para construir em nosso templo interior o verdadeiro espírito maçônico. E para tanto, ao entender das pesquisas, temos que praticar constantemente as virtudes que relacionamos a seguir:

A Virtude da Justiça: por justiça entende-se como virtude moral, pela qual se atribui a cada indivíduo aquilo que lhe compete no seio social: praticar a justiça. A justiça em nossa Ordem é a verdade em ação, é a arma para as conquistas da Liberdade.

A Virtude da Prudência: é a Virtude que nos auxilia a nossa inteligência para distinguir a qualidade do ser humano que age com comedimento, com cautela e moderação, enriquecendo nossa igualdade, e respeito entre os irmãos, estendendo à sociedade que vivemos em nossa vida profana.

A Virtude da Temperança: podemos relacionar diretamente a virtude da Temperança com uma espícula extremamente dura a ocupar uma das infinitas arestas da Pedra Bruta, pois é ela que disciplina os impulsos, desejos e paixões humanas. Ela é a moderação e barragem dos apetites e das paixões, sendo o império sobre si mesmo. Com ela, estaremos deixando cada vez mais forte e profunda as raízes da Fraternidade.

Faço destaque à Fraternidade, ora regida por nossas temperanças, pois da importância do conjunto de nossa tríade, considero-a a mais direcionada às nossas causas e conquistas enquanto Maçons, pois ela é a diferença de nossa Ordem, ela que serviu de arma forte e reluzente, que fez com que nossos irmãos antepassados, entregando muitas vezes suas próprias vidas a repugnância, resistindo às perseguições e se deixando abater pela inquisição, pela própria rusga Cuibana não deflagraram nossos segredos, nossos augustos mistérios, e salvaram com os princípios fraternos a continuidade de nossa Ordem durante séculos que se passaram.

A Fraternidade Maçônica sempre foi conseguida através de um laço que se poderia chamar de cumplicidade maçônica. Essa cumplicidade nasceu entre os irmãos a partir do compartilhamento de diversos sigilos, como o aspecto secreto das reuniões, os sinais de reconhecimento, o segredo dos graus, os simbolismos etc., que começa a se formar a partir do momento da iniciação.

É essa gama de atos e fatos ligados à estrutura básica da Maçonaria que faz nascer essa ligação de cumplicidade que gera a inconfundível fraternidade Maçônica. Este laço material se reforça com a prática da Filosofia, das Virtudes e dos Princípios Maçônicos, principalmente da Justiça, da Prudência, do Amor, e da Generosidade.

Existem certamente momentos em que afloram os instintos, ou seja, vícios ainda não convenientemente dominados, tal como o egoísmo, provocando desentendimentos pessoais. Isso é natural que aconteça mesmo depois de nos tornarmos maçons, pois é sabido que mesmo após muitos anos o espírito dentro de sua cavalgada na busca da perfeição não consegue absorver o verdadeiro sentido do que é uma fraternidade. Não conseguem deixar-se dominar pela cumplicidade maçônica.

Nesses momentos deve agir o sentimento de temperança dos demais irmãos para serenar os ânimos e não deixar os ressentimentos se avolumarem. O Importante é não deixar de lutar pela fraternidade a cada dia e a cada instante, mas para isso é preciso termos em primeiro lugar domínio sobre nossos vícios, cujo também alvo desta peça, discuto a seguir, pois do que vale pregar o bem, sem o entendimento do mal?

Percebi em minhas pesquisas, que pouco se fala sobre os Vícios, até mesmo a própria Bíblia Sagrada, O Livro dos Espíritos, Livros afins e várias peças de arquitetura que o entendimento da palavra e do substantivo declarado Vício é de forma singela e simploriamente declarada como o "O oposto da Virtude", havendo logicamente mais espaços destinados ao assunto "Virtude", o qual não sou contra, pois dentro dos conceitos atuais de estruturalismo, é mais fácil corrigir o mal com o reforço do ensino e prática do bem, tal como nosso Ritual de Iniciação que o Ven.'. M.'. dita o seguinte discurso:

".'. É o oposto da Virtude. É o hábito desgraçado que nos arrasta para o mal; e é para impormos um freio salutar a esta impetuosa propensão, para nos elevarmos acima dos vis interesses que atormentam o vulgo profano e acalmar o ardor das paixões, que nos reunimos neste templo.'.".

O Vício pode ser interpretado como tudo quanto se opõe a Natureza Humana e que é contrário a Ordem da Razão, um hábito profundamente arraigado, que determina no individuo um desejo quase que doentio de alguma coisa, que é ou pode ser nocivo. Em síntese, tudo que é defeituoso e que se desvia do caminho do Bem.

