O QUE É SER LIVRE?


O conceito de liberdade nem sempre é bem interpretado. Ser livre significa, de pronto, ter-se a faculdade de se poder fazer ou de se deixar de fazer alguma coisa. 

Isso parece estabelecer o direito de cada um poder dispor de sua pessoa como bem entender, sem se sujeitar a qualquer tipo de imposição ou de coação física ou moral.

Mas, ao mesmo tempo, só é livre aquele que goza de sua plena dignidade como ser humano, pois ser livre não significa mudar de senhor, mas, sim deixar de ser escravo.

A vontade é um componente importante na manutenção de nossa liberdade. É ela que determina se seremos escravos de uma ideia, de um vício. E é ela que molda nossos atos, colocando-nos sob a proteção da lei ou sob sua mira punitiva. Enfim, ser livre é nunca dar a ninguém o direito de ferir nossa integridade moral.

Quando somos iniciados maçons, nossa Ordem sonda nossa alma, nosso caráter, nosso coração e nossa inteligência, procurando saber se somos realmente livres. 

Livres de preconceitos, da preguiça de trabalhar ou de procurar a verdade.

A Maçonaria não nos impõe sua verdade. Ao contrário, concita-nos a investigá-Ia, pois, sabiamente, nossa Instituição entende que cada um de nós procura a sua verdade pessoal. Nosso irmão, o grande poeta clássico alemão Goethe, informava-nos de que a verdade possui particularidades absolutamente individuais.

O Grande Arquiteto do Universo dotou-nos de livre arbítrio. A partir daí, somos livres para agir, sem nos esquecermos, é claro, de que a cada ação corresponde uma reação em sentido contrário e em igual intensidade. Destarte, procuremos nos lembrar sempre de que não podemos fazer tudo o que queremos, mas sim o que podemos ou devemos.

Imagine-se membro de uma orquestra. Você tem liberdade de executar seu instrumento, mas tudo dentro de um tempo e de um compasso estabelecidos anteriormente, além das notas que são escritas para sua participação.

Você pode desrespeitar tudo isso e tocar como quiser, mas estará prejudicando a todos, principalmente a você. Sua atuação correta, por outro lado, será benéfica a todos. A Maçonaria é uma floração mística da alma. E a mística maçônica é apoiada na razão. Por isso, sabemos que quem traz ganha; quem vem apenas buscar, perde.

A realidade é que o trabalho é um hino de amor à vida. Trabalharam-se, merecemos um salário. Não é por acaso que os maçons são chamados de obreiros. Prestamos um juramento de modo livre, sem coação, de combatermos a ignorância, os erros, a injustiça e de glorificarmos o amor, a justiça, o direito e a verdade.

Quando não trabalhamos por preguiça ou desinteresse, descurando-nos das tarefas que nos são cometidas, estamos nos esquecendo de parte do juramento que fizemos, qual seja o de respeitar aos que vierem a ser nossos superiores hierárquicos e agredimos à nossa própria razão.

E o que é pior: agredimos aos nossos irmãos, também. Gibran dizia que o culpado é, muitas vezes, a vítima do ofendido.

É melhor termos para receber do que para pagar. Afinal, somos livres ou escravos do descumprimento do dever? O homem livre encontra a paz no cumprimento do dever.

Nunca procuremos nos justificar por não termos realizado o que era de nossa obrigação fazer e que a preguiça ou o desinteresse não nos permitiu. Cada um de nós percebe quando os ouvidos e o coração ficam contentes ou não com o que ouvem da boca.

Nosso amado Mestre Jesus alertou-nos: conhecereis a verdade e ela vos libertará. E a maior verdade que precisamos conhecer é sobre nós mesmos.

Quantas faces da verdade sobre nós mesmos já procuramos conhecer?

Somos livres para amar, para sermos tolerantes, solidários, fraternos, leais. Nossos atos é que constituem o melhor ensinamento que poderemos transmitir aos nossos irmãos e semelhantes.

Bebamos mais um pouco da sabedoria de Gibran Khalil Gibran, orientando- nos sobre nossas preces a Deus: Nada Te podemos pedir, pois Tu conheces nossas necessidades antes mesmo que nasçam em nós. 

E continua o grande pensador libanês: Se penetrardes no templo unicamente para pedir, nada recebereis. É bastante que entreis no templo invisível. E Gibran maravilha-nos quando comenta a comunhão da abelha com a flor, falando-nos do prazer que a abelha sente em sugar o mel da flor. E a flor sente-se feliz por poder oferecer o mel à abelha, a fim de que esta possa levar lenitivo a quem sofre de amargura.

Aquele que vive escondido na sombra acaba tendo medo da luz. O Maçom deve dizer, sem medo de desagradar a seus ouvidos e a seu coração: Sou livre e honro o Criador, amando a criatura.

Faço isso livremente porque desejo viver um dia na luz plena, onde não haverá trevas nem amargura e onde todos serão verdadeiramente irmãos e bendirei todas as ações que desenvolvi, contribuindo para que nosso templo fosse sempre um reflexo da ordem e da beleza que resplandecem no trono do Grande Arquiteto do Universo.

Autor: Pedro Campos de Miranda


AS SETE CIÊNCIAS DO GRAU DE COMPANHEIRO

1. Introdução.

Este trabalho objetiva demonstrar aos amados IIr.'. as origens das Sete Artes Liberais e o seu simbolismo na Maçonaria.


2. O Nascimento do Homem.

Em sua essência física, os homens nascem todos iguais, chegamos ao mundo nu, assustado, chorando, cada novo ser humano, porém, têm suas particularidades, uns serão no futuro mais inteligentes, outros mais humanos, alguns mais violentos, uns voltados par o bem de todos e outros voltados ao seu próprio bem.

Cada um com seus dons desenvolverão uma profissão, alguns não serão nada, outros ainda serão um peso a ser carregado pelos demais por ter enveredado pelos caminhos do vício e desperdiçado todos os dons que recebera. Embora sejamos todos física e organicamente semelhantes, cada homem tem suas particularidades intelectuais e sua consciência bem definida, cada qual estabelece suas prioridades de vida, uns desejam ser bons pais, outros desejam fortuna, uns se contentam em ter poucas posses e empregar todo seu tempo em ser mais sábio. seria a sabedoria um dom tão valioso que não poderia ser comprado nem vendido?

