Desde o momento que a
venda lhe é tirada dos olhos, o aprendiz recebe a Luz e se vê cercado de
irmãos, em um lugar totalmente desconhecido até então.
Para o resto de sua vida
o Aprendiz Maçom jamais será o mesmo.
Ao receber o traje
Maçônico, um Avental branco, o Aprendiz terá postura serena, gestos solenes e
disciplina, estando sempre “Em Pé e a Ordem”.
INTRODUÇÃO
Certamente todos nós
mantemos viva em nossas lembranças o dia da nossa iniciação. Sobre esse momento
impar, quando tivemos nosso primeiro contato com a Ordem, e fomos submetidos às
provas iniciáticas, a da TERRA, AR, ÁGUA e o FOGO, que por mais simples que
possam parecer à primeira vista, somente no convívio diário com os irmãos é que
podemos compreender a amplitude daquele momento especial, ao tomarmos contato
com os QUATRO ELEMENTOS.
DESENVOLVIMENTO
A TERRA
Ao nos prepararmos para
sermos recebido Maçom, somos cercados de diversos mistérios e alegorias, que
somente após a iniciação é que vamos tomando consciência do seu significado e
grandeza.
Primeiramente, antes de
adentrarmos ao Templo, temos os olhos vendados, nesse momento percebemos que
estamos nos desligando da luz física do mundo profano e indo ao encontro da
Verdadeira Luz, a luz espiritual, aquela que nos ajudará a desvendar os
Augustos Mistérios. Somos colocados de forma nem nus, nem vestidos e despojados
de todos os metais.
Neste momento, é preciso
mergulhar na idéia central do simbolismo maçônico, do grão de trigo que é
colocado na terra aparentemente morto, porém, que contém em si todas as
possibilidades de vida, e ao perder sua casca e em contato com a terra, está
pronto para germinar começando um novo ciclo. Desta forma o aprendiz Maçom deve
imitar o grão de trigo: é a necessidade de morrer para renascer em uma vida
mais elevada e mais perfeita.
O Recipiendário despojado
de todos os metais e de parte de suas vestes, (pode até parecer ser ridículo
aos espíritos superficiais), mas é fantástico o simbolismo deste gesto. Seu
testamento é o que sobrevive do homem que foi. Seu traje violado, o coração
está descoberto e exprime fraqueza, o gesto de ajoelhar-se é feito com
sinceridade e, em sinal de respeito ao Templo, o pé direito descalço, em sinal
de respeito ao Grande Arquiteto do Universo.
Nesta condição,
caminhando em direção aos hipogeus, somos conduzidos a câmara de reflexões onde
elaboramos o nosso testamento espiritual e nos deparamos com vários pensamentos
escritos dos quais destaco, se fores dissimulado serás descoberto e vários
objetos, entre os quais a imagem de um galo, uma caveira, um copo com água, um
pouco de enxofre, sal, que são representações simbólicas de muita profundidade,
encerrada a prova, o ir.'. Terrível nos conduz à porta do Templo.
Nota: segundo definição
do Dicionário Universal Hipogeu significa túmulo subterrâneo, onde os antigos
depositavam os mortos, por extensão, adega, celeiro, túnel;
Após passar pela à prova
da TERRA, fui levado a refletir sobre a tirania e o cerceamento da liberdade,
da superstição e preconceito, da necessidade de morrer para o Vício e nascer
para a Virtude, a Honra e a Sabedoria, acreditando na existência de um
Princípio Criador: o G\A\D\U\, foi quando fiz contato com o PRIMEIRO ELEMENTO.
Lembro-me que após a
primeira prova a que fui submetido levaram-me à porta do Templo, após passar
pela sala dos passos perdidos, (lugar que exotericamente significa que o homem
fora do templo pode perder-se), quando no átrio fui identificado como sendo um
temerário forçando a porta do Templo, que caminhando nas trevas e despojado de
todas as vaidades, desejava receber a Luz. Foi quando pela primeira vez, fui
identificado como sendo uma pessoa livre e de bons costumes, e de que meu
coração era sensível ao bem.
Ao entrar no Templo,
escuto a leitura da Declaração de Princípios da Maçonaria Universal, tomando
conhecimento dos princípios e os fins da Subl:. Ordem. Fui questionado se acreditava
num Ente Supremo, o que entendia por Virtude, o que pensava sobre o Vício, pelo
que respondi de acordo com meus princípios.
Chegada a hora do
Juramento de Honra prestado sobre a Taça Sagrada junto ao Altar, e após provar
da bebida doce e depois a amarga, escuto em tom alto e áspero:
“- Alterara-se o vosso
semblante. A vossa consciência desmentiria, por ventura, as vossas palavras?
– A doçura dessa bebida
mudar-se-ia em amargor? “Retirai o Candidato”:
Confesso irmãos, que fui
tomado de enorme angustia, e ao ser retirado pensava:
– Será que alterei
realmente meu semblante?
– Será que não serei
aceito na Ordem?