Do ponto de vista abstrato, podemos dizer também que tudo que não for perfeito é Vício, mas do ponto de vista prático, é um termo relativo que depende do grau de evolução do Individuo em questão, pois o que seria um Vício para um Homem cultivado, poderia ser uma virtude para um selvagem.

Na verdade, nenhum vicio poderá ser jamais uma desvantagem absoluta, pois toda forma de expressão indica um desenvolvimento de força. O que devemos realmente é estabelecer e proclamar nossa guerra interna, conflitarmos espiritualmente o combate às nossas imperfeições seja nessa vida ou nas próximas que estamos por vir.

De todos os vícios que sofremos e estamos expostos no dia a dia para com a sociedade, nosso templo, nosso ego, enfim, aquele que podemos declarar como o Orientador a todos os outros vícios é o egoísmo, e este vem assolando todas as comunidades, todas as religiões, todas as irmandades, enfim, todo o Mundo está submisso ao Egoísmo, e , na prática e exercício deste de forma desequilibrada, teremos os demais vícios aflorando facilmente e deflagrando em cada canto do mundo, a discórdia,a intemperança, as guerras, o fanatismo, a injustiça, a fome, as doenças, a infelicidade, enfim, as mortes prematuras que assolam os ditos países não desenvolvidos.

Quando citei o exercício desequilibrado do egoísmo, quis demonstrar que jamais um vício pode ser uma desvantagem absoluta (dito a dois parágrafos anteriores) , pois como exemplo, podemos citar que o Egoísmo de um PAI na proteção de seu filho não pode ser tratado como um desequilíbrio egoísta e sim uma reação que não podemos condenar desde que para isso não tenha praticado o mal ao seu semelhante.

Assim como tudo na vida e em nossas ações estaremos submetendo ao equilíbrio, os vícios também o são submetidos, pois com certeza, nós homens nunca seremos perfeitos, a imperfeição faz parte do Homem, e isto é lógico e notório, partindo do principio que somos Espíritos tendo experiências humanas na terra e não humanos tendo experiências espirituais.

Nosso mundo nada mais é que uma grande escola espiritual e que para conseguirmos nossa evolução, temos que ser submetidos às vivências carnais tempo a tempo, até que sejamos perfeitos, e isto ocorrendo não mais estaremos de volta e sim estaremos ajudando em outro plano os demais que assim se fizerem de coração aberto para os ensinamentos.

Outra citação que coloco, é a questão das Paixões, também fruto do egoísmo, que dentro de uma estrutura hierárquica, posso considerá-la como uma segunda posição depois do Egoísmo. A Paixão está no excesso acrescentado à vontade, já que este princípio foi dado ao homem para o bem, e suas paixões podem levá-lo a realizar grandes coisas. É no seu abuso que está a sua definição como um vício.

A Paixão é semelhante a um cavalo, que é útil quando dominado e extremamente perigoso quando domina. Uma paixão será por demais perigosas no momento em que deixar de governá-la e resultar qualquer prejuízo para você ou aos outros.

Sem dúvida grandes esforços são feitos para que a Humanidade, e nós Maçons que fazemos parte dela, avance, encoraje-se, honre-se os bons sentimentos mais do que em qualquer outra época deste nosso mundo, entretanto a desgraça roedora do egoísmo continua sendo sempre a nossa chaga social. É um mau real que cai sobre todo o mundo, do qual cada um é mais ou menos vítima.

É preciso combater os vícios, equilibrá-los, assim como se combate uma doença epidêmica. Para isso, devemos proceder como médicos: ir à origem. Que se procurem, então em todas as partes de nossa organização social, desde as famílias até nossa comunidade, desde os barracos de tábuas, até as grandes Mansões, todas as causas, todas as influências evidentes ou escondidas que excitam, mantêm e desenvolvem o sentimento do egoísmo.

Uma vez conhecidas as causas, o remédio se mostrará por si mesmo. Restará somente combatê-las, senão todas de uma vez, pelo menos parcialmente e, pouco a pouco, o veneno será eliminado. A cura poderá ser demorada, porque as causas podem e são numerosas, mas não impossível. Isso só acontecerá se o mal for atacado pela Raiz, ou seja, pela educação, não a educação que tende a fazer homens instruídos, mas a que tende a fazer homens de bem. A Educação, bem entendida é a chave para o progresso moral.

Quando conhecermos a arte de manejar o conjunto de qualidades do homem, como se conhece a de manejar as inteligências, será possível endireitá-los, como se endireitam plantas novas, mas esta arte exige muito tato, muita experiência e uma profunda habilidade de observação e vigilância. É um grave erro acreditar que basta ter o conhecimento da ciência, dos augustos mistérios de nossa ordem para que exercemo-las com proveito.

