ÉTICA? ÉTICA… ÉTICA!



O tema comum do nosso encontro de hoje é ÉTICA. Mas será que todos temos a mesma noção deste termo? Não arriscarei muito se afirmar que, se fizéssemos um rápido inquérito entre todas e todos os presentes, obteríamos respostas diversas… 

Acho, portanto útil maçar-vos alguns minutos com uma referência ao que os Mestres da filosofia entenderam, ao longo do tempo, sobre o significado de Ética.

Para Sócrates, a Ética consistia no conhecimento, de forma a vislumbrar, através da felicidade, o fim, o objetivo, dos nossos atos. A Ética tinha como propósito preparar o homem para se conhecer a si próprio, uma vez que, precisamente, é o Conhecimento a base do ato ético. Essencial era o Conhecimento da Lei, das normas sociais vigentes, porquanto, para Sócrates, a obediência à Lei era o limite entre a civilização e a barbárie.

Em suma, para Sócrates, o Conhecimento que subjazia à Ética não se limitava à mensagem do Oráculo de Delfos, o conhecido aforismo do “Conhece-te a ti mesmo” – ainda hoje um dos pressupostos ideológicos da Maçonaria especulativa -, mas abrangia necessariamente o conhecimento, a obediência e a atuação respeitadora das leis vigentes na Sociedade, condição essencial para a existência e manutenção do corpo social.

Já para Aristóteles, a Ética podia ser definida como uma busca da felicidade dentro do âmbito do ser humano, se o Homem se esforçar a atingir a sua excelência. A Felicidade como objetivo era central no conceito aristotélico de Ética e consistia na realização humana e no sucesso que o Homem pretendia obter, para tal agindo no seu mais alto grau de excelência, através do desenvolvimento das suas qualidades de caráter. Esta noção de aperfeiçoamento, de aprimoramento das nossas características, em busca da maior aproximação possível da Perfeição também é cara ao ideário maçônico.

Platão construiu o seu conceito de Ética em torno da finalidade da condução do Homem ao Bem, um dos valores arquetipicamente existentes no mundo ideal, no plano dos Deuses, que os homens apenas podiam aspirar a emular.

Em face deste arquétipo do Bem, a vida humana não se poderia resumir apenas à busca do prazer, mas dever-se-ia dedicar a atingir o valor mais alto do Bem. Para tal, era essencial a ideia da Ordem, ou da Justa Proporção, que consistia no equilíbrio de diversos elementos desembocando no mesmo e justo fim.

Designadamente, o Bem se atingia através da atuação na justa medida, do equilíbrio, entre o Prazer e a Inteligência. Tal Bem, evidentemente – falamos do fundador do Idealismo… – não consistia nas coisas materiais, mas em tudo aquilo que permitia o engrandecimento da alma, ou seja, a ética platônica ensinava que acima dos prazeres, riquezas ou honras estava à prática das Virtudes – outro conceito que indubitavelmente integra o cerne do pensamento maçônico.

Voltando agora a atenção para a Idade Média, verificamos que Santo Agostinho – talvez o melhor exemplo do pensamento dominante em dez séculos de História do Pensamento Ocidental – tinha, não surpreendentemente, uma noção completamente diferente do conceito de Ética. No paradigma agostiniano, a Ética Humana dependia de dois pólos: por um lado, Deus, o Supremo Bem; por outro, o Pecado Original, afetando toda a Humanidade.

Por via deste, o Homem não era intrinsecamente Bom e necessariamente que seria levado ao Mal e aos vícios da carne, a não ser que lograsse seguir uma vida virtuosa, em Deus. Para Agostinho, a atuação ética pressupunha o domínio da natureza humana, conspurcada pelo Pecado original, mediante uma vida virtuosa, através da qual seria possível aceder à Salvação.

Para ele, a verdadeira Felicidade está na esperança da Salvação e, portanto, depende da Vida Eterna. Assim, embora Agostinho partilhasse com Aristóteles a noção da essencialidade da prática das virtudes e do aprimoramento individual, porque para ele Deus é o princípio e o fim de todas as coisas, a Felicidade é inatingível no decorrer da vida humana, só sendo alcançada junto de Deus na Vida Eterna, para tal sendo indispensável à conduta ética, isto é, a vida virtuosa.