A Primeira Viagem – O AR
Aí surgem novas provas, a
Primeira Viagem… um caminho árduo e repleto de obstáculos e trovões ecoando,
são os ventos transportados pelo sopro do espírito afastando as impurezas,
separando o joio do trigo, porém, segui com confiança na escuridão apesar de guiado
por alguém de nome estranho… um tal de “Irmão Terrível”, (será que devo confiar
minha integridade a alguém com esse nome?), porém, apesar do nome, mostrava-se
um guia confiável e seguro. Neste momento percebo que às cegas não chegaremos a
lugar algum, sem assistência, sem um braço protetor.
Neste momento escuto o
Irmão Terrível anunciar minha intenção de ser recebido como Maçom; pelo que fui
questionado quanto ao que me levou a conceber tal esperança? É quando pela
segunda vez sou retratado como sendo “livre e de bons costumes”.
Está feita a “Primeira
Viagem”, esta por sua vez, representa o SEGUNDO ELEMENTO, o AR, símbolo da
vitalidade, com suas tempestades e calmarias, perturbações e equilíbrio, o que
demonstra que o progredir está sujeito a variações contraditórias e que apesar
das dificuldades, é necessária coragem e perseverança para vencer as paixões,
submeter às vontades e fazer progressos na Maçonaria.
A ÁGUA
Início uma nova jornada,
a “Segunda Viagem”, desta vez ouço o tilintar de metais, que simulam os
combates que devemos sustentar contra as forças maléficas, o egoísmo, as
paixões a inveja, a ganância, a ignorância e a superstição. E novamente,
cuidadosamente sou guiado na escuridão, paro e sou questionado quanto minha
pretensão de ser recebido Maçom; e mais uma vez meu condutor responde tratar-se
de uma pessoa livre e de bons costumes. É quando meu interlocutor exclama:
– “Então que seja
purificado pela ÁGUA”, como nos batismos da Judéia, de São João, nosso
padroeiro.
Eis que sou contemplado
com o TERCEIRO ELEMENTO ao ter as mãos lavadas em água que representam o
oceano, que banha praias, continentes e ilhas e que para os Maçons simboliza o
povo, hora inerte em suas calmarias hora agitado e revolto, sua instabilidade retrata
o comportamento humano com seus caprichos e vaidades.
O FOGO
Realizo a “Terceira
Viagem”, não percebo obstáculos e tampouco qualquer barulho, o questionamento
se repete tal qual a resposta dizendo que sou livre e de bons costumes, então
sou submetido às chamas purificadoras, que nas iniciações egípcias era uma
caminhada sobre o braseiro, no interior da Pirâmide. O iniciado aí obtém o
domínio completo de si mesmo. Como a Salamandra, deve viver entre as chamas,
sem sentir seus efeitos: as chamas das paixões humanas. Eis que surge o QUARTO
ELEMENTO, o FOGO. O último modo de purificação.
Nota: Salamandra segundo
a definição de Aurélio Buarque é: operário que, nas fundições e nas regiões
petrolíferas, penetra nas caldeiras quentes a fim de consertá-las ou enfrenta
os incômodos dos poços de petróleo para apagar;
Conclusão
Agora, simbolicamente
limpo pela água e purificado pelo fogo, cujas chamas simbolizam aspiração,
fervor e zelo, estou apto a prestar meu juramento de nunca revelar os mistérios
da Maçonaria e ajudar meus irmãos maçons naquilo que puder e for necessário.
As portas da verdadeira
amizade estão se abrindo e ao receber os primeiros raios de LUZ, começo a
enxergar um novo caminho a percorrer, saindo da escuridão e da ignorância.
Finalmente, sou conduzido
ao altar do 1o. Vig.'. e ajoelhado
realizo o meu primeiro trabalho, tendo às mãos um Malho e um Cinzel, onde me
ensinam a trabalhar a Pedra Bruta, neste momento sinto estar frente a frente
comigo mesmo, imperfeito, áspero, cheio de arestas.
Percebo então o árduo e
continuo trabalho de desbastamento, esquadrejamento e polimento em busca do
aperfeiçoamento moral e espiritual que jamais poderá ser terminado, pois é
sabido que cada um de nós, carrega dentro de si sua própria PEDRA BRUTA, e a
cada desbastamento das maiores imperfeições, as menores se destacam e novo
polimento se faz necessário.
Ao passar pelas provas e
viagens simbólicas, posso concluir que um verdadeiro Maçom não combate tão
somente às próprias paixões, mas também combate outros inimigos da humanidade,
os hipócritas que enganam, os pérfidos que defraudam, os ambiciosos que usurpam
e os corruptos que abusam da confiança dos povos.
Isso demonstra o sentido
da pergunta:
– “O que vindes aqui
fazer?”.
– Pelo que o verdadeiro
Maçom responde:
– “Vencer minhas paixões,
submeter minha vontade e fazer novos progressos na Maçonaria”.
Bibliografia:
Editora Maçônica A trolha
– Trabalhos publicados
Ritual do Grande Oriente
do Brasil – Rito Escocês Antigo e Aceito
Melo e Souza, Valfredo-
Construção do Pensamento Maçônico Camino, Rizzardo da
Simbolismo do Primeiro Grau
Castellani, José
– Consultório Maçônico
Assis Pellizzaro, Reinaldo
Decálogos do Grau de Aprendiz e de Companheiro
Apostila 4ª Instrução do Aprendiz – Loja Fênix – DF
Ir.’. Mauricio Massarotto
AP.’.M.’.
Loja Fênix de Brasília nº 1959
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