EM TEMPO DE GUERRA, A LUCIDEZ POSSÍVEL


Todos vamos vendo as imagens. Todos nos sentimos indignados com a barbárie, com a inútil destruição, com a contabilidade, sempre crescente, do número de mortos. Todos nos emocionamos com as imagens de mulheres, idosos e crianças em fuga desesperada aos horrores da guerra que lhes bateu à porta e, sem pedir licença, lhes entrou pela vida dentro.

A primeira reação é tomar partido. A nossa simpatia vai para quem foi agredido, todos os que foram agredidos. A nossa condenação, dirigimo-la ao agressor, a todos os agressores. Logo de seguida – e muito bem! – desperta a nossa solidariedade, a busca de meios para ajudar quem sofre.

É natural, é humano, horrorizar-nos com o horror, solidarizar-nos com a vítima, condenar o agressor. É quase que instintivo fazê-lo. As nossas emoções impelem-nos a tal. Qual pintura impressionista, retemos a noção geral de que os agredidos, a Ucrânia e a população ucraniana, são as vítimas e que os russos são insensíveis agressores. De um lado os bons, do outro os maus.

Mas a nossa Razão, sendo influenciada pela nossa Emoção, deve impelir-nos a ir para além dela. Se tivermos o cuidado de verificar alguns dados, saberemos que, segundo o censo ucraniano de 2001, mais de oito milhões de residentes na Ucrânia (um pouco mais de 17 % da população total) são russos. É certo que no Dombass, a região mais a leste da Ucrânia, vivem – ou viviam? – cerca de quatro milhões e meio de russos e que esta região não é atacada pelas tropas às ordens de Putin.

Mas ainda sobram cerca de três milhões e meio de russos que vivem – ou viviam? – no resto da Ucrânia e que, por isso, sofrem também bombardeamentos, também têm que se abrigar no subsolo ou onde puderem, também estão tão cercados ou atacados como o resto dos seus concidadãos. Um morteiro ou míssil russo, ao explodir, tanto pode matar ucranianos como russos.

Não obstante, neste confronto entre Vladimir Putin e Volodymyr Zelenski, naturalmente que a nossa simpatia vai para este, a nossa condenação para aquele.

Mas temos que ter em atenção que muitos mais Volodymyr há na Ucrânia e muitos mais Vladimir há na Rússia. E que, se é certo que muitos desses Volodymyr são heróis como o seu Presidente que resiste, outros não o serão tanto assim e seguramente que também alguns haverá que não são flor que se cheire… E, no outro lado, nem todos são filhos de Putin!

Isto é facilmente entendível pela nossa Razão, mas dificilmente aceite pela nossa Emoção. Mas, em tempos de conflito, se temos de atender à nossa Emoção, temos que deixar que continue a ser a nossa Razão a sobrepor-se, a ter a última palavra. Senão, nós próprios cometemos injustiças que, para além de o serem, são sobretudo estúpidas!

Nos últimos dias, vimos e ouvimos notícias de que, cá pelo burgo, nas nossas escolas, crianças russas estavam a ser atacadas, injuriadas, agredidas, só por serem… russas. Mas que culpa têm as crianças de terem nascido num lugar e não em outro, de terem pais de uma nacionalidade ou grupo étnico e não de outro?

Este exemplo, infelizmente real, mostra-nos que não podemos, não devemos, ver o Mundo a preto e branco, os maus de um lado, os bons do outro. Nem todos os russos são agressores (aliás, suspeito, que muitos são, em primeiro lugar, oprimidos…), nem, seguramente, todos os ucranianos gostaríamos de ver casados com as nossas filhas…

Solidariedade e auxílio ao Povo Ucraniano, sim! São os agredidos, batem-se heroicamente em defesa da sua terra, das suas casas, das suas famílias, e merecem todo o apoio que lhes pudermos dar.

Mas tenhamos a lucidez de entender que, do outro lado, não podemos generalizar e classificar todos como os maus, os agressores, os violentos. Do outro lado, também há já milhares de detidos por se manifestarem contra a agressão à Ucrânia. E certamente que muitos combatem só porque são obrigados a fazê-lo.

Nesta guerra, não se trata de um Povo atacar outro. Trata-se um Poder Político atacar outro, indiferente ao sofrimento que causa aos Povos, o do outro e o dele próprio.

Sanções ao país agressor, sim, mas com a noção de que o sofrimento que se inflige ao povo do país agressor não se destina a punir, a castigar, esse povo, mas sim a induzir a cessação da agressão, talvez até por revolta desse povo contra o verdadeiro agressor.

Solidariedade e apoio aos agredidos, sim. Condenação ao agressor, também sim. Mas não deixemos de identificar bem quem é o agressor e quem apenas é utilizado, mandado, quiçá obrigado, por ele.

Esta distinção entre quem na realidade agride, manda agredir e obriga a agredir (e, não sejamos ingênuos, não é só Putin, é ele e toda uma clique que se assenhoreou do poder, para benefício próprio e não do povo que governam) e quem apenas obedece porque tem de obedecer, porque a revolta só é possível quando estão reunidas as condições para que ela possa emergir, é essencial, em termos de futuro.

Porque, por muito difícil, por muito desesperada, por muito horrível que esteja a situação atual, há algo que não podemos olvidar: tal como à Tempestade sucede a Bonança, depois da Guerra há de vir a Paz.

Em tempos de guerra, temos o dever de ajudar quem sofre, quem é agredido, mas não podemos perder de vista que há que preservar as condições para que, o mais brevemente possível, se alcance a Paz. A guerra pode ser desencadeada, pode ser mantida por qualquer detentor do Poder.

Mas a Paz, essa, só é possível entre Povos. Muitas feridas haverá que cicatrizar para que, da mera deposição das armas, se chegue à verdadeira Paz. Para que tal se consiga, temos que ter e transmitir a noção de que os Povos não são inimigos, que o inimigo é quem desencadeia, propicia e mantém a guerra. Porque os Povos, de um e do outro lado, o que anseiam é pela Paz.

Portanto, condenação de Putin e dos filhos de Putin que constituem a clique que lançou e mantém esta barbárie, auxílio ao Povo Ucraniano, mas também solidariedade com quem, de um e do outro lado, quer a Paz e é obrigado, por vontade de alguns, a suportar a guerra.

Solidariedade, principalmente, com todas as crianças, de um e do outro país – e com as crianças russas em Portugal -, que não têm culpa nenhuma dos desvarios dos detentores do Poder.

 Rui Bandeira

A PALAVRA ESTÁ PERDIDA


 

Uma pesquisa iniciática através de um dos maiores mistérios maçônicos Assim diz uma das passagens rituais mais importantes de toda a Maçonaria: "O templo material foi destruído, tudo está escuro sem nosso Mestre, a palavra está perdida!

Mas qual é a "palavra"? A palavra, entendida como abstração simbólica, surge ao lado da ação ou do objeto que representa. É, portanto, uma unidade convencionalmente universal, ou como disse De Saussure: “de um significante que leva a um sentido”; presente em toda linguagem humana formalizada, a palavra é um verdadeiro "átomo comunicativo".

Etimologicamente, deriva do latim medieval "paraula", por sua vez derivado do termo latino imperial tardio: "parábola". Como sugere a própria etimologia, originalmente seu sentido arcaico indicava um ensinamento, um discurso, um raciocínio derivado de um pensamento, exatamente como os helenos também o entendiam: um Logos de fato.

Com a afirmação do Cristianismo, o único Logos concebido sobre o qual especular o mero raciocínio aceitável, a única "parábola" a ser compreendida, passou a ser o do Evangelho. Então, ao atenuar o sentido primitivo, a "palavra", versão vulgar da Parábola, acabou indicando um ditado, uma forma simples de dizer, um Lema, substituindo o termo falado do latim clássico "verbum", e por extensão, para qualquer articular a voz pretendendo um conceito.

Daí o uso mais comum e dessacralizado da "Palavra". Mas o que é a Palavra então? Voltando à Lenda Maçônica de Hiram, a princípio alguém pode pensar que a “Palavra Perdida” é a palavra de passagem que os três companheiros assassinos pediram insistentemente ao Mestre Púnico a fim de roubar os segredos do Templo de Salomão.