Oposto à visão agostiniana da Ética é o conceito que dela teve Nicolau Maquiavel. Refletindo na esfera do Poder, sua obtenção, manutenção e exercício, mas facilmente se extrapolando o seu pensamento para a conduta humana em geral, Maquiavel define como valores essenciais a manutenção da pátria e o bem geral da comunidade, tudo se subordinando a eles, custe o que custar.

Assim, uma ação só numa perspectiva histórica pode vir a ser considerada boa ou má consoante o resultado com ela obtido em prol dos ditos valores essenciais. Esta crua visão facilmente pode ser considerada como anética, pois põe o acento tônico nos fins, nos objetivos, cuja obtenção ou não justificaria ou não a ação realizada. 

Mas a simples recusa desta noção é, a meu ver, insuficiente. Importa ainda anotar o primeiro aparecimento da prioridade absoluta do coletivo sobre o individual. O indivíduo pode ser sacrificado, sem qualquer limite, em prol do interesse coletivo, considerando Maquiavel ser tal perfeitamente ético… se resultar! Esta noção veio a ser desenvolvida amplamente, designadamente pela corrente materialista, nos séculos XIX e XX e, neste último século, temos visto várias consequências da sua aplicação. Adiante, que a companhia não é das melhores…

Descartes retoma o conceito de que a Ética constitui a realização da Sabedoria, suficiente para a Felicidade, a qual é por ele considerada “a melhor existência que um ser humano pode ter esperança de alcançar”.

Para ele, a Ética assenta em dois pilares essenciais: a Virtude e a Felicidade, aquela entendida como uma disposição da vontade para efetuar escolhas de acordo com o juízo da Razão sobre o Bem, esta singelamente entendida como a tranquilidade. A noção cartesiana da ética redunda assim na compatibilização das visões socrática, aristotélica e platônica sobre o tema. O Renascimento na sua mais evidente expressão…

A obra-prima de Baruch de Spinoza tem para nós, maçons, o sugestivo título de A Ética demonstrada à maneira dos geômetras. Está dividida em cinco partes, nas quais trata sucessivamente do Ser, do Homem, dos Afetos, da Servidão humana e da Liberdade. Para Spinoza, a razão e os afetos não se opõem. A própria razão é um afeto, um desejo de encontrar ou criar as oportunidades de alegria na vida e evitar ou terminar as circunstâncias causadoras de tristeza.

Em suma, a Razão é ela mesma um afeto tendente à Felicidade. A ética de Spinoza é a ética da alegria, só ela nos conduz ao amor e à felicidade.

Para ele, a Ética não resulta do altruísmo, bondade ou solidariedade, mas da própria condição natural. Está mais próximo dos clássicos gregos do que de Santo Agostinho. Tal como aqueles, para Spinoza a Felicidade é o objetivo último da ação humana.

Locke acreditava que a Ética tem que ser demonstrada racionalmente, pois nenhuma regra de conduta moral é válida se a sua necessidade não for fundamentada através da Razão. Para ele, os principais fundamentos (racionais, obviamente) das regras morais são a busca da Felicidade e o propósito de evitar a deterioração da Sociedade.

A propósito de Razão, o teórico da Razão Pura, Immanuel Kant, relativamente ao conceito de Ética não estabelece nenhum bem ou fim que tenha de ser alcançado e não se pronuncia sobre o que temos de fazer, apenas sobre como devemos atuar. 

Para ele, o que importa é a intenção, a coerência entre a Lei e a ação, não o fim. Situa-se claramente nos antípodas do florentino Maquiavel. Se alguma aproximação lhe detectamos é ao pensamento de Sócrates.

Nietsche rejeita uma visão moralista do mundo e atribui os valores éticos ao campo das emoções, não da Razão. Para ele, o Homem Ético é aquele que não reprime os seus instintos, desejos e emoções, concretizando-os em atos libertários. Dificilmente se poderia conceber um conceito mais individualista do que este!

