CELULAR NA MAÇONARIA?


O uso do celular nas Lojas Maçônicas  é sintoma, não problema. Vamos tratar o problema que o sintoma desaparece naturalmente. 

Já foi o tempo em que celulares serviam só para falar. Nesses pequenos aparelhos temos um acumulo impressionante de funções, capaz de satisfazer todas as nossas necessidades tecnológicas. A postura comum é que em eventos públicos como cinemas, teatros, audições musicais e palestras, os celulares devem ser desligados. O motivo? Não atrapalhar a concentração de quem está apresentando e de quem está ouvindo.

Na Loja Maçônica temos adotado essa posição e de forma veemente tem sido feita proibição ao uso do aparelho nos horários de reunião. O Mestre de Cerimônia pede educadamente para ser desligados os celulares ou que deixem no modo silencioso se for necessário.

Argumentos que apoiem a ideia do ‘não uso de celular’ na Loja Maçônica são bem conhecidos. Tenho como propósito, neste artigo, mostrar que o ‘problema’ do celular é muito mais abrangente do que apenas desligar um aparelho, e acaba trazendo a tona graves deficiências da Maçonaria em lidar com os Maçons na  juventude e as para-maçônicas, como a Ordem Demolay, RaibowGirls e Filhas de Jó.  Se deixar, eles ficam 100% focados nos Smartphones.

VIBRACALL

Celular toca na Sessão da Loja Maçônica. Faz aquele barulho e todo mundo se vira. Então um irmão começa a mexer nervosamente na sua bolsa até encontrar o bendito aparelho. Mas não basta ter o aparelho na mão, é preciso agora encontrar algum botão que desligue ou diminua o barulho. Geralmente a pessoa acaba apertando o celular no corpo, no intuito de abafar o som. Cena conhecida? E nem falar daquele irmãozinho que atende com estrondosos gritos de: Alô? Alô? Eu já vi isso.

Tenho reparado que 90% das vezes em que um celular toca na Loja Maçônica trata-se de um celular de uma pessoa adulta (mais de 40 anos). Jovens raramente tiram o celular da função vibracall, até porque o celular fica ‘colado’ ao jovem. Justiça seja feita; se celulares tem atrapalhado a reunião, não podemos culpar os jovens por isso. Eles estão habituados à tecnologia e sabem mesmo como lidar com isso.

Se a proibição do uso do celular na Loja Maçônica se dá porque o celular pode atrapalhar o andamento da reunião, podemos ficar tranquilos. Jovens, em sua grande maioria, não atrapalham a reunião com seus celulares.

FALTA DE ATENÇÃO

Você pode estar pensando neste momento: Tudo bem, não atrapalha os outros com o barulho, mas e a reverência? E a concentração do jovem na Sessão da Loja ou Capítulo? Se os jovens ficam mexendo no celular durante os trabalhos, isso ocasionará falta de atenção!

Sim! É verdade. O celular pode ser usado pelo jovem para jogar com um dos muitos joguinhos que o celular tem, para acessar as redes sociais e ficar batendo papo, para assistir pequenos vídeos, ver imagens, etc. Acredita que uma vez conheci um grupo de jovens que criou uma rede interna de jogo dentro da Loja? (sim, eles conseguem fazer isso e muito mais!) Precisamos concordar que, se o celular é usado com esse fim, atrapalha, e muito, a concentração na sessão e também a concentração de quem sentou ao lado e reparou o que o irmão está fazendo.

Mas a pergunta é: O problema é o celular? Não! O celular não é problema. É sintoma! Vou repetir isso porque é uma declaração forte. O USO DO CELULAR NA LOJA MAÇÔNICA, estão sendo distraindo pelo uso do celular é porque de alguma maneira seu coração não está nesse lugar. O corpo está presente na Loja, mas o coração (a mente) está desesperada por sair desse lugar. As programações da Loja não estão tocando o coração do irmão de maneira nenhuma. E você pode falar agora: Claro, como a programação vai tocar seu coração se ele fica mexendo no celular?

Tem uma coisa que você precisa aprender sobre os jovens irmãos desta geração. Os jovens conseguem se concentrar mais num assunto quando estão mexendo em algo com as mãos. Geralmente quando eles precisam pensar mexem no celular! (se não acredita em mim, pergunte a eles) Se você vê um jovem irmão mexendo no celular, acredite, ele está ouvindo o que está sendo falado na reunião. Só que ele decidiu que não é importante.

Qual o real problema? Falta de FOCO. O irmão precisa ter um encontro com a Egrégora da Loja.

Verdade seja dita, temos tentado resolver esse problema pedindo para desligar o celular. Resolveu o problema? Pode ser que não tenha mais distração na Loja, que o irmão fique igual uma estátua dentro da Sessão, mas o problema continua. Esse Irmão ainda precisa ser alcançado pela Egrégora da Sessão. Com celular ou não, logo esse Irmão sairá da Maçonaria. E não será por causa do celular...

Tenho reparado que as Lojas que são mais enfáticas e estritas quanto ao não uso do celular dentro da reunião são as Lojas que menos acolhida tem para com os jovens irmãos. Lojas onde os jovens irmãos não tem espaço para participar, que não os deixam participar da organização de atividades, não tem nenhum jovem irmão fazendo parte das comissões.

São Lojas em que os irmãos são reprimidos ao ponto deles nunca apresentarem trabalhos  por medo a serem criticados. O jovem irmão não se sente ‘parte’ daquilo que está acontecendo. Não foi envolvido nas atividades e por tanto não tem interesse em apenas sentar e ouvir e vai buscar refúgio no celular...

O CELULAR COMO FERRAMENTA DE TRABALHO MAÇÔNICO

Mas dá pra usar o celular na Maçonaria? Existe um campo muito grande para o uso do celular na Maçonaria. Se bem utilizado pode se tornar uma grande benção para os irmãos.

No celular é possível acessar a trabalhos, blogs, textos, sites e redes sociais ligadas ao assunto Maçonaria.

CONCLUSÃO

A Maçonaria está preparada para essa revolução que estou propondo? Acho que não. Ainda não. É provável que ainda precisemos aconselhar a não usar o celular. Para poder colocar na prática aquilo que estou propondo é preciso conscientizar, incentivar, educar. Isso leva tempo.

