A DUALIDADE NA CRIAÇÃO


 

A ciência diz-nos que o universo possui doze bilhões de anos; a terra quatro bilhões de anos. E a vida, habita na terra há quinhentos milhões de anos. Por acaso, no princípio fez-se a luz; o grande “Big Bang”, teoria que propõe explicar a criação do Universo, quando magníficas atividades ligadas a leis físicas, atualmente ignoradas ou pouco conhecidas, determinaram o caos inicial.

Das trevas da inexistência, surgiram as grandes concentrações de regiões nebulosas; massas em condensação, universo em formação; transformações formidáveis que possibilitaram o surgimento de astros de variadas grandezas, agrupando-se em galáxias  placentas cósmicas  que unindo milhares de coincidências, contemplaram a eternidade com o universo conhecido, vindo do nada, do zero absoluto.  A ciência considera tudo obra do acaso.

Dizem os cientistas que da formação do planeta terra até o instante do aparecimento da vida, ou seja, três bilhões e quinhentos milhões de anos, talvez não tenha havido tempo suficiente para o acaso formular reações químicas que disparasse o gatilho da vida, sugerindo, inclusive, a hipótese deste fenômeno de criação ter ocorrido noutro astro e viajado até nós hospedado em material intergaláctico, desprendido de algum planeta mais antigo e de condições gerais idênticas ao nosso. Ou talvez “um irmão gêmeo, perdido em algum lugar fora da nossa galáxia. Entretanto, mesmo que existam milhões de planetas irmãos, os astrônomos não encontraram um só. E a possibilidade de um dia localizá-los ainda é remota.

De acordo com a teoria da evolução da vida, esta surgiu no nosso planeta quando aminoácidos aquecidos e resfriados deram inicio a existência que ao longo destes quinhentos milhões de anos chafurdou na lama, reciclou-se no mar e rastejou em terra.

Na era mesozóica, pequenos, gigantescos e alados dinossauros, dominaram nas planícies, florestas e montanhas durante cento e sessenta milhões de anos, sem adquirir um mínimo de raciocínio que pudesse servir de semente germinadora da inteligência; sucumbiram sob as suas aparentes indestrutíveis carcaças, misteriosamente, por uma causa que até os dias de hoje interroga-nos.

Há alguns séculos atrás ou instantes, considerando a eternidade, os nossos cientistas acreditavam que a terra era o centro do universo e tinha a forma de uma mesa. Dizia-se, também, que aquele que ultrapassasse os seus extremos despencaria para um abismo eterno ou cozinharia num mar fervente. Ora, se a recente passado acreditávamos em coisas absurdas para o nosso conhecimento atual, quem pode garantir-nos que atualmente não estamos crendo em teorias absurdas para o nosso conhecimento futuro.

Se o acaso precisou de mais de onze bilhões de anos para criar a vida orgânica elementar, torna-se paradoxal acreditar que a cerca de apenas 30 mil anos privilegiou e desenvolveu nos homens a inteligência. Como pode a jovem ciência dos homens, neste lapso de existência tão curto, ter adquirido conhecimentos em graus suficientes para engendrar propostas definitivas.

Por outro lado ao analisarmos a história e progressos da sociedade, desde tempos remotos, poderemos constatar erros e acertos que causaram, quando não a desgraça moral, o extermínio de homens úteis à sociedade que se dedicaram totalmente ao estudo e a investigação da verdade. Cientistas e filósofos despertavam a inveja no poder político-religioso e governantes senhores de guerras.

Outrora, a grandeza de uma Nação não se media pela sabedoria do seu povo, mas sim, pelas batalhas vencidas; inimigos passados no fio das espadas, sem perdão. Os costumes mais selvagens serviam de palco para cortes de sedução e volúpia; assassinatos, cantados em prosas e versos, como atos de coragem e desígnios de Deus. E todos, intrépidos cientistas e iluminados filósofos, guerreiros assassinos e religiosos depravados originaram-se casualmente, através do mesmo material e acidental princípio gerador?