Habermas considera que a Ética depende da valorização da Diferença e da Liberdade Humana, impondo que a Diferença seja equiparada à normalidade. A Ética projeta-se em valores como a Vida, a Solidariedade, a Cooperação, a Amizade.

Finalizo esta excursão por vários Mestres da filosofia com a referência a Peter Singer, filósofo australiano da Ética Prática. Para Singer, em termos de aplicação prática, Ética e Moral são sinônimos e enfaticamente ele chama a atenção para algo de que pudemos aperceber-nos ao longo do enunciado de pensamentos com que os venho maçando: a Ética NÃO É um conjunto de proibições.

Como ele cristalinamente ilustra, mentir em circunstâncias normais é um mal – mas no caso de uma pessoa vivendo na Alemanha nazi a quem a Gestapo batesse à porta à procura de judeus, mentir negando a existência de judeus escondidos nas águas-furtadas da casa era o eticamente adequado…

Para Singer, Ética é uma perspectiva que concede à Razão um papel importante nas decisões e os juízos éticos devem ser formulados de um ponto de vista universal, isto é, os interesses individuais ou de grupo não valem mais do que os outros interesses de outros indivíduos ou de outros grupos. O juízo ético é aquele que procura, em relação a cada problema, determinar a solução ou a conduta que possibilite o maior bem, entendido como a maior e melhor satisfação das necessidades possível – ou seja, a maior Felicidade!

Feita esta resenha do pensamento de vários Mestres, verificamos que, na diversidade dos seus pensamentos, podemos detectar uma linha comum, talvez um pouco surpreendente: a Ética tem essencialmente a ver com a busca e o anseio humanos pela Felicidade! As normas, as imposições ou proibições de condutas que normalmente associamos à Ética não são o cerne do conceito, mas as condições para a viabilização dessa busca humana da Felicidade.

Entendemos assim facilmente porque há em diferentes épocas e latitudes tão diferentes conceitos de Ética: porque as condições de vida e de enquadramento social de cada época e latitude tornaram diferentes as formas de busca e de tentativa de concretização do humano anseio pela Felicidade.

Sendo assim, compreende-se que é normal a primeira afirmação que hoje fiz: cada um dos presentes terá uma diferente noção de Ética porque, embora de forma porventura subtil, a Felicidade que cada um busca é diferente da dos demais, é própria, pessoal e intransmissível.

Mas, sendo assim, que denominador comum poderei eu sugerir hoje, aqui e agora, sobre Ética, de forma que seja aceitável para os apressados espíritos de hoje, inundados de informação tão abundante que nem sequer logramos, por vezes, sobre ela incidir um juízo verdadeiramente crítico?

Sem grande preocupação de rigor científico – por evidente e confessada falta de capacidade para tal -, mas procurando ilustrar o conceito de uma forma sugestiva, gostaria de vos propor um entendimento de Ética que julgo ser uma noção completa, isto é, com princípios, meios e fins:

ÉTICA É O CONJUNTO DE PRINCÍPIOS QUE NORTEIAM A DETERMINAÇÃO E UTILIZAÇÃO DOS MEIOS À NOSSA DISPOSIÇÃO PARA ATINGIRMOS OS FINS A QUE NOS PROPOMOS.

Atenção que Ética não é uma declaração de princípios. Ética é a utilização dos princípios por cada um adotados. Um solene conjunto de princípios, por muito bonitos ou consensuais que sejam que serve apenas para eles serem invocados, declarados, apregoados, mas que na realidade não são utilizados, é como a coleção de porcelanas da minha tia-avó: só serve para estar exposta na sala e ser exibida às visitas!

Não passa de bacoca manifestação de vaidade e fútil exibição de pretensas preciosidades, alegadamente valiosas, mas realmente inúteis! Em nada e para nada releva ou interessa apregoar ou invocar ou proclamar solenes princípios se estes não passarem de palavras soltas em ocasiões julgadas oportunas e não forem efetivamente praticados.

A Ética não está nos princípios declarados, está nos princípios praticados. Não está nas palavras, está nos atos. Não está nos consensos formados, está nas cooperações levadas a cabo. Não está nas intenções, está nas concretizações. Não está nas justificações, está nas consequências. Não está dentro de cada um de nós, está no que cada um de nós projeta para o exterior de si.