Eu imagino que de aqui a 5 ou 8 anos (se o mundo durar tudo isso) vamos ter postura diferente quanto ao uso do celular na Loja. De aqui a 5 anos você vai se lembrar desse artigo. 

Com amor fraternal, Ir.’ Denilson Forato.


A MAÇONARIA ADORMECIDA: BREVES INDAGAÇÕES


Muito me intrigou o trabalho apresentado no tempo de estudo na Loja no dia 2 de outubro de 2013. Tal trabalho foi apresentado pelo I.’. Silvio e em parca síntese tratava ele a evolução da humanidade, reconhecendo-nos como se fossemos “astronautas” em uma grande nave espacial chamada planeta terra. 

O trabalho do amado Ir.’. conseguiu inclusive definir a formação de raios, tal definição de forma descomplicada mostrou que com a precipitação das moléculas de água que estão no solo, somada a carga negativa ou positiva da atmosfera naquele momento faz com que ocorra uma descarga elétrica chamada de “raio”.

Essas interpretações faço do trabalho do querido Ir.: pelo o que ele apresentou em Loja, no tempo de estudos. Não tive contato com o trabalho, apenas são reflexões do que ouvi uma única vez do trabalho naquele momento, sendo que por isso peço desculpas ao referido Ir.: se deixei passar detalhes mais importantes de sua obra (isso deve ter ocorrido). Por conta disso penso que seria interessante os trabalhos dos aprendizes, após análise do Ir.’. 2º Vigilante, fossem encaminhados por e-mail para todos os Irmãos da Loja para, caso queiram, lê-los, do contrário eliminá-los.

Ao final do trabalho o Ir.: Silvio conseguiu unir a criação e evolução da humanidade com a Maçonaria e verificou que em tempos históricos a Ordem esteve muito presente na vida da sociedade, na formação da sociedade livre, igualitária e fraterna, combatendo os laços ditatoriais e despóticos dos Estados constituídos.

Após esta análise o amado Irmão concluiu trazendo uma indagação: por que hoje a Maçonaria não se faz presente nos acontecimentos históricos como se fazia presente em tempos passados? Se eu entendi o questionamento e se é que ele existiu, seria traduzido em: por que a Maçonaria está “adormecida”? Isso me fez pensar ao longo das semanas e fez-me buscar uma resposta, entre tantas possíveis, dos motivos de isso ocorrer hoje.

Recentemente recebemos por e-mail informações que lembrava datas importantes para a Maçonaria. Nesse e-mail tivemos a oportunidade de saber alguns acontecimentos históricos que envolveram a Ordem, como, por exemplo, que o ditador Gen. Francisco Franco passou por duas tentativas de ingressar na Ordem e seu ingresso foi negado na Maçonaria Espanhola, isso em 6 (seis) de outubro de 1932. Este ditador governou a Espanha de forma severa por 37 (trinta e sete) anos. 

Foi colocado no poder após a vitória do partido Nacional Socialista na guerra civil Espanhola, guerra essa que dizimou aproximadamente um milhão de pessoas.

O referido General apoiou por gratidão a Itália e a Alemanha na 2ª Guerra Mundial. 

Permaneceu no poder, mesmo após o final da 2ª Guerra Mundial, por conta da força opressora, é o que diz o site Infoescola, pois, “O regime era mantido por efeito da força radical e eliminadora de adversários que o governo desfrutava.

Podemos usar, para ilustrar o trabalho, que a época, no mesmo grupo do General Franco pertencia os Fascistas Italianos e os Nazistas Alemães, governos despóticos, autoritários e sanguinários. Fazia parte do mesmo pensamento em que pese ter na Alemanha o Nazismo assumido o poder de forma diferente do ditador Espanhol, pois o Führer foi aclamado no poder pelo “sufrágio universal”. Dominou Franco longos anos a Espanha, fazendo o povo amargar com a dor e com a opressão.

Com o término da 2ª Guerra Mundial o quadro político internacional mudou, passando as autoridades internacionais a aplicar políticas públicas internas para evitar que as atrocidades do Eixo Nazi-Facista se repetissem. Aqui começo a tentar de alguma forma responder o questionamento realizado pelo Ir.’. Silvio, para tanto necessário abordar o novo quadro político dessa nova ordem mundial pós 2ª Guerra.

Friso que 60 (sessenta) anos de história é um tempo pequeno na evolução da humanidade, por isso me refiro a “nova ordem mundial”. Surge nessa nova ordem mundial um novo direito, um direito internacional revigorado, desprendido do foco mercantilista das relações internacionais, passando a criação de normas internacionais para tutelar Estados e indivíduos no mundo inteiro. 

Cria-se a Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948, a Declaração Européia de Direitos do Homem de 1951 e a Convenção Americana sobre Direitos Humanos, essa mais tardia, de 1969.

O que podemos extrair desse quadro Irmãos é que estamos vivenciando um sistema novo na recente ordem mundial, uma ordem mundial que prima pelos Direitos Humanos e preocupada com a existência de Estados Democráticos de Direitos tratar o indivíduo não mais como um objeto do Estado, mas sim um ser humano detentor de direitos e motivo pelo qual existe o Estado.

Logo, a partir desse novo contexto de Estado, ou seja, o Estado Democrático de Direito é que começou a sociedade internacional vivenciar a proteção do indivíduo em relação ao Estado, deixando de ser ele, indivíduo, mero objeto do/desse Estado para ser detentor de direitos e garantias fundamentais, como, por exemplo, o que leciona Sarlet que o “direito (e garantia)” ao duplo grau de jurisdição que, em parca síntese, é o direito de ter uma (re)análise de toda matéria por outros juízes em outro grau de jurisdição, um espaço de recurso de demandas dos indivíduos.

Esse direito tem o fim de (re)verificar e (re)analisar aquela sentença prolatada pelo juízo de primeiro grau de jurisdição, a fim de minimizar as consequências da intervenção do Estado na vida da sociedade.