Nos primórdios da humanidade a situação era semelhante, os homens de modo instintivo foram vencendo as dificuldades e os perigos e vivendo, com o descobrimento do fogo, da roda, das ferramentas de pedra, dos metais, da fala e da escrita, através das gerações transferiram o lento conhecimento acumulado. Nos dias atuais, podemos aplicar diversos conceitos simples que nossos antepassados descobriram ao custo de muitos anos.apesar de elementares, estas grandes descobertas, foram basilares na evolução do homem e do conhecimento.


3. A Evolução do Conhecimento.

A Epistemologia ocupa-se da definição do saber e dos conceitos correlatos, das fontes, dos critérios, dos tipos de conhecimento possível e do grau de exatidão de cada um, bem como da relação real entre aquele que conhece e o objeto conhecido. Os sofistas gregos duvidavam da existência de um conhecimento objetivo e confiável, em contraposição Platão, e quase na mesma linha Aristóteles, afirmavam que era possível adquirir conhecimento com base na observação dos fatos, tomando como base o raciocínio abstrato da matemática e da filosofia (Platão) e que o conhecimento deriva da experiência e da aplicação da lógica (Aristóteles).

A partir do Séc. XVIII até o Séc. XIX, surgiram outros movimentos filosóficos como o racionalismo, o empirismo, o fenomenológico, os neo-realistas e os realistas críticos. Tantas vertentes sobre o mesmo assunto culminaram em tal emaranhado de conceitos resultando numa enorme confusão verbal.

Atualmente duas correntes filosóficas parecem se sobrepor à antiga epistemologia, trata-se do positivismo e da filosofia analítica, apostando numa só forma de conhecimento, o científico. Baseia seus trabalhos no conhecimento, na percepção e na probabilidade.

O fato de a história nos apresentar tantas correntes de pensamento filosófico, muitas vezes conflitantes, aqui brevemente comentado, nada mais serve para ilustrar quão importante é o exercício de usar o intelecto, cada uma destas correntes pode se apresentar obsoleta, gasta, atrofiada, porém, deu sua colaboração para atingir o atual estágio de conhecimento no qual hoje vivemos.

Alguns destes conceitos filosóficos foram à base dos ensinamentos ministrados nos antigos Gymnasium , centros de ensino de corrente humanista organizados a partir do Séc. XVI e quase sempre nas mãos da Igreja Católica ou por ela dirigidas. Em latim eram ministrados as ciências do Companheiro, conhecidas no mundo profano como as Artes Liberais.

O Trivium abrange os conhecimentos da Gramática, Retórica e da Lógica, e o formado nestas ciências recebia o título de diplomado. O Quadrivium outorgava o título de licenciado em artes, abrangia o estudo da Aritmética, Astronomia, Geometria (englobava o estudo da Geografia e da História Natural) e da Música.


3.1 O Trivium.
3.1.1 A Gramática.

Esta antiga arte liberal, etimologicamente oriunda da letra grega Grama, é arte de escrever de forma ordenada e qualificada, de forma a repassar o integral conteúdo do que se deseja transmitir a quem lê.

A Gramática pode ser considerada a base das demais ciências liberais e também das novas ciências, já que se torna necessário que o conhecimento tenha o ideal registro histórico através da escrita, para que as gerações acumulem os conhecimentos adquiridos em cada época.


3.1.2 A Retórica.

Muito parecida com a Gramática, a Retórica usa a oratória para repassar a ideia, o ensinamento, o conceito a quem se dirige à palavra. Não apenas com a simples comunicação, mas fazendo o uso da persuasão e da eloquência, tornando a fala elegante e comunicativa.

Falar bem é por si só uma forma de convencimento, e independe dos dons natos tratados no início deste trabalho como bem esclarece Rizzardo da Camino: “A Eloquência é a arte de bem falar, inata em alguns e cultivada em outros; pode ser o resultado de estudo, transformando-se em algo artístico, como também pode resultar de um dom natural”.

A Retórica pode ser conquistada por qualquer um, podendo ser comparada a pedra bruta quando mal sabemos nos comunicar, e a pedra cúbica quando por meio do exercício da leitura, da prática da escrita e do uso da reflexão convergimos o esforço no sentido de expressar o que desejamos corretamente e através da palavra.

Em particular, é importante aos Maçons o exercício da Retórica, pois se devemos servir de exemplo devemos cuidar especialmente do que proferimos a outrem, fazendo sempre o uso da verdade, e quando o fizer, tomar sempre o cuidado de fazê-lo com propriedade e buscando a verdade.

Deve ainda o Maçom, interpretar bem quando ouvinte, buscando decifrar os laços e armadilhas enrustidas em tão bem maquiavelicamente tramados discursos dos que fazem uso da retórica para alcançar objetivos muitas vezes escusos.


3.1.3 A Lógica.

A Lógica clássica ou tradicional foi enunciada pela primeira vez por Aristóteles, que determinou as leis para um raciocínio correto mediante silogismos .

Pode ser definida como a ciência que trata dos princípios válidos do raciocínio e da argumentação. Em síntese, a Lógica é o meio pelo qual se chega à conclusão baseadas em determinadas proposições ou premissas. É um conjunto de regras, ou normas que regulam e padronizam o pensamento em busca do correto, do verdadeiro, do certo, do justo.


3.2 O Quadrivium.
3.2.1 A Aritmética.

De origem árabe, os números são a representação de quantidade. Fazemos uso destas representações para realizar cálculos aritméticos, bem como de ciências correlatas como a Álgebra por exemplo. De um modo bem conpêndioso, é o domínio das quantidades, das operações básicas, adição, subtração, multiplicação e divisão.


3.2.2 A Astronomia.

Antes de qualquer coisa é preciso esclarecer a diferença entre Astronomia e Astrologia. Pesquisando o dicionário encontramos a definição de cada um: astronomia: S. F. Ciência que trata dos astros e de tudo que lhes é relativo. (do gr. Astronomia.); enquanto Astrologia é: S. F. Suposta arte de predizer o futuro pela observação dos astros. (do lat. Astron+logos.).

Desta forma, enquanto a Astronomia estuda os astros e corpos celestes tentando desvendar seus mistérios, descrever suas órbitas e movimentos, sua idade, sua luminosidade, a Astrologia fazia uso dos astros para fazer adivinhações.

A confusão em torno da Astronomia e da Astrologia advém dos tempos mais remotos, algumas civilizações antigas tinham nos astros, diurnos ou noturnos seus deuses, e a eles dirigiam suas celebrações rogando por boas colheitas, por vitórias nas guerras, etc.