Mas, ao analisar melhor o contexto histórico, talvez possamos discernir um significado mais profundo do que um mero pedido de senha. Anzztes de mais nada, é preciso lembrar que na antiguidade todo ato era sagrado, portanto, o simples ato de falar e construir também eram sagrados. Isso nos leva a pensar que Mestre Hiram Abiff não estava ali na simples qualidade de Mestre Chefe, mas naquele exato momento ele desempenhava um papel hierático.

Deste ponto de vista, o assassinato hiramítico assume um significado sacrílego maior, uma vez que os três colegas artistas não simplesmente cometeram um assassinato, mas mancharam um lugar sagrado com palavrões.

Tendo estabelecido que a "palavra" nos tempos antigos tinha um significado sagrado e esotérico, perguntamo-nos se a palavra perdida "desde o início dos tempos" não tinha um significado mais articulado e extenso para os antigos do que hoje.

E aqui, então, que o estado de desconforto, ausência, falta em que o Irmão se aflige em busca da Parábola-Logos perdida, pode ser parcialmente preenchido pela opinião dos Antigos; quem pode nos ajudar neste processo de pesquisa e compreensão.

Os pré-socráticos nos dizem que a Palavra é o princípio supremo da realidade, então isso a faz parecer ordenada para nós. Os orientais nos ensinam que a Criação do Universo seria representada pelo som da vibração de uma sílaba sagrada: o Om (ou Aum).

Para Platão, o Logos era a racionalidade humana, que se expressava em sua forma mais elevada de consciência. Para Lo “Stagirita” (Aristóteles), era o conceito ordenador da realidade obtido por meio da abstração. Para os neoplatônicos, foi a emanação direta do Primeiro Princípio, indicando o Intellectus.

No início joanino, encontramos até o Logos associado ao próprio Deus. Disto podemos deduzir que a montante da Palavra deve haver uma Idéia, um Projeto, que se manifestará transmitindo-o com a própria Palavra. Esse som emitido dá origem a uma figura geométrica, um logotipo, que fecunda a Mãe-Terra, dando origem à Vida.

Este é o processo criativo, é o VERBODEUS que geometriza, dando novas formas à matéria. De fato, o grande Pitágoras afirmava que: “Deus geometriza” e que “a geometria das formas é música solidificada”. O som da palavra-parábola pode, portanto, gerar formas sonoras estruturando a matéria.

Ainda hoje, em seu sentido profano, a parábola também é definida como um lugar geométrico. Se a Palavra é um discurso criativo e, portanto, um Logos; levanta-se a suspeita de que o mito de Hiram nada mais é do que um símbolo, um logotipo, do qual perdemos a interpretação original.

Falar da Palavra, portanto, significa fazer um raciocínio sobre o Raciocínio. Seguindo a Tradição Hermética podemos deduzir equivalências simples, a saber: uma palavra é composta de letras, cada letra corresponde a um som, cada som é equivalente a um número, um número a uma vibração, cada vibração cria uma figura geométrica, o logotipo geométrico é uma semente que fertiliza a matéria gerando vida.

Pode-se deduzir de tudo isso que as vibrações do som, através da Geometria, determinam os Princípios Absolutos de Máthema (Ciência absoluta para os Helenos, simples matéria de estudo numérico para o vulgar de hoje) e que tudo no Universo foi criado com o Verbum; logo, com geometria e com número. Talvez neste ponto possa ser hipotetizado que a "parábola" perdida é simplesmente a incapacidade dos homens de retornar ao seu estado edênico original, onde no início o Homem-Deus manifestou sua capacidade criativa através do som de sua própria Palavra.

Mas, talvez, haja um significado ainda mais profundo, uma verdade escondida atrás do véu de Ísis: como o silêncio também tem uma frequência, o silêncio também tem um som; o som do Silêncio, sendo, portanto também uma “Parábola”, leva-me a refletir que talvez a Palavra nunca se tenha perdido, simplesmente não é ouvida.

Por Luca Fiore Veneziano

Fonte: www.civico20news.it

DIFERENÇAS RITUALISTICAS ENTRE RITOS


 

Venerável: Existente em todos os Ritos senta-se no Oriente, a cadeira onde está sentado tem diferentes nomes: No Rito Os Oficiais e suas posições no Templo: Moderno: Cadeira de Salomão e a mesa chamam-se Triângulo da Sabedoria, todas as mesas chamam-se triângulos. Nos Ritos Escocês Antigo e Aceito, Adonhiramita e Brasileiro: à mesa chama-se Altar e à cadeira chama-se Trono de Salomão. No Rito de Schröder: a mesa do Venerável chama-se Altar. No Rito York ou Emulation Rite Todas as mesas são chamadas de Pedestais.

Past Master: É o último Venerável, só existe no Rito de York e no Emulation Rite e senta-se à esquerda do Venerável. O emprego em outros Ritos é indevido. No Rito Schröder, na Alemanha usa-se “Alt Meister” ou “Alt Sthulmeister”, ou seja Ex-Mestre da Loja ou Ex-Mestre da Cadeira, no Brasil começaram a chamar de Past Master. Nos demais Ritos devem ser chamados de ex-Veneráveis ou de Mestres Instalados, embora cerimônia de Instalação seja característica apenas do York e Emulation.

1º Vigilante: Existente em todos os Ritos, chamado no Emulation e York de Senior Warden.

No Rito Moderno e no Rito Adonhiramita está situado no Ocidente a sudeste, junto à coluna B. No Rito de York e de Schröder no Ocidente, bem de frente do Venerável, na linha do Equador. No Rito Escocês e Brasileiro no Ocidente a noroeste, junto à Coluna B (colocação inversa à do Rito Moderno.)

2º Vigilante: Existente em todos os Ritos, no Emulation de Junior Warden. No Rito Moderno e no Rito Adonhiramita está situado no Ocidente, a noroeste, junto à coluna J. No Rito de York e no de Schröder na coluna do Sul, no meio dos irmãos. No Escocês, anteriormente, ficava na posição inversa à do Rito Moderno, atualmente, copiando o Rito de York, passou a se colocar no meio da coluna do Sul, da mesma forma aconteceu como Rito Brasileiro.

Orador: Não existe no Rito de Schröder, sendo nomeado um Irmão esporadicamente, que se senta à esquerda do Secretário. No Rito de York, chama-se Capelão, está colocado na mesma posição que no Rito Moderno e Adonhiramita, ou seja, no Oriente, junto à balaustrada e à esquerda do Venerável. No Escocês coloca-se à direita do Venerável, anteriormente, era à esquerda (basta ver a posição do sol em Lojas do Rito Escocês de construção antiga). No Rito Brasileiro a posição é a mesma que no Escocês.

Secretário: Existente em todos os Ritos. No Rito Moderno e Adonhiramita fica situado no Oriente junto à balaustrada, à direita do Venerável. No Rito Brasileiro e Escocês, na posição inversa. No Rito de York fica na Coluna do Norte, onde fica o Chanceler no Rito Moderno. No Rito de Schröder na coluna do Sul, onde fica o Tesoureiro no Rito Moderno, não é eleito, é nomeado.

Cobridor: No Rito de Schröder esta função é exercida pelo 2º Diácono Adj., também chamado Guarda do Templo. Nos ritos em que existe Cobridor ele se coloca junto à porta de entrada, sendo que no Rito Moderno deve ficar bem de frente do Venerável, na linha do Equador.

Tesoureiro: Existente em todos os Ritos. Nos Ritos Moderno, de York e Adonhiramita fica no Ocidente, na coluna do Sul junto à balaustrada, a sudeste. Nos Ritos Escocês e Brasileiro a nordeste. No Rito de Schröder na coluna do Norte, a nordeste, mais ou menos na posição do Chanceler no Rito Moderno. 

Chanceler: Não existe nos Ritos de York e de Schröder. Nos Ritos Moderno e Adonhiramita senta-se a nordeste, frente ao Tesoureiro. Nos Ritos Brasileiro e Escocês senta-se a sudeste. No Rito Brasileiro o Chanceler faz também o papel de Hospitaleiro. 

Mestre de Cerimônias: Nos Ritos Moderno e Adonhiramita, no Ocidente, à nordeste, sentado à frente do Chanceler. No Rito Escocês e à sudeste. No Rito Brasileiro à nordeste, frente ao Tesoureiro, existe também um 2º Mestre de Cerimônias que se senta à sudeste. Não existe no Rito de York. No Rito de Schröder a função é exercida pelo 1º Diácono. Normalmente as propostas, nesses Ritos, são apresentadas diretamente ao Venerável.

