A VIAGEM AO CENTRO DO SER


 

Quando a mente do homem começa a entender a ordem e a relação de tais impressões de sentido, ele passa da escuridão da ignorância para a luz branca da sabedoria. Para fazer isso ele deve, dentro de si mesmo, possuir o divino dom do desejo do saber; pois é através dessa faculdade que ele se eleva acima das preocupações da vida.

O homem cuja curiosidade o leva a contemplação da manifestação à contemplação das suas causas é aquele cujos instintos o estão preparando para empreender a Grande Obra.

O Maçom é chamado a conhecer e praticar os antigos mistérios, despertando seu lado espiritual, a buscar e contemplar os motivos da sua existência. É chamado a tornar-se um cientista em sua própria vida, a transmutar o que há de defeitos em virtudes, enterrar os vícios e se erguer em virtudes.

O objetivo da Maçonaria é demonstrado claramente ao neófito que tem o contato com a Ordem pela primeira vez: realização da Grande Obra. Esse objetivo é expresso através da fórmula alquímica conhecida como VITRIOL.

Juntamente com o "o que está em cima é como o que está abaixo", o VITRIOL é talvez o mais famoso axioma hermético. O símbolo da Iniciação é a morte e o renascimento, cuja representação encontramos também no Ouroboros.

VITRIOL é a sigla da expressão, do latim "Visita InterioremTerrae, Rectificando, Invenies Occultum Lapidem", que quer dizer: Visita o Centro da Terra, Retificando-te, encontrarás a Pedra Oculta (ou Filosofal). Filosoficamente ela quer dizer: Visita o Teu Interior, Purificando-te, Encontrarás o Teu Eu Oculto, ou, "a essência da tua alma humana". É o símbolo universal da constante busca do homem para melhorar a si mesmo e a sociedade em geral.

As três primeiras palavras, "visita interiorem terrae", dizem respeito ao conhecer o que está em seu interior. É a primeira fase da alquimia, chamada Putrefação, onde as carnes são separadas dos ossos acontecendo a morte do maçom. Significa que as aparências são deixadas de lado, devemos buscar o que está no interior, o que está oculto. Por esse motivo outro símbolo que acompanha a fase da putrefação é o negro, a escuridão, representação de um local do oculto que devemos encarar e descobrir dentro de nós.

Segundo Jules Bouchet, em sua Obra A Simbólica Maçônica, “trata-se de um convite à procura do Ego profundo. Que nada mais é do que a própria alma humana, no silêncio e na meditação”. Ainda, segundo Bouchet, por vezes, poderá ser encontrada como “VITRIOLUM’, atribuindo as duas últimas letras como “Universalem Medicinam”, ou seja, “Medicina Universal”, ou, ainda, “Veras Medicinam”, como a “Verdadeira Medicina”.

Filosoficamente falando, o acrônimo VITRIOL, composto por sete letras, à guisa de tantos misteriosos setenários alquímicos, descortina a frase mais enigmática da vereda iniciática. Sua perfeita compreensão serve como imprescindível “Palavra de Passe” para adentrarmos aos nossos portais internos, na busca de nossa pedra filosofal, nosso Eu Verdadeiro, nossa Quintessência!

Portanto, vemos no VITRIOL, um chamado ao conhecimento das coisas existentes na Terra, no Universo e dentro de nós mesmos. Iniciado é aquele que penetra e vivencia esses mistérios, e não aquele que somente passou pelo ritual de iniciação.

É por esse motivo que desde a mais remota antiguidade as iniciações simulam um processo de morte, onde o iniciado é posto em algum lugar que simbolize a escuridão. Esse local escuro é também o símbolo do momento da morte. Para o nascimento dizemos "foi dada a luz", e para a morte é o oposto, usamos o termo “putrefação" herdado da Alquimia.

Esses locais escuros são representados por cavernas, por túmulos, ou por vendas, cujo objetivo é levar o iniciado a uma jornada em que tudo lhe é desconhecido. Esse é uma jornada ao interior de si mesmo.

No centro do axioma temos a palavra "rectificando". Assim como não é coincidência termos 7 palavras, não é por acaso que está se encontra no centro. Retificar significa "fazer reto", é uma referência direta ao simbolismo do Esquadro. Quando dizemos que "estamos esquadrando" dizemos que estamos corrigindo os erros, tirando o que não é necessário e deixando o essencial, livrando-se do que é ruim e ficando com o bom.