Não passa de uma conjectura, porém, a partir desta ótica pode mesmo ser a Astrologia a grande motivação da Astronomia, já que, com a prática sequenciada da contemplação dos corpos celestes com fins religiosos e místicos, foi possível estabelecer relações dos astros com determinados comportamentos das colheitas, assim como do movimento das marés, mas repetindo, não passa de mera suposição particular ainda que com alguma validade, já que na literatura consultada nada consta nesse sentido. Desta forma, astronomia não pode ser declarada como uma ciência, mas sim como arte.

A Astronomia, esta sim uma ciência, teve grande importância no passado, e não se sabe os limites de sua expansão. Os antigos navegadores tinham como o instrumento de orientação o Astrolábio , inventado pelos gregos ou alexandrinos em 150 A.C. e posteriormente aperfeiçoado pelos árabes; este instrumento determinava a localização da embarcação e o rumo que devia tomar com base nos astros.

A Astronomia foi também motivo de disputas entre estudiosos e a igreja, resultando em algumas condenações e mortes na fogueira, num flagrante exemplo de intransigência e de censura à busca da verdade que se contrapõe a dogmas e esdrúxulos.

Por fim, apenas ensaiamos a conquista espacial, as dúvidas são muitas: estamos sós? Vamos colonizar algum planeta? Vamos conquistar outros planetas? Poderemos ser conquistados? Muitas verdades ainda virão à tona no campo da Astronomia.


3.2.3 A Geometria.

A Geometria é a parte da matemática que estuda as possibilidades métricas aplicadas a um espaço. A Maçonaria Operativa fez uso dos conceitos da geometria nas edificações por ela erigidas, e num breve olhar, veremos representados pelo Templo Maçônico veremos vários símbolos com ela relacionados, são triângulos, ângulos, retas, círculos, instrumentos necessários para traçar e medir estes espaços; todas essas referências tornam a geometria a ciência com maior representação simbólica no Templo Maçônico.

Cabe ainda chamar a atenção para a Letra G, que no Rito Moderno tem seu lugar no centro da Estrela Flamígera, com forte iluminação interna, a dois metros de altura ao lado da Coluna B. Esta letra representa entre outras coisas a Geometria, que é um dos fundamentos da ciência positiva, que vem nos ensinar “...a modelar os indivíduos no sentido de manter o seu lugar aqueles que lhes convier melhor, no edifício social”.


3.2.4 A Música.

É a combinação de sons de instrumentos ou vocalizados de forma harmoniosa e organizada resultando numa composição. Pode ser solo ou conjunta com outros instrumentos iguais ou diferentes, pode ser sacra ou profana.

A Música faz parte do folclore de cada região, podemos citar o Fandango de origem espanhola e regionalizado pelos gaúchos e nordestinos, o Repente e a Embolada, o Caipó, o Cateretê, Maxixe, Macule, para ficar somente no Brasil, mas cada época e cada região do mundo tem na música e por extensão na dança a representação da sua cultura.

As musicas tem como função, o entretenimento, auxílio ritualísticos profanos ou religiosos inclusive os fúnebres. Pode ainda manifestar movimentos e apelos sociais como na música Brasil – mostra a tua cara (que devia neste período de moléstia em que vivemos na política brasileira se transformar em nosso hino). E num sentido amplo, a música representa os valores centrais de uma sociedade.


3.3 As Ciências Derivadas das Artes Liberais.

Se nos remotos tempos onde os conhecimentos eram transmitidos no Gymnasium as artes restringiam-se apenas a Sete Ciências, estas formam a síncope de todo o conhecimento moderno, do rudimentar tambor que marcava a marcha dos guerreiros ou ecoava avisos partimos para as orquestras que reúnem dezenas de músicos afinados e harmonizados em uma mesma construção musical.

A Geometria pode não ter evoluído muito, mas a sua aplicação parece não ter limites, por ela podemos fazer a distribuição da nossa sala de estar e é o instrumento pelo qual arquitetos e engenheiros erguem pontes, viadutos, represas, arranha-céus.

Se a Astronomia era o grande meio de orientação nas navegações na idade média, foi ela que proporcionou o novíssimo GPS (Global Positioning System) por meio do entendimento dos movimentos terrestres e da órbita. Assim como a Geometria a Aritmética quase não mudou com os tempos, embora alguns matemáticos cada vez mais criam fórmulas complexas buscando através da Matemática comprovar suas teorias; também a Aritmética não tem limites à sua aplicação.

As ciências do Trivium, Retórica, Lógica e a Gramática, seguem esta mesma linha, sua aplicação é universal, e até quem não as conhece faz uso delas sem saber que um dia foram disciplinas das mais importantes.

As Artes Liberais, ou Ciências do Companheiro, são o ponto de partida da evolução, do detalhamento de cada uma destas ciências, surgiram às ciências modernas, e o modo que vivemos atualmente. O conhecimento humano analisado graficamente segue em uma progressão geométrica infinita, onde a cada período o nosso conhecimento é elevado ao quadrado. Poderia a Matemática provar que nosso conhecimento é finito? Graficamente, o conhecimento humano poderia ser representado em uma linha reta (ápice do conhecimento)? Fica a questão para ser respondida por quem entende de Matemática, ciência na qual nunca passei de Aprendiz.


4.0 O Nível e a Alavanca.

A Terceira Viagem na Iniciação do Aprendiz a Companheiro é dedicada às ciências, ou artes liberais. O iniciando caminha pelo Ocidente segurando na mão esquerda uma Alavanca apoiada sobre o ombro esquerdo, na mão direita retém o Nível. O Ir.'. 1° Experto conduz o candidato a Companheiro até próximo do triângulo do Secr.'. onde lê a placa com os dizeres as ciências.

O simbolismo da Terceira Viagem vem nos ensinar sobre as dificuldades e como suplantá-las, a Alavanca, símbolo do esforço e da força, é o instrumento pelo qual devemos nos inspirar a não nos reter em contemplar os problemas, devemos partir para ação, para a execução, para a materialização; por outro lado o Nível, simbolizando a ciência, transmite o conceito de que o esforço deve ser malhado pelos golpes do conhecimento, de forma a não desperdiçar nossa força.


5.0 Conclusões.

O conhecimento humano não tem limites, comparando as Artes Liberais com o atual estágio do nosso conhecimento, talvez não fossem estas mais do que algumas páginas de uma volumosa enciclopédia; difícil mensurar, da mesma forma não há como relegar a sua importância por dois motivos: formam a base do conhecimento e tem aplicação comprovada até nossos dias.