Todo aquele que acompanha o filho do rico ou do pobre, desde o nascimento e observa todas as influências más que atuam sobre eles por conseqüência da fraqueza, do desleixo e da ignorância daqueles que os dirigem, quando, frequentemente, os meios que se utilizam para moralizá-lo falham não se pode espantar em encontrar no mundo tantos defeitos. Que se faça pela moral tanto quanto se faz pela inteligência e se verá que, se existem naturezas refratárias, que se recusam a aceitá-las, há, mais do que se pensam, as que exigem apenas uma boa cultura para produzir bons frutos.

O Homem, meus IIr.'., deseja ser feliz e esse sentimento é natural, por isso trabalha sem parar para melhorar sua posição neste mundo que vivemos. Ele procurará a causa real de seus males a fim de remediá-los. Quando compreender que o egoísmo é uma dessas causas, responsável pelo orgulho, ambição, cobiça, inveja, ódio, ciúme, que o magoam a cada instante, que provoca a perturbação e as desavenças em todas as relações sociais e destrói a confiança que o obriga a manter constantemente a defensiva, e que, enfim, do amigo faz um inimigo, então compreenderá também que esse vício é incompatível com sua própria felicidade e até mesmo com sua própria segurança.

E quanto mais se sofre com isso, mais sentirá a necessidade de combatê-lo, assim combate a peste, os animais nocivos e os outros flagelos; ele será levado a agir assim por seu próprio interesse.

O egoísmo é a fonte de todos os vícios, assim como a fraternidade é a fonte de todas as virtudes; destruir um e desenvolver outro ( Levantar templos a Virtude e Cavar masmorras aos Vícios ), esse deve ser o objetivo de todos os esforços do homem, se quiser assegurar sua felicidade em nosso mundo e no seu mundo espiritual.

"Quem é bom, é livre, ainda que seja escravo, Quem é mau é escravo, ainda que seja livre."
Santo Agostinho

 Ir.’.Moacir José Outeiro Pinto, ARLS Razão 4 / Brasil


SOMOS PÓ E EM PÓ NOS TORNAREMOS

Faz parte de nosso comportamento humano o apego, quase irracional, aos bens materiais, principalmente àqueles que envidamos maiores esforços e para os quais sofremos um longo período de espera entre o desejo e a conquista.

Não é raro o mesmo comportamento nosso em relação às conquistas pessoais, seja no campo profissional, social e até mesmo financeiro; quando somos erigidos a qualquer condição que desnivela-nos para cima em relação a outros, por alguma distinção que nos coloque em patamares de “superioridade” tendemos ao mesmo apego que sempre nos norteou desde a infância, com relação às coisas materiais.

Somos impulsionados, por forças quase imperceptíveis, a renegar pessoas e atitudes que outrora convivíamos e comungávamos na mais perfeita coerência e harmonia.

O quase “complexo” de ascensão que as efêmeras bajulações e as ilusórias vantagens nos oferecem ofuscam a nossa verdadeira personalidade levando-nos, de forma vertiginosa, à prática de atitudes incoerentes com aquilo que a nossa verdadeira força humana gostaria de ver realizado.

Quando Santo Agostinho inspirou-se para deixar-nos o célebre legado na sentença: “Eu prefiro os que me criticam porque me elevam aos que me elogiam, porque me corrompe”, certamente ele estava entrementes buscando explicação para este conflito existencial frente a nossa irracionalidade e incoerência como seres intitulados de humanos.

No tenso, atribulado e confuso dia de nossa iniciação na ordem, nas preparações exordiais levam-nos à sala de reflexões de nosso intra mundo, a qual de forma propositada e estratégica situa-se um nível abaixo do prédio onde a beleza e os adornos do luxo mundano nos serão apresentados horas após.


Desvendados, atônitos e isolados, por mais que a ocasião e o tumulto da data festiva nos tenham excitado a mente e a vaidade por termos sido aceitos na grande ordem, naquele momento somos concitados interiormente pelas reais forças que deviam nos impulsionar invariavelmente; os símbolos e as descrições que não só nos alertam e nos advertem para a responsabilidade da missão que nos propusemos aceitar, mas também nos fazem despertar a consciência de nossa existência humana no contexto em que fomos inseridos na jornada da vida.