A Ética não é um conceito estático, é uma aplicação dinâmica. O Homem não É ético.

O Homem sempre, em cada momento, renova-se e FAZ-SE Ético, em cada decisão, em cada escolha, em cada ato.

Só temos verdadeiramente Valores, ou seja, Princípios, se os utilizamos SEMPRE para conformarmos os nossos atos na concretização dos nossos objetivos (e sempre é sempre: quando nos convém e principalmente quando não nos convém).
PRINCÍPIOS que determinam os nossos MEIOS para atingirmos os nossos FINS – esta a noção de Ética que considero adequada para todos.

E esta noção de Ética, bem vistas às coisas, não é limitadora, é construtora. Construtora da nossa personalidade e da nossa conduta. Construtora da nossa imagem de nós perante nós próprios. Construtora do conceito que granjeamos dos outros em relação a nós. Construtora do que somos, do que fazemos, do que conseguimos. Construtora do sentido das nossas vidas. Construtora das nossas vitórias, mas também construtora da superação dos nossos desaires. Construtora da nossa Vida, do nosso lugar na Vida e da nossa legítima fruição da Vida. Construtora, em suma, da nossa FELICIDADE.

Afinal os Mestres tinham razão! Por isso os reconhecemos como tal!

Rui Bandeira
9/5/2015
Colóquio da GLFP – A Maçonaria no século XXI
Painel Desafios éticos no Mundo atual

Bibliografia
https://jfariaadvogados.wordpress.com/2010/01/27/a-etica-de-socrates/, consultado em 8/4/2015.
http://www.webartigos.com/artigos/a-etica-em-aristoteles/23318/ , consultado em 8/4/2015.
http://www.webartigos.com/artigos/a-etica-platonica-e-aristotelica/87414/ , consultado em 8/4/2015.
https://sentadonalua.wordpress.com/2012/07/12/a-etica-de-santo-agostinho-frente-a-etica-aristotelica/, consultado em 11/4/2015.
http://descartesfilosofia.blogspot.pt/p/etica.html, consultado em 11/4/2015.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Nicolau_Maquiavel , consultado em 11/420/15.
http://www.filosofia.com.br/historia_show.php?id=79 , consultado em 11/4/2015.
http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89tica_%28livro%29 , consultado em 11/4/2015.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Baruch_Espinoza , consultado em 11/4/2015.
http://www.eses.pt/usr/ramiro/docs/etica_pedagogia/A%20%C3%89TICA%20DEESPINOSA.pdf , consultado em 11/4/2015.
http://www.efdeportes.com/efd129/a-etica-revisitada-olhares-atraves-da-historia.htm , consultado em 11/4/15
http://afilosofiadaintegracao.blogspot.pt/2009/03/etica-de-kant.html , consultado em 11/4/2015.
Peter Singer, Ética Prática, consultada em 11/4/2015, em http://docente.ifrn.edu.br/edneysilva/etica-pratica

TENHA ORGULHO DE SER MAÇOM!



O candidato quando é Iniciado, Elevado e Exaltado, fica enlevado com as “histórias” mostradas nos Rituais, baseadas na Bíblia. Fica encantado com os fatos enevoados ligando a Maçonaria com os acontecimentos Bíblicos. Fica convencido e soberbo de saber que, como Maçom, é um descendente direto dos construtores do Templo do Rei Salomão!

De Aprendiz passa para Companheiro e depois para Mestre e, raramente, pergunta quem planejou o Templo ou quem acompanhou todos os trabalhos feitos em ouro, prata e pedras preciosas. Quem esculpiu, quem decorou as obras de arte. Fica plenamente satisfeito em saber que tudo foi feito por Hiram , que era o filho de uma viúva da tribo de Naftali.

Com o passar do tempo, ele lê alguns livros maçônicos idôneos, e fica assombrado e chocado ao aprender que, sem dúvida alguma, os atuais Maçons são descendentes dos construtores das catedrais, na Idade Média, da Inglaterra, Alemanha, França, etc, etc.