Direcionando-me para o fim do texto e com o fulcro em responder ao questionamento do Ir.: Silvio, com intuito de demonstrar por quais motivos a Maçonaria não se envolve mais nos acontecimentos sociais e políticos como se envolvia em tempos passados em toda a sua história. Isso, entendo, ocorre por que vivemos um momento democrático de direito que vai para além do próprio Estado de Direito, pois conforme Sarlet, vivemos em um Estado em sua essência Constitucional.

É nesta espécie de administração estatal que se deixou de lado o tratamento do indivíduo como objeto, pelo menos é como deveria ser (caso a parte é o tratamento do réu no processo penal pátrio, pois que ele ainda é um objeto nas mãos do Estado). Neste contexto de garantias do cidadão frente ao Estado que a Maçonaria vive e convive hoje.

Se vivemos em um quadro de normalidade e equilíbrio, em que pese os problemas sociais evidentes e as poucas políticas públicas de melhoria da vida da classe mais pobre. Vivemos em um Estado que garante direitos para as pessoas, que garante a liberdade ou pelo menos tenta garantir, que tenta garantir a equidade entre os seus componentes.

Logo, graças a Deus por isso, a Maçonaria não necessita hoje pegar em armas para defender seus princípios norteadores e tão pouco a liberdade, fraternidade e igualdade, elementos intrínsecos do Estado Democrático de Direito. Todavia, se o quadro político e social mudar, ou seja, se a Administração do Estado voltar a ser despótica e ditatorial, sem dúvida nenhuma, a nobre Ordem Maçônica sairá de sua mansidão e buscará a defesa da liberdade, fraternidade e igualdade novamente.

Tiago Oliveira de Castilhos
A.: M.: da A.:R.:L.:S.: Sir. Alexander Fleming 1773 do GOB

NOTAS:
Dados coletados do sítio Infoescola Navegando e Aprendendo. Disponível em: http://www.infoescola.com/história/franquismo (Acesso em: 9 out. 2013). Forma de governo Fascista reconhecido pelo nome de “Franquismo”, sendo sua principal característica a opressão aos opositores.

Citação colhida no mesmo site e mesma matéria sobre o Franquismo.
Führer significa “Chefe”, “Líder”, “Guia”, tradução disponível em: http://www.pt.bab.la/dicionario/alemaoportugues/fueher (Acesso em: 9 out. 2013).
Voto secreto por eleições democráticas.

SARLET, Ingo Wolfgang. Direitos Humanos e Direitos Fundamentais: alguns apontamentos sobre as relações entre tratados internacionais e a constituição, com ênfase no direito (e garantia) ao duplo grau de jurisdição em matéria criminal., p. 239. In: Criminologia e sistemas jurídico-penais contemporâneos II. Ruth Maria Chittó Gauer (Org); Aury Lopes Jr. ...(et. al.). Porto Alegre: EDIPUCRS, 2010. Disponível na forma eletrônica. Nota de rodapé de n. 6. O autor faz a distinção entre Direitos Fundamentais e Direitos Humanos com o fim de exemplificar cada qual, pois cada qual tem a sua importância. Se for identificado tudo como de ordem de direitos humanos, como tudo é, logo, nada é. Por tal feita, importante delimitação do Prof. Dr. Ingo Wolfgang Sarlet.

SARLET, 2010, p. 58. São, portanto, alguns direitos fundamentais elementos que fundam o Estado.

BIBLIOGRAFIA:
Dados coletados do site Infoescola Navegando e Aprendendo. Disponível em: http://www.infoescola.com/história/franquismo (Acesso em: 9 out. 2013).
Bab.la Dicionário on-line. Disponível em: http://www.pt.bab.la/dicionario/alemao-portugues/fueher (Acesso em: 9 out. 2013).

SARLET, Ingo Wolfgang. Direitos Humanos e Direitos Fundamentais: alguns apontamentos sobre as relações entre tratados internacionais e a constituição, com ênfase no direito (e garantia) ao duplo grau de jurisdição em matéria criminal., p. 239. In: Criminologia e sistemas jurídico-penais contemporâneos II. Ruth Maria Chittó Gauer (Org); Aury Lopes Jr. ...(et. al.). Porto Alegre: EDIPUCRS, 2010.


SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral dos direitos fundamentais na perspectiva Constitucional. 10. ed. rev., ampl. e atual. 2.ª tiragem. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2010.

A MAÇONARIA NÃO É UMA REDE DE FAVORZINHOS CORROMPIDOS PELA CORRUPÇÃO


Vários mitos cercam a maçonaria e um dos maiores é o que é preciso ser rico para ser maçom. De fato a riqueza não interessa aos maçons, pois maçons não vivem a maçonaria para pedir ou emprestar dinheiro uns dos outros.

Pessoa alguma deixa de ingressar na maçonaria por não ter dinheiro, o que interessa aos maçons é a influência na sociedade. Os maçons não procuram pessoas ricas para ingressarem na maçonaria, eles procuram pessoas influentes na sociedade que possam lhes fazer favores pessoais em nome da “fraternidade”.

Pessoas não são indicadas para a maçonaria por sua afinidade com a espiritualidade, mas por suas posições na sociedade. Não interessa aos maçons terem em seu meio um mestre da Grande Fraternidade Branca encarnado no corpo de uma pessoa sem influência na sociedade e que em coisa alguma possa lhes favorecer, eles preferem ter uma pessoa que de fato sequer acredite em Deus, mas que possa fazer parte de sua rede de influências.

A temática da indicação dos membros tem como princípio indicar “pessoas melhores” que os próprios membros, quer dizer: pessoas hierarquicamente mais elevadas e que possam vir a lhes facilitar as coisas. Os maçons querem pessoas que possam vir a lhes ajudar.

A indicação para o ingresso na maçonaria é muito mais simples do que se imagina. A maçonaria em sua origem dizia respeito tão e somente aos Iniciados, às pessoas realmente ligadas à espiritualidade, mas atualmente a relação com a espiritualidade é irrelevante para o ingresso na maçonaria.