 “Tu és pó e em pó te tornarás”; embora esta frase não seja recente e nem teve como signatário nenhum filósofo ou pensador carente de perdão Divina, nós a renegamos ou pelo menos não a abstraímos além de sua magnífica força expressiva. Esta frase milenar está grafada e é exposta na Sala de Reflexões, antes que façamos o nosso juramento de aceitação e ingresso na Ordem Maçônica, exatamente pela força que ela representa no ciclo nascimento vida e morte.

A expressão de que nós viemos do pó e a ele retornaremos não pode ser interpretada como desvalorização do ser humano, titular e ou detentor provisório daquela matéria, ao contrário, tal assertiva tem o condão de nos alertar para que não confundamos as glórias, as lisonjas, os cargos, as posições sociais e financeiras e nem as eventuais belezas que esta matéria esteja usufruindo ou exibindo, com a verdadeira missão que temos como verbos animadores desta personagem, no efêmero espetáculo de nossa representação no teatro da vida. 

Quando foi instituída a prática de inumar os restos materiais daquele que teve a vida perecida, tal ato não foi em vão, pois devemos ter alerta sempre a consciência de que a morte terrena não representa o fim da vida e sim o renascimento, razão que inspirou, na integração do homem com a natureza, a inumação dos restos mortais como força simbólica de que a semente, originária da planta que secou e sucumbiu renascerá para nova vida.

Cabe-nos como maçons, rememorarmos sempre àquela advertência escrita e por nós vislumbrada nos momentos que antecederam nossa iniciação, para que tenhamos sempre alerta a nossa consciência de que nos policiemos diuturnamente em nossos atos e omissões e não nos deixemos nos embriagar com a vaidade das insígnias e distinções que a própria ordem nos oferece, nos desviando do propósito maior que é a nossa construção interior para que possamos verdadeiramente ser pedras uniformes na edificação do grande templo da humanidade. 

AUTOR: Fernando Alves Viali
Loja Ciência e Trabalho n.º 30
Or:. de Ituiutaba-MG

REFLEXÕES DE UM FILHO DE HIRAM

“A ciência dos símbolos constitui uma magia capaz de despertar um impulso no coração, superior ao de qualquer discurso, mesmo o mais eloquente. o olhar segue a direção imposta pela forma, assim como a marcha segue o impulso imposto pelo ritmo”

Sabedor que a Arte Real é um sistema de moral, velado por alegorias e ilustrado por símbolos, além de progressista, alicerçada sobre os Landmarks, e em respeito a todos os Irmãos, e crenças religiosas, traço algumas linhas que me são altamente reflexivas no Grau de Mestre Maçom.

O encerramento dos trabalhos da Loja, quando composta no Grau I dar-se com a leitura do Salmo 133, vv 1, 2 e 3, inserido no Livro da Lei.

O número inicial do Salmo (1) representa o princípio dos números, assim como o início de nosso Grau quando Aprendiz Maçom, representando ainda, a meu ver, o início e divisor de um marco de tempo, aC (antes de Cristo), e dC (depois de Cristo), além de ser a data do nascimento de Jesus.

O par de números (3) formam a idade da morte de Jesus, sendo que em seu calvário havia 3 (três) cruzes sendo ele pregado em uma delas por 3 (três) pregos, número que simboliza também, a Idade Maçônica do Aprendiz.
Sua multiplicação pelo mesmo numeral (3x3), tem como resultado o número 9 (nove), inerente a Bateria do Grau de Mestre.

Baseando-me novamente na Bíblia, e em respeito aos demais Livros da Lei, usados em outras Lojas e Ritos, a Bíblia descreve que Maria, dá a luz a Jesus no ano I, sendo que fora concebido pelo “Espírito Santo”, “sem pai biológico”, ela como se fosse uma “viúva”.

Ele era “filho” de carpinteiro, livre e de bons costumes, inclusive segundo relatos chegou a trabalhar no ofício do “pai”, retratado recentemente no filme “A Última Paixão de Cristo” direção de Mel Gibson, quando trabalhava na construção de uma mesa, sendo que se protegia com um avental de pele de carneiro.

Posteriormente foi chamado de Mestre, sendo que costumeiramente reunia-se com 12 (doze) apóstolos para pregações, e após, costumava cear fraternalmente com eles.

Quando pregado à cruz tinha 33 (trinta e três) anos, 33 é o Grau máximo catalogado no R.'.E.'.A.'.A.'..

A acácia foi a planta usada para a confecção de sua coroa de espinhos, quando de sua morte, como na morte simbólica de nosso Mestre Hiram, de Osíris,e de Jacques de Molay sendo que em todos os casos representam a renovação, um símbolo da imortalidade.Também conhecida dos grandes líderes religiosos, Maomé e Abrahão

Sábios e queridos filhos da viúva, quando me perguntado Sois Mestre?. A resposta abrangeu-me um significado maior, que sucintamente compilei no trabalho ora apresentado.