A Terceira Viagem vem corroborar alguns dos fins da Maçonaria, o progressismo e o evolucionismo. Oras, como maçons devemos ainda abraçar a causa da evolução e do conhecimento verdadeiro, e, portanto defender as cores da evolução e do progresso, sem, no entanto nos atermos simplesmente com a força da alavanca, antes de tudo, humildemente, é preciso que vistamos o manto do saber procurando nos instruir.

Por fim, o saber mais não deve ser nunca motivo de superioridade, devemos nos lembrar de que, apesar de progressistas e evolucionistas os Maçons combatem a ignorância, que é: “...saber pouco, saber mal o que sabe, e saber coisas outras que deveria saber...", portanto, quem tem o saber deve antes de tudo, usando a Aritmética, somar o seu conhecimento com os IIr.'., multiplicando o saber e dividindo trabalhos, para que se diminuam os obstáculos.



6.0 – Fontes Bibliográficas.

1. O Companheirismo Maçônico, Rizzardo da Camino, Edição Digital, Livraria Maçônica Paulo Fuchs.
2. Ritual do Grau de Aprendiz, Grande Oriente do Brasil, Edição de 1999.
3. Ritual do Grau de Companheiro, Grande Oriente do Brasil, Edição de 1999.
4. O Companheiro no Rito Moderno, Melkisedek – A Gazeta Maçônica (em revisão).
5. Enciclopédia Microsoft Encarta,


ESTAR ENTRE COLUNAS - O QUE ISTO SIGNIFICA?


I - INTRODUÇÃO 

O propósito do presente trabalho é delinear os direitos e obrigações do “Entre Colunas”, prática muito usada especialmente nas reuniões capitulares de uma das Ordens Básicas da Maçonaria, que foi a Ordem dos Cavaleiros Templários. Infelizmente, não mais tem sido ensinada e nem posta em práticas nas Lojas.

O interior de uma Loj.'. Maç.'. (Templo) é dividido em quatro partes, onde a mesma simboliza o Universo. Assim temos o Or.'., o Oc.'., o N.'. e o S.'.

Em algum tempo na história, logo após a construção do primeiro templo Maçônico do mundo, o Freemasons Hall, em Londres, no ano de 1776, baseado inteiramente no parlamento Inglês, construído em 1296, estabeleceu-se que as áreas pertencentes ao Norte e ao Sul chamar-se-iam Col.'. do N.'. e Col.'. do Sul.'.

Assim, quando um Irmão, em Loj.'. está entre a Col.'. do N.'. e a Col.'.do S.'., e não entre as CCol.'. B e J. Mesmo próximo à grade que separa o Oriente do resto da Loja, o Irmão estará Entre Colunas. Desta forma é extremamente incorreto dizer que o passo ritualístico dos maçons tem que começar entre as Colunas B e J.

Tanto isso é verdade, que os Templos modernos, especialmente de LLoj.'. de Jurisdição da Grande Loja Unida Sul Americana, que tem as CCol.'. B e J junto a porta de entrada do templo pelo lado de dentro, já o Grande Oriente do Brasil de MG, têm suas CCol.'. B e J no Átrio, e não no interior do Templo.


Em síntese, podemos apresentar algumas situações do que é “Estar Entre Colunas”:

• É conjunto de Obreiros que formam as CCol.'. do N.'. e do S.'.

• Em sentido figurado, são os recursos físicos, financeiros morais e humanos, que mantêm uma instituição maçônica em pleno funcionamento;

• É quando a palavra está nas CCol.'. e em discussão;

• É quando o Ir.'., colocar-se ou postar-se entre as CCol.'. do N.'. e do S.'., no centro do piso mosaico onde isto evidencia que o Obr.'. que assim o faz, é o Alvo de atenção de toda Ofic.'.;

• Na circulação do Tr.'. de Benef.'., o Ir.'.Hosp.'. aguarda entre Colunas;

• Quando o Ir.'. P.'.Band.'., com a Band.'. apoiada no ombro, entra no Templo, por sua vez se põe Entre CCol.'.;

• Na apresentação de TTrab.'., o Ir.'. se apresentar “Entre Colunas” durante o Tempo de Estudos, ou no Período de Instrução;

• No atraso de um Ir.'., o mesmo ao adentrar ao T.'. ficará à Ord.'. e entre CCol.'., aguardando a ordem do V.'. M.'. para que tome posse do assento. 

II - DESENVOLVIMENTO 

Em toda a Assembleia Maçônica, os irmãos poderão fazer uso da palavra em momento oportuno; caso queira obter a palavra estando “Entre Colunas”, poderá solicitá-la com antecedência ao V.'. M.'., e obrigatoriamente levar ao seu reconhecimento o assunto a ser tratado.

Sendo o Obr.'. impedido de falar, ou quando o mesmo venha a sofrer algum desrespeito a seus direitos, poderá solicitar ao V.'. M.'. que o conduza ”Entre Colunas”, e se autorizado pelo V.'.M.'. o mesmo poderá falar sem ser interrompido, desde que haja decoro, por parte  do Ir.'.

Se, para estar "entre Colunas" é necessária a autorização do V.'. M.'., em contra partida, nenhum Ir.'. pode se negar de ocupar aquela posição, quando legalmente solicitado pela Loj.'., sob pena de punição.

No entanto, as possibilidades do uso da Pal.'. Entre Colunas são muitas e constituem um dos melhores instrumentos dos OObr.'. do Quad.'., sendo uma das maiores fontes de direito, de liberdade e de garantia, tanto para os IIr.'. quanto para a Loj.'. Não há regulamentação; tal vez por isso, cada dia esse direito vem sendo eliminado dos trabalhos maçônicos.

Atualmente um Ir.'. somente é solicitado a estar "Entre Colunas", em situação de humilhação e situações tanto quanto degradantes e constrangedoras.

Associou-se a idéia de responder "Entre Colunas" à idéia de punição, quando em realidade isso deveria ser diferente e muito melhor explorado, em benefício do Quad.'. de OObr.'. de todas as LLoj.'.

Estando "Entre Colunas", um Ir.'. pode acusar, defender a sua palavra ou a de outrem, pedir e julgar, assim como comunicar algo que necessite sigilo absoluto, devendo estar consciente da posição que está revestido, isto é, grande responsabilidade por tudo que disser ou vier a fazer.

A tradição maçônica é tão rigorosa no tange à liberdade de expressão, que quando um Ir.'. estiver em P.'. e a Ord.'. e "Entre Colunas", para externar sua opinião ou defender-se, não pode ser interrompido, exceto se tiver sua palavra cassada pelo V.'. M.'. ato este conferido ao mesmo.