Hospitaleiro: Nos Ritos Moderno e Adonhiramita senta-se à sudeste na frente do Tesoureiro. No Rito Escocês senta-se à nordeste, também à frente do Tesoureiro. Nos demais Ritos não existe, sendo que no Brasileiro o giro do Tronco é feito pelo Chanceler, que tem a função de Hospitaleiro e nos de York e Schröder pelo 2º Diácono. 

Diáconos:  Não existem nos Ritos Moderno e Adonhiramita. O 1º Diácono, nos Ritos Escocês e Brasileiro sentam-se no Oriente, à direita do Venerável abaixo do sólio; no Rito de York, no Ocidente, à direita do Secretário, e no de Schröder à esquerda do Tesoureiro. O 2º Diácono, nos Ritos Escocês e Brasileiro à direita do 1º Vigilante. No Rito de York e de Schröder também à direita do 1º Vigilante. No Rito de Schröder há um 2º Diácono Adjunto que senta-se à entrada do Templo, exercendo também a função de Cobridor.

Expertos: Não existem nos Ritos de Schröder e de York. No Rito Moderno e no Adonhiramita o 1º Experto fica à esquerda do 1º Vigilante, o 2º Experto à esquerda do 2º Vigilante e o 3º Experto atrás do 1º Experto. No Ritos Escocês e Brasileiro o 1º Experto, à noroeste, fica à direita do 1º Vigilante, na frente do 2º Diácono, e o 2º Experto à sudoeste.

Porta Bandeira: No Rito Moderno fica no Oriente, à direita de todas as autoridades, atrás do Secretário. Nos Ritos de York e Schröder não existe. Nos outros Ritos que o colocam em posição diferente da do Moderno deverão mudar, pois a Bandeira no Templo deve ficar conforme determina de lei profana.

Porta Estandarte: No Moderno fica no Oriente, atrás do Orador. Nos demais Ritos do lado oposto ao Porta Bandeira. 

Arquiteto: Nos Ritos Moderno e Adonhiramita fica ao lado do Mestre de Cerimônias. Nos Ritos Escocês e Brasileiro à direita do 2º Experto. Nos demais Ritos não é designado. 

Mestre de Banquetes: Nos Ritos Moderno e Adonhiramita ao lado do Hospitaleiro. Nos Ritos Escocês e Brasileiro à direita do Cobridor. Nos demais Ritos não é designado. 

Mestre de Harmonia: Nos Ritos Moderno e Adonhiramita senta-se na coluna do Norte, junto à parede ocidental. Nos ritos Escocês e Brasileiro, na coluna do Sul, junto à parede ocidental. No Rito de Schröder senta-se à esquerda do Venerável, à altura de onde se senta o Orador no Rito Moderno. No Rito de York não há designação oficial.

Mestres sem cargo: Nos Ritos Moderno, Adonhiramita, Brasileiro e Escocês sentam-se nas primeiras fileiras das colunas, Norte ou Sul. Nos Ritos de York e Schröder podem sentar-se nas colunas do Sul ou Norte, mas não nas primeiras fileiras.

Companheiros: Nos Ritos Moderno, Adonhiramita e Escocês sentam-se na última fileira da coluna do Sul. No Rito Brasileiro na última da coluna do Norte. Nos Ritos de York e de Schröder na primeira fileira da coluna do Sul.

Aprendizes: Nos Ritos Moderno, Adonhiramita e Escocês sentam-se na última fileira da coluna do Norte. No Rito Brasileiro na última da coluna do Sul. E nos Ritos de York e de Schröder na primeira fileira da coluna do Norte.

Autoridades, Dignidades e Mestre Instalados em todos os Ritos sentam-se no Oriente.

Sinal de Ordem: Todos os Ritos tem o mesmo Sinal de Ordem que o Rito Moderno.

Saudação: Ela é feita nos demais Ritos da mesma forma que é feita no Rito Moderno.

Sinal de Abstenção: Existe apenas no Rito Adonhiramita, que é colocar as mm.·. acima da cab.·., nos outros Ritos geralmente se fica de pé e à ordem.

Sinal de Obediência: Existe apenas no Rito Brasileiro, e consiste em se colocar a m.·. d.·. sobre a e.·. sobre o av.·..

Sinal do Rito: Existe apenas no Rito Brasileiro, e consiste levar a m.·. d.·. ao o.·. e.·., depois ao o.·. d.·. e estender o br.·. à frente, com a p.·. da m.·. para c.·..

Aclamação: No Rito Moderno: Liberdade! Igualdade! Fraternidade!, estando à ordem. No Rito Adonhiramita:Vivat! Vivat! Vivat!, fazendo acompanhar pelos três estalos. No Rito Escocês: Huzzé! Huzzé! Huzzé! No Rito Brasileiro: Glória! Glória! Glória! Nos Ritos de York e de Schröder não existe.

Bateria: No Rito Moderno, Schröder e Adonhiramita: -oo-o-: No Rito Escocês e de York: -o-o-o-. No Rito Brasileiro: -o-oo-.

Palavra de Passe: Nos Ritos Moderno e Adonhiramita: T.·. No Rito Schröder ela é ensinada (T.·.), com a ressalva de que está em desuso. Nos demais Ritos não existe no grau de Aprendiz. 

Palavra Sagrada: No Grau de Aprendiz: Nos Ritos Moderno, Adonhiramita e Schröder é J.·.. Nos Ritos de York, Brasileiro e Escocês é B.·., em todos eles só se dá soletrando.

Toque: No Grau de Aprendiz: Nos Rito Moderno, Adonhiramita e Schröder são iguais, dois tt.·. seguidos e um espaçado. No Rito Escocês três tt.·. seguidos na pr.·. falange do indicador. No Rito Brasileiro um t.·. espaçado e dois seguidos. No Rito de York um só t.·., que exige a palavra soletrada.

Idade: T.·. A.·.

Delta Luminoso ou Triângulo Radiante: - Com o olho que tudo vê deveria ser apenas do Rito Moderno, nos demais Ritos teístas ou deístas deveria ser a letra iod. No Rito Schröder é substituído por um triângulo com a letra G no meio, ou pelo Esquadro e Compasso também com a letra G no centro.

Paramentos: Aprendiz :Em todos os Ritos é o avental branco retangular (30x40), com a abeta triangular levantada.

Marcha: - Aprendiz :Nos Ritos Moderno e Adonhiramita: Estando à ordem, t.·. pp.·. para frente, iniciando com o dir.·. e juntando o e.·. em esq.·.. Nos Ritos Escocês, Schröder e Brasileiro, inicia-se a marcha com o p.·. e.·.. No Rito de York dá-se apenas o 1º p.·. reg.·. da Franco-Maçonaria, começando com o p.·. e.·..

Correspondência de graus: A correspondência dos Graus chamados Simbólicos é igual em todos os Ritos. Aprendiz, Companheiro e Mestre. Já nos chamados Graus Filosóficos, (não se deve chamar de filosofismo, posto que é um erro crasso, tendo em português um sentido pejorativo de falsa filosofia) há diferenças. Os Ritos de York e Schröder não o cultivam, o York –Americano, Maçons do Real Arco o utilizam. Os Maçons do Schröder podem fazer os Graus Filosóficos nas Oficinas Capitulares do Rito Moderno. O Rito Moderno adotava 7 grau, atualmente adota 9, sendo que o Grau 4 (Eleito Secreto) corresponde do 4 ao 9 dos Ritos Escocês, Brasileiro e Adonhiramita (que adotava 13, adotando agora também 33). O Grau 5 (Eleito Escocês) corresponde ao 14 dos demais Ritos. O Grau 6 (Cavaleiro do Oriente) corresponde aos Graus 15 e 16. O Grau 7 (cavaleiro Rosa-Cruz) corresponde ao Grau 18. O Grau 8 (Inspetor ou Cavaleiro Kadosh) corresponde do 19 ao 30. O grau 9 (Grande Inspetor) corresponde do 31 ao 33. Os Graus acima do 7 têm característica administrativa. 