Fraternalmente, e que os irmãos permaneçam na paz do G.'.A.'.D.'.U.'.

Ir.'.PAULO CESAR BREGA DOS SANTOS
GOB/GOSP – R.’.E.’.A.’.A.’.


O TRABALHO FORA DE LOJA


Em Maçonaria, é essencial o trabalho realizado em Loja: a execução do ritual de abertura, através do qual todos os presentes se concentram no espaço, tempo, lugar e trabalho que vão efetuar, desligando-se das vicissitudes do mundo exterior (o mundo profano), o despachar de toda a parte burocrática e administrativa inerente ao funcionamento da Loja, a participação na ordem do dia e o ritual de encerramento, pelo qual os presentes se preparam para a saída do espaço, tempo, lugar e trabalho comuns e conjuntos e para o regresso ao mundo exterior (o mundo profano).

Mas mal andará qualquer Loja em que apenas se dê atenção ao trabalho em sessão! Este não é possível, ou, pelo menos, não é profícuo, nem sustentável, sem o trabalho que, desejavelmente, todos os maçons efetuam, em si e perante os que os rodeiam, no mundo e tempo profanos e particularmente sem o trabalho, o esforço e a dedicação dos Oficiais da Loja entre as sessões desta.

Para que os trabalhos de uma Loja decorram de forma harmoniosa e profícua, muito tem de ser preparado, estudado, trabalhado e concretizado fora de Loja. Desde as obrigações legais que a Loja tem de assegurar, ao enquadramento burocrático, passando pela aquisição, conservação e guarda dos bens e materiais da Loja, não esquecendo a execução do que se deliberou em sessão e a preparação dos assuntos a serem postos à discussão e deliberação nas sessões subsequentes, atendendo à detecção, prevenção e resolução de problemas, diferentes entendimentos ou divergentes interpretações e conflitos, reais ou potenciais, tudo tem de ser assegurado e trabalhado pelos Oficiais do Quadro da Loja entre as sessões desta. 

Sem esse trabalho de triagem e preparação, tudo viria a recair na Loja, transformando as sessões desta numa sucessão de resolução de problemas, sem dar tempo, espaço e lugar ao mais importante: a criação, fortalecimento e manutenção da Cadeia de União entre os obreiros da Loja, pela qual e com a qual cada um recolhe do grupo a energia, o incentivo, a experiência, os conselhos, a solidariedade e a cooperação que lhe são úteis para o seu próprio trabalho de aperfeiçoamento e, por sua vez, dá ao grupo e a cada um dos seus integrantes a sua contribuição.  

É por isso que a eleição ou designação para Oficial do Quadro de uma Loja maçônica deve ser por todos encarada antes do mais como um encargo e só depois como uma honra ou o reconhecimento de qualidades ou esforço do eleito ou designado. O Oficial de uma Loja maçônica não é um "graduado" que exerce autoridade sobre elementos de patente inferior, os soldados ou praças. O Oficial de uma Loja maçônica é assim designado porque lhe é confiado o exercício de um ofício, de uma tarefa. O Oficial do Quadro da Loja serve esta e os seus obreiros, através do cumprimento das obrigações do seu ofício.

Todos os maçons com um mínimo de assiduidade às sessões da sua Loja sabem quais são os deveres dos Oficiais durante as respectivas sessões - porque participam nelas e assistem ao respetivo exercício ou efetuam o exercício de um ofício. Mas o conhecimento das tarefas que os vários Oficiais do Quadro de uma Loja maçônica devem assegurar no intervalo das sessões não é tão evidente assim. No entanto, essas tarefas fora de sessão são indispensáveis para a administração da Loja, a preparação e decurso das sessões desta, o cumprimento dos objetivos de todos.

É, por isso indispensável que cada um, quando chegar a sua vez de assumir funções de Oficial do Quadro da sua Loja, tenha bem presente que as suas obrigações no exercício do seu ofício vão muito para além do desempenho ritual em Loja, pesam muitíssimo mais do que o colar de função que cada Oficial coloca no início de cada sessão da Loja.

Basta que um ofício seja mal ou incompletamente exercido, fora de Loja, para que o equilíbrio de todo o Quadro de Oficiais seja afetado, para que a sessão da Loja seja menos produtiva ou menos agradável do que poderia e deveria ser. O desempenho do ofício fora de Loja é tão ou mais importante do que é executado em sessão. Este é só mais visível...

Rui Bandeira


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