Pessoas ingressam na maçonaria pelos mais diversos motivos. Alguns entram na maçonaria para fazer companhia ao maçom que mora longe da Loja e precisa viajar para chegar até ela, outros porque a Loja precisa de membros para aumentar a arrecadação mensal através da mensalidade para poder pagar suas contas mensais de subsistência, uns meramente porque a Loja precisa de membros, outros ainda porque são amigos dos maçons no mundo profano em coisas profanas, outros porque exercem ofícios que são estrategicamente convenientes aos maçons da Loja e outros pelos mais diversos motivos que coisa alguma tem a ver com a espiritualidade.

Por isso aquele que deseja entrar para a maçonaria não precisa se preocupar em receber o convite para o ingresso basta se aproximar de um maçom e deixar claro no que aquele maçom poderia ser beneficiado tendo a sua amizade; a questão moral e ética será observada, mas a influência na sociedade é o que realmente mais irá contar.

Quando o maçom vê que tanto ele quanto os outros maçons poderão ser beneficiados com o convívio com alguém o convite é feito. Não há segredo.

A maçonaria surgiu como instrumento para realizar a Grande Obra no planeta Terra e os laços fraternos existiam meramente porque se tratavam de espíritos da mesma Egrégora que vieram para fazer o mesmo trabalho no planeta. Todos eram irmãos na Terra porque faziam parte da mesma Egrégora.

Os laços fraternais existiam na maçonaria não para que um maçom fosse favorecido pessoal, profissional e financeiramente, mas para que pudesse ser feito o trabalho de evolução da Terra. Não obstante os maçons desvirtuaram o ideal de fraternidade da maçonaria e transmutaram-no em uma rede de favorzinhos.

Há maçons que não possuem pudor algum de ser orgulhar de receber favorzinhos de outros maçons. Esses favorzinhos não dizem respeito ao trabalho de evolução do planeta Terra, mas a favorzinhos de favorecimento pessoal, profissional e financeiro.

Os maçons não se ajudam para trabalhar a espiritualidade na Terra, se ajudam para se darem bem na vida. Esse é o resultado de uma maçonaria que não dá a mínima para a espiritualidade, onde se chama de “iniciado” aquele que meramente tenha participado de uma sessão de iniciação.

Impera entre os maçons a ideia de que a maçonaria é uma rede de homens conectados que podem um favorecer ao outro pessoal, profissional e financeiramente. Isso não é nunca foi e nunca será maçonaria. Se os maçons querem criar redes de favorzinhos, que o façam, mas não digam que isso é maçonaria. 

Podem chamar tais redes de qualquer coisa, menos de maçonaria. Isso não é maçonaria, isso são pessoas que estão se aproveitando da maçonaria para obter favorecimento pessoal, profissional e financeiro e a Egrégora maçônica há de ajustar as coisas.

O ateísmo de fato e o desinteresse pela espiritualidade pode imperar entre os maçons, mas que pessoa alguma pense que a Egrégora espiritual da maçonaria está de braços cruzados apenas assistindo pessoas usarem a maçonaria para obterem favorzinhos e enriquecer. Os favorzinhos dentro da maçonaria têm limites e existe diferença entre haver favorzinhos entre irmãos que atuam na esfera privada e irmãos que atuam na esfera pública.

Se um maçom tem uma empresa privada e quiser colocar sua empresa, na observância da lei, à disposição de outro maçom, que o faça, mas os maçons não podem usar a coisa pública para favorecerem uns aos outros. Eis o limite que os maçons não podem ultrapassar.

O Estado não foi criado e não existe para favorecer pessoalmente quem quer que seja e não existe ideal deturpado algum de fraternidade que permita que os maçons usem o Estado para interesses pessoais. O caput do art. 5º da Constituição da República Federativa do Brasil de 1.988 (CF/88) diz que todos são iguais perante a lei e os maçons não podem ter tratamento diferenciado perante a lei, ainda mais quando se trata da coisa pública. No mesmo sentido, o caput do art. 37 da CF/88 diz que a administração pública obedecerá aos princípios da impessoalidade e da moralidade.

Nisto, fica evidente que favorzinhos entre maçons que possam vir a envolver a administração pública e firam a impessoalidade e a moralidade é ilegal. O favor pessoal a alguém por ser maçom fere a impessoalidade e obter vantagem por ser maçom em detrimento dos que seguem outra norma por não serem maçons é imoral.

O maçom não tem o direito de obter qualquer vantagem indevida que tenha a ver com a coisa pública, mesmo que seja maçom. O ideal deturpado de fraternidade, onde um maçom deve favorecer ao outro, não tem o condão de justificar a ilegalidade e a conduta criminosa.

A maçonaria não foi criada para favorzinhos, ainda mais para favorzinhos corrompidos pela corrupção.

O brasileiro tem um fetiche patológico pela corrupção. O brasileiro odeia demais a corrupção que não lhe favorece. Se os maçons acham criminoso, demoníaco e monstruoso alguém obter vantagem indevida de um funcionário público apenas por fazer parte de um partido político ou por ter grau de parentesco com este também devem achar criminoso, demoníaco e monstruoso se um maçom vier a obter vantagem indevida de um funcionário público maçom apenas por ambos serem maçons.

Corrupção é corrupção e se o Brasil quiser começar a se livrar deste karma terá que deixar de achar que a corrupção só existe quando esta favorece aos outros. Os maçons não podem mentir para si escorando-se na justificativa de que se caso usassem a influência da maçonaria para solicitar ou receber vantagem indevida de um funcionário público apenas por ambos serem maçons isso seria a efetivação da “fraternidade”, pois se isso vier a configurar crime contra a administração pública será crime contra a administração pública e o estado de ser maçom não poderá excluir a culpabilidade na conduta.

Não existe isso de “para os outros é corrupção, para nós é fraternidade”. Se a maçonaria quer falar contra a corrupção no Brasil não poderá ter corrupção em seu meio, mesmo que com a desculpa da “fraternidade”.

O caput do art. 317 do Código Penal Brasileiro (CPB) dispõe sobre a corrupção passiva: “Art. 317 – Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função, ou antes, de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:”.

O parágrafo 1º do art. 317 do CPB dispõe sobre a corrupção passiva qualificada: “§ 1º – A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional.”.

Pois bem, esta “vantagem indevida” não precisa ser necessariamente uma vantagem financeira ou patrimonial. A vantagem indevida é toda aquela a que o funcionário público não faz jus em decorrência de sua função pública.