Estando "Entre Colunas", o Ir.'. NÃO poderá se negar a responder a qualquer pergunta, por mais íntima que seja e também não poderá mentir ou omitir sobre a verdade dos fatos, pois desta forma o Ir.'. perde sumariamente os seus direitos maçônicos, pelo que deve ser julgado não importando os motivos que o levaram a tal atitudes.

Por motivos pessoais, um maçom pode se negar a responder a quem quer seja, aquilo que não lhe convier, mas se a indagação for feita "Entre Colunas", nenhuma razão justificará qualquer resposta infiel.

Igual crime comete aquele que obrigar alguém a confessar coisas "Entre Colunas" injustificadamente, aproveitando-se da posição em que se encontra o Ir.'. sem que haja razão lícita e necessária, por perseguição ou com intuito de ofender, agravar ou humilhar desnecessariamente.

Quando um Ir.'. está "Entre Colunas" e indaga os demais IIr.'. ou um determinado Ir.'., sobre qualquer questão, de forma alguma lhe pode ser negada uma resposta e nenhuma razão justificará que seja mantido silêncio por aquele ou aqueles que tenha(m) algo a responder.

Uma aplicação prática do "Entre Colunas" pode ser referentes a assuntos de fora do mundo maçônico. É lícito e muito útil pedir informações "Entre Colunas", sejam sociais, morais, comerciais, etc., sobre qualquer pessoa, Ir.'. ou Prof.'., desde que haja razões válidas para tal fim. Qualquer dos presentes que tiver conhecimento de algo está obrigado a declarar, sob pena de infração ás Leis Maçônicas.

O Ir.'. que solicitou as informações poderá fazer uso das mesmas, porém deve guardar o mais profundo silêncio sobre tudo que lhe for revelado e jamais poderá, com as informações recebidas, praticar qualquer ato que possa comprometer a vida dos informantes ou a própria Loj.'.
Se não agir dessa forma será infrator das Leis Maçônicas Universais.

Suponhamos que um Ir.'. tenha algum negócio a realizar em outra cidade e necessita informações, mesmo comerciais, sobre alguma pessoa ou firma. A ele é lícito indagar essas informações "Entre Colunas" e todos os demais IIr.'., se souberem de algo a respeito, são obrigados a darem respostas ao solicitante.

Outro meio lícito e útil de se obter informações é através de uma prancha, endereçada a uma determinada Loj.'., para se lida "Entre Colunas".

Neste caso, a Loj.'. é obrigada a responder, guardar o mais profundo silêncio sobre o assunto, cabendo a ela todos os direitos, obrigações e cabendo todos os direitos, obrigações e responsabilidades ao solicitador, que deverá guardar segredo sobre tudo o que lhe foi respondido e a fonte de informações. 


III - CONCLUSÃO


Muitas são as acepções que norteiam sobre os ensinamentos do significado de "Estar entre Colunas", porém, deve o Maçom sempre edificar suas CCol.'. IInt.'. embasado pelos Princípios da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, primando pelo bem-estar da família e pelo aperfeiçoamento da sociedade através do trabalho e do estudo, para com isso perfazer-se um homem livre e de Bons Costumes.

Como dissemos no início, não há mais Regulamentação ou Leis Normativas para o uso do "Entre Colunas"; e, se não há normas que sejam encontradas nos livros maçônicos, é porque pura e simplesmente os princípios da condição de “Estar Entre Colunas”, é de que somente a verdade pode ser dita. Obedecidos estes princípios, tudo mais é decorrência.

Este, alegoricamente, talvez seja o real significado no bojo dos ministérios que regem as CCol.'. da Maçonaria, pois "Estar entre Colunas", é estar entre IIr.'.


BIBLIOGRAFIA

ASLAN, Nicola - Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia. Londrina: “A TROLHA”.
CARVALHO, Assis -  Companheiro Maçom. Londrina ”A TROLHA”.
"A TROLHA" - Londrina - PR - Símbolos Maçônicos e suas origens.
CASTELLANI, José - Liturgia e Ritualística do Grau de Aprendiz Maçom.
EGITO, José Laércio do - In Coletânea 2. Londrina: “A TROLHA”.
PUSCH, Jaime - A B C do Aprendiz.
Colaboração e Pesquisa: Weber Varrasquim.  


CIMENTO MÍSTICO



“Não sabeis vós que sois templo de Deus, e que o espírito de Deus mora em vós?”
Cor 3:16

As Lojas Maçônicas são a insígnia viva de comunhão em que o Homem vive uma experiência interior ímpar alimentada por símbolos.  Por meio do simbolismo, a Sublime Ordem apresenta-se como uma das vias de pesquisa do conhecimento, vias essas que não se opõem à nenhuma religião ou fé religiosa. 

A arte de construir o Templo é o escopo maior dos Maçons, utilizando-se dos símbolos, considerando que a Maçonaria, no seus primórdios, era uma categoria de corporação operária consagrada à construção de edifícios e catedrais.

A partir do momento que alguém se torna Maçom, há de se conscientizar que haverá um caminho longo a percorrer.  Pode-se dizer que é um caminho sem fim. 

Ao longo dessa caminhada há bons e maus momentos.  Os bons deverão ser aproveitados como incentivo, e, os maus não poderão ser motivo de esmorecimento e desistência da viagem iniciada. 

 A linguagem, sempre empregada nas Lojas Maçônicas, diz que o Aprendiz Maçom é uma pedra bruta que deve talhar-se a si mesmo para se tornar uma pedra cúbica.  É o início da sua jornada Maçônica.

O nutrimento elementar para a viagem é conhecido do Maçom desde a primeira instrução recebida:  A régua de 24 polegadas, o maço e o cinzel. 

Com o progresso, o Maçom vai recebendo outros objetos, tais como o nível, o prumo, o esquadro, o compasso, a corda, o malhete e outros. 

 Os utensílios de trabalho, obviamente, são simbólicos.  Todos os símbolos abrem as portas sob condição de não nos atermos apenas às definições morais.  E é com o manuseio dessas ferramentas que se começa a tomar consciência do valor iniciático da Maçonaria. 

O espírito Maçônico ensina, aos seus adeptos, um comportamento original que não se encontra em nenhum outro grupo de homens.  Se isso não for absorvido, não será um bom Maçom.

