SELECIONAR CANDIDATOS PARA A MAÇONARIA


 

Exposição de Motivos

 “A Ordem – A Maçonaria iniciática e tradicional não têm origem historicamente conhecida. As Obediências, ao contrário, são criações recentes. A Ordem é universal, as obediências, sejam quais forem, mostram-se particularistas, influenciadas por condições sociais, religiosas, econômicas e políticas dos países onde se desenvolvem”.

“A Ordem na sua essência é metafísica; na sua manifestação é tradicional. Por essência é indefinível e absoluta; as Obediências estão sujeitas a todas as variações da fraqueza congênita ao gênero humano. A Ordem tem uma doutrina, muito antiga e pouco compreendida, que as obediências vêm adulterando, embora tenham atribuído a si mesmas, o encargo de estudá-la e transmiti-la FIELMENTE, aos irmãos”.

Como se todos fossem vizinhos, vai-se à loja, não para pensar, mas para se distrair com jogos simbólicos, aliás, sem os compreender, assim como para realizar gestos pomposos e entregar-se a prazeres gastronômicos.

DE QUE SERVIRIA A ORDEM, SE NÃO IMBUÍSSE OS SEUS MEMBROS, ATÉ FAZER DELES HOMENS NOVOS?

Um homem novo que não seja homem de tempos novos, mas devoto da tradição intemporal! A tradição é uma síntese resumida, que contém na sua base, tudo quanto o homem pode ser.

O que faz com que a Ordem não seja meramente, uma sociedade de socorros mútuos, depende da inspiração subjetiva de cada Maçom.

Cada um pode senti-la de um modo diferente do seu irmão, mas os que vivem a vida maçônica interior compreendem muito bem que qualquer um que não seja Maçom, não ache graça a muitas das coisas, que fazem as delícias da Ordem.

Somente o Maçom tem o espírito atingido, com tudo o que diz respeito à Ordem. Portanto, o que é insípido para o profano é profundamente saboroso para o Maçon.

A Ordem possui, então, um segredo, somente desvendado pelos aceitos para dela fazerem parte, sendo-lhes assegurados os meios para uma evolução espiritual, através de um trabalho coletivo.

O desenvolvimento ao máximo das possibilidades individuais propicia o máximo de harmonia na Fraternidade. 

A solução de antagonismos, aparentemente inconciliáveis faz parte dos privilégios concedidos a autênticos iniciados. Tal objetivo, porém, somente será alcançado se os irmãos estiverem ligados entre si e à Ordem, pelos mais estreitos e menos conhecidos laços e se o silêncio e o segredo forem rigorosamente observados.

Os que chegam até a Ordem, devem ser “eleitos”, ou seja, devem aceitar em si mesmos o espírito da Ordem, para senti-lo, até nas coisas aparentemente mais banais. A iniciação maçônica depende do domínio racional, já que se relaciona com a intuição e a superação da razão. Daí a IMPORTÂNCIA que tem para a Ordem e para a Humanidade, o momento em que se resolve indicar um candidato. Se os irmãos compreenderem bem o valor desta argumentação, serão sem dúvida mais cuidadosos, nas suas opções sobre candidatos.

Desenvolvimento

Vários elementos se conjugam para o êxito das nossas atividades maçônicas, tais como: o local de reunião, a legislação, os rituais, os instrumentos, etc.… Contudo, o fundamental é a presença dos irmãos, a atual em harmonia. São os irmãos a componente principal daquilo que constitui a célula, a Loja.

Por ser dotado de qualidades próprias, tais como vontade é livre arbítrio, a influência do homem é ímpar na vida da loja, a qual reunida a outras formam as obediências e a Ordem. Esta tem como incumbência, trabalhar em favor da Humanidade, pela evolução do homem, na medida em que cada um faça por merecer e de acordo com o trabalho realizado.

A Maçonaria, não é, pois, um fim a ser atingido, para se obter benefícios (como ocorre com as profissões na vida profana), mas um meio onde o homem encontra a rara oportunidade de, trabalhando para o bem da Humanidade, evoluir para a felicidade.

Ao atingir o mestrado, TEORICAMENTE, os irmãos adquirem as condições, não só de saber, o QUE deve ser feito, mas principalmente, para conhecer o CAMINHO que leva até a Grande Obra. Contudo, isto nem sempre acontece, porque muitos “RECEBEM” o mestrado, sem trabalho, sem mérito, apenas pela bondade (ou omissão) dos irmãos.

Por isso estes mestres continuam na sombra e nada produzem! Muitos vão mais além, porque prejudicam o trabalho e o esforço de irmãos esforçados e dedicados, prejudicando-se também a si mesmos, já que se anulam ao nada fazer pela Loja, pela Ordem e principalmente por aqueles que tanto necessitam do trabalho maçônico! Por tudo isto é preciso muito cuidado e muita atenção, quando da indicação de candidatos às Lojas.