A função pública de um maçom não pode ser usada para ele adquirir prestígio dentro da maçonaria, “ser lembrado depois” ou ser visto como “o homem a quem eles, maçons, devem”. O parágrafo 2º do art. 317 do CPB fala ainda mais sobre a corrupção passiva: “§ 2º – Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem:”, ficando aí clara a questão de ceder a pedido ou a influência de outrem neste sentido de corrupção.

O caput do art. 333 do CPB dispõe sobre a corrupção ativa: “Art. 333 – Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício:”. O parágrafo único do art. 333 do CPB dispõe sobre a corrupção ativa qualificada: “Parágrafo único – A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.”.

A questão da vantagem indevida fica novamente em evidência. Se um maçom coloca à disposição ou apresenta a um funcionário público que ambos fazem parte da maçonaria e que tal funcionário ao praticar, omitir ou retardar ato de ofício será lembrado na maçonaria, ele está cometendo o crime de corrupção ativa, pois está oferecendo prestígio dentro da maçonaria a um funcionário público, sendo que tal vantagem é indevida, pois a função pública não existe para dar a um maçom prestígio dentro da maçonaria.

A retidão nas condutas dos funcionários públicos não faz acepção de pessoas e a conduta ilegal não se tornaria legal apenas por envolver maçons. De semelhante modo não existem situações onde uma pessoa pode deixar de ser reta. A retidão não é um estado de conveniência.

Pessoa alguma pode se dizer incorruptível se não lhe é dada a oportunidade de ser posta à prova em sua incorruptibilidade. É justamente quando a um homem é colocado o dilema entre corromper-se ou não que se verá o quão incorruptível ele é.

Os fins não justificam os meios e necessidade alguma justifica a corrupção. A corrupção não deixa de existir por tratar-se de um maçom ou por tratar-se de um caso de extrema necessidade. Os maçons podem orientar as indicações de membros para a maçonaria em razão de sua influência na sociedade e pelo quanto poderão ser favorecidos pelo poder de tais membros, mas não podem tocar na coisa pública.

A coisa pública é sagrada, o Estado é sagrado, o Estado é divino, o Estado é uma instituição da espiritualidade na Terra e não há de ser maculado por pessoas cujo único ou maior objetivo de vida seja enriquecer. A maçonaria não foi criada para as pessoas enriquecerem, pelo contrário: a maçonaria foi criada justamente por seres que não precisam viver na riqueza.

A maçonaria não se evidencia quando os maçons ganham uns favorzinhos dos outros. A maçonaria se evidencia quando os maçons trabalham objetivamente juntos pelo e para o Supremo Arquiteto do Universo para a evolução da humanidade nos planos físico, emocional, intelectual e espiritual.

Eu sou maçom e não quero favorecimento algum por ser maçom. Se por qualquer motivo eu tiver que encarar a fila de um hospital e tiver que morrer na fila de espera pela falta de atendimento eu assim morrerei. Eu prefiro morrer na fila de espera junto aos meus outros irmãos, os meus irmãos do Universo, do que ser salvo apenas porque sou maçom e porque a maçonaria tinha poder terreno decorrente de influências para me colocar indevidamente em local privilegiado ou me dar tratamento médico privilegiado em comparação àqueles que por não serem maçons tiveram que encarar a fila e o tratamento médico comum.

Quero ter as mesmas dificuldades, transtornos, dores e sofrimentos que os meus irmãos do Universo têm e não quero ser favorecido em coisa alguma na vida por ser maçom.

A maçonaria não está no plano material da Terra para criar uma rede de favorecimentos, mas para ajudar na evolução do planeta. O maçom não é aquele que se aproveita da fraternidade maçônica para não ter que encarar a fila de um hospital ou para receber um tratamento médico privilegiado, o maçom é aquele que veio a Terra para estar junto com aqueles que não possuem tais privilégios e não se está junto com alguém se não se passar junto com este o que este passa.


Rudy Rafael

A MAÇONARIA E A PERFEIÇÃO


Quando faço um retrospecto desde antes da minha entrada para a Maçonaria, lembro-me muito bem da minha expectativa. Após a formalização do convite a primeira questão que me veio à mente foi a seguinte: O que será que a Maçonaria poderá fazer por mim? Em que ela poderá me ajudar?

Hoje, passados alguns poucos anos desde a minha Iniciação, percebi que o maior ensinamento que ela poderia me dar, ela já deu: o de que, na verdade, quanto mais nos esforçamos para aprender e crescer, mais consciência adquirimos de que muito pouco ou quase nada sabemos.

Nossa caminhada pela vida torna-se mais interessante numa relação diretamente proporcional ao nosso desejo de conhecimento e auto-crescimento. É interessante quando notamos que, na busca da Grande Verdade, vamos cada vez mais e mais adquirindo novos conhecimentos e, ao mesmo tempo, também nos apercebemos do quão pouco sabemos e o quanto ainda temos para trilhar deste caminho de aprendizado.

Na verdade a Maçonaria acabou por me dar a maior lição que talvez eu jamais tenha tido em toda a minha vida: a de que antes de perguntarmos o que ela poderá nos dar, deveríamos perguntar-nos o que é que nós podemos e devemos dar ao Planeta através dela. Digo isto porque hoje não tenho dúvidas de que o fato de ser Maçom é apenas uma graça que me foi concedida, um instrumento e um caminho que me foi aberto graciosamente, através do qual eu possa traduzir em gestos e atitudes concretas a minha contribuição para o engrandecimento do ser humano e da Gloriosa Criação do G A D U.

Muitas vezes incorremos no erro de duvidar da nossa capacidade de transformar o mundo, achando que de nada adiantaria o nosso esforço pessoal para provocar transformações que venham beneficiar a humanidade. A cada passo que damos rumo ao auto-crescimento já estamos colaborando para melhorar a consciência coletiva da humanidade, da qual fazemos parte, quer queiramos ou não.

Hoje não tenho dúvidas de que a Maçonaria espera que todos nós possamos contribuir cada vez mais e mais para atingirmos uma consciência universal de civilização planetária iluminada. Esta contribuição só será possível a partir do momento que tomarmos plena consciência de que há muito trabalho a ser feito e não há mais tempo a perder.