O Maçom recebe, juntamente com os apetrechos, os ensinamentos necessários para começar a burilar a pedra bruta, cujo trabalho, entretanto, não termina ao torná-la cúbica:  falta, ainda, a construção do Templo, que só será possível graças ao manejo dos instrumentos de trabalho e o cumprimento dos ensinamentos recebidos, adicionados à virtude, sabedoria, força, prudência, glória e beleza.

Os elementos morais que devem ser o ornamento dos Maçons em sua viagem, cujo rumo não é ao desconhecido.  Entenda-se, pois, que a caminhada não se restringe, apenas em portar as ferramentas, mas, principalmente, em aprender a preparar o cimento místico para trabalhar no plano superior.

O cimento místico é a argamassa, que bem misturada, fará com que os Mestres não percam o amor pela escola, deixando de ensinar; evitará a avidez pelo poder de mando, tão comum entre os homens; propiciará que o Aprendiz se torne um perfeito Mestre, para cumprir com o seu dever de Maçom, se a argamassa não deteriorar...

A Iniciação Maçônica se completa quando o Maçom galgou, sucessivamente, os degraus de Aprendiz, Companheiro e Mestre. 

Durante as passagens desses graus a formação do Maçom irá tornando-o hábil, com a trolha, para amassar com coragem e perseverança o cimento místico que servirá para a edificação do Templo do Grande Arquiteto do Universo. 

É quando estará apto para voltar ao mundo profano, esclarecido pelos deveres de Maçom, e pregar para o bem da Humanidade.  Estará consciente de que a Maçonaria é a única instituição competente para levar o Homem ao domínio da paz, da ordem e da felicidade.
 
Ele aprendeu que no seio da Sublime Ordem não existem desejos nem interesse pessoais a satisfazer, e que a ambição se delimita às necessidades da Fraternidade.  

Que a vaidade não pode regurgitar e que a lei fundamental, como regra absoluta, é a extinção dos maus desejos que afligem a Humanidade.  Enfim, que a Maçonaria é a associação mais propícia à obtenção do aperfeiçoamento social e moral do Homem.

Só o verdadeiro Maçom poderá sentir e compreender que o Templo do Grande Arquiteto do Universo é o interior de cada um de nós, o Templo humano.  O Templo espiritual, que é edificado no coração e mente do Maçom para recolhimento do Bem, do Amor Fraternal, da Beneficência e da Concórdia.


Autor: E. Figueiredo


Bibliografia:

Boucher, Jules – A Simbólica Maçônica
Jacq, Christian – A Franco-Maçonaria – História e Iniciação
Santos, Sebastião Dodel – Dicionário Ilustrado de Maçonaria
Tourret, Fernand – Chaves da Franco-Maçonaria
Manual de Aprendiz Maçom - GLESP


AS LOROTAS QUE OS MESTRES CONTAM


Os Mestres de uma Loja Maçônica são os detentores do conhecimento, que deve ser passado aos aprendizes e companheiros.

Desde que foi implantado em 1.738, o grau de Mestre, é assim. Tendo adquirido maturidade e sabedoria, são os Mestres que levarão os mais novos ao topo da escada, grau por grau, até que estes se tornem Mestres também. Porém, alguns às vezes lançam idéias que se perpetuam e nem sempre se mostram úteis ao aprendizado.

Vejamos algumas coisas ditas que para nada servem.  Vamos a PRIMEIRA que me veio à mente: TENHA PACIÊNCIA, VOCÊ CHEGARÁ LÁ.

Algumas vezes, não sabendo responder a pergunta do aprendiz, o Mestre sai com essa. Ás vezes até admoesta o aprendiz chamando-o de apressado e curioso.

Todos nós passamos por isso pelo menos uma vez, e não tínhamos como saber a verdade. Perguntar era arriscado naquele tempo. Agora com a facilidade da rede mundial, todos podem dirimir suas dúvidas sem “tomar um pito”.

Porém sempre recomendo aos aprendizes que me procuram, para que tudo que ler pesquisar ou copiar deve submeter a um Mestre, que poderá avaliar melhor o valor e a veracidade daquilo. 

Outra: APRENDIZ NÃO FALA.

Essa recomendação, embora pareça verdadeira, não espelha a realidade. Sabemos que o silêncio pode ajudar na concentração para a faina do desbaste da pedra, mas não é preciso ficar em completa mudez.

Aprendiz tem direito à palavra, só não pode entrar em discussão de temas que ainda não domina, mas pode usá-la para fazer um anúncio, ou um agradecimento. Porém os Mestres, para ficarem “numa boa” desaconselham a manifestação, tolhendo o direito de expressão do maçom iniciante.

Mais uma: APRENDIZ NÃO PODE VISITAR UMA LOJA SEM A COMPANHIA DE UM MESTRE.

Quem inventou isso? Imagine um aprendiz em viagem a outro oriente ficar impedido de visitar uma Loja, porque não tem ao seu lado, um Mestre de sua Oficina. 

A visita é importante para aprender novas coisas e conhecer outros irmãos e ritos. Nos tempos remotos, as “novas” eram transmitidas através da visita.

Mesmo aprendiz, o visitante leva consigo a força vibratória dos irmãos a quem ele representa, e sua presença deve ser vista como uma dádiva e uma benção pelos anfitriões. Especialmente em visita a outra Loja, ele deve fazer uso da palavra para se identificar e agradecer a acolhida. Segundo Da Camino, o visitante deve ser visto como “outra luz”, “outra força” e “outro alimento”, e merece o mínimo direito de falar.  Só falta botar isso na cabeça de certos Mestres.

Outra sem pé nem cabeça, que se ouve é: NÃO BASTA ENTRAR PARA A MAÇONARIA, É PRECISO QUE A MAÇONARIA ENTRE EM VOCÊ. 

Que mensagem transmite essa frase? Nenhuma. Nada podemos fazer para a maçonaria “entrar” no iniciado. Isso dependerá de como sua Loja o instruirá, e dos Mestres que servirão de exemplo para ele, e principalmente do próprio aprendiz.

Tudo mais é uma incógnita, e a história mostra que cada um entende a filosofia maçônica à sua maneira.  Essa citação é uma forma de retórica que parece bonita para ser enunciada em sessão de iniciação com a Loja cheia de visitantes, porém se torna maçante aos presentes. É um discurso dispensável, de pouco alcance e inteligência.

Esta muito falada, e que me dá arrepios, é a infeliz, SOMOS ETERNOS APRENDIZES. 

Essa soa falsa, uma léria. Imagine um Mestre após seu tempo de estudo, em direção ao caminho da Luz, voltando ao primeiro grau.  

