O Avental é a
vestimenta emblemática, simbólica e obrigatória de um Maçom.
A rigor a única
necessária, e o seu uso denuncia o seu grau hierárquico dentro da Ordem
Maçônica, podendo ser desde cargos administrativos como o posicionamento nos
vários graus existentes, bem como, evidencia também, os diferentes ritos e
potências.
Mas pouco se
conhece da história desta humilde vestimenta que tão grande significado possui.
Os nossos rituais se limitaram apenas a explicar a simbologia do Avental para o
grau do referido ritual, não tecendo informações ou comentários sobre a sua
história e significado. Cria-se assim uma grande lacuna para a interpretação
desta vestimenta, que como já foi mencionado, é indispensável para o Maçom.
O presente estudo
pretende demonstrar como surgiu esta vestimenta, e qual o seu significado, seja
ele simbólico ou esotérico. Entretanto, não entraremos nas questões referentes
à sua utilização em Loja, visto que cada grau possui seu simbolismo e suas
características próprias.
Iniciando o estudo
propriamente dito, iremos tecer um breve comentário sobre a utilização do
Avental no mundo profano, e assim, conhecermos melhor suas utilizações e
importâncias profanas, para posteriormente adentrarmos na simbologia Maçônica.
É notório que o
Avental é utilizado por grande número de pessoas que, mesmo não cientes de sua
importância, se beneficiam desta pequena e até mesmo insossa vestimenta. Mas o
que afinal é o Avental? E quando iniciou sua utilização?
O Mini dicionário
da Língua Portuguesa Melhoramentos, Edição 2000, classifica o Avental como:
§ Peça de pano, couro ou plástico, que se usa sobre a
roupa, para proejá-la. Ou:
§ Espécie de guarda pó, usado por farmacêuticos,
dentistas, médicos e etc.
No mundo profano o
Avental é muito utilizado, principalmente por pessoas que têm a necessidade de
se protegerem, seja de qualquer partícula sólida ou líquida, que venha sujar a
roupa, ou de substâncias, porosas ou não, que possam agredir a pele.
Para alguns
escritores, a origem do Avental está ligada há tempos muito remotos, como
o Paraíso Terrestre, onde alguns vêem Adão como o inventor do Avental,
representado na folha de parreira, a qual, segundo a ilustração bíblica, cobria
seus órgãos genitais. Mas essa versão é suspeita por uns e refutada por
outros que a consideram ilusória e especulativa.
Historicamente
falando é quase impossível precisar a data ou o período em que o Avental começou
a ser utilizado, entretanto há vários registros históricos de seu uso. Os
Romanos, por exemplo, usavam como parte de seu uniforme militar, como também há
registros do uso de Avental por Egípcios, Persas e Hindus. Mais
contemporaneamente, percebemos que os pintores da Renascença também o
utilizavam para proteger suas roupas dos respingos de tintas.
Na Maçonaria o
surgimento do uso do Avental pode ter iniciado nas Guildas e corporações
Medievais, tais associações que deram origem à Maçonaria Operária, sendo
provável que este deva ser o único sinal externo do período Operativo da
Maçonaria. Tinham por hábito distribuir entre seus membros Aventais para o
exercício do ofício ao qual estavam ligados. Esses Aventais apresentavam
diferenças com base nos diferentes trabalhos e conhecimentos acerca do ofício
em questão, tais como sapateiro, ferreiro, açougueiro, pedreiro, entre outros.
Quanto aos
pedreiros, tidos como os Maçons de fato, na fase Operativa da Maçonaria a
utilização desta indumentária era essencial, pois protegia o corpo do obreiro,
e sua função era evitar acidentes provocados pelas lascas que se desprendiam
das pedras brutas que eram trabalhadas com cinzel e malho, e que depois de
prontas, viriam a ser partes de edificações. Esses Aventais eram feitos
predominantemente de couro de carneiro, um couro espesso, com vistas a proteger
os obreiros de labutas muitas vezes perigosas para o corpo humano.
Posteriormente, com
a transição da Maçonaria Operativa para a Maçonaria Especulativa, houve grandes
modificações para a utilização do Avental, que deixou de ser uma peça
considerada de proteção para o corpo, transformando-se em verdadeiros brasões
ou estandartes, onde o conjunto das tradições cultivadas pela Arte Real era
traduzido em emblemas e símbolos representativos de cada conjunto de
ensinamentos que se queria transmitir sobre a Maçonaria. Tais símbolos sempre
foram ricos em metáforas e conteúdo esotérico, filosófico e histórico.
Desse modo, os
Aventais transformaram-se em verdadeiras obras de arte, cercadas de emblemas e
símbolos que variavam de região para região. O que deve ter gerado algumas
polêmicas, pois em 1813, com a unificação das duas grandes Potências Inglesas,
houve a edição de um normativo regulamentando e padronizando os Aventais, de
forma a coibir os inúmeros abusos que aconteciam. Ressalto também que em 1875,
com o Congresso Mundial dos Supremos Conselhos em Lausane, também se decidiu
por uma padronização dos Aventais utilizados pelos seguidores do Rito Escocês
Antigo e Aceito.
Mas independente de
seus emblemas ou de sua padronização, o significado simbólico do Avental
continuou o mesmo, pois representa um emblema da dignidade, da honra, do
trabalho material ou intelectual, símbolo da inocência do iniciado. É a
insígnia do Maçom, o único que lhe que dá o direito de entrar nos templos e
participar das reuniões. Representa a prontidão para o trabalho, que nos
acompanha desde o meio dia até ao fim da vida, pois se constitui como um
instrumento fundamental e não nos deixa esquecer que a labuta é uma constante,
seja em Loja ou fora dela.
Recorda-nos também,
as nossas obrigações e deveres como obreiros da Arte Real, capaz de
transformarmo-nos de filhos de mulheres em filhos do homem, auxiliados pelas
instruções que são ministradas a todos os filhos da viúva.
Esotericamente, o Avental é a vestimenta corpórea da alma, que será pura
ou impura conforme os nossos desejos e pensamentos. E representa a condição
imortal da alma, que sobrevive à morte do nosso corpo físico. Símbolo do
trabalho na construção do templo interior e nas tarefas de aperfeiçoamento
evolutivo. Essa peça constitui a super proteção aos chakras fundamentais, esplênico e umbilical, para
diminuir as influências decorrentes dos sentidos em relação ao sexo e as
paixões emocionais, expondo e ativando os chakras cardíacos,
no aprimoramento dos sentidos; laríngeos, impulsionando a criatividade; e frontal,
estimulando o raciocínio.
Notemos que o
Avental vem sempre acompanhado por um cinto ou corda, que é um elo entre o
Avental e o corpo, na altura dos rins, e que também divide o corpo de quem
o usa, da cintura para baixo (a parte procriadora, material); e da cintura para
cima (a parte sensitiva, espiritual; que guarda os centros de forças).
Para os antigos a
parte mais importante do Avental era o cinto ou corda, pois é símbolo
do cordão umbilical, que liga o homem a terra; ou o cordão de prata,
que liga o homem ao espírito; ou até mesmo o cordão de ouro, que liga
o espírito ao Eu superior.
Independente de sua
origem, do começo de seu uso ou da interpretação que damos a ele, o Avental
utilizado hoje é o resultado da união dos Maçons Operativos com os Maçons
Especulativos, e o seu uso simboliza o momento espiritual que o Maçom está
vivendo dentro da Maçonaria.
Autor:
Celso Ricardo de Almeida
Mestre
Instalado da Loja Maçônica Casa do Caminho, Oriente de Fervedouro-MG
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