Seu panorama mental sobre a Maçonaria fica nublado, seu orgulho fica abalado e sua admiração, contentamento no seu curto sonho maçônico fica minimizado.
Isto é um retrato real e frequentemente ocorre!

O que deve ficar claro para todos nós é que os Maçons não são descendentes de simples trabalhadores. Nossos ancestrais não eram simples talhadores de pedras, pedreiros, escultores, etc. Eles eram os maiores artistas, especialistas em trabalhar e construir em pedras na Idade Média.

Poucos homens podem construir um galpão usando serrote, martelo e pregos. Mas, a maioria deles não consegue construir a sua própria moradia. Eles não sabem como ler uma planta. Eles nada sabem sobre resistência dos materiais. Eles nada sabem sobre códigos de construções. Para obter sua casa eles precisam empregar um arquiteto e um construtor, os quais tenham o conhecimento especializado requerido.

Hoje em dia nós temos a eletrônica e os computadores, mas na Idade Média, todo esculpido era obra da experiência e da habilidade manual. Não havia livros e desenhos especializados.

Mesmo hoje, as modernas construções dificilmente se igualam na beleza das proporções, no vigor, na suntuosidade e na magnificência das Catedrais, dos Castelos, dos Mosteiros, das Abadias feitas pelos Mestres Construtores dos quais a Maçonaria é descendente.

Pessoas simples não fariam esse tipo de construção, cuja estrutura, grandeza, resistência e beleza, desafiam os séculos, nas intempéries e nas guerras.

Nossa Ordem escolhe hoje em dia, os futuros Aprendizes, com bastante critério. Os construtores de Catedrais da Idade Média também procuravam e escolhiam aqueles que tinham conhecimento, caráter e habilidade para aprender. Quando se tornavam Companheiros, tinham orgulho de seu trabalho. Sabiam que não podia falhar e davam o melhor de si, por toda sua vida.

Não é este, para todos nós, o maior motivo de orgulho, em sermos descendentes desses homens especiais?

(livre tradução e adaptação da MAS - Bulletin 1951 - USA)
Ir.'. Alfério Di Giaimo Neto.


SIMBOLISMO DO TEMPLO MAÇÔNICO



Antes de estudarmos sobre o Simbolismo do Templo Maçônico, temos que incialmente fazermos uma distinção entre o que são Loja e o que é Templo, propriamente dito.

  Uma explicação singela seria de que a Loja seria a parte física onde se situaria o Templo. Ou seja, uma seria a parte externa e outra a parte interna.

A Loja seria então, a organização conjunta dos irmãos, onde se reuniriam em um recinto mais restrito, mais sagrado, o Templo.

Existe uma palavra de origem grega – arquétipo – onde arkhe (princípio) e typos (tipo), significa um primeiro modelo de alguma coisa, de algo, um protótipo. 

O termo archetypos  é usado pelos chamados filósofos neoplatônicos, e principalmente segundo a concepção de Platão, indica as ideias como modelos originários de todas as coisas existentes.

Então, sintetizando, Templo Maçônico é um arquétipo, onde habita ou reside o Grande Arquiteto, Ele simboliza o Universo e todas as maravilhas e perfeições da criação, sendo que o homem representaria o Microcosmo, e o Universo, o Macrocosmo. Tem um provérbio sufi que afirma que “o homem é um pequeno universo e o universo é um grande homem”

Como todos os irmãos reconhecem, o Templo maçônico é a representação simbólica do Templo de Salomão, devendo ter medidas exatas ou canônicas, pois sobre ele está formulado todo o simbolismo maçônico.

Não nos devemos esquecer que o simbolismo é a vida e a alma da Maçonaria, sendo aquilo que nos nutre e une.

 O nosso Templo reproduz simbolicamente o Templo de Salomão em Jerusalém, sendo que ele serve de modelo para os Templos Maçônicos, principalmente do REAA.

Adotando o Templo de Salomão como modelo de nossos templos, ele então tenta reproduzir o estilo arquitetônico daquele.

Como o Templo de Salomão, os nossos templos, também se dividem em três partes:
§       Vestíbulo (atrium), que liga o Templo à Sala dos Passos Perdidos,    Hekal ou Ocidente (lugar santo) e   Debir ou Oriente (o Santo dos Santos).