Aquele que assim fala se acha um mestre perfeito, e o vistoso avental, é sua maior conquista que ele precisa anunciar ao mundo.

Essa declaração de falsa modéstia é uma verborreia inútil que nada ensina, nem nada de bom transmite. É uma demonstração de duvidosa humildade, dita apenas para VANGLORIAR-SE (segundo Castellani e Rizzardo)

Autor - Laurindo Roberto Gutierrez
* Loja de Pesquisa Maçônica Brasil – Londrina-Pr
* Loja de Pesquisa Maçônica Francisco Xavier Ferreira- Porto Alegre- RS


QUE PEDRA É VOCÊ?


Decifrar a existência humana é uma tarefa que beira o impossível.

Dentro da nossa complexidade, enquanto ser racional e ao mesmo tempo animal somos seres capazes de tudo, que percorrem constantemente o limiar dos extremos, quer dizer, somos seres capazes de vivenciar todas as ambiguidades, todos os paradoxos, de quebrar e criar paradigmas.

Nesse texto vou tentar fazer uma analogia entre a existência humana e a pedra, e tentar propor uma reflexão, que leve cada um dos leitores a responder ao seguinte questionamento: que pedra sou eu? Uma brita: são pedras comuns encontradas aos montes, servem para dar suporte, mas estão, sempre, envoltas por outras camadas, por isso dificilmente são percebidas. Mas mesmo não sendo vistas, todos sabem que elas estão lá desempenhando o seu papel.

Uma pedra grande: por ser pesada, nem sempre é carregada, consequentemente, costuma ficar, sempre, no mesmo lugar servindo como enfeite ou até mesmo um lugar para sentar.

Algumas pessoas, também, são assim, um peso na vida das outras, dificilmente são bem-vindas e quando estão presentes não passam de um enfeite.

Um diamante: são pedras raras formadas no meio de tantas outras pedras brutas, nem sempre são percebidas ou encontradas, mas estão lá.

Quando achadas, são valiosas e quem as tem possui um tesouro. Uma pedra no rio: praticamente, em todos os rios encontramos no fundo do seu leito uma quantidade considerável de pedras, que em tempos de fortes chuvas são levadas pela correnteza.

Na turbulência das águas, nas quedas e batidas entre si, aos poucos ela vai ganhando polidez, ganhando forma, perdendo as arestas, deixando de ser pontiagudas. Assim somos nós, para quem quer aprender a vida é capaz de ensinar muitas coisas.

Uma pedra na vidraça: existem pedras que só parecem servir para quebrar a fragilidade do outro, são como aquelas jogadas nas vidraças.

Na maioria das vezes não contribuem com nada, mas causam estrago.

Um granito: para dar o toque de beleza de uma construção são fundamentais. Sempre à vista, são belos, resistentes e duradouros. Estão presentes nos lugares certos e bem usados dão harmonia ao ambiente.

Muitas pessoas, também, são assim, sabem o seu papel, desempenham sua função de eficiência dentro de suas características, possibilidades e potencialidades.

Mas não podemos esquecer que há, também, pessoas granito ocupando o lugar errado, tornando-se quando molhadas escorregadias, portanto, sempre, torcendo pela queda de alguém.

Pedra angular: a primeira pedra de todas, é a partir dela que tudo vai ser feito. Uma pedra líder guia disposta a direcionar os rumos da construção.

Encontramos, também, pessoas assim. Pedra sabão: considerada uma rocha macia e frágil, por isso, usada pelos escultores como matéria prima para suas obras de arte.

Fácil de ser esculpida, aceita os desbastes, os contornos e formas. Entretanto, é frágil às intempéries causadas pelos ventos, chuvas.

Existem pessoas assim também, aceitam serem “moldadas”, mas mudam suas formas devido à ação do meio, geralmente, não têm personalidade ou vivem das conveniências.

Agora imaginemos que todos nós iremos fazer parte de uma grande construção. Uma obra que será chamada vida. O Grande Arquiteto do Universo responsável pela obra precisará de pedras e lhe perguntará: posso contar com você?

Que tipo de pedra você é?


Walber Gonçalves

AS ARMADILHAS DA PERFEIÇÃO


A perfeição impõe ao homem o controle total sobre a vida, não abrindo espaço à experiência, à pesquisa e à livre criação. Ao negar-lhe qualquer possibilidade de erro, este homem está se impedindo de aceitar a si mesmo e de buscar o seu conhecimento interior.

O conceito de perfeição, que a cultura ocidental considera como sinônimo de valor máximo em todas as ordens foi exaltado por certa expressão histórica do cristianismo como o mais sagrado dos imperativos para o gênero humano: ser perfeito como Deus é perfeito.

Os que vivem tomados por esta dinâmica acusam uma sensação constante de inadequação, sentindo-se malfeitas e incapazes de aceitar os próprios erros. 

Vivem na presença de um juiz implacável. Descobrem-se desprovidos de espontaneidade, necessitando funcionar com a precisão de um relógio suíço, vivendo em função de normas, programas e certezas, como se tudo fosse um laboratório.

A perfeição exige seres frios emocionalmente, que se nutrem de desestima, de sentimentos de culpa e de remorso todas as vezes que cometem um erro ou insucesso. Seus atos têm a necessidade de ser aprovados pelo juiz interior e pelos outros.

O ideal de perfeição exerce um controle sobre a nossa realidade, não havendo espaço para a espontaneidade, impedindo a pesquisa, sondagens ou experiências e aventuras.

Aceitar as próprias limitações é aceitar a si mesmo, daquilo que se é realmente, sem alienar-se de nada nem do passado nem do presente. Quem é dominado pela ideia de ser perfeito funciona com uma espécie de “repelente”, mas ao repelir-se quando erra, está errando porque se rejeita. A perfeição predispõe a pessoa a tratar com antipatia tudo o que é imperfeito, sendo muita baixa a sua tolerância com o que se afasta do perfeito.

Para ser feliz, o homem deve aceitar-se tal como é. Nenhum outro animal, exceto o homem, dá-se ao desprezo devido às próprias imperfeições. O conceito que temos de perfeição nos faz elaborar conceitos, emoções e comportamento de tal modo que poderemos ser vítima de uma psicologia da perfeição, exigindo que o nosso sistema mental trabalhe de forma indefectível e infalível, admitindo que o erro e o insucesso sejam inimigos da vida.

Mas é sabido que o erro é a matéria-prima da vida, podendo surgir numerosos recursos, e oferece a oportunidade de limar as asperezas de nossa conduta em relação a nós mesmos e aos outros.

O verdadeiro sucesso está em tirar proveito de nossas fraquezas, fazer um uso construtivo de nossos erros. A perfeição caracteriza-se pelo excesso, na ansiedade de ir cada vez mais para cima, sobressair-se, de estar por cima.

Se mudarmos o modo de pensar poderemos alterar a nossa relação com este fardo de imperfeições que carregamos.

Conhecer nosso limite poderá consequentemente orientar o sistema mental de tal modo que as reações emocionais e comportamentais em relação a nós mesmos, aos outros e à vida em geral, se torne um exercício constante de adaptação à realidade, proporcionando mudanças com qualidade.

Não temos como não cometer erros, não ter defeitos, podemos, porém aprender a servir-nos deles. O sistema mental coloca-se na condição de aceitar os próprios defeitos. A perspectiva produz representações internas aptas à aceitação de si.

A perspectiva do limite reorienta a pessoa para aquilo que ela realmente é. Nessa reorientação não sofremos uma limitação, ao contrário, aceitamos nossa própria realidade limite. Nesse caso, aceitamos algo essencial: o próprio eu.

Autor: Jurandy Cordeiro de Souza Júnior
*Baseado no primeiro capítulo do livro Respeita os teus Limites – Fundamentos Filosóficos da Terapia da Imperfeição, de Ricardo Peter (São Paulo, Paulus, 1999).


MAÇONARIA: TRABALHO VOLUNTÁRIO


Voluntário, conforme o dicionário [1], é aquele “que faz parte de uma corporação por mera vontade e sem interesse” e “que faz de boa vontade e sem constrangimento”. Essa definição, ao qualificar a ação voluntária como “sem interesse”, esbarra no debate filosófico da impossibilidade de ausência de interesse.

O altruísmo, termo criado por Augusto Conte, seria esse ato de ajudar alguém sem ter qualquer interesse individual envolvido, apenas por pura bondade. Nesse sentido, muitos filósofos têm defendido que não existe ato genuinamente altruísta, totalmente desinteressado.

Para ilustrar esse entendimento, se você acredita que atos de bondade, de caridade, que boas ações colaboram para sua evolução moral e/ou espiritual, então qualquer ato seu não será 100% altruísta, pois você tem um interesse pessoal, mesmo que mínimo, de evoluir com isso.

Até mesmo se não esperar tal evolução, mas se você se sente bem em ajudar o próximo, sua ação não será totalmente desinteressada, pois você, em algum nível, sente prazer em ajudar, se beneficiando de alguma forma com isso.  Nesse sentido, não existe ato voluntário sem interesse.

Já a ONU [2] fornece uma definição condizente com tal entendimento, ao declarar que voluntário é “o jovem, adulto ou idoso que, devido a seu interesse pessoal e seu espírito cívico, dedica parte do seu tempo, sem remuneração, a diversas formas de atividades de bem estar social ou outros campos”. Nesse caso, vê-se claramente que a ação voluntária parte de um interesse pessoal, mesmo que motivado pelo civismo.

A Maçonaria é uma oportunidade de trabalho voluntário, tendo nos maçons seus voluntários. A definição mais comum de Maçonaria em uso em todo o mundo é a de que Maçonaria é “um belo sistema de moralidade velado em alegoria e ilustrado por símbolos” [3] [4].

Essa definição é derivada de outra, de autoria de William Preston [5], que considera a Maçonaria “um sistema regular de moralidade, concebido em uma tensão de interessantes alegorias, que desdobra suas belezas ao requerente sincero e trabalhador”. Dessa forma, deve o maçom, logicamente, estar interessado em evoluir moralmente para ser voluntário em um “sistema regular de moralidade”.

Tais definições também indicam que o trabalho voluntário do maçom corresponde a atividades e práticas relacionadas a “alegorias e símbolos”, ou seja, a aprendizagem e execução do ritual, que é a ferramenta de ensino que contém as diversas alegorias e símbolos maçônicos.

Mas, como todo trabalho voluntário, Maçonaria é um trabalho “sem remuneração”, cujas atividades são realizadas por livre e espontânea vontade. Não se ganha na Maçonaria, se gasta. Você investe, além de seu tempo como voluntário, recursos financeiros para manter a estrutura de sua Loja e Obediência.

Por esse motivo, mais do que qualquer outro trabalho voluntário, o maçom deve estar realmente ciente do cunho moral da organização, interessado em tal aspecto, e realizar suas atividades a contento. Em outras palavras, precisa estar 100% comprometido. Assim como não existe um “mais ou menos” médico sem fronteiras, não dá pra ser “meio” maçom.

E o que é ser um maçom, esse voluntário da Maçonaria? É estudar o ritual, não apenas executando-o da melhor forma possível, mas principalmente o compreendendo. É participar ativamente das reuniões, contribuindo com suas ideias e opiniões. É se oferecer para ajudar nas diversas atividades em grupo, ou mesmo para realizar algumas atividades individuais dentro de suas competências, como ministrar uma palestra, criar um web site, pintar uma parede ou trocar uma simples lâmpada.

É ter ciência de que, sendo um trabalho voluntário, você não depende dele para sua sobrevivência e sustento de sua família, devendo, portanto, ir para a Maçonaria e permanecer nela somente se estiver realmente interessado. E cada vez que comparecer faça valer à pena, porque apenas assistir e criticar não pode ser considerado trabalho voluntário… é necessário colaborar.


NOTAS:
[1] PRIBERAM. Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Acesso em: 22 de janeiro de 2013. Disponível em: http://www.priberam.pt/dlpo/default.aspx?pal=voluntário
[2] UNIC. United Nations Information Centre Rio de Janeiro. Acesso em: 22 de janeiro de 2013. Disponível em: http://unic.un.org/imucms/rio-de-janeiro/64/158/voluntariado.aspx
[3] GUNN, J.: Death by Publicity: U. S. Freemasonry and the Public Drama of Secrecy. Rhetoric & Public Affairs, Vol. 11, No. 2, pp. 243-277, 2008.
[4] ZELDIS, Leon. Illustrated by Symbols (New York, NY: Philalethes, The Journal of Masonic Research & Letters, Vol. 64, No. 02, 2011), p. 72-73.
[5] PRESTON, William. Illustrations of Masonry. New York: Masonic Publishing and Manufacturing Co., 1867.

- See more at: http://www.noesquadro.com.br/2013/01/maconaria-trabalho-voluntario.html#sthash.jHuI9BCf.dpuf

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