No mundo profano, com raras exceções, notamos que as pessoas que ocupam cargos de destaque, ou até mesmo posições de chefia de pequena escala, fazem questão de ostentá-la com um orgulho desmedido, até mesmo próximo da presunção. O que nós necessitamos, com a maior brevidade possível, é entender que qualquer posição que venhamos a ocupar em qualquer área, subentende uma maior responsabilidade e maior capacidade de doação de nossa energia para bem desempenhar o nosso papel.

Quanto mais alto o cargo que se venha a ocupar, maior será a nossa responsabilidade no que tange ao desempenho que teremos de ter. Não obstante, por inúmeras vezes, observamos que as pessoas entendem que um cargo ou uma posição elevada e de destaque é meramente um prêmio para que possamos lustrar o nosso orgulho.

Dentro da Maçonaria devemos praticar cada vez mais e mais o exercício da Humildade para estarmos sempre atentos e nunca incorrermos na soberba. O verdadeiro Maçom é aquele que tem a noção da responsabilidade dos Graus que possui ou dos Cargos nos quais está investido.

Não podemos perder de vista jamais a exata noção de que, quanto mais alta a posição que se possa ter perante os irmãos, imensamente maior se torna a responsabilidade, seriedade, dedicação, amor e humildade que deveremos ter para bem desempenhar nossas tarefas.

Quando tudo isso começa a nos preencher e apontar a direção que devemos seguir, vez por outra somos assaltados por um questionamento interior que tenta nos cobrar o fato de sermos tão imperfeitos. Nesta hora parece que tudo desmorona e a apatia tenta instalar-se furtivamente em nossos corações. Sobretudo porque a nossa meta de desenvolvimento pessoal é a busca da Perfeição.

Neste particular devemos estar sempre atentos para não tornarmos a nossa vida num inferno inútil, através de cobranças demasiadas e auto-flagelos pessoais. Ao reconhecermos que erramos devemos conceder sem demora o auto-perdão, assimilar o fato de que nossa existência é na verdade o nosso laboratório pessoal de auto-conhecimento, auto-aprimoramento e evolução.

É muito interessante quando resolvemos prestar mais atenção nos fatos e nas ocorrências de nosso dia-a-dia. Via de regra costumamos atribuir muitos acontecimentos ao simples acaso, a meras coincidências. Porém, em algum momento sempre um pouco mais a frente começamos a nos aperceber e até mesmo a entender fatos passados, enxergando com muito mais clareza que a vida não é feita de casualidades, mas sim de causalidades.

Por tudo isso é que acho necessário que pratiquemos muito a humildade durante todos os trabalhos de nossa vida. Se cometermos o equívoco de viver lustrando o nosso Ego com auto-suficiência e zelo desmedido é certo que, quando da tomada de consciência da nossa pequenez diante da Gloriosa Criação, o tombo será demasiado grande, aumentando ainda mais as dificuldades que enfrentaremos para reerguermo-nos.

Necessário se faz, portanto, que antes de tudo assumamos esta nossa condição de imperfeição, não como um castigo ou como uma condenação eterna, mas antes como um grande, e porque não dizer também, grandioso caminho a percorrer rumo a esta tão almejada e distante perfeição.

Porém é preciso que não nos deixemos abater por tantos obstáculos que certamente temos encontrado em nossas vidas e também pelos que ainda virão, pois o G A D U certamente espera que venhamos a atingir os estados de consciência que Ele traçou para nós para que possamos integrar cada vez mais e com maior poder de engajamento esta maravilhosa Criação Abençoada.

Não devemos, contudo assumir uma postura de conformação com o nosso atual estado de desenvolvimento. Precisamos é aprender a lidar com nossas limitações de forma tal que possamos expandir cada vez mais e mais os seus limites.

Para isso se faz necessário que, antes de tudo, comecemos a amar e respeitar este nosso laboratório pessoal que é a nossa existência, não deixando que o abatimento, a desesperança e o desalento tenham espaço em nossas vidas. Imediatamente após a tomada de consciência que um fato, uma atitude ou uma simples ideia não irá colaborar para o nosso aprimoramento moral e formação de caráter é preciso que adotemos uma postura de compreensão e perdão, não só com pessoas ou agentes externos que tenham porventura sido os protagonistas da situação, mas também e, sobretudo conosco, pois, certamente, iremos notar que na grande maioria das vezes e porque não dizer sempre, estamos apenas recebendo de volta as frequências de energia que emitimos para o Universo. Só o fato de reconhecermos esta simples verdade já nos torna mais capazes de trilhar este longo, difícil, intrincado, mas, sobretudo, maravilhoso caminho rumo à Perfeição.

Ir.'. José Luiz Crepaldi
brasilmacom.com.br


ESPIRITUALIDADE


Por que a vida é repleta de desafios?

A vida é obra do acaso ou existe sentido no viver?

Existem razões para que o sofrimento esteja presente em nossa vida?

Quem e o que somos?

Deus existe?

A espiritualidade nos ensina, segundo Deepak Chopra, que a vida não é aleatória. Há um padrão e um objetivo em cada existência. O motivo pelo qual enfrentamos desafios é simples: aumentar a consciência do nosso objetivo interior.

Quando expandimos nossa consciência é possível começar a responder a estas e outras perguntas. Na visão do filósofo Mário Sérgio Cortella, a espiritualidade é a capacidade de perceber que as coisas não são um fim em si mesmo.

Existem razões mais importantes que o imediato, e aquilo que você faz têm um sentido, um significado. A pessoa espiritualizada às vezes é confundida com um caráter místico, sendo em sua opinião uma percepção negativa, pois deriva para o campo do fanatismo.

Para ele, o desejo por espiritualidade é um sinal de descontentamento muito grande com o rumo que muitas situações vão tomando e, por isso, é uma grande queixa. A espiritualidade é precedida por uma angústia, quando você precisa refletir sobre si mesmo.

A angústia é uma sensação de vazio interior. Para Martin Heidegger, filósofo alemão, a angústia é a sensação do nada. Isto é positivo no ponto em que onde está o nada está também à possibilidade plena.

