A IMPORTÂNCIA DO RITUAL


 

Meus Irmãos saúdo-vos fraternalmente, em todos os vossos graus e qualidades.

A suspensão dos trabalhos presenciais por virtude da pandemia em curso revelou-nos a falta que o Ritual, a execução do Ritual, nos faz. É essa a natureza humana: muitas vezes só nos damos conta do que é importante quando o não temos. Mas não é sob esta perspectiva que escolhi expor a Importância do Ritual. Vou procurar incidir a nossa atenção sobre a razão por que o Ritual é importante, porque só tendo-se essa noção é que nos apercebemos completamente da importância do mesmo.

Começo por fazer uma afirmação que aparentemente não tem nada a ver com o tema e que é – como todas! – discutível, mas cujo mérito vos peço que julgueis apenas no final desta nossa conversa: a Maçonaria não se ensina, aprende-se!

Não quero com esta afirmação dizer que os mais experientes não devem partilhar com os mais novos o que aprenderam o que sabem. Com esta frase, enfatizo que, em Maçonaria, o que é importante, não é o que se transmite, mas antes o que se apreende. Porque a experiência, a vivência, a personalidade, do que transmite são diferentes das do que recebe.

Assim, o que verdadeiramente interessa não é o que se ensina, se partilha se transmite. O que importa é o que se aprende e, mais do que isso, o que se apreende, o que se interioriza. E aquelas e estas não são necessariamente – atrevo-me mesmo a dizer que raramente são – a mesma coisa. E, bem vistas às coisas, é inevitável que assim seja, pois, como já há pouco referi o que transmite e o que recebe têm personalidades, vivências, capacidades, características diferentes.

Assim, o que transmite tem necessariamente uma noção diversa do que aquele que recebe. Este daquilo que é transmitido receberá o que, na ocasião, estiver apto e pronto a receber, será tocado pelo que, no momento, o sensibilize. Em suma, o que ficará é o que ele aprende e apreende, não o que o que transmitiu julga que ensinou…

Não tenho, portanto, a pretensão de ensinar nada! Tenho apenas a esperança de que, da maçada a que agora vos submeto, cada um de vós retenha algo de útil.

Em meu entender, para uma correta abordagem da importância do ritual impõe-se que previamente distingamos entre Conhecimento e Sabedoria.

O Conhecimento é tudo aquilo que aprendemos e estamos aptos a utilizar, quando necessitemos. A Sabedoria é algo mais profundo. Baseia-se, é um fato, nos conhecimentos que adquirimos. Mas reside na intuição, na capacidade adquirida de, relacionando tudo o que conhecemos daí selecionar o que efetivamente importa o que é adequado para um momento específico, uma situação concreta.

Nem sempre aquele que tem mais conhecimentos é o que tem a sabedoria necessária para escolher a via justa, a palavra indicada, o gesto preciso, a atitude certa perante uma dada situação concreta. Numa muito grosseira aproximação, poderíamos dizer que a sabedoria resulta do conhecimento sublimado pela experiência.

É através dos êxitos e fracassos na nossa escolha na utilização dos nossos conhecimentos que sublimamos o nosso Conhecimento em Sabedoria, que passamos do Conhecer ao Saber.

Memoriza-se e utiliza-se o que se conhece; desenvolve-se e internaliza-se o que se sabe.

O meio privilegiado para rápida aquisição de Conhecimento é o Estudo. Para se chegar à Sabedoria é preciso tempo e vivência. Mas há um meio para acelerar esse percurso, para induzir a Sabedoria: a utilização, execução e prática do Ritual. Se o Estudo é um meio de aquisição de Conhecimento, o Ritual é indutor de Sabedoria.

Com efeito, o Estudo estimula, faz funcionar, desenvolve a Inteligência Racional. Mas o Ritual, a sua prática, esse, estimula e desenvolve a Inteligência Emocional. E esta é bem mais profunda do que aquela, pois combina o conhecimento, o raciocínio, com a Intuição.

O que estudamos pode não nos tocar e dar-nos apenas, pela memorização, a ferramenta necessária para agir. Mas só o que nos toca, nos emociona, efetivamente guardamos para saber como utilizar a ferramenta. A ferramenta é útil, mas saber utilizá-la pela melhor forma é indispensável…

Para entendermos porque e como o Ritual e o seu exercício estimulam a nossa Inteligência Emocional e, logo, induzem a obtenção de Sabedoria, devemos ter presente que, nos primórdios da Humanidade, quando ainda não tinha sido inventada a escrita – e muitas e muitas gerações de humanos viveram sem que houvesse escrita… -, a aquisição de conhecimentos e o acesso à Sabedoria processavam-se através da Tradição Oral. Era exclusivamente por essa via que os mais velhos e os mais experientes transmitiam o que sabiam aos mais novos e sem experiência.

Não havia então propriamente aulas, nem escolas. Os mais velhos e experientes diziam o que tinham aprendido, executavam perante os mais novos os gestos que era necessário fazer, repetiam, uma e outra vez, e faziam repetir muitas e muitas vezes, as palavras, os gestos, os atos de que dependiam, tantas vezes, a alimentação, a segurança e a sobrevivência, não só individuais como do grupo.

Ora, repetir uma e outra vez as mesmas palavras, para transmitir as mesmas noções, executar muitas e muitas vezes os gestos e as ações adequados para a obtenção dos resultados pretendidos mais não é do que… executar um ritual! Um Ritual é um conjunto de palavras, gestos e atos proferidas e executados sempre da forma similar.

Então, nos primórdios da Humanidade, aprendia-se e vinha-se, a saber, através da repetida execução de rituais. Era pelo que se via pelo que se ouvia pelo que se executava pelo que exaustivamente se repetia que se entranhava em cada o que fazer e como fazer para obter alimento, para garantir segurança, para melhorar e curar maleitas, para adquirir o conforto possível.

Os rituais aprendidos e executados propiciavam, assim, a sabedoria necessária para sobreviver e viver o melhor possível.

O cérebro humano foi, portanto, desde muito cedo, formatado em primeiro lugar para reagir aos estímulos visuais e auditivos.

Só mais tarde, muito mais tarde, o cérebro humano adquiriu a capacidade e habilidade de decifrar o código da escrita. A criação da escrita foi um avanço civilizacional imenso. Permitiu registrar o que se tinha por importante, aquilo que anteriormente tinha de ser adquirido e mantido à custa de repetições.

A escrita e a habilidade de utilizá-la permitiram à Humanidade um meio mais fácil de registrar e dar acesso ao Conhecimento. O cérebro humano naturalmente adquiriu, assim, também a capacidade de adquirir Conhecimento através da escrita, da leitura, do estudo.

Mas tenhamos presente que a camada mais profunda do nosso cérebro é desde sempre estimulada auditiva e visualmente e por execuções ritualizadas do que se pretende transmitir. A aquisição de Conhecimento através da escrita, da leitura, do estudo é uma habilidade mais recentemente adquirida, logo, mais superficial no nosso cérebro.

Não nos enganemos: o estudo, a aquisição de Conhecimento pelo estudo, dá trabalho. Esse trabalho é recompensado pelo desenvolvimento da nossa Inteligência Racional, pela habilidade de memorizar, de relacionar, de aplicar. Mas é apenas a Razão que é aplicada e fortalecida.

Para se desenvolver, para se utilizar a Inteligência Emocional, a que nos permite quantas vezes sem sabermos como, intuitivamente dizer a palavra certa, executar o gesto adequado, efetuar a ação necessária sem termos de longamente pesar os prós e os contras, sem necessitarmos de fazer exaustivas análises e cálculos, para isso temos de recorrer às camadas mais profundas do nosso cérebro – e essas desde o início dos tempos foram estimuladas pelo que se via e ouvia pelo que se repetia uma e outra e muitas vezes, pelo que se ritualizava.

Por isso afirmo que o Ritual é o indutor de mais rápida passagem do Conhecimento à Sabedoria, acelerando o que só a Experiência, a Vida vivida, os erros cometidos e as vitórias alcançadas nos permitiria atingir, não fora ele.

Meus Irmãos: até agora tenho sempre falado de Ritual, sem adjetivar e, sobretudo, sem utilizar o adjetivo maçônico.

Porque o ritual, penso tê-lo demonstrado, existe desde sempre e desde sempre aumenta a capacidade humana de discernir, em suma, de saber. E não há “o” ritual, há muitos rituais, respeitando a muitos momentos, ocasiões e atividades. Existem, bem o sabemos, rituais religiosos. Mas também de outra natureza, uns mais solenes e utilizados em ambiente de Poder ou de significado social, outros mais simples, íntimos até.

Atrevo-me a dizer, por exemplo, que todos os casais com algum tempo de ligação criam os seus rituais próprios, indutores de segurança, conforto e manutenção da relação afetiva.

Uma categoria de rituais que merece referência é o ritual que podemos denominar de grupal, o que marca, define e corporiza a integração de alguém num determinado grupo. Aí não está em causa à aquisição ou consolidação de conhecimentos ou o acesso a sabedoria, mas simplesmente o estabelecimento de uma união grupal, a que o neófito passa a aceder.

Todo o ritual é importante, precisamente porque correspondendo a mais antiga e natural forma de a Humanidade processar a aquisição de conhecimentos, ganhar e manter confiança, obter conforto e segurança. Não é assim porque queremos que seja assim é porque a nossa evolução como espécie o determinou. Talvez algo grandiloquentemente, pode-se afirmar que a Civilização se alicerça em rituais.

Mas os Rituais Maçónicos, esses, partilhando com os demais a mesma natureza de meios indutores de aquisição de Sabedoria, têm ainda uma valência própria, quiçá não exclusiva, mas seguramente que identificaria.

Os rituais maçónicos têm uma tríade de características, duas delas já referidas e uma terceira que podemos considerar própria. Os rituais maçónicos assumem a natureza de indutores de Sabedoria, são também, particularmente nos rituais de Iniciação e de Aumento de Salário rituais grupais, mas também assumem a natureza de explanação e aprofundamento de Princípios e Valores.

Esta uma especificidade não negligenciável. Os vários rituais dos diferentes ritos maçónicos apresentam-nos e definem-nos Valores e Princípios a que os maçons devem corresponder. Não estão aqui em causa conhecimentos a interiorizar. Estão, diretamente, aspectos e referências morais a seguir, a cumprir, a divulgar.

Os rituais maçónicos ao promoverem Princípios e Valores apelam diretamente às características básicas do cérebro humano. Os princípios e Valores expostos, facultados, não se destinam a ser meramente apreendidos pela Inteligência Racional, através do estudo e da aquisição de conhecimentos. Procura-se atingir a Inteligência emocional, o âmago da personalidade de cada um e aí efetuar as modificações inerentes a esses Princípios e Valores.

Busca-se a aceleração do processo. Em vez da mera aquisição pela Inteligência Racional e posterior enraizamento através da experiência, busca-se a inserção direta e eficaz na mente do maçom, atingindo o que o Ritual, desde os primórdios da Humanidade toca: a Inteligência Emocional, logo as profundezas do ser que cada um de nós é. Não se semeia, para que porventura nasça e cresça. Planta-se para que, no mais curto espaço de tempo, haja frutos.

Os rituais maçónicos destinam-se assim, para além da integração de indivíduos em grupos, a propiciar a modificação de cada um, através da interiorização de Princípios e Valores morais, que devem nortear a conduta de cada um,

Expostos de forma ritualizada, muitas vezes repetida, encenada e praticada, tais Princípios e Valores entranham-se diretamente no âmago essencial de cada um, assim propiciando o seu aperfeiçoamento.

Este processo de aperfeiçoamento não é imediato. É demorado, é evolutivo, depende de patamares.

É por isso que é um erro pensar-se que, sabido o ritual, aprendido a executar o mesmo com perfeição, o nosso trabalho está terminado.

Posso garantir-vos, com base na minha experiência de mais de 30 anos de maçom, que não é assim que funciona.

Decorar o ritual executá-lo na perfeição, são ainda tarefas do Intelecto, da Inteligência Racional. O que importa é senti-lo, vivenciá-lo, apreender aqui e ali algo de novo, algo que nos chama agora a atenção e em que não reparáramos antes. Porque esse é o processo de entranhamento das noções transmitidas pelo ritual, esse é o processo de passagem do Conhecimento à Sabedoria.

Se há algo que verdadeiramente aprendi com os nossos rituais é que se está sempre a aprender algo de novo com os mesmos. Em mais de trinta anos de Maçonaria, já repeti, já executei, já vi serem repetidos, já vi serem executados, os nossos rituais centenas de vezes. Nunca me incomodei com a repetição. Nunca deixei de me concentrar na sua execução. E, trinta anos passado, ainda me sucede que subitamente encontro algo de novo, apesar de ser o mesmo ritual que pratico e a que assisto ao longo deste tempo.

Tal sucede por uma simples razão: encontro numa ocasião aquilo que então estou preparado para encontrar. As palavras, os gestos, os atos, são os mesmos desde o princípio. Mas antes eu não compreendera aquele particular significado, porque ainda não estava preparado para tal. Porque tive de seguir uma evolução, compreendendo aqui algo que mais tarde me permitiu perceber aquilo, que me modificou e levou a entrever aquel outro pormenor, num processo evolutivo permanente.

É para isso que serve o nosso ritual. Porque o ritual maçônico não é um simples ritual igual a todos os outros que a Humanidade segue. O ritual maçônico é um meio de Construção e Aperfeiçoamento de Nós.

É esta a sua importância!

Rui Bandeira

Comunicação por meios virtuais no âmbito da Academia Maçônica em 18/2/2021

Fonte

Blog a Partir Pedra

REFLEXÕES MAÇÔNICAS


 Secreta ou discreta?

Responderia que as duas coisas.

Esta é, provavelmente, a origem dos grandes anátemas lançados sobre a Ordem Maçônica, seja pelas Igrejas, principalmente pelos papas da Igreja Católica, desde a condenação constante da bula In Eminenti Apostolatus Specula, de Clemente XII, de 28 de Abril de 1738, seja por chefes de Estado e governantes: a Maçonaria é «secreta», porque tem um «segredo» que não revela a ninguém, logo pratica o mal ou comete atos ilícitos.

Mesmo em sociedades democráticas como a nossa, onde é suposta a liberdade de associação nos termos legais, a Maçonaria é frequentemente fustigada por causa do seu suposto secretismo. De tal modo que, dentro da Ordem e das diferentes Obediências e Potências em que esta se organiza, o assunto é recorrente, sendo tema comum a defesa da necessidade da Maçonaria se «abrir», o que quer dizer, se «explicar» ao mundo profano.

Ainda entre nós, a recente aprovação de uma lei parlamentar que visa, essencialmente, pôr cobro ao «segredo» sobre a identidade maçônica dos titulares de certos cargos públicos, de novo trouxe a questão para a ribalta. O debate, em que qualquer um participou, e os seus resultados não foram os mais gratificantes.

Deixando de lado a dimensão profana do tema, como deve, a meu ver, considerar-se a Maçonaria: como uma Ordem secreta, discreta, ou disponível para a devassa pública?

Por mim, entendo que a Maçonaria deve ser uma Ordem secreta, por mais antipática que possa ser a expressão. Como advogo que não tem de «abrir-se» ao mundo profano, ou melhor, que não deve transformar-se numa espécie de praça aberta aos curiosos que a queiram conhecer de fora.

As razões são muito simples.

A primeira, porque numa sociedade democrática não devem existir quaisquer impedimentos à livre associação dos indivíduos, que deverão poder fazer, dentro das portas que lhe pertencem, o que muito bem entenderem desde que não infrinjam a lei.

Ora, a obrigatoriedade legal de declaração de pertença a uma determinada associação envolve, por si só, um juízo censório da entidade visada e dos seus membros. Admito que essa declaração possa constituir-se obrigatória, em razão de eventuais interesses patrimoniais que nela existam e que poderão ser conflitantes, ou delimitadores, do exercício de certos cargos públicos, mas não por se desconhecer o que se faz dentro das portas dessas associações.

Se há reservas quanto a isso, o Estado que as proíba, ou exija mais requisitos para autorizá-las legalmente. Não deixa de ser um raciocínio discriminatório e preconceituoso (o que se fará nas reuniões da direção das inúmeras associações de natureza civil, que decorrem à porta fechada e onde a minha entrada não é – e muito bem – autorizada?), mas sempre seria um jogo um pouco mais limpo.

Agora, autorizar-se uma organização e, em seguida, impor-lhe obrigações que colidem com a sua própria idiossincrasia é que me parece moralmente abjeto.

A segunda, porque, como já desde o século XVIII nos lembrava o Ir.’. Giacomo Casanova, «o segredo da maçonaria é por sua própria natureza inviolável, visto que o maçom que o sabe só o sabe por que o adivinhou. Não o aprendeu de ninguém. Descobriu-o de tanto frequentar a loja, observar, raciocinar e deduzir. Ou seja, o segredo maçônico, íntimo e iniciático, é, por natureza, intransmissível.

Ele é resultado de uma vivência individual realizada no coletivo da Loja e, por isso, não há palavras que o possam descrever com rigor. Nem tem de ser descrito, muito menos em decorrência de qualquer obrigação legal, sob pena da mesma violar grosseiramente a Constituição da República Portuguesa, no seu artigo 41º, que garante separadamente, repito, separadamente, “a liberdade de consciência, de religião e de culto”.

Nesta medida, a Maçonaria é, sim, secreta, e assim tem de continuar a ser. Tem, e não “deve”, porque essa opção não se poderá colocar, a não ser que a Maçonaria deixe de ser uma Ordem Iniciática e passe a ser outra coisa qualquer.

A terceira, porque quem quiser conhecer a Maçonaria tem uma boa solução: tornar-se maçon. Se for “livre e de bons costumes”, certamente que não lhe será negada a entrada no Templo. Embora, se só cá vier para saciar a curiosidade, como infelizmente frequentemente sucede nas mais distintas Obediências e Oficinas, provavelmente não virá cá fazer nada, e, algumas poucas sessões depois, desaparecerá, com prejuízo para todos.

A quarta, porque tudo o que se faz, ritual e liturgicamente, na Maçonaria só é segredo para quem quiser. Porque, qualquer amanuense destes assuntos encontrará tudo, mas tudo é tudo mesmo, sobre os trabalhos maçônicos, seja em livros, seja na net. A Maçonaria, desse ponto de vista, é uma organização aberta, que só consideraremos discreta, apenas porque não escancara a sua atividade a quem passa nas ruas. Embora qualquer um possa ir a uma livraria ou a um site e ficar a conhecer o que lá se faz.

Por conseguinte, parece-me que há coisas onde se não deve mexer, sob pena de estragá-las: quem se sentir mal com o «secretismo maçônico», não terá provavelmente entendido em que ele consiste. 

E quem achar que a Maçonaria se tem de explicar ao mundo profano deverá reservar-se para outro gênero de atividades.

 

HOMEM, CONHECE-TE A TI MESMO E CONHECERÁS O UNIVERSO E OS DEUSES


 

O conhecido aforismo Grego, inscrito na entrada do Oráculo de Delphos no Templo de Apolo, o deus da luz e do sol, da verdade e da profecia, e arduamente defendido por Sócrates (479-399 a.C), é uma referência quando o assunto é a busca do autoconhecimento e de todos os seus desdobramentos, rumo a uma nova consciência, com a descoberta do verdadeiro “eu”.

Um dos maiores medos que algumas pessoas enfrentam é de ver a si mesmos como realmente são, sem um título dado a nós pela nossa carreira ou o título de ser o pai ou filho de alguém, tememos a perda da identidade de quem somos, nós fomos programados desde tenra idade pela televisão e pela escola para “crescermos e sermos alguém”.

Aqueles que ainda têm de despertar para sua verdadeira identidade farão qualquer coisa para manter a mente distraída e ocupada, essas pessoas parecem preencher seus calendários com mais do que eles podem lidar até eles desabarem a noite apenas para que possam ir dormir se levantar e fazer tudo de novo, eles derivam de uma falsa sensação de realização em todas as coisas que eles “fazem”, eles definem quem eles são em suas mentes e é o trabalho do ego manter a farsa.

Depois que uma pessoa desperta para o fato de que eles são um espírito vivendo uma experiência humana, as questões começam a surgir sobre o verdadeiro significado da vida, as questões de “Quem sou eu” e “Qual é o meu propósito de vida” inevitavelmente vêm à mente, a fim de aprofundar-se na essência de quem você é, tem ainda que impulsionar o ego e a mente limpando-os por algum tempo do seu calendário. O que significa ir para o seu interior?


Ir para o seu interior significa simplesmente estar com você mesmo, ouvir a si mesmo e seu EU superior, sentir a mente se acalmar e limpar a desordem, permitindo mais espaço para os pensamentos superiores se introduzirem no seu ser.

Ir para o seu interior geralmente envolve alguma forma de meditação, existem muitas formas de meditação disponíveis para você com diversos resultados pretendidos, na verdade, há tantas que pode se tornar irresistível e confuso experimentá-las para escolher qual é a melhor, no entanto a melhor sugestão é simplesmente criar a sua própria a partir da experimentação, ir para o seu interior simplesmente significa ouvir seu verdadeiro EU, seus verdadeiros pensamentos, separar a conversa mundana do que você ainda precisa fazer hoje em sua lista ou o que você vai comer no jantar.

Alguma vez você já se pegou sonhando? Talvez você estivesse dirigindo e você se pegou perdido em pensamentos, não prestando muita atenção na estrada, você quer saber como dirigiu os últimos minutos sem prestar totalmente atenção, talvez à árdua tarefa de lavar pratos acalmou-o naquele lugar de pensamentos tranquilos e talvez você estivesse sonhando que nessas férias gostaria de ir onde não existissem quaisquer pratos para lavar, esta forma de meditação é chamada de meditação de vigília.

Falando sobre o seu mestre Sócrates e a sua presença no Templo de Apolo em Delfos, o filósofo Platão deixou registrado que a frase “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo” estava escrita no pátio do templo.

Já se sabia há centenas e centenas de anos que o ser humano que conhece seu potencial pode chegar mais longe. Não é por acaso que os maiores conquistadores da história tinham pleno conhecimento e confiança de suas habilidades para se arriscarem rumo ao desconhecido.

É bem tranquilo em pleno século XXI planejar atravessar o Oceano Atlântico, por exemplo, porém, numa época em que não se sabia o que tinha do outro lado do planeta, era uma tarefa e tanto.

O indivíduo que se conhece bem está muito mais entendido não só do que é capaz, mas também do que é incapaz.

Entre as características fundamentais para superar os limites está o conhecimento bastante preciso de até aonde vão nossas habilidades, portanto, em quais aspectos precisamos nos aperfeiçoar para superar os desafios.

Os homens tolos nunca aprendem, os inteligentes aprendem com os erros dos outros e os sábios obtêm conhecimento através dos erros dos outros.

No momento em que você encontra o seu próprio ser, uma revolução acontece na maneira como você vê as coisas. Toda a sua visão de vida passa por uma mudança radical. Você começa a se dar conta de novas responsabilidades - não como se fossem algo que tem de ser feito, mas algo que se faz por prazer.

Você nunca mais fará nada por dever, por se sentir responsável, porque isso é algo que esperam de você. Você fará tudo pela felicidade que isso lhe dá, por um sentimento de amor e compaixão. Não é uma questão de dever, é uma questão de compartilhar. Você sente tanto amor e tanta felicidade que gostaria de compartilhar.

Por isso eu só ensino uma responsabilidade, que é para consigo mesmo.Todo o resto virá naturalmente sem nenhum esforço da sua parte.E, quando as coisas acontecem sem que seja preciso fazer esforço, elas se revestem de uma grande beleza.

Temet nosce

O que está escrito? Temet nosce. O que significa? "Conhece-te a ti mesmo." A mensagem para Neo é a de que ele - e somente ele - poderá saber se é ou não aquele que vai livrar o mundo do poder da Matrix. Portanto, somente conhecendo-se a si mesmo ele terá a resposta.

Poucas pessoas que viram Matrix compreendem exatamente o significado da cena descrita. Ela é a representação ficcional, no futuro, de um acontecimento do passado, ocorrido há 24 séculos. Na Grécia antiga, por volta do século IV a.C., havia um santuário na cidade de Delfos, dedicado a Apolo, deus da luz, da razão e do conhecimento verdadeiro, o patrono da sabedoria.

Sobre o portal de entrada desse santuário estava escrita a grande mensagem do deus, ou o principal oráculo de Apolo: "Conhece-te a ti mesmo".  Um ateniense chamado Sócrates, foi ao santuário consultar o oráculo, pois em Atenas muitos lhe diziam que era um sábio e se tal qualidade poderia ser atribuída a ele.

O oráculo, que era uma mulher (a sibila), perguntou-lhe: "O que você sabe?". Ele respondeu: "Só sei que nada sei". Ao que o oráculo disse: "Sócrates é o mais sábio de todos os homens, pois é o único que sabe que não sabe". Sócrates é até hoje considerado o patrono da filosofia.

E é neste contexto, que o “Conhece-te a Ti Mesmo”, torna-se uma necessidade para todos nós nos dias atuais. Se tivermos conhecimento de nossas capacidades, e também de nossas limitações, teremos mais facilidade para lidarmos com as comparações, ou competições que especialmente o mundo das “redes sociais”, vive nos convidando a embarcar.

Quem se autoconhece, sabe o que já conquistou em vários aspectos, e do que ainda precisa continuar buscando, para se manter bem em um Planeta de constantes transformações e atualizações diárias, mas ao mesmo tempo, sem abrir mão de “valores e princípios”, como o “respeito ao próximo e a autoestima”, que na época de Sócrates na Grécia, 470 anos antes de Jesus, já representava valor inestimável.

Vencer o poder da Matrix é destruir a aparência, restaurar a realidade e assegurar que os seres humanos possam perceber e compreender o mundo verdadeiro e viver realmente nele.

Buscando a nós mesmos

 Quando Heráclito disse, “Busquei por mim mesmo”, ele produziu uma das mais férteis máximas e, no que concerne ao místico, uma diretiva para todos os tempos, pois estudante algum da Senda está totalmente desperto para o significado dessa busca até que chega à decisão de buscar por si mesmo.

Não importa que ensinamentos sejam colocados em suas mãos ou que professores possam ter tido, vai acabar se deparando exatamente com essa mesma injunção do filósofo grego de 500 a.C. É surpreendente pensar o quanto os antigos nos deixaram da verdade interna da vida e do eu, e quão pouco as gerações que se seguiram parecem ter-se beneficiado disso.

Suponho que isso aconteça porque eles escreveram a tanto tempo que, pela própria antiguidade, seus ensinamentos parecem ter pouca aplicação para os dias atuais, já que as pessoas estão hipnotizadas pelas descobertas e experiências da ciência em todo o campo da vida exotérica.

Quanto a nós, contemplamos esses primeiros pioneiros do pensamento com reverência. E aqueles que atingiram certo estágio em nossos estudos sabem que tudo vem de lá. Não que maiores ensinamentos e ajuda invisível sejam negados a eles, mas um aspirante tem que se voltar para si mesmo para colocar em prática a instrução que recebeu; e ele acaba percebendo que isso significa procurar dentro de si mesmo o caminho do Mestre, pois existem estágios definidos do caminho em que o aspirante precisa encontrar sua própria senda.

O verdadeiro desenvolvimento interior não consiste em simplesmente ir empilhando conhecimento e mais conhecimento de várias fontes de instrução. Vem de uma compreensão e de uma aplicação mais profunda e sincera daquilo que é disponibilizado para a vida e para ação no mundo. Ele precisa deliberadamente se submeter a testes na vida e nas circunstâncias e aprender lições que não podem ser aprendidas de outra forma.

O mesmo princípio se aplica em qualquer arte ou ciência. Chega o momento em que o estudante tem que dar as costas para os livros-textos de fatos acumulados e provar seu valor em sua própria vida através da meditação e da experimentação.

Heráclito enuncia a mesma verdade de sua própria maneira quando diz: “Viajando por todas as estradas, não vamos conseguir descobrir as fronteiras da alma… ela tem um logos tão profundo”. As ‘fronteiras da alma’ não estão na diversidade de instrução, mas dentro de nós; e o propósito da instrução é nos esclarecer e fortalecer suficientemente para pesquisarmos internamente as fronteiras do eu interior, nos esforçarmos para conhecer nossa missão individual na vida e nos comprometermos com um serviço dedicado.

Sei que, para alguns, isso pode parecer simplesmente um ideal esperançoso dentro do quadro mundial com que nos deparamos atualmente. Mas não podemos ignorá-lo se nossa intenção é ir para frente e para o alto. Sei também que manter e alimentar esse ideal, com tanta oposição que nos quer desviar dele, nos leva a julgamento de muitas formas e, muitas vezes, torna o caminho mais duro. Mas todo avanço tem seu preço, e este é que este é um avanço especialmente forte e pessoal.

Contudo, há uma recompensa para cada espiral de caminho percorrido com propósito e compaixão inabaláveis. Para cada aspirante, cada espiral tem uma história e carma individuais diferentes e, se aceitado no silêncio e na alma da pessoa que ora, traz uma percepção cada vez mais forte de que estamos chegando cada vez mais perto do mundo do Mestre.

Buscar a nós mesmos, em seu sentido mais verdadeiro, significa entrar cada vez mais na vida de abnegação e de uma liberação das amarras que nos detêm; e alcançar isso será de fato maravilhoso, se pudermos nos entregar ao fogo no altar secreto de nosso coração.

ORIENTE DO RIO DE JANEIRO, RJ.

A.·. R.·. L.·.M.·. FLAUTA MÁGICA DO RIO DE JANEIRO, Nº 170

M.·.M.·. SANDRO PINHEIRO

https://conhecimentocientifico.com/conhece-te-a-ti-mesmo/

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A LENDA DO PELICANO


Conta uma lenda medieval que um pelicano saiu de seu ninho em busca de comida para os seus recém-nascidos filhotes. Não notou que por perto se escondia um predador, só esperando a sua ausência para atacar o ninho.

Mal o pelicano desapareceu no horizonte, o danado atacou os coitadinhos, que ainda não tinham aprendido a voar e nem a se defender.

O predador devorou a todos, só deixando como sobra as pequeninas ossadas com as penas que mal começavam a despontar. Quando o pelicano voltou ao ninho viu a tragédia que ocorrera. Atirando-se sobre os restos dos corpos dos filhos, chorou horas e horas, até que suas lágrimas secaram.

Sem mais lágrimas para chorar pelos filhos mortos, começou a bicar o próprio peito, fazendo verter sobre o corpo dos pequeninos o sangue que jorrava dos ferimentos que ele mesmo provocara com aquela mutilação.

No seu desespero não percebeu que as gotas do seu sangue, pouco a pouco iam reconstituindo a vida dos seus filhos mortos. E assim, com o sangue do seu sacrifício e as provas do seu amor, a sua família ressuscitara.

Provavelmente foi a partir dessa lenda que o pelicano se tornou um símbolo de amor e sacrifício. Durante a Idade Média eram vários os contos e tradições em que esse pássaro aparecia como representação da piedade, do sacrifício e da dedicação á família e ao grupo ao qual se pertencia. Essa terá sido também, a razão de os cátaros, os rosa-cruzes, os alquimistas e outros grupos de orientação mística terem adotado esse pássaro em suas simbologias.

Para os alquimistas o pelicano era um símbolo da regeneração. Alguns operadores alquímicos chegaram inclusive a fabricar seus atanores ― vasos em que concentravam a matéria prima da Obra ― com capitéis que imitavam um pelicano com suas asas abertas. Tratava-se de captar, pela imitação iconográfica, a mesma mágica operatória que a ave possuía, ou seja, aquela capaz de regenerar, com seu próprio sangue, os filhotes mortos.

Os rosa-cruzes, em sua origem, na maioria, eram alquimistas. Daí o fato de terem adotado o pelicano como símbolo da capacidade de regeneração química da matéria da Obra não é estranho. E é compreensível também que em suas imaginosas alegorias eles tenham associado essa simbologia com aquela referente ao sacrifício de Cristo, cujo sangue derramado sobre a cruz era tido como instrumento de regeneração dos espíritos, medida essa, necessária para a salvação da humanidade. Daí o pelicano tornar-se também um símbolo cristão, representativo das virtudes regeneradoras do cristianismo, da mesma forma que a rosa mística e a fênix que renasce das cinzas.

Os popelicanos

Porém, o grupo que mais contribuiu para que o pelicano se tornasse um símbolo místico por excelência foram os cátaros. Os sacerdotes dessa seita, que entre os séculos XI e XII se tornaram os principais opositores da Igreja Católica na Europa, chamavam a si mesmos de “popelicans”, termo de gíria francesa formado pela contração da palavra pope (papa) com pelican (pelicano). Significa, literalmente, “pais pelicanos”, numa contra facção com os sacerdotes da Igreja Católica que eram considerados os predadores da lenda (no caso uma serpente, como conta Leonardo da Vinci em sua versão da lenda).

De certa forma, os cátaros, com suas tradições místicas e iniciáticas, se tornaram irmãos espirituais dos cavaleiros templários e antecessores dos rosa-cruzes e dos maçons. Condenados pela Igreja Romana por suas idéias e práticas heréticas, eles foram exterminados numa violenta cruzada contra eles movida pela Igreja em meados do século XIII.

Os cátaros chamavam a si mesmos de filhos nascidos do sacrifício de Jesus. Eles diziam possuir o verdadeiro segredo da vida, paixão e morte de Jesus, que para eles não havia ocorrido da forma como os Evangelhos canônicos divulgavam.

Na verdade, eles não acreditavam na divindade de Jesus nem na sua ressurreição, mas tomavam tudo como uma grande alegoria na qual a prática do exemplo de Cristo era a verdadeira medicina da ressurreição. E dessa forma eles a praticavam, sacrificando a si mesmos em prol da coletividade a qual serviam. Dai serem eles mesmos "popelicans.”

O Cavaleiro do Pelicano

A Maçonaria adotou a lenda do pelicano por influência das tradições rosa-cruzes que o seu ritual incorporou. Por isso é que encontraremos, no grau 18, grau rosa-cruz por excelência, o pelicano como um dos seus símbolos fundamentais. O próprio título designativo desse grau é o de Cavaleiro do Pelicano ou Cavaleiro Rosa-Cruz.

O Simbolismo do pelicano é uma alegoria que integra, ao mesmo tempo, a beleza poética da lenda, o apelo emocional do mistério alquímico e o romantismo do sacrifício feito em nome do amor.

Tanto o Cristo quanto a natureza amorosa vertem seu sangue para que seus filhos possam sobreviver.

José de Alencar, grande expressão da literatura romântica brasileira utilizou esse tema em um de seus mais conhecidos trabalhos, o poema épico Iracema.

Nesse singelo poema a índia Iracema, sem leite em seus seios para alimentar Moacir, o filho dos seus amores com o português Martim, rasga o próprio seio e o alimenta com seu sangue.

Assim, o filho da aborígene com o colonizador torna-se o protótipo do homem que iria povoar o novo mundo, a “nova utopia”, a civilização renascida, fruto da interação da velha com a nova civilização.

Seriam esses “filhos renascidos” do sacrifício da sua mãe que iriam, na visão do escritor cearense, mostrar ao mundo uma nova forma de viver?

 

PARA QUE SERVEM OS TEMPLOS E O RITUAL


 

RITO – cerimônia ou conjunto de regras cerimoniais de uma religião; culto; seita; quaisquer cerimônias; procedimentos; transmitem instrumentos e ensinamentos esotéricos, toques, palavras para perfeita identificação e cultura maçônica fechados e de uso individual para cada grau.

RITUAL – relativo a ritos; cerimonial; livro que indica os ritos ou consigna as formas que se devem observar na prática de uma religião; formalismo previamente estabelecido.

RITUALISMO – conjunto de ritos; apegos a cerimônias ou formalidades.

O que pretende um Ritual? Qual sua finalidade? O que é um Ritual?

Embora sempre demos uma conotação mágica a qualquer Ritual, na realidade sua função é permitir a compreensão de certas Leis Naturais utilizando procedimentos dinâmicos que por sua constante repetição acabam estimulando potencialidades latentes em nossa psique, despertando em nosso interior energias latentes, mas adormecidas.

Se retrocedermos historicamente nossas atenções a todos que se empenharam na criação de Rituais que pudessem preservar ideais e princípios que elevassem a humanidade a um grau de fraternidade e convívio superiores ao simples existir e a sobrevivência a qualquer custo, vemos que essa criação de sistemas, essa observância ritualística (artificial), está sempre subordinada à vida interior tendo como parâmetro a natureza e seus ciclos evolutivos.

Portanto, a simbologia e os rituais foram organizados para chamar a atenção do homem para o ritmo cíclico de toda manifestação de vida no planeta, levando-o a compreender que há uma criação ordenada que se imponha, direcionando-o a um aspecto interior, espiritual da vida.

No passado, mentes brilhantes preocupadas em manter aceso o conhecimento que transcendia o comum das pessoas, e da própria época em que viviam, operacionalizaram essas verdades de uma forma que fixasse padrões de comportamento, expressões e atitudes, que pudessem ser transmitidos, revelados e fixados. Utilizou-se de lendas, símbolos, sinais e palavras que pela sua força natural, não perderiam seu significado através do tempo e seriam compreendidos e assimilados interiormente.

Essa preservação das verdades maiores, da Tradição [1] expressa pela simbologia e rituais dependeu do grau de declínio de uma determinada época e pelas condições de vida dos grupos que constituíam seus ambientes.

O ritual e toda simbologia foram de tal forma elaborada e trabalhada, com tal arte e primor que seja qual for à dinâmica de ação, do Rito, em qualquer aspecto que se considere, traduz e procura representar ideais humanos a serem alcançados e espargidos para toda a humanidade. As Instituições exotéricas (constituídas) são “sinais” de realidades internas (esotéricas íntimas).

Toda Tradição é apenas o testemunho de verdades anteriores a livros e organizações. Se agruparmos as mais variadas Tradições, elas mostram (ou anunciam) uma analogia e constatam a existência de um tronco comum.

Historicamente, o que tem gerado a constituição e formação de modelos voltados à preservação de ideais nobres e comportamentos adequados ao convívio familiar e social, procurando manter um grau de fraternidade é: 

-lembrar aos homens que existe uma Fraternidade de Almas [2];

-compreender que há sempre um fluxo evolutivo / involutivo de manifestação e uma permanência fixa e inalterável que gera esses ciclos; manter um respeito para com aqueles que zelam, divulgam e preservam ideais e comportamentos nobres e elevados; levar os homens a abandonar sua pretensão orgulhosa de querer transformar o Universo segundo sua comodidade pessoal e convencê-los a transformar sua própria personalidade voltando-se ao Todo, à noção de que há um Criador [3] e uma Humanidade a ser preservada.

A simbologia expressada em nossos Templos [4] tem sido modificada periodicamente. Isso se constitui um afastamento do que no passado nossos antecessores queriam representar, mostrando que as mudanças operadas refletem um grau de desconhecimento de história e dos símbolos. Presenciamos e praticamos os rituais, mas não o estudamos.

Toda a simbologia maçônica tem se constituído um meio de preservar nossos ideais, nossa filosofia, nossos princípios para as futuras gerações (hoje, nós!). Os símbolos indicam uma ordem, uma harmonia, a unidade do homem, do Universo, da Criação, a similaridade do macro e microcosmo. Essa herança esotérica-cultural tem sido transmitida pelas épocas e de uma região para outra, conseguindo carregar toda a carga cultural dos diversos períodos históricos sem perder sua identidade e filosofia. Sua filosofia não se adapta, é permanente, pois baseia-­se em princípios que constituem e mantém o homem em convívio permanente procurando elevar e dignificar a humanidade.

Todo Rito é carregado de sentido. A modernização – quando vem a ocorrer de um Rito, é um contrassenso: o “arcaísmo”, ao invés de ser um defeito, representa a garantia de um longo passado.

O ritual, a ordem, a disciplina, decorrem de atitudes internas e acabam emergindo no cotidiano. Como e.g., uma empresa, uma fábrica, um pequeno grupo de trabalho, que mantém um ritmo adequado de funcionamento (rotina), poderá gerar uma maior integração e rendimento que outro carente dessa sintonia. Para que tal aconteça, todos os integrantes ou participantes devem necessariamente engajar-­se no procedimento ritualístico.

Toda natureza nos mostra disciplina e ordem que podemos traduzir como “rituais”, pois são repetitivos. O percurso do Sol, as modificações estelares [5], as estações do ano, as migrações de pássaros e animais… mostra-nos uma expressão da natureza, uma ordem universal, uma ritualística. Toda natureza segue um ritmo cósmico, apenas o homem – o único com livre arbítrio pode opor-­se a essa ordem. Quando segue esse ritmo, alimenta a disciplina espontaneamente convergindo sua existência a um equilíbrio maior, seguro e mais duradouro.

Toda instrução intrínseca nos Rituais e sua disciplina, em todas as etapas, são direcionadas (ou deveriam ser) à formação de um tipo de caráter [6] ou comportamento definido. Não importa quais sejam as diferenças ou variações na qualidade ou quantidade cultural de um aspirante à Maçonaria, o tipo de caráter ou comportamento que se deseja é sempre o mesmo em qualquer Rito.

Isso tem marcado de maneira visível e impressiona pelo fato de que todos os detalhes ritualísticos são direcionados de uma forma inteligente e firme para uma mudança, e se assim não for, para uma profunda reflexão sobre nossa existência e o que estamos fazendo como seres temporários deste Planeta.

A Filosofia Maçônica é uma testemunha muito antiga de organizações (instituídas ou não) culturais, morais, filosóficas e espirituais, cujas raízes remontam a civilizações de um passado longínquo, sendo um acervo das descobertas e experiências humanas reconhecidas pelo intelecto em suas diferentes épocas. É importante observar que o assunto primordial não é a Ordem Maçônica, este ou aquele Rito, ou aquele grupo de estudos, mas a verdade que ela representa, e a capacidade do estudante em distinguir entre a Verdade, a verdade parcial e a falsidade. 

As deficiências da sociedade refletem o estado de consciência das pessoas que a constituem. Os problemas não estão nas dificuldades materiais que o mundo externo nos impõe, mas nas limitações de nossa mente.

Ao profano que ingressa na Ordem é esperado uma mudança no nível da consciência, no seu modo de encarar a vida, na moral, que será o resultado da vivência do Ritual levando-o a uma interiorização e não simplesmente da aceitação plena e tácita do sistema ou doutrina conceitual.

Compreendemos que os Rituais tem se perpetuado não por inércia, mas porque correspondem a uma exigência lógica e regulamentada ditada pela experiência. Vemos uma Maçonaria realmente construtora, pois, sua função é fundamentar os princípios morais para uma humanidade esclarecida, harmonizada com o Universo e suas Leis – pois somos o Todo e cada uma de suas partes.

Esses princípios são baseados em Leis maiores [7], superiores que se tem manifestado aos homens, de formas diferentes através das épocas, e nos parece, apreendida conforme o grau de consciência vigente em seu período histórico.

Todo esse conhecimento e sabedoria foi inserido com extrema habilidade pelos “artesãos da mente” no interior dos nossos Templos, através de toda simbologia expressa nos “ornamentos” do Templo e em nossos rituais. Como exemplo temos a Iniciação, que deriva do latim “initium” significando “começo”, um meio ou processo de compreensão.

O candidato recebe uma perspectiva de novos conhecimentos e orientação de vida; pode se libertar de certas concepções e crenças falsas. Simbolicamente é guiado das trevas da ignorância e introduzido na luz maior da compreensão. É proporcionado um caminho pela introdução de um simbolismo tradicional que incorpora verdades universais, mostrando uma nova possibilidade de compreensão.

É uma experiência íntima! A experiência por que passa e os pensamentos que teve durante a cerimônia, provocam uma expansão da consciência, uma profunda compreensão (nem sempre consciente) sobre a vida e os homens.

O símbolo fala ao interior e assim deve se compreendido. O uso da razão, por vezes, dificulta e restringe a compreensão de seu significado. Ela – a razão – é necessária no estudo simbólico, mas a interiorização, o conhecimento com consciência de seu significado é interior, aparece como um lampejo é a certeza do saber.

Nos diversos Ritos prega-se um pragmatismo [8] – por vezes exagerado – da busca pessoal não levando em consideração as diferenças individuais das personalidades, da cultura pessoal, da formação familiar ou profissional, do ambiente em que vive e se relaciona, forçando o estudo e pesquisa pela própria conta do Irmão, deixando de lado todo um acervo de conhecimento e orientação, objetivos e simbólicos, acumulados no tempo pelos “artesãos da mente”, pois, se esse acervo fosse organizado e compilado em forma didática, seriam elementos auxiliadores que facilitariam a compreensão da verdade e sua utilidade prática como queremos em todos os Ritos.

Todo momento resume o passado com todo seu conteúdo e contém a linha do futuro com todos os desdobramentos decorrentes. Manter o equilíbrio alcançado é continuar a evolução do indivíduo, da qual ele é a primeira e a mais sólida base para a evolução da coletividade.

Todos os Ritos dão plena liberdade de pensamento e expressão, liberdade esta que citando Teócrito de Corinto, filósofo grego do século II da era vulgar, “que podem privar um homem de seus sentidos, mas o direito de pensar está acima das violências e das repressões“.

Não há abuso mais abominável do que o desejo de controle sobre o pensamento, já que não se caracteriza como um crime contra a pessoa, mas sim contra uma espécie, uma vez que o pensamento é o atributo distintivo da espécie humana.

É um crime que ficou sempre no terreno das tentativas e pelo fato de não se consumar, não quer dizer que não se caracterize a criminalidade. Só na hipótese de se tentar sufocar o pensamento de um semelhante, o autor comete um crime contra todos e contra si mesmo, porque em primeiro lugar, tolhe uma oportunidade de expressão e em segundo, pode bloquear uma verdade pelo motivo de que talvez não venha a lhe agradar.

Encerramos este ensaio com um conto de Chuang­ Tzu, escritor taoista cuja existência se deu por volta de 350 a.C., “O Duque de Hwan e o Fabricante de Rodas”:

“O mundo valoriza os livros, e acha que, assim fazendo, está valorizando o Tao. Mas os livros apenas contem palavras. Apesar disso, algo mais existe que valoriza os livros. Não apenas as palavras, nem o pensamento das palavras, mas sim algo dentro do pensamento, balançando-o numa certa direção que as palavras não podem apreender. Mas são as próprias palavras que o mundo valoriza quando as transmite aos livros: e, embora o mundo as valorize, estas palavras são inúteis enquanto aquilo que lhes der valor não é honrado.

O que o homem apreende pela observação é apenas forma e cor externas, nome e som; e ele crê que isto o colocará de posse do Tao. A forma e a cor, o nome e o som não atingem a realidade. Daí a explicação de que: “Aquele que sabe não diz, aquele que diz não sabe”. Como irá o mundo, então, conhecer o Tao por meio de palavras?”

O Duque Hwan, de Khi, o primeiro da dinastia, sentou-se sob o pálio lendo filosofia;

E Phien, o carpinteiro de rodas, estava fora, no pátio fabricando uma roda. Phien pôs de lado o martelo e a entalhadeira, subiu os degraus, e disse ao Duque Hwan:

– Permiti-­me perguntar-vos, Senhor, o que estais lendo?

Disse-­lhe o Duque: 

– Os peritos. As autoridades.

E Phien perguntou-­lhe:

– Vivos ou mortos?

– Mortos há muito tempo.

– Então, estais lendo apenas o pó que deixaram atrás.

Respondeu o Duque: 

– O que sabes a seu respeito? És apenas um fabricante de rodas. Seria melhor que me desses uma boa explicação, senão morrerás.

Disse o fabricante: 

– Vamos olhar o assunto do meu ponto de vista. Quando fabrico rodas, se vou com calma, elas caem se vou com muita violência, elas não se ajustam. Se não vou nem com muita calma, nem com muita violência elas se adaptam bem.

O trabalho é aquilo que eu quero que ele seja. Isto não podeis transpor em palavras: tendes apenas de saber como se faz. Nem mesmo posso dizer a meu filho exatamente como é feito, e o meu filho não pode aprender de mim. Então, aqui estou, com setenta anos, fabricando rodas, ainda!

Os homens antigos levaram tudo o que sabiam para o túmulo. E assim, Senhor, o que ledes é apenas o pó que deixaram atrás de si. ” 

 Autor: José Eduardo Stamato

ARLS Fraternidade Universitária de Santo André nº 3417 (Rito Moderno) – GOSP – GOB

Notas

[1] – Tradição –… transferência; ato de conferir; recordação; memória; rotina; notícia de fatos puramente históricos de acontecimentos de qualquer natureza transmitidos através do tempo e que, por vezes, sem alguma prova autêntica se tem conservado. Do latim “traditio”: ação de entregar. Fenômeno pelo qual os grupos humanos transmitem de geração em geração seu patrimônio cultural. Pode ser um obstáculo ao progresso; o apego a formas tradicionais que se tornaram obsoletas pela própria evolução da vida, esteriliza a capacidade criadora e o espírito de renovação, que são também fatores decisivos de progresso. Da mesma forma rejeitar alguma coisa unicamente porque é tradicional, também é uma atitude irracional. Muitas coisas se perpetuam não apenas por uma simples inércia social, mas porque correspondem a exigências permanentes do grupo.

[2] – Fraternidade de Almas – consideramos o termo Alma como sendo aquela essência (ou partícula) que vivifica todo ser humano tornando-­se parte inseparável dele e devido a essa unidade, todos os seres humanos são essencialmente idênticos entre si apesar da imensa diversidade de sua condição exterior. Disso deriva a necessidade do altruísmo, amor, tolerância, concórdia que deverá reinar em todos os membros da grande família humana, formando uma Fraternidade de Almas.

[3] – Criador – essência única que possibilita a formação, o aparecimento das partículas primárias que dão origem a todas manifestações objetivas que conhecemos.

[4] – Templo – maçonicamente é o edifício onde se reúnem as Lojas ou trabalham os irmãos em Loja. Local onde a interiorização e a harmonização são facilitadas e onde a “verdade” é buscada. Constitui um elemento quase permanente dos grupos humanos surgindo através da história com as características de cada cultura. Acabam sendo uma fonte primordial para o conhecimento dos respectivos povos que o erigiram como os egípcios, assírios, babilônios, fenícios, judeus, persas, gregos, etruscos e tantos quantos existiram. Sua arquitetura acompanhou o progresso da cultura em geral. Loja – em suas origens a palavra designava o local onde os maçons operativos se reuniam fora do canteiro de obras, formando um agrupamento de maçons de um determinado canteiro. Oficina – termo genérico designando qualquer agrupamento maçônico: loja, capítulo, conselho filosófico… Na linguagem corrente, todavia, a palavra tornou-­se sinônimo da palavra Loja.

[5] – Tendo-­se como parâmetro nossa observação feita da superfície do planeta.

[6] – do grego “character” de charássein significando gravar. Etimologicamente quer dizer “coisa gravada”. Pode ter dois sentidos diversos: 1º – como conjunto de disposições psicológicas e comportamentos habituais de uma pessoa, isto é, a personalidade concreta. 2º – relacionada à vontade, e nesse caso conota as idéias de energia, honestidade e coerência; é nessa acepção que falamos em homem de caráter. Os elementos do caráter são passíveis de variação, evoluindo. O caráter pode ser alterado mediante o poder que o indivíduo tem sobre seus hábitos: o meio e a profissão podem ser modificados, e o próprio regime da imaginação pode sofrer mudanças através de novas experiências. O homem de vontade é, precisamente, aquele que sabe criar para si um caráter e que, por esse caráter, orienta sua própria conduta. (Peq. Encicl. Moral e Civismo – MEC)

[7] – Uma dinâmica revelada através de nossa percepção consciente.

[8] – Pragmatismo – doutrina filosófica que adota como critério da verdade a utilidade prática, identificando o verdadeiro com o útil.

Bibliografia

A Gnose de Jung – Stephan A. Hoeller – Ed. Cultrix

A Teia da Vida – Fritjof Capra – Ed. Cultrix A Via de Chuang Tzu – Thomas Merton – Ed. Vozes

Dicionário da Franco-­Maçonaria e dos Franco­-Maçons – Alec Mellor – Ed. Martins Fontes

Dicionário de Maçonaria – Joaquim Gervásio de Figueiredo – Ed. Pensamento

Glossário Esotérico – Trigueirinho – Ed. Pensamento

Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo – MEC

Ritual do Grau de Aprendiz – Rito Moderno

VELHOS MAÇONS, NOVA MAÇONARIA


 

A maçonaria ainda é forte e respeitada pelo sigilo que a envolve tornando-a misteriosa para a sociedade profana, que vê nos maçons gente diferenciada e capaz de promover mudanças no meio em que atua.

 Nos últimos tempos sabemos que a Ordem perdeu espaço e deixou de trabalhar tão dedicadamente pelo engrandecimento do homem, da comunidade e da pátria, como fazia antigamente.

Sinto que em alguns aspectos Ela caminha lenta e não vai além dos limites de seus muros, o que contraria sua filosofia de avançar e levar a todos o conhecimento e a capacidade de mobilização que sempre teve, e que precisamos fazer ressurgir para não trairmos nossa vocação de sociedade moderna e progressista.

O desinteresse de alguns e a falta de disciplina de muitos de seus membros, tem nos levado a momentos de desânimo e falta de vontade para enfrentar a vida que pulsa fora dos templos.

Precisamos arregaçar as mangas dos balandraus e “meter a mão na massa”, erguer colunas firmes e ao mesmo tempo por abaixo os muros da apatia, da falta de vontade e laborar mais.

Como poderemos sair deste momento desfavorável e iniciar uma nova fase de progresso, se ainda se ouvem lamentos menores e sem sentido desde o oriente ao ocidente que ecoam em todas as latitudes dos templos?

Uns dizem “é um eterno bater de malhete” ou “o venerável não faz nada” ou ainda  “me desiludi com a ordem” e na hora do trabalho não participa no grupo minoritário que sempre leva a Loja “nas costas” segurando na corda de 81 nós, enlaçando os irmãos em união de pensamentos e de objetivos.

Aos desmotivados perguntemos: quando foi a última vez que você apresentou um trabalho em Loja, ou fez uma sindicância, ou ligou para o venerável para ao menos saudá-lo?

E a um irmão enfermo, quando fez uma visita?

E mais, tem ele motivos justificados para seu alto índice de absenteísmo?

Ouço dizer que precisamos escolher bem os profanos para Iniciar na maçonaria, mas, e nós, fomos boa escolha?

Devemos começar uma fase revigoradora pelo estudo da filosofia chamando todos à responsabilidade, exigindo que cada um cumpra seu papel.

A ordem maçônica não tem inimigos externos declarados, capazes de derrubá-la.

Sua fragilidade está dentro de seus próprios templos, com membros apáticos em estado quase letárgico, incapazes até de refutar ordens Superiores que insistem no retrocesso e semeiam desunião e ódio.

Aprender é fácil, basta uma leitura detalhada do ritual, um mínimo conhecimento de nossas leis, ou uma consulta a um mestre estudioso de nossa filosofia, e ler boas obras de maçons estudiosos (Spoladore, Xico Trolha, Castellani, Varoli Filho e outros) que nos ensinem como deve se comportar um maçom em sua Loja, e no seio da sociedade em que vive.

A Ordem é secular, mas seus objetivos são do 3º milênio, atualíssimos apesar de nós.

Ir Laurindo Roberto Gutierrez

Loja Maçônica Regeneração III - Londrina- PR - Maio/2009

 


ANO NOVO MAÇÔNICO


 

O calendário maçônico é a maneira particular utilizada pelos maçons para numerar os anos e designar os meses.

O ano um do calendário maçônico é o Ano da Verdadeira Luz – Anno Lucis em Latim. Ele marca o início da Era da Verdadeira Luz (VL). Antes que o Anno Lucis aparecesse a partir do século XVIIIe nos documentos ingleses, os temos Anno Masonry e depois  Anno Latomorum , Anno Lithotomoru ou Anno Laotomiae (Era dos Cortadores de Pedra)

1. A datação do Ano da Verdadeira Luz seria baseada nos cálculos de James Ussher, prelado anglicano nascido em 1580 em Dublin. Ele tinha desenvolvido uma cronologia começando com a criação do mundo segundo o Genesis que ele estimava em 4000 A.C. baseando-se no texto Massorético ao invés da Septuaginta 

2. O Pastor Anderson a defendeu em suas Constituições de 1723 para afirmar simbolicamente a universalidade da Maçonaria através da adoção de uma cronologia supostamente independente de particularidades religiosas, pelo menos no contexto britânico da época. A data escolhida para o início da Era maçônica é 4000 antes da Era Comum.

O ano maçônico tem a mesma duração do  ano gregoriano, mas começa em 1° de Março como o ano Juliano ainda em vigor na época da redação das Constituições de Anderson. Ela tomou o milésimo do ano gregoriano em andamento e aumentou 4000, os meses são designados apenas por seus números ordinais.

Exemplos:

 29 de Fevereiro de 2004 era o  29° dia do 12° mês do ano 6004 da Verdadeira Luz

O ano maçônico tem duas festas:  São João de Verão (João Batista, comemorado em 24 de junho) e São João de Inverno (João Evangelista, comemorado em 27 de Dezembro), coincidindo simbolicamente com os solstícios.

FONTE: BIBLIOT3CA FERNANDO PESSOA

E-Mail: revista.bibliot3ca@gmail.com – Bibliotecário- J. Filardo

 

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