A barbárie sempre existiu no nosso planeta, porém, imperou como lei nos primórdios da cultura humana. Não é fácil crer, ou compreensivo aceitar, que a natureza tenha gastado mais de quatro bilhões de anos  talvez dez  para criar seres, inteligentes, que queimam corpos de animais imolados num altar, acreditando que o aroma daquele holocausto seria agradável ao próprio criador do sacrificado.

Agradável é entender e testemunhar o comportamento social, moral e espiritual que alguns homens, sob a luz do Amor coletivo, tiveram para com os povos de diferentes regiões do planeta e em diferentes épocas: Zoroastro, Pitágoras, Buda, Jesus, Maomé, Ghandi e muitos outros.

A teoria darwinista, que propõe a origem comum de todos os seres vivos e a seleção natural do mais apto, através da luta pela existência e sobrevivência, sugere que estes, juntos a aqueles bárbaros, assassinos, ladrões, políticos corruptos e inquisidores tarados, tenham sido paridos (usando uma linguagem figurada mais direta) e conduzidos, lado a lado, através da estrada  evolutiva, pelas mãos do independente e imprevisível acaso  pelo beneplácito do catecismo científico, verdade indiscutível. 

Sendo deste modo, o acaso precisou de quinze bilhões de anos para criar seres, cuja conclusão extrema é o parentesco fisiológico; humanos semelhantes na sua anatomia, porém, enigmaticamente diferentes na conduta; etnias, com antagonismos morais ilógicos para quem compartilha do mesmo meio social; trilhas convergentes à mesma estrada evolutiva.

Mais lógico parece-nos crer numa dualidade na criação: a formação das espécies pelo processo de seleção natural, esta lei desconhecida chamada acaso. E a do comportamento humano, tão diverso e incompreensível, mas, com a força imensurável da liberdade; mosaico da vontade própria; vícios e virtudes, amor e ódio, ignorância e sabedoria. A esta igualmente desconhecida lei, também evolucionista, porém, planejada, chamaremos com muita propriedade de “Força Suprema”.

Porque o comportamento humano, não instintivo  a conduta resulta da aquisição de conhecimentos e conceitos morais, alicerces racionais que desenvolvem e sustentam a inteligência.

A maior liberdade da inteligência é o senso de eternidade, o ato de separar elementos deste universo complexo, os quais só podem subsistir, fora desta totalidade, mentalmente. É a abstração. Tudo que é abstrato não é resultado da natureza orgânica e sim de natureza etérea, de pensamento, de alma, de espírito. É a imaterialidade.

É dom sagrado o homem desfrutar do produto do seu trabalho e da sua inteligência. Por isto, aquele que se esclarece, deve acautelar-se e não se resignar com a providência. Pois, se assim o fizer, estará abrindo mão da razão, da ação, e não agir equivale a não existir. Einstein dizia que “a mais bela emoção é o mistério. Se o homem soubesse de tudo, a sua vida perderia a graça, pois a beleza está na curiosidade, no estudo, na pesquisa, na hipótese, na sensação de que sempre falta alguma coisa, a saber.” Hermes Trismegisto aconselhava:

“Se quiserdes saber o segredo desta força suprema, deveis separar a terra do fogo, o fino e subtil do espesso e grande, suavemente e com todo o cuidado. Sobe da terra ao céu e, dali, volta a terra para receber a força do que está em cima e do que está em baixo”.

A ciência tudo pode porque o homem tudo aprende. E aprenderá que o principio criador é lento e brando, mas Onipotente; incomensurável e infinito, mas Onipresente; misterioso e alegórico, mas Onisciente.

Algum dia, ao olharmos para a abóbada celeste, reconheceremos a assinatura de DEUS, subscrito, o Grande Arquiteto do Universo.

Paulo Roberto Marinho

 

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