Quando não sentimos nada, todas as possibilidades e horizontes se abrem. A espiritualidade é a possibilidade de encontrar, a partir deste vazio, a resposta de que a vida tem um sentido e que ela não se esgota neste momento, ou nesta ação cotidiana.

Em síntese, há uma convergência destes pensadores no sentido de que a espiritualidade é uma busca interior pelo significado da vida.

Não é objetivo de este trabalho tecer comentários sobre experiências místicas, mediúnicas ou sobrenaturais, embora concorde com diversos autores quando afirmam que não somos seres físicos que eventualmente possuem experiências espirituais, mas seres espirituais vivendo uma experiência física.

A discussão terá como foco o papel da espiritualidade neste momento e nesta vida e não às possibilidades de outras vidas em outros mundos.

Tratarei da espiritualidade como busca de um sentido maior da vida e das formas de relacionamento com outros espíritos que estão aqui conosco cotidianamente, quais sejam nossos familiares, colegas, amigos, entre outros.

Num primeiro momento, devemos apenas didaticamente distinguir o espírito da matéria, embora esta dissociação somente encontre sua efetiva relevância no momento da morte do corpo físico. É exatamente quando se vê um corpo sem vida que se estabelece com grande clareza a diferença que o espírito ou a energia vital representa.

Um corpo sem espírito não reage, não interage, é inerte. Tudo o que morre é matéria. O corpo é matéria e por óbvio todos os pertences que lhes eram necessários para a vida também são.

O espírito é tudo o que pode sobreviver após a morte do corpo e que também serve de energia a este enquanto vivo. Neste momento, somos matéria e espírito e devemos ter como objetivo um equilíbrio harmônico nesta dualidade.

A excessiva veneração pelos bens materiais pode impedir que a vida encontre a sua plenitude, assim como a busca demasiada pelo mundo espiritual também pode ser um obstáculo para viver o tempo presente, neste corpo e nesta vida.

Como maçons, somos incentivados a sobrepor o espírito à matéria. Isto não significa a negação da matéria em favor do espírito, mas sim a busca da espiritualidade nesta vida física. Em outras palavras devemos enxergar o mundo em que vivemos com os olhos da alma.

Quando você vive automaticamente, sem questionar o significado dos acontecimentos da sua vida, você está atuando em nível rudimentar de sua consciência e de certa forma abrindo mão da sua liberdade. Você reage aos estímulos mais do que é sujeito de suas ações.

Na medida em que expande a sua consciência, você acessa o seu Templo interior, passa a se perceber como parte efetiva do Universo, tem aflorada a sua religiosidade (no sentido de religar-se à energia que o Criou) e se sente harmonizado com o Cosmos.


A expansão da consciência pode se dar intencionalmente pela reflexão e meditação. Muito comum também ocorrer por estímulos externos, como a perda de um amigo ou familiar, uma grande crise pessoal, uma depressão ou outra doença, fatos que permitem observar a vida sob um novo ponto de vista.

Nos próprios Rituais Maçônicos, percebemos uma espiritualidade fortemente presente nos Cerimoniais Fúnebres. Na Pompa Fúnebre, ouvimos que somos uma chama, cheia de vida, porém basta um sopro para que se extinga, e já não se ouça nossa suave e sonora voz.

A nossa Cadeia de União perde um de seus elos, mas chama por ele até que este responda que estará sempre presente. “Apesar da tristeza que nos abate, lembremo-nos que... a morte nada mais é do que a Iniciação à vida eterna.” Mas não nascemos apenas para morrer, embora a morte do corpo seja uma grande certeza.

Morreremos e pareceremos insignificantes aos olhos de muitas pessoas que possam passar diante de nossa sepultura. Algumas coisas, porém, sobreviverão. Será nossa contribuição pessoal. Não será o nosso nome em sentido literal, mas o sentimento que nosso nome despertará nos ouvidos daqueles que nos conheceram.

Não será o nosso túmulo, mas o nosso legado. “A boa vida tem somente certo número de dias; mas o bom nome permanecerá para sempre.” (Eclesiástico 41 – 5/15/16) Esta reputação, tão evidenciada pela morte do corpo, é construída pela maneira como desenvolvemos nossa vida.

A expressão de corpo e alma representa muito claramente como podemos viver para nos eternizar. Isto vale para a vida como um todo, mas serve, por óbvio, igualmente para as atividades maçônicas.

Pode haver uma grande diferença entre ter Irmãos e sentir-se Irmão, entre ter sido Iniciado e ser um Maçom. Frequentar a Loja não significa necessariamente participar dela, assim como estar vivo não significa viver.

Nas próprias reuniões maçônicas, existem os verdadeiros elos da Cadeia de União e outros que não entendem por qual motivo se devem dar as mãos. Há quem aproveite as circulações para conversar, enquanto outros buscam a elevação do espírito.

Talvez poucos estejam devidamente atentos para colocar os bons fluídos na Bolsa mais do que pranchas, óbolos ou certificados.

Para o verdadeiro Iniciado, colocar o espírito sobre a matéria deixa de ser uma virtude.

Fábio Scuro



A LEI MORAL E A MAÇONARIA


A Lei Natural é formada pelo conjunto dos Direitos inerentes a todo o ser humano. Aristóteles, Cícero, Santo Agostinho, São Tomaz de Aquino, Hobbes, Locke, Rousseau e Kant, conceituaram e desenvolveram a Lei e o Direito Natural.

A Declaração Universal dos Direitos do Homem, votada e aprovada em 10.12.1948, forma o mais importante conjunto de Leis sobre o qual se apóia a estrutura formal do Direito Natural e da Jurisprudência Naturalista.

De inspiração maçônica, esta Declaração considera que o reconhecimento da dignidade de todos os seres humanos, bem como de seus direitos, são os fundamentos da Liberdade, da Justiça e da Paz no Mundo. São 30 Artigos cujo teor se baseia no mais puro e consagrado Direito Natural.

A Moral, do Latim More – Costumes, Usos – é a parte da Filosofia dedicada ao estudo das Leis Ideais, quando aplicadas às situações da vida e às ações humanas daí decorrentes.