Qualidade de trabalho e dedicação já devem ser inerentes ao candidato, para que haja cada vez mais qualidade e dedicação à forma como queremos que decorram os nossos trabalhos, sejam internos, nas reuniões regulares, sejam nas atividades profanas onde devemos exercer uma liderança maçônica, exemplar pela capacidade e pela espontaneidade em praticar o bem. Afinal o que importa é o trabalho a ser feito; os benefícios que cada um recebe, são apenas consequências.

Sugestões

Como os candidatos não compreendem o significado da candidatura e alguns mestres não compreendem o significado de apresentar candidatos, torna-se importante ressaltar a RESPONSABILIDADE dos mestres maçons como conhecedores daquilo que é ignorado pelos profanos, NA OBSERVAÇÃO e ORIENTAÇÃO adequada, daqueles que entenderem que tenham condições de serem admitidos numa Loja Maçônica.

Quem aspira a se tornar um irmão Maçom precisa entender (portanto ser informado) que uma vez aceite, deverá trabalhar para glória de DEUS, para o bem da Humanidade e não para alimentar a sua vaidade, egoísmo e outros defeitos, que para os maçons são considerados vícios, permanentemente combatidos.

Um diálogo neste sentido deve ter condições para ocorrer, entre o mestre Maçom e o seu provável afilhado. Além disto, o mestre deve observar em relação ao candidato:

Realiza, com alegria, pequenas e obscuras tarefas?

Faz o que lhe é possível, por pouco que pareça ser para o progresso humano?

Toma a iniciativa para desenvolver novas e/ou difíceis tarefas, espontaneamente, sem esperar solicitação ou indicação?

Se as respostas são positivas, podem indicar humilde sabedoria e condições para evoluir. Isto, porém não é suficiente e outras observações, podem ser também reveladoras, tais como:

O temperamento do indivíduo impede-o de se pôr em sintonia com os outros? Se isto ocorre é motivo para aguardar o tempo necessário para se possa livrar desta imperfeição.

O seu orgulho pode ser atenuado? Se não puder, mesmo na Ordem, o candidato continuará a ser um profano, não sendo recomendável a sua admissão, pois já temos demasiados deste tipo de irmão que busca só a própria glória.

O candidato tem elevado auto-conceito? Ou auto-estima? Julga-se superior? Isto é perigoso, porque dificulta o convívio com os outros, bem como a transmissão de informações e instruções.

Ofende-se com facilidade? Também é perigoso, porque dificulta o convívio pela intolerância. Entretanto, esta falta de condições pode ser momentânea e às vezes o tempo encarrega-se de fazer o candidato melhorar.

Portanto, não há pressa em encher as lojas, com iniciações precipitadas, que, geralmente, se transformam em toda espécie de problemas para as Lojas.

Quanto à orientação, algumas advertências devem ser feitas aos candidatos tais como:

Assiduidade – somente pela assiduidade o irmão (aspiração do candidato), na companhia de outros, adquirirá uma compreensão sobre a Maçonaria e o seu trabalho.

Disponibilidade no dia e hora das reuniões.

Vontade para assegurar uma boa preparação, ou seja, o desenvolvimento adequado das instruções e o estudo sobre a Arte Real.

Sentir-se estimulado pela aprendizagem, a harmonia e o êxito dos trabalhos, visando ser um bom aprendiz, um ótimo companheiro e um excelente mestre.

Conclusões

O segredo da Ordem é que ela atravessa os séculos, entre temporais que fazem efêmeras tantas obras dos homens, inclusive as nossas obediências. Há neste segredo uma virtude misteriosa; o que o poeta chama de “música interior” ou uma disposição de espírito.

Para a Ordem, a TRIAGEM é absolutamente necessária, porque as palavras da Sabedoria, da Força e da Beleza, não podem ser jogadas ao vento (maus candidatos = maus irmãos), mas conservadas na mente e no espírito.

Os trabalhos maçônicos internos e externos devem parecer-se, por exemplo, às cordas de instrumentos musicais, que, embora diferentes, emitem sons em harmonia umas com as outras. Esta harmonia nivela os irmãos e nenhum é mais sábio, mais forte, mais belo ou mais importante. Não há orgulho e a ausência do orgulho conduz ao esquecimento do “eu em primeiro lugar” e desenvolve o ânimo da boa vontade com todos.

Estas regras levam à convivência adequada, não só para aprender, mas também para trabalhar juntos ou “EM UNIÃO”.

Este texto pretende apenas provocar o exame e o estudo da indicação de candidatos; necessita, portanto de ser ampliado, amadurecido e enriquecido, por todos aqueles irmãos que “optam pela qualidade” e que se preocupam realmente com o presente e o futuro da Ordem e da Humanidade.

Adaptado de Vilmar Rodrigues de Miranda

 

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