Outras Diferenças - Há, ainda, diferenças na prática ritualística, decorrentes das diferenças filosóficas, mas não cabe no presente trabalho, posto que demandaria o conteúdo de um livro. Diga-se, apenas, que o Rito Moderno, dado sua filosofia, não tem nenhuma característica cultual, ou seja, de um culto.

Eleições – No Rito de Schröder apenas o Venerável, os Vigilantes e o Tesoureiro são eleitos, os demais cargos são nomeados.

Concluindo, diríamos que as diferenças fundamentais entre os Ritos são as Filosóficas. O Rito Moderno tem uma posição adogmática, não admitindo nenhuma verdade não discutível, não pesquisada, atendendo ao Princípio Maçônico da investigação constante da Verdade.

Quanto ao entendimento do Absoluto, considerando-se um Rito racional por excelência, o tem fora da razão, portanto é assunto da crença de cada um dos Irmãos, é um problema de foro íntimo, que não se pode perscrutar nem impor a qualquer Irmão.

Os outros Ritos têm característica teístas ou deístas. Motivo porque pode se intitular o Rito Moderno de “agnóstico”, o Rito, não os Irmãos que a ele pertencem, que podem ter uma prática religiosa ou não, conforme for de seu alvitre particular.

Fonte:  Ir.’. Antonio Onías Neto  

Pesquisa:  Ir.’. José Carlos Lopes 

 

A CONSCIÊNCIA DOS NOSSOS DEVERES NA ORDEM MAÇÔNICA PARA COM O PRÓXIMO E A COLETIVIDADE


 

Estimado Irmãos e Família Maçônica!

Vivemos momentos de relacionamentos e atividades com muita paixão e intensidade na sociedade, com os ânimos parecendo estar sempre em nível de tensionamento máximo.

Nós, Maçons, temos em nossos ensinamentos internos, métodos próprios, por meio da simbologia e alegorias existentes em nossos templos e rituais, para trabalhar essa tensão. Serenidade, temperança, tolerância e paciência são virtudes que o Maçom deve manter como parte intrínseca do seu ser.

Estarmos conectados conosco mesmo é primordial para lidar com o stress diário desta vida turbulenta que a atual sociedade nos remete.

O ser humano que é conectado consigo mesmo e entende suas fragilidades e seu potencial, tem maiores chances de sucesso na vida familiar, profissional e social, pois ao se compreender melhor, poderá por via das ferramentas corretas e ensinamentos próprios em nossa sagrada instituição, trabalhar todas as suas asperezas, constituindo o verdadeiro desbaste da pedra bruta.

Chamo a atenção dos nossos Veneráveis Mestres, Vigilantes, Mestres Instalados, Autoridades e Mestres Experimentados, para que ampliem os ensinamentos ritualísticos, culturais e simbólicos em suas reuniões. Precisamos buscar diuturnamente a evolução dos nossos Irmãos e estes Maçons que são experimentados na ciência e arte maçônica, têm as verdadeiras ferramentas para fomentar esse conhecimento e trazer equilíbrio aos Irmãos.

É exatamente essa a importância e proteção da tradição que tanto falamos e trabalhamos para manter. Nossos tempos de estudos são a melhor ferramenta evolutiva para o Maçom. Devemos, além de cobrar as apresentações de trabalho dos Irmãos mais jovens, instigar aqueles com mais tempo e experiência, por já terem passado no trono ou pedestal de Salomão, a cumprirem a sua obrigação de dividir essa sabedoria adquirida com todos e formarmos homens cada vez melhores.

Ser Maçom é tão grandioso que chega a ser imensurável. Temos tanto a aprender e colocar em prática em favor das nossas famílias e da humanidade, que chega a marejar meus olhos de tanta emoção.

 Ver o belíssimo trabalho filantrópico das nossas Lojas, Irmãos, Cunhadas e Sobrinhos, além de outras atividades político-sociais que tantos benefícios trazem, buscando equilibrar exatamente a tensão que a sociedade tem hoje, é notadamente nossa grande missão.

Em minhas orações diárias, agradeço cada um de vocês por continuarem essa maravilhosa missão e peço ao Grande Arquiteto do Universo que proteja todos vocês, as suas famílias e a toda humanidade. Gratidão meus Irmãos e continuamos focados em nossos estudos e crescimento espiritual.

Fraternalmente,

Mucio Bonifácio Guimarães
Grão Mestre Geral
Grande Oriente do Brasil

UMA LOJA MAÇÔNICA EXEMPLAR

Interessante quando inicia esta instrução com a palavra “ajudai-me”, o que denota um exemplo de humildade do Ven.: M.: Uma alerta: o maçom é reconhecido pelo S.: pelo T.: pela P.: e também pelos atos que pratica, sinais que se distribuem entre irmãos e atos que ultrapassam os umbrais da maçonaria, pois se esparzem entre a humanidade.

O aprendiz aprende a palavra soletrada, porque este é o aspecto de todo o início. Por ventura alguém constrói uma casa sem colocar tijolos sobre tijolos? Alguém aprende a falar sem os primeiros sons? Quem dentre vós não começou a andar engatinhando ou tropeçando nos primeiros passos?

Não sabeis vós que a lógica do universo, que o seu beabá, começa do átomo para a molécula, desta para a célula, desta para o sistema complexo, deste para o corpo humano, deste para a humanidade, desta para Deus? E que também do átomo para a substância, desta para a matéria organizada, desta para os corpos celestes, destes para os sistemas solares, destes para as galáxias, destas para todo o universo e deste para Deus? Aí está uma grande sabedoria da Maçonaria, escondida numa pequena instrução.

Nem nu nem vestido porque todo ser humano nasce igual e apto para realizar o trabalho moral que se representa pelo primeiro avental, trabalho este que é feito a partir de si alcançando todo o universo, assim como é constituída a loja maçônica.

A sustentação da loja sobre doze colunas é um chamado à representação zodiacal do número 12, que aparece intercaladamente em várias “ensinanças” dos povos, como os 12 trabalhos de Hércules, os 12 discípulos de Jesus, etc.

Para os Pitagóricos o 12 tinha grande representação, pois se vós colocardes 12 moedas em redor uma da outra, no centro ficará um espaço que corresponderá a uma 13ª moeda.

As colunas das luzes são a sabedoria (jônica) no oriente, a força (dórica) ocidente e a beleza (coríntia) no sul. A força sem beleza é estupidez. A força sem sabedoria é ignorância. A beleza sem força é fragilidade. A beleza sem sabedoria é vulgaridade. A sabedoria sem força é infantilidade. A sabedoria sem beleza é ingenuidade. O trabalho constante e harmônico destas três grandezas é maçonaria.

As figuras solicitam inúmeras explicações e não cabe ficar a noite inteira aqui falando sobre elas: duas colunas com três romãs – no livro de Rute cap.2:1 de Booz e Rute vem Obede, que gerou Jaquim, o helenita, que gerou Davi, que gerou Salomão.

No seu templo Salomão relembra Booz e Jaquim, respectivamente seu avô e trisavô, pelos seus valores morais. A romã é citada 12 vezes no velho testamento, há várias cidades antigas com o nome de romã, era venerada no Egito e toda aquela região ao seu redor, é considerada afrodisíaca, símbolo de vida, de união e muito conhecida desde Abraão, Jacó, Salomão, etc.

A pedra cúbica não sai do nada, mas da pedra bruta. Os grandes escultores o único que fazem é retirar o material que sobra da pedra, para que apareça a escultura perfeita que nela já está.

Oriente e Ocidente: é o jogo das polaridades que movimenta os mundos. Os dois pontos solsticiais: o solstício de inverno acontece em 21 de junho e o de verão em 21 de dezembro. No de inverno o dia é curto e a noite é longa, no de verão é o inverso. Lembrar que enquanto é inverno no hemisfério norte, é verão no hemisfério sul.

Esquadro, compasso, nível, prumo, maço e cinzel são o básico fundamental para que a construção seja feita com sabedoria, força e beleza. Quando você observa uma casa caindo, uma parede rachando, com certeza um destes instrumentos não foi usado adequadamente, o mesmo acontece com a construção do maçom.

No pavimento mosaico com a orla dentada, reforça-se as idéias das polaridades que sustentam o cosmos, assim como também a complexidade étnica humana que deve viver dentro de uma harmonia e união. Como ele está no solo, é sobre este terreno que deverá o maçom construir e dirigir seus passos firmes e bem assentados.