A Moral só pode existir onde também existir a liberdade de decisão, onde o livre arbítrio possa ser exercido. A essência da Moral consiste em preferir tudo o que é nobre, elevado e racional. A Moral estabelece a natureza e as consequências do Dever. Por estar sujeito à Lei do Dever, o ser humano é um ser Moral.

Cícero, orador e escritor romano, escreveu há mais de 2.000 anos:
“A Moral é uma Lei comum a todos os homens. Ela é racional, impõe-nos a virtude e nos proíbe a injustiça. É uma Lei que não pode ser impunemente transgredida ou modificada. Nem o povo, nem os legisladores, nem os magistrados têm o poder de isentar das obrigações que ela nos impõe”.

O Decálogo de Moisés forma a base moral na qual se apóia a civilização ocidental. A Moral está na base da doutrina Maçônica. Está em sua história e em seus Princípios Fundamentais.

As Constituições de Anderson dizem em seu Artigo Primeiro: “Um Maçom, por seu compromisso com a Ordem, está obrigado a obedecer à Lei Moral”.

Fiel aos princípios da Honra, do Dever, do Amor e da Solidariedade, o Maçom deve trabalhar pela felicidade da Humanidade, usando como instrumentos os princípios da Lei Natural e da Lei Moral.

Hoje, como sempre, a Maçonaria se preocupa em garantir a prevalência dos Direitos Humanos em todo o Mundo. No início do terceiro milênio da era Cristã, estamos ainda muito distantes do dia em que estes Direitos estejam assegurados a todos os componentes da sociedade Humana.

A tortura, a violência indiscriminada, as guerras étnicas e religiosas; a privação da liberdade de pensamento, da liberdade política e de opinião; a insuficiência dos serviços sociais à disposição dos miseráveis e dos excluídos;  são provas inegáveis de que o respeito aos Direitos Humanos está longe de garantir o mínimo de dignidade à vida da maioria dos habitantes da Terra.

Entre outras muitas coisas, o respeito aos Direitos Humanos requer a permanente revisão e atualização das Leis que garantem a sua observância. Neste processo, é fundamental garantir a instrução a todos os nossos Irmãos do Planeta. Só deste modo se pode levar a todos o conhecimento de seus Direitos e de seus Deveres.

A incorporação deste conhecimento ao patrimônio individual e coletivo da Humanidade, se constituirá na maior garantia de respeito aos Direitos do Ser Humano.

Na defesa dos Direitos Humanos, é indispensável à ação dos organismos públicos, da Imprensa, e das entidades privadas de promoção do bem-estar social. Mas, neste processo, também é imprescindível e fundamental a ação, permanente e vigorosa, de nossa Sublime Instituição.


Antonio Rocha Fadista – M.’.I.’.

A IMPORTÂNCIA DA FREQUÊNCIA MAÇÔNICA


Responsabilidade é a qualidade ou condição de responsável. Sabe-se que responsável é aquele que responde pelos próprios atos ou, pelos de outrem. 

Responsabilidade moral é a situação de um agente consciente, com relação aos atos que ele pratica voluntariamente. 

Uma das responsabilidades mais importantes de um Maçom é a frequência à Loja. 

Trata-se de uma responsabilidade que tem amparo legal e, também, moral. 

Frequência é o ato de frequentar. 

Em física, frequência significa número de vibrações por unidade de tempo. 

Frequentar uma Loja causa, realmente, vibrações positivas em nós e em nossos Irmãos. A frequência deve ser observada não somente como uma questão de quorum, ou um problema legal, mas, sobretudo, como a forma mais eficaz para nos conhecermos melhor, uns aos outros, e nos aproximarmos. 

Quando de nossa iniciação, a primeira preleção, feita pelo Venerável Mestre, fala da fidelidade que deve ser exemplificada por uma estrita observância das Constituições, Regimento, Estatutos e demais normas do GOB, do GOB-SC e da própria Loja. 

Também, nesta preleção, o V.’. M.’. fala da obediência que deve ser provada por uma estrita observância de nossas leis e regulamentos, por uma atenção pronta a todas as convocações, além de uma pronta observância das decisões e resoluções aprovadas em Loja. As leis e regulamentos falam da necessidade de frequência. 

As convocações às nossas sessões são, em geral, semanais e uma das importantes resoluções aprovadas é o calendário da Loja, que deve ser observado. O Regulamento Geral da Federação trata da frequência em Loja. Tratam, também, de quando o Maçom se torna irregular por não ter frequência. 5 – responsabilidade do maçom sobre a frequência Walter Celso de Lima JB News – Informativo nr. 1.870 – Florianópolis (SC) – sexta-feira, 13 de novembro de 2015 Pág. 18/34 Nos altos graus, disposições análogas devem ser observadas se não estiverem previstas em regulamentos próprios. Porém, muito mais importante que leis e regulamentos é o inflexível cumprimento do dever: nossa consciência e nossos compromissos e promessas obrigam-nos à frequência. 

Quando a Loja não abre por falta de quórum, a responsabilidade, definida no princípio, é de todos: não somente dos faltosos ou do Venerável Mestre. Todos nós somos responsáveis pelo bom funcionamento da Loja. Quando algum Obreiro necessita faltar, por justa causa, deve procurar algum Mestre amigo que o substitua, ou avisar a todos, para que todos se responsabilizem pela existência de quorum. Por isso, somos Irmãos fraternos, nos auxiliando uns aos outros. 

Como palavras finais: nós somos construtores (“maçons”, pedreiros) sociais; somos obreiros, cabeças pensantes, pessoas com diferentes formações, opiniões diferentes e, brevemente, seremos mais. Mas, vivemos numa fraternidade tolerante, respeitamos as ideias, eventualmente, diferentes.

Convergimos em algumas virtudes que adotamos conjuntamente, a exemplo da tolerância e, especialmente, da responsabilidade objeto deste ensaio. A participação responsável de todos fortalece a nossa Loja que busca, insistentemente, a realização do trabalho justo e perfeito de construir nosso templo interior.

O escritor e Irmão Walter Celso de Lima É obreiro da Loja “Alvorada da Sabedoria” (GOB/SC) e membro da Academia Catarinense Maçônica de Letras Florianópolis


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