É o que um pedreiro faz em uma pedra bruta quando esquadra suas arestas. Esquadra a pedra bruta para torná-la cúbica, deixando-a perfeita para ser utilizada em uma obra. As três últimas palavras "invenies occultum lapidem" refere-se a essência do nosso ser. Após termos arrancado a carne dos ossos para descobrirmos o que é necessário em nós e o que não o é, e termos retificado todo o encontrado, chegamos a recompensa: a Pedra Oculta.

Essa Pedra Oculta é também outro nome para a "Pedra Filosofal" tão procurada pelos Alquimistas. Ou seja, é algo que existe dentro de nós, e não no exterior. A transmutação alquímica, o lapidar da pedra bruta, o retificar, são sinônimos para uma total reestrutura espiritual, mental e física.

Na maçonaria, o processo de retificação é chamado também de Arte Real, cujo objetivo final é a realização da Grande Obra. A Grande Obra é o resultado da Arte Real, quando alcançamos a verdadeira e livre espiritualidade, quando nos comunicamos conscientemente com a centelha divina interior (achamos a Pedra Oculta).

De nada adianta descobrir que em seu interior há uma pedra bruta, se essa pedra não é tocada, não tem a sua rusticidade conhecida, se nada se faz para seu polimento.

Esse polimento é pesado, o desbaste das arestas, dos excessos, é doloroso, mas necessário, para fazer crescer aquele que encontrou dentro de si o que o diferencia dos demais animais: A pedra oculta, isto é, a inteligência, a capacidade de raciocinar, de discernir entre o certo e o errado, de dominar o desejo pessoal, de vencer paixões e submeter vontades.

Portanto, vemos no VITRIOL, um chamado ao conhecimento das coisas existentes na Terra, no Universo e dentro de nós mesmos. Iniciado é aquele que penetra e vivencia esses mistérios, e não aquele que somente passou pelo ritual de iniciação. Quem quer que se empenhe na dura obra do seu aperfeiçoamento espiritual deve penetrar no âmago do seu ser, com o propósito sincero de encontrar e eliminar todas as imperfeições por ventura encontradas.

E elas certamente não serão poucas. Este caminho a percorrer haverá de levá-lo à descoberta da Pedra Filosofal ou Pedra Polida; que é o princípio, a Centelha Divina que repousa viva dentro de cada um de nós.

Quando nascemos, trazemos algumas características genéticas que podem nos predispor a desenvolvermos certas doenças ou aptidões intelectuais. Entretanto, nosso caráter é uma folha de papel em branco, na qual irá aos poucos sendo impresso tudo aquilo que nos for transmitido.

O bem ou o mal não existem em si mesmos, intrinsecamente. Eles serão desenvolvidos de conformidade com o meio, com os hábitos desenvolvidos, práticas ou costumes, através da educação recebida no lar e da educação formal.

Só mais tarde adquirimos um nível de consciência capaz de discernir ou escolher entre o que seria o bem ou o mal, de conformidade com o que tenha sido impresso na folha de papel de que falamos. A tendência natural é preponderar o que tenha maior peso em nosso aprendizado.

Nossos valores podem ser modificados mesmo na fase adulta, mas o processo é bem mais complexo e demorado.

Quantos de nós, após o ingresso na Ordem revisitou a Cam das RRefl, a fim de buscar entender, de fato, a riqueza dos ensinamentos que ali se encerra.

A Visita que este misterioso acrônimo VITRIOL nos sugere é de periodicidade diária, na Cam de nossa consciência, a fim de que possamos, conscientemente, responder à pergunta que, diariamente se sussurra aos nossos ouvidos: “o que vindes fazer aqui?”

“Se queres bem empregar a tua vida, pensa na morte”

ORIENTE DO RIO DE JANEIRO, RJ.

A.·. R.·. L.·.M.·. FLAUTA MÁGICA DO RIO DE JANEIRO, Nº 170

M.·.M.·. SANDRO PINHEIRO

http://www.esoterismodemolay.com.br/2014/09/alquimia-na-maconaria-vitriol.html

http://www.esoterismodemolay.com.br/2013/06/iniciacao-hermetismo-e-alquimia.html

https://0201.nccdn.net/1_2/000/000/0dd/44c/TRABALHO-06---VITRIOL.pdf

https://csarrangel.medium.com/vitriol-ou-o-abra-te-s%C3%A9samo-para-o-mundo-dos-deuses-932de15d39c1

https://maconaria-memphismisraim.com/hermes-trimegisto-o-principio-da-correspondencia/

https://www.rlmad.net/?s=alquimia

 

 

 

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