Nenhum de nós alcançará o céu sem ter uma conduta na justa medida sobre a terra. 

Nenhum de nós estará com o Eterno, sem antes não nos unirmos como irmãos entre os homens. 

Nenhum de nós conhecerá a linguagem dos anjos, sem antes construirmos uma arte dialógica harmônica e pacífica entre todos. 

Nenhum de nós conhecerá o maná do conhecimento divino, sem antes praticarmos a arte da tolerância.

POR QUE É QUE O HOMEM PRECISA DE RITOS?


 

Desde o início dos tempos, o homem é fascinado pela morte. As suas primeiras perguntas metafísicas, sem dúvida, surgiram antes da morte.

Antes da morte do outro, e antes da consciência da sua própria morte.

Então ele se perguntou sobre o significado da sua vida e o significado de tudo. Porque o homem é incapaz de estar satisfeito com o que vê. Ele deve imaginar para cada coisa uma origem, um por que, um como e um depois. Cada povo tem a sua própria cosmogonia, que é a representação do mundo e a sua criação, nas várias culturas e civilizações do mundo.

Tudo o que é incompreensível, inexplicável ou que escapa à sua razão leva-o ao esoterismo em todas as suas formas: religião, magia, ocultismo, adivinhação, bruxaria, etc. Ele forjou as suas mitologias e lendas, e foi assim que ele se tornou ele próprio; o dia em que conseguiu praticar a abstração e projetar a sua mente em direção ao imaginário e ao invisível, para o inexplicável, e finalmente para o Sagrado.

Ele inventou mitos, para explicar o que ele não entende para entender todos estes mistérios. Em todas as tradições, inventou, contou e compartilhou mitos sobre a Criação, sobre a vida e a morte. Foi o modo que encontrou para dar sentido ao que ele não pode explicar e, acima de tudo, aceitá-lo.

Se os mitos envolvem símbolos, eles também envolvem a criação e o uso de ritos e rituais, para revelar e explicar esses símbolos. Mitos, símbolos e ritos banharam a nossa consciência e, pela sua universalidade, formaram uma intuição coletiva, um conhecimento comum, que fundou as raízes culturais de cada civilização.

Um ritual é um conjunto de regras, códigos, formas fixas, organizadas e repetitivas. Uma cerimônia ritual é composta de gestos, movimentos, palavras que revelam e expressam um simbólico carregado de significado, de que cada um se apropria e faz ressonar em si de acordo com a sua própria vida. É simbólico de que todos também se podem sentir como algo muito universal e muito pessoal.

Os termos rito e ritual são frequentemente intercambiáveis, mas em geral um rito é composto de vários rituais. Assim, dentro de um rito funerário, são organizados vários rituais, como a reunião na funerária, o discurso no crematório, a dispersão das cinzas e o lanche em comum…

Para os etnólogos, o rito, organizado num ritual cerimonial específico para cada crença ou cultura, é o ato que visa direcionar uma força oculta para uma determinada ação, um objetivo comum ou individual e que consiste em gestos, palavras, ações ou atitudes adaptadas a cada circunstância. Uma das constantes do rito é a sua repetição, a sua prática é renovada de forma idêntica num contexto perpetuamente semelhante. O processo é preciso, não deixa espaço para improvisação, faz parte de uma tradição.

Existem duas categorias de ritos: os rituais periódicos comuns, que fazem parte de uma continuidade cíclica, ligada às estações do ano ou a celebrações regulares, como os cultos religiosos semanais. Existem também ritos particulares que marcam a vida e pontuam a jornada de um indivíduo.

Estes são os ritos de passagem. São mais frequentemente utilizados, fora de funções culturais específicas, para marcar os grandes momentos da vida, individuais ou sociais, ao tornar sagrados momentos especiais. Durante muito tempo, os homens comemoraram os grandes eventos da vida, como nascimento, puberdade ou morte.

Estes ritos de passagem sublinham a passagem de um estado para outro, pontuam ou celebram, em muitas civilizações ou tradições, eventos como nascimento, adolescência, casamento, luto ou iniciação. Na maioria das vezes, estas cerimônias são destinadas a ajudar o sujeito a superar a crise causada por uma mudança (feliz ou infeliz) que ocorre na sua vida. Um rito de passagem geralmente compreende três fases:

Separação forçada, onde o candidato é removido da comunidade.

Um teste, no qual se testa as suas qualidades e a sua capacidade de subir, para mudar de status.

Integração em um novo grupo, renascimento num novo estado.

Os ritos situam-se numa cronologia particular, que está na intersecção entre a eternidade, que funda o sagrado, e a datação precisa do evento, no sentido cartesiano, que divide o tempo de forma artificial.

A primeira função de um ritual é causar uma interrupção, tirar-nos da nossa vida quotidiana, dos nossos hábitos, espaço e tempo comuns. O participante encontra-se fora da vida quotidiana e, gradualmente, deixa o mundo profano, para entrar no mundo do Sagrado. Um ritual é usado para construir uma ponte entre o profano e o Sagrado.

O termo sagrado não é aqui usado como sinônimo de religioso ou relacionado com uma crença. A sua definição é muito mais ampla e depende diretamente de cada um. Existe uma imanência, isto é, a percepção pessoal do princípio do Sagrado, dessa emoção que floresce nas profundezas de nós mesmos, tanto quanto uma transcendência, que é a sensação de um princípio externo e superior, que penetra na nossa consciência. A fonte do Sagrado poderia ser: o encontro, a conjunção entre uma energia externa e algo presente profundamente dentro de nós (talvez a nossa alma?).

A percepção do Sagrado é a síntese entre imanência e transcendência; o seu impacto psíquico e espiritual é um teste avassalador e coloca-o na origem do fato religioso.

A razão nem sempre explica o que os ritos e rituais podem causar em nós. Os rituais simbolizam o inexplicável. A sua função é despertar emoções, incentivar a introspecção ou proporcionar calma, uma paz interior, e permitir que toda a comunidade viva a mesma coisa juntos, promover a aproximação e a comunhão.

Na Maçonaria, o nosso Rito Escocês Antigo e Aceite (REAA), sob aspectos misteriosos, alquímicos e esotéricos, é na realidade um sistema de pensamento que utiliza uma lógica racional muito coerente, mantendo-se muito aberto, pelas suas referências e fontes. Está localizado na confluência de várias tradições.

Se for nutrido pela espiritualidade religiosa, também recebeu bem o pensamento dos cabalistas, hermetistas e alquimistas. Tudo isso junto criou o REAA. A diversidade da sua fonte e a sua abertura ao pensamento universal gerou um método de progressão iniciática de riqueza incomparável, que permite o acesso a um conhecimento cada vez mais elevado.

O Aprendiz que entra na Maçonaria descobre gradualmente que o ritual e os seus símbolos permitem marcar a sua lenta progressão em direção ao seu aperfeiçoamento individual. O ritual praticado em comum cimenta a comunidade, mas de forma alguma altera a personalidade de cada um; a especificidade de cada indivíduo é preservada.

O REAA não é um fim em si, mas um suporte para despertá-lo progressivo da consciência. É ainda mais essencial, porque a riqueza de uma busca é o caminho percorrido pelo Maçom, durante o seu progresso espiritual com os seus irmãos. O objetivo, que é conhecido por ser inacessível, é um horizonte que se aproxima sem nunca ser alcançado, porque a Verdade não é única.

A força do REAA é que ele é ecumênico, humanístico e não dogmático. Permite ao iniciado concretizar no mundo dos vivos o que ele percebeu em Loja. Por uma busca assídua pela Verdade, por meio da espiritualidade, o Maçom Escocês exige para si e para os outros um maior requisito moral. Neste período atual de perda do Sagrado e do vazio espiritual resultante – propício à proliferação de sectarismo e fanatismo -, o Escocismo tem o dever imperativo de preservar a especificidade da sua abordagem.

O REAA é para homens que acreditam na primazia da mente sobre a matéria. Estabelece um espaço e um tempo sagrado. Esse tempo e esse espaço são radicalmente diferentes do tempo e do espaço da nossa vida quotidiana, e é nisso que o ritual permite ao homem aceder ao Sagrado.

Graças ao ritual, a Loja torna-se um lugar espiritual, um lugar de comunhão e fraternidade. O ritual permite descobrir nas profundezas do nosso ser a centelha que, somada às demais, iluminará o templo. O Maçom Escocês trabalha para entender a ordem universal e o seu objetivo.