O Templo do rei Salomão tinha: 60 (sessenta) côvados de cumprimento e 20 (vinte) côvados de largura, conforme descrito em no Livro de Reis 6-2. A medida côvado foi uma das medidas usadas na época, sendo que um côvado tinha medidas variadas, mas sua equivalência seria que ela teria entre 0,45cm a 0,65cm, o que na prática equivale à distância do cotovelo até a ponta do dedo.

As dimensões do Templo Maçônico também não são fixas, tendo internamente, a forma de um quadrilongo devendo este ser dividido em três quadrados iguais, e que sua largura, seja no mínimo um terço de seu cumprimento.

Assim, se um Templo, tiver 60 metros de cumprimento, sua largura deverá ser de 20 metros e sua subdivisão será de 40 metros no Ocidente e 20 metros no Oriente.

O seu eixo maior está na direção leste/oeste como longitude e norte/sul como latitude; as suas dimensões abrangem do centro da Terra ao infinito. Essa orientação, que é Astronômica, tem como base a orientação do Tabernáculo e do Templo de Salomão.
Outros autores afirmam que a proporção de nossos Templos, devem ter a Proporção Áurea, que é aproximadamente 1x1,618, e que foi utilizada na construção do Parthenon (templo dedicado a Pallas Athenas) e erigido em Atenas, Grécia.

Proporção áurea ou razão áurea consiste numa constante real algébrica irracional. É representada pela divisão de uma reta em dois segmentos (a e b), sendo que quando a soma desses segmentos é dividida pela parte mais longa, o resultado obtido é de aproximadamente 1.61803398875. Este valor é chamado de "número de Ouro".


           
      
           Retângulo de Ouro - Golden rectangle - YouTube


No Oriente, o Sol figura como símbolo logo atrás do trono do Venerável e na abóbada sobre o trono do Venerável., pois de acordo com nossas tradições o Oriente, é o ponto do qual vem a Luz, simboliza o Mundo Espiritual , já no Ocidente, sendo o local para o qual a Luz se dirige e onde o Sol se põe, simboliza o Mundo Material.
Tendo essa forma retangular o Templo é como um caminho que nos leva do Ocidente para o Oriente, significando uma caminhada das trevas para a Luz.
Desta maneira, o Templo Maçônico é um espaço esotérico, onde existe e se realizada a união de maçons, para se lapidar nossa pedra bruta, onde devemos receber a Luz do aperfeiçoamento espiritual, nossa e da humanidade
E para encerrarmos podemos considerar a importância de se realizar o RITUAL MAÇÔNICO, em nosso Templo, havendo a criação de uma Egrégora, que já se inicia pelo fato dos irmãos já terem a intenção de se reunir, tomando ela força e vigor quando do início de nossos trabalhos.

DERMIVALDO COLLIENTT
M.M. ARLS RUI BARBOSA 46 – GLMG – OR. DE SÃO LOURENÇO/MG 
Referências bibliográficas:

RIZZARDO DA CAMINO, Introdução à Maçonaria, v.3, 2ª Ed., Aurora, Rio de Janeiro, RJ.
EDUARDO CARVALHO MONTEIRO, Templo Maçônico: Morada do Sagrado. A Trolha, Londrina, Paraná, 1996.



QUAL É A FUNÇÃO DA MAÇONARIA NA SOCIEDADE?


Dia destes um amigo me perguntou: Qual é a função da Maçonaria na sociedade?

Inicialmente não é muito fácil explicar para alguém que não pertence à Ordem Maçônica, qual a razão de um grupo de homens, alguns com grande cultura, como Goethe, Voltaire, Rui Barbosa, Quintino Bocaiúva (para não estender em demasia a lista), iniciaram na Ordem e não mais saíram, aliás, poucas pessoas, após iniciarem, deixam de frequentar nossos templos e, não querendo ser ufano, não existe, para nós, ex-maçom (conta-se nos dedos os casos de maçons que por qualquer motivo abandonaram os templos e saíram dizendo impropérios sobre nossos rituais e nossos costumes).

Para tentar responder ao questionamento do meu amigo, preciso voltar ao passado e viajar de braços dados com a história, não somente a que está registrada pela escrita, mas também, pelo que foi transmitido pela oralidade e que chegou até nossos tempos pelo posterior registro literal nos livros.

Antes de nada preciso dizer que é impossível, para qualquer pessoa que frequenta os templos das lojas maçônicas, por mais tempo que seja conhecer todos os nossos “segredos”, ou seja, toda a história da maçonaria, toda a sua filosofia, pois esta remonta se quisermos estender nossos olhos para 3.000 anos atrás, para o tempo do Rei Salomão (Bíblia Sagrada – Capítulo III, Crônicas II) que pediu ao Rei de Tiro que lhe enviasse um homem que soubesse trabalhar com o ouro, madeira, prata, ferro, latão e a pedra, para ajudá-lo a erigir um Templo em Jerusalém e este lhe enviou o artista de nome Hiram Abiff que sabia os segredos para manusear todos estes artefatos.

Como supervisor de obra de tamanha envergadura (enormes pedras, unidas entre si com argamassa de terra, com profundas fundações, que resistiriam à força dos tempos), Hiram, na sua sabedoria, decidia quando um determinado homem poderia ter acesso a determinado “mistério” da construção e por isto ele os dividiu em três categorias: “aprendizes”, “companheiros artesões” e “grandes mestres”, de modo que os primeiros não sabiam os “segredos profissionais” do mais graduado, obrigando-os, com isto, a se interessarem pelo aprendizado; em outras palavras, cabia aos “aprendizes” desbastar a pedra bruta e torná-la polida o suficiente para serem colocadas, umas sobre as outras, na construção, tarefa que cabia aos “companheiros artesões”, supervisionados pelos “grandes mestres”.

Deve ser esta uma das razões para que um individuo que foi iniciado na Ordem, dificilmente a abandona, pois o simbolismo dos nossos rituais, por conterem ensinamentos colhidos em eras tão remotas da nossa civilização, sempre despertará curiosidade para se descobrir “novos segredos”.

Para facilitar o diálogo com meu amigo, gostaria de me reportar a acontecimentos mais recentes, quando, realmente, a nossa história está registrada em documentos acessíveis ao público, ou seja, nos primeiros decênios do século XVIII, quando apareceu em Londres uma sociedade, presumivelmente já existente antes, da qual ninguém sabe dizer de onde vinha, o que era e o que procurava.

Esta sociedade se expandiu e se difundiu pela França, Alemanha e por todos os Estados da Europa Cristã, chegando até a América; homens de todas as classes sociais, regentes, príncipes, nobres, eruditos, comerciantes, fizeram-se iniciar e nominavam-se, mutuamente, de irmãos.

Esta sociedade chamava-se, sem que saibamos a razão, de Associação de Pedreiros Livres e chamou a atenção dos governos, foi perseguida na maior parte dos Estados onde foi difundida, foi excomungada por dois pontífices, sofreu acusações caluniosas, no entanto ela resistiu a todas estas tempestades e passou das capitais para as cidades do interior.

Assim ela chegou até nossos dias e nossos membros aos se reunirem nos templos, se perguntam, uns aos outros, de onde viemos? O que somos e o que procuramos? Nenhum dos presentes é capaz de responder a estas intrigantes perguntas. Então o que eles fazem? Retornam às suas casas, deixam de lado os compromissos que assumiram “por engano” com a Ordem e abandonam os templos?

Nada disto, a Ordem perdura e se expande, do mesmo modo que antes, portanto cabem as perguntas – Qual seria então a função da maçonaria? Por que tantos homens se unem a esta confraria?

Analisando os perfis destes homens que a frequentam, podemos, se quisermos ser cruéis conosco mesmos, dizer que se tratam de fanáticos, hipócritas e ou ambiciosos; é possível que homens fanáticos possam se unir a hipócritas é possível que o ambicioso atraia o fanático no afã de descobrir mistérios que ele esconde e pode ser, também, que este homem ambicioso atraia o homem de classe social superior a sua, para colocá-lo à sua mercê.

Não! Isto não acontece, pois em todas as épocas, encontraram-se sob o mesmo teto dos templos da Ordem, homens de cultura, os mais respeitáveis na sociedade pelo talento, saber e caráter e penso que há vários entre os maçons que meu amigo conhece – pelo menos um – que ele poderia ter plena confiança para discutir aspectos particulares da sua vida.

Sei que poderia ser refutado nesta afirmativa, ao ouvir do meu amigo a afirmação de que fora da Ordem ele também encontraria pessoas deste jaez e que este homem virtuoso poderia ter entrado na Ordem, que ele não conhecia em essência, por um mero capricho de juventude e depois de descobrir que ela nada valia, não pode voltar atrás porque não quer ser tido como presa fácil da ilusão.

Na verdade não é isto o que acontece, pois os homens sábios e virtuosos (alguns dos quais citei acima) persistiram na Ordem e dela se ocuparam seriamente, dedicaram-se a estudá-la e a transmitir o que aprenderam para outros “fratelis” membros e, também, para os que desejarem ouvi-lo fora dos nossos templos.

Para finalizar gostaria de dizer ao meu amigo, o que “ouvi” lendo (um pequeno trecho) o que escreveu (Filosofia da Maçonaria, 1802-1803, Berlim) o maçom e filósofo Alemão Johan Gottlieb Fichte (1762-1814), iniciado na Ordem em 1793 em Zurique, provavelmente influenciado por Goethe, de quem era amigo:

“Aquilo que o homem sábio e virtuoso quer, vem a ser a finalidade última da humanidade. O único fim da existência humana sobre a terra não é nem o Céu nem o Inferno, mas apenas a humanidade, da qual fazemos parte e que desejamos elevar ao máximo da perfeição possível”.

Concluo dizendo: – A maçonaria se insere neste contexto, pois ela procura, incessantemente, cavar masmorras ao vício e construir catedrais à virtude.

Hélio Moreira, membro da Academia Goiana de Letras, Academia Goiana de Medicina, Instituto Histórico e Geográfico de Goiás


PARA OS QUE VIVEM PEDINDO PARA SER MAÇOM!



1- A Maçonaria não tem nenhuma associação com o 'Diabo', não possui rituais de sangue e não obriga seus membros a nenhum 'Pacto' maligno. Portanto, se você deseja um pacto com o 'satânico', desista!

2- Embora as Lojas Maçônicas tenha sido o berço do poder político-social no Império e nos primórdios da nossa república, bem como desempenhado relevante papel nos acontecimentos mundiais; ela não é a 'cabeça oculta' do planeta, e não tem voz absoluta e definitiva na política mundial. Portanto, se deseja entrar pela janela nos corredores do poder, desista!

3- A Maçonaria é uma Ordem de Conhecimento Simbólico, isto significa que o Maçom deve de fato compreender aquilo que perpetua: deve ser capaz de penetrar no sentido interno, na mensagem velada contida nos Rituais. Portanto, se você deseja os 'Conhecimentos Gnósticos' claros e prontos, desista!

4- A Maçonaria é uma organização Discreta, e não Secreta. As Lojas possuem CNPJ, endereço e telefone; Portanto, se você deseja sentir-se especial por participar de um 'clube secreto', desista!

5- É verdade! Os Irmãos Maçons, na maioria dos casos, gozam de abundante Prosperidade; mas isso se deve a três fatores:
- Apenas indivíduos livres, de bons costumes e financeiramente estabelecidos são convidados.
- Geralmente eles desenvolvem uma especial capacidade de comunicação e associação, o que lhes abre muitas portas.
- Consciente ou inconscientemente colocam em movimento certos Princípios Cósmicos que regem a Lei da Prosperidade. Portanto, se você acha que ao ingressar vai sair do buraco, da inércia e da falência, desista!

6- A Maçonaria é uma Fraternidade Iniciática dedicada a elevação do gênero humano, a filantropia e a perpetuação dos Mistérios antigos em seus Ritos. Se você imagina que adentrar seus Portais é uma forma de aliviar o trabalho de auto-descoberta e auto-domínio; permita-me um conselho: DESISTA!


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