Os ritos e os rituais, para além das religiões, civilizações, sociedades iniciáticas, são os suportes necessários da espiritualidade. A esmagadora maioria das pessoas é inválida espiritualmente, e o rito constitui um suporte, uma muleta, a escada que permite que cada indivíduo suba progressivamente os estágios da sua evolução pessoal.

O homem tem inteligência e discernimento, mas a sua evolução ainda não lhe permitiu alcançar a verdadeira espiritualidade, porque ainda depende do concreto, da Razão. Ele é um prisioneiro do seu corpo físico e deve prover a sua sobrevivência material.

Para alcançar a espiritualidade, deve desapegar-se do corpo físico, fugir do mundo temporal, modificar a sua percepção e, para isso, usa cerimônias, orações, canções, símbolos, mantras e até substâncias psicotrópicas ou alucinógenas. Alguns recorrem ao jejum, à privação e até a dor.

As religiões entenderam isto bem: a Quaresma para os católicos, o Ramadã para os muçulmanos e o Mikveh para os judeus, são oportunidades de purificação, tal como o ascetismo nas religiões orientais. Todas estas práticas limpam o Homem das suas impurezas, a única forma de conhecer seu criador. Sem isto, os crentes acreditam que não podem alcançar a pureza da alma, ou bem-aventurança, ou mesmo santidade, como eles dizem.

Talvez um dia o homem não precise mais de recorrer a cerimônias, ritos e rituais. A sua evolução permitir-lhe-á alcançar a verdadeira sabedoria, tornar-se um espírito puro, realmente liberto de contingências materiais. Ligado e espiritualmente conectado aos seus companheiros, à Humanidade, ele poderá falar diretamente com o seu criador, percebê-lo naturalmente.

Enquanto isto, meus Irmãos, continuemos comungando num espírito comum, pacífico e sereno, neste lugar atemporal, que deve ser qualificado como Sagrado. Mas nunca devemos esquecer que, se queremos irradiar e espalhar entre os homens a nossa mensagem de fraternidade e esperança é em nós mesmos que devemos buscar os recursos necessários para o nosso aprimoramento e realização pessoal.

Como nenhuma verdade existe e nunca existirá fora de nós mesmos, seremos capazes de abrir e libertar a nossa mente e, finalmente, aceder à verdadeira espiritualidade.

Claude R.

 

A NOSSA EXISTÊNCIA TERRENA


 

Nascemos na Terra para realizar experiências que nos possam graduar. Por isso, todo o mal e todo o bem que fizermos neste mundo ficará como experiência fortalecedora.

Enquanto estamos na Terra, ao fazer o mal e o bem, não podemos aquilatar com justeza do valor de cada um dos nossos atos. Mas depois de terminar a nossa existência terrena vamos examinar sozinhos, tudo o que fizemos e avaliá-lo totalmente.

A vida não para! Ao morrer neste mundo nascemos para o mundo espiritual; ao nascer neste mundo morremos para o mundo espiritual. Nascemos na Terra para realizarmos experiências, aprender a dominar a matéria.

E para que não percamos essas experiências e com elas aumentarmos a consciência do que somos ao morrer neste mundo levamos conosco um filme de tudo quanto fizemos aqui. Dele tiraremos o que convém à organização do programa ou Destino que vamos realizar na próxima volta à Terra.

E como este filme é gravado no éter contido num átomo que está no ápice do ventrículo esquerdo do coração e por ele conter o que vamos ser na futura volta à Terra, chamamos-lhe átomo-semente.

O oposto da morte não é a vida, mas o nascimento. Morrer faz parte do nosso nascimento. Não podemos razoavelmente aceitar o nascimento de nosso corpo sem aceitar sua morte. A recusa a morrer vem de outro lugar, de outra fonte, de outra voz, de nossa profundidade, chama-nos a tender para o aperfeiçoamento infinito como se a única finalidade da vida fosse tornar-se mais humana, de completar o homem no Homem. Essa é nossa liberdade.

No nascimento, deixamos para trás uma existência, outra realidade, outra maneira de nos expressar, de ser, portanto, morremos e, quando morremos, deixamos essa existência física, para tomamos outra mais sutil, mais leve e simples, pois nascemos de novo. A morte é uma fronteira que constantemente atravessamos, é um limite que sempre nos transforma e muda todo o nosso ser em nós." O homem pode nascer, mas para nascer deve primeiro morrer, e para morrer deve primeiro acordar.

BUDISTA

O Buda disse que o maior ensinamento de todos é a impermanência. Sua expressão final é a morte. A morte é uma forte mensageira, uma professora exigente. Em resposta à mensagem da morte, nós poderíamos nos fechar e tornarmo-nos mais rígidos. Ou nós poderíamos nos abrir e nos tornarmos mais livres e amorosos. Nós poderíamos tentar evitar a sua mensagem de todas as formas, mas isso exigiria muito esforço, pois a morte é uma professora persistente.

A Professora Morte encontra-se conosco no minuto em que nascemos, e está ao nosso lado em todos os momentos de nossa vida. O que a morte tem a nos ensinar vai direto ao ponto. É profundo e ao mesmo tempo íntimo.

A morte é uma parada completa. Ela interrompe as desilusões e os hábitos mentais que nos aprisionam em pensamentos pequenos e restritos. É uma afronta ao ego.

Cada um de nós possui sua própria e única relação com a morte, nossa própria história e circunstâncias particulares, mas de uma maneira ou de outra, nós todos nos relacionamos ela. A pergunta é: como nos relacionamos com essa realidade e como isso colore nossas vidas?

É possível reconciliar-se com o fato da morte de uma forma que isso enriqueça nossas vidas, mas para aprender com a morte, nós devemos estar dispostos a adotar um olhar não passional sobre nossas experiências e preconceitos.

Através da meditação e do desenvolvimento de uma consciência ininterrupta da morte, nós podemos mudar a nossa relação com a morte e, assim, mudar nosso relacionamento com a vida. Nós podemos enxergar que a morte não é somente algo que surge ao fim da vida, mas que é inseparavelmente atrelada a nossa vida momento a momento, do começo ao fim.

Nós podemos ver que a morte não é somente uma professora final. Ela está disponível para nos ensinar aqui e agora.

Contemplar a morte não é uma prática fácil. Não é meramente conceitual. Ela agita as coisas. Ela evoca emoções de amor, mágoa, medo e ansiedade. Ela traz à tona raiva, decepção, arrependimento e falta de chão.

O quão suave é refletir sobre as muitas perdas que nós experimentarmos e que iremos experimentar no futuro? O quão áspero é refletir sobre a qualidade efêmera da vida?Nesta prática, nós deliberadamente trazemos a nossa atenção, de novo e de novo, para o nosso relacionamento com a morte. Nós examinamos aquilo que entendemos a respeito da morte e o que isso nos traz.

Refletimos sobre as nossas experiências e sobre as nossas reações a essas experiências. É um pouco como ir a uma terapia de casal. “Quando vocês dois se conheceram? Conte-me um pouco sobre a história de vocês. Vocês passam muito tempo juntos? O que foi aquilo que te ofendeu nele ou nela? Como vocês vêm o seu relacionamento seguindo adiante?”. Você poderia dizer que a morte é a sua parceira mais íntima. Está com você o tempo todo, completamente embrenhada nas suas atividades diárias. Sendo esse o caso, não valeria a pena criar um relacionamento com ela?

Mas o nosso relacionamento com a morte não é assim tão simples. À procura de entendê-la, nós precisamos desacelerar e sistematicamente examinarmos nossas ideias sobre ela, o que ela faz emergir e o que ela significa para nós. A morte traz à tona todo tipo de pensamentos.

E escondida em meio a essas nuvens de pensamentos está uma pequena, não falada, profundamente enraizada e ainda persistente noção de que nós passaremos por ela intactos, como se pudéssemos ir ao nosso próprio funeral.

Quanto mais perto você olha para todas essas ideias, mais você enxerga a quão inadequada a mente conceitual é em frente a morte. Não obstante, como nós pensamos sobre a morte importa. Afeta como nós vivemos nossas vidas e como nós nos relacionamos uns com os outros.

A prática contemplativa nos desafia a olharmos profundamente para dentro dos nossos pensamentos e crenças, fantasias e presunções, esperanças e medos. Desafia-nos a separarmos aquilo que nos foi dito daquilo que nós mesmos pensamos e experimentarmos.

Nós temos todo o tipo de pensamentos a respeito daquilo que acontece quando morremos e de como nós e os outros deveriam relacionar-se com a morte, mas, através da meditação, aprendemos a reconhecer os pensamentos como pensamentos. Nós aprendemos a não confundir esses pensamentos e ideias sobre a morte com o conhecimento direto ou a experiência. Aprendemos a não acreditar em tudo aquilo em que pensamos ou em tudo aquilo que nos foi dito.

A morte vem a ser a professora que nos liberta do medo. Ela é a professora que abre nossos corações para um amor e uma apreciação pela vida e pelos outros mais livres e fluídos. Quando nós ficamos presos em nossa auto-importância e seriedade, a morte aparece. Quando nós somos apanhados por auto-piedade, a morte aparece.

Quando nos tornamos complacentes e tomamos as coisas como garantidas, a morte aparece. A morte nos incentiva a ir em frente num sentido de urgência e coloca nossas preocupações em perspectiva. A morte torna nossos apegos mais leves e zombados nossas pretensões. A morte nos acorda. Ela é nossa professora mais confiável e nossa companhia mais constante. 

ROSACRUZES

A expressão "morte" refere-se somente à forma. O espírito é imortal. Nascimento e morte são, também, termos relativos; o que chamamos morte é, realmente, um nascimento no mundo espiritual, e o que chamamos nascimento é temporariamente, uma morte, no mundo espiritual.

Quando esgotamos as possibilidades de uma vida, é necessário passar a esferas superiores pelo processo da morte, tão geralmente temida sem razão. O chamado Átomo-semente do Corpo Físico está localizado no coração. Este Átomo-Semente chama-se na linguagem Rosa-cruz, "O Livro de Deus", porque todas as experiências de nossas vidas passadas estão nele inscritas.

Este átomo especial é permanente e será levado conosco através, de todas as existências futuras, formando a base da nossa individualidade por toda a eternidade. A morte é ocasionada pela ruptura da união entre o Átomo-Semente e o coração.

Depois da morte as forças inerentes ao Átomo-Semente e aos veículos superiores, como o Corpo Vital, o Corpo de Desejos e a Mente, abandonam o Corpo Denso, pelo alto da cabeça. Contudo, o Espírito e os veículos superiores permanecem em contato com o Corpo Físico, por meio do Cordão Prateado, durante uns três dias e meio aproximadamente.

O Cordão Prateado é tríplice: um segmento e constituído de éter, outro de matéria de desejos e o outro de matéria mental. Esses segmentos estão ligados aos Átomos-Sementes dos respectivos corpos. A ruptura entre o Átomo-Semente do corpo denso e o coração ocasiona a sua paralisação (morte clínica), mas o corpo ainda não está morto: a morte sobrevirá depois da ruptura do Cordão Prateado.

Neste lapso de tempo, efetua-se um processo importante: a retrospecção do panorama da vida recém finda e a conseqüente gravação no corpo de desejos das imagens contidas nesse panorama. Durante a vida o éter refletor do corpo vital age como uma placa sensível em que são registrados todos os pensamentos, emoções, incidentes e circunstâncias da vida.

O éter inspirado na respiração leva consigo estas imagens que, por meio do sangue, se imprimem no corpo vital. Elas constituirão a base da experiência depois da morte.

Durante um período de uns três dias e meio depois da morte, o Ego se concentra neste panorama que se desenrola perante ele, mas em ordem inversa, isto é, os incidentes da última parte da vida são os que aparecem primeiro no panorama.

Se a concentração do Ego é profunda e não perturbada por ruídos, ou incômodos de nenhuma espécie, o registro é feito de modo profundo e claro e o espírito estará em situação de assimilar a totalidade do valor espiritual da vida que acaba de terminar.

Porém, se o Espírito é perturbado pelas emoções, prantos ou lamentações de parentes, ou pelo tumulto de um campo de batalha, sua concentração é perturbada e as experiências da vida gravam-se ligeiramente ou deixam mesmo de gravar-se totalmente no corpo de desejos.

Neste caso, esta vida fica praticamente perdida, ou seja, perdem-se as experiências que, normalmente, teriam sido adquiridas. Devemos ter o máximo cuidado de cercar o recém desencarnado de um ambiente de tranquilidade, de maneira que não se perturbe essa retrospecção do panorama de sua vida, uma vez que dela dependerão o desenvolvimento da consciência e o incentivo para uma boa conduta nas vidas futuras.

Outro processo que ocorre simultaneamente é a separação dos éteres. Os dois éteres superiores, o Refletor e o de Luz, designados pela Filosofia Rosa-cruz como Corpo-Alma, separam-se dos inferiores, o éter químico e o de vida. Ligam-se aos veículos superiores e atravessam com estes, os mundos mais elevados, atuando como base da consciência nesses mundos, enquanto, os éteres inferiores ficam com o corpo físico, desintegrando-se com ele. Quando há perturbação em volta do corpo, durante o período da retrospecção da vida, esta divisão dos éteres não se efetua convenientemente.

Não se deve dar estimulantes aos moribundos porque estes lhe causam sofrimentos. Estes estimulantes fazem voltar violentamente para dentro do corpo os veículos superiores e mantém a agonia do indivíduo durante horas e dias, quando de outra maneira, podia deixar o corpo sem maior sofrimento. Nunca se deve empregar estimulantes nos casos em que se vê, claramente, que a vida não pode se prolongar mais que algumas horas, ou dias.

Depois da morte, o corpo, deveria ser colocado numa câmara frigorífica, durante três dias e meio. Deveria evitar-se a embalsamação porque ela perturba a retrospecção panorâmica. Igualmente, deveria evitar-se a cremação neste período, visto o Espírito estar, ainda, em contato com o corpo, por meio do cordão prateado e, até certo ponto, qualquer mutilação do corpo provoca dor.

A cremação prematura dissipa os éteres e destrói a recordação panorâmica que estes contém. Contudo, depois de três dias e meio, a cremação é aconselhável porque desintegra o corpo físico, e os dois éteres inferiores, com seu magnetismo residual, deixando assim, o Espírito em liberdade completa, em seguir para os mundos supra físicos.

No caso de sepultamento, o magnetismo do corpo e os éteres inferiores ligam o Espírito á terra, durante um tempo variável, geralmente até que a decomposição chegue a um estado avançado, ou se complete. Isso retarda o progresso do Espírito por alguns anos.

Conhecendo os fatos que se referem à morte, segundo determina a Filosofia Rosa-cruz e utilizando devidamente este conhecimento, podemos prestar grande serviço aos amigos e conhecidos que morrem antes de nós. Igualmente, podemos deixar instruções para que os outros nos prestem este mesmo serviço quando chegar a nossa hora de cortar as amarras que nos prendem à vida física.

MAÇONARIA

“Ninguém pode ser reconhecido como maçom enquanto continuar servo das paixões, escravo das suas crenças e cego pelos bens desse mundo.” Jean Mourgues. Nenhum maçom pode vencer a morte se não desbastar a pedra bruta que há em si, ou seja, se ele não sepultar os estados aflitivos, os instintos egoístas.

Para isso, terá que morrer para o mundo profano. A compreensão do desbastar a pedra bruta significa lapidar-se; brilhar; fazer com que aflore dentro de si os dons do espírito que estão adormecidos e sem brilho, ocasionados pelo egoísmo, pelo orgulho, pela ambição e por tantos outros defeitos, que o leva a temer a morte sem que perceba. Todos os maçons aprendem a desbastar a pedra bruta usando o maço e o cinzel, mas não compreendem que devem ir além desse gesto que há em cada iniciação de um profano.

Precisa-se trabalhar o seu interior no significado do VITRIOL, na compreensão do lapidar até fazer brilhar o diamante que há em cada um de nós. Que essa lapidação não seja só um gesto simbólico, mas uma busca incessante pelo brilho da alma, aflorando do seu interior o amor, o perdão, a humildade, a mansidão, a serenidade, a tolerância, entre tantas outras virtudes que emanam de dentro de si, fazendo dele um homem polido e virtuoso.

Como já foi dito anteriormente, o medo da morte é causado pelo apego incontrolável do homem pela vida, pelos bens materiais, esquecendo-se ele de que nada se leva, ou seja, tudo o que construiu nesse mundo fica, nada é dele, nada lhe pertence. Nasceu nu e nu voltará. Veio do pó e ao pó retornará. O que se leva são as suas boas ações, as virtudes, os dons do espírito, tornando-o um homem de paz e de luz.

Na Maçonaria, aceitar a morte não é difícil, pois nela se procura desenvolver o homem espiritual que existe dentro de cada um. Isso torna as coisas mais fáceis, mais doces; leva o maçom a tornar-se mais tenro, tolerante e amável. A cada iniciação, o maçom morre simbolicamente para uma situação anterior, de modo que possa viver uma nova vida num nível mais elevado dali em diante.

Tem que haver resignação para aceitar a morte como algo natural, e deduzir dessa experiência a importância de aprender a morrer em paz, procurando viver sempre melhor. Tal desenvolvimento afasta o maçom do costume de escamoteá-la, diante da dificuldade que ele sente em lidar com essa realidade: ter que morrer um dia. Assim, ele se aproxima mais da possibilidade de incrementar a capacidade de lidar com a vida, ajudando-o a discernir pela sua elevação espiritual. 

Caso todos os maçons compreendessem essa verdade, muitos perderiam o medo da morte. Entenderiam que ela é uma consequência da vida. Essa fobia está exatamente na perda da vida e de não mais existir para esse mundo, deixando de usufruir de todos os bens materiais que possuem. Só em pensar que um dia vai morrer causa-lhe sofrimento.

É bem verdade que devemos preservar a vida enquanto podemos. Mas, é um erro crasso preservá-la pensando que nunca vamos morrer. Ora, o tempo é cruel para o nosso corpo e a nossa mente. Ele se encarrega de nos avisar, através da debilitação corporal e mental, de que está chegando a hora.

Portanto, prepare-se, goze da sua saúde, da sua juventude com toda lucidez possível e viva enquanto vida você tem. Viva bem e em paz consigo mesmo. Sepulte todos os estados aflitivos a que Sidarta se referiu todos os instintos egoístas de que o apóstolo Paulo nos fala, e seja um homem livre, e de bons costumes, sem medo da morte.

Ao meditarmos sobre a nossa existência na câmara de reflexão, isolado de todo o contato mundano, fazemos uma viagem profundamente introspectiva ao nosso interior, buscando encontrar a lápide oculta, ou seja, a busca pela pedra filosofal, eis aí o início da praticidade do VITRIOL na vida maçônica. Em (João 12, 24), Jesus fala o seguinte: “Eu garanto a vocês: se o grão de trigo não cai na terra e não morre, fica sozinho. Mas se morre, produz muito fruto.”

Ao ser lançado na terra, o grão de trigo tem que germinar, abrindo o caminho para a luz; para uma nova vida. Nessa concepção, devemos entender que, ao superarmos a prova da terra, descemos ao seu interior.

Entendemos, também, que devemos retificar a nossa forma de ver, pensar e agir, Só assim encontraremos a pedra filosofal, essencial na nossa própria transmutação.

 Portanto, para edificarmos a nossa interioridade é necessário darmos bons frutos. Mas, para isso tem que morrer o “eu inferior”, sendo integrado e alinhado ao “Eu Superior”, queimando de vez o Karma (dever a ser cumprido no SOU), que se tornará Dharma (realidade). Chegará o momento de sair da roda de Samsara (ignorância), pois terminará o ciclo das reencarnações, em que a jangada, após atravessar o rio, permite ao passageiro alcançar o Nirvana para os budistas, o Reino de Deus para os cristãos.

Mas, o desconhecido nos leva a temer a morte. Por isso, ela é fonte natural de receios e angústias. Porém, quando a compreendermos, estaremos a compreender a nossa existência. Nesse caso se faz necessário que todo maçom pratique um seppuku, tirando de suas entranhas todos os instintos egoístas, os estados aflitivos, para então nascer para uma nova vida, sem necessariamente ter que perdê-la; sem ter que temer o que não se conhece. Essa atitude interior nos permite a entender que não é o fim, mas, sim, o começo.

Com essa prática a Acácia florescerá onde for plantada, e viverá numa profunda e eterna paz, dando muitos frutos. Não podemos ir de encontro com as Leis do Universo meus irmãos, a morte é um fato inconteste. Nada pode evitá-la. Então, preparem-se para ela. Assim como nascemos, todos nós morreremos.

Devemos entender que a vida é um processo contínuo de morte. A cada dia que se passa em nossa vida, morremos um pouco. Tomando conhecimento dessa verdade o maçom não deve temê-la. Quando formos capazes de entender todo o processo da iniciação, ficaremos despojados do medo da morte e compreenderemos melhor a oração de São Francisco de Assis, que diz “... é morrendo que se vive para a vida eterna”.

Esse entendimento somente será completo quando abrirmos os olhos e compreendermos que até uma morte intelectual; uma morte mental; uma verdadeira iniciação, onde enterramos alguém que nunca fomos, mas que nos permite nascer de novo e nos dá a oportunidade de começar a nos conhecer e ser quem realmente somos, realizando nossos próprios sonhos, realizando nossas próprias realizações e superando nossos próprios objetivos. A partir desse momento, você será uma nova pessoa no mundo e tudo ao seu redor morrerá por você.

“LUZ É DADA DEPOIS DA MORTE”, e “QUE SE FAÇA A LUZ”

 KARDECISMO

O Espiritismo traz uma mensagem capaz de amenizar as angústias relacionadas à morte, uma vez que encontramos em seus preceitos básicos a informação de que todos somos almas imortais, reencarna neste planeta, com o propósito de evolução individual e coletiva.

Ademais, através de sua ciência e filosofia, traz evidências robustas de que aqueles que se amam tornam a se encontrar, seja no mundo espiritual ou mesmo no físico, em novas experiências no corpo. Desta forma, a morte nada mais é que a finalização de mais um ciclo, uma passagem para outro estado, outra dimensão.

A alma continua viva, mas livre, mantendo sua identidade, dando continuidade ao seu processo de aprendizagem, em constante relação com outros seres.

Entretanto, devemos levar em conta que mesmo os Espíritas são herdeiros de uma cultura de negação da morte, no Ocidente, e muitos, embora consolados por estas informações, não lidam de forma apropriada com o tema em questão, deixando de dialogar a respeito nas mais variadas oportunidades, ou mesmo sem ter recursos apropriados para darem conta das inúmeras demandas que surgem durante o próprio processo de morrer ou o de pessoas significativas.

Quando mudamos de um lugar para outro continuamos a ser o que somos, apenas nos desfazemos do que não é necessário. Assim, também, quando desencarnamos, continuamos a ser a mesma pessoa, mas, nos desfazemos do corpo físico, pois não é necessário no mundo espiritual.

 EGITO ANTIGO

Os egípcios acreditavam que o ser humano era formado por Ka (o corpo) e por Rá (a alma). Para eles, no momento da morte, a alma (Rá) deixava o corpo (Ká), mas ela podia continuar a viver no reino de Osíris ou de Amon-Rá. Isso seria possível somente se fosse conservado o corpo que devia sustentá-la.

Daí vinha a importância de embalsamar ou mumificar o corpo para impedir que o mesmo se descompusesse. Para assegurar a sobrevivência da alma, caso a múmia fosse destruída, colocava-se no túmulo estatuetas do morto.

O processo de mumificação acontecia da seguinte maneira: o sacerdote abria o corpo do morto ao meio tirando seus órgãos moles (os órgãos que apodrecem rápido). Depois cortava o nariz de forma que pudesse retirar o cérebro com um gancho especializado. O sacerdote colocava dentro do corpo do morto alguns medicamentos. Após todo o ritual, o sacerdote amarrava uma espécie de pano que ajudava a conservar o corpo.

Anúbis era o deus egípcio associado a mumificação e rituais fúnebres; aqui, ele atende a uma múmia. Dentro das pirâmides ficavam os bens do morto. Os egípcios colocavam nas pirâmides tudo que eles achavam que poderiam reutilizar na outra vida (móveis, jóias, etc.). 

O túmulo era como uma habitação de um vivo, com móveis e provisões de alimentos. As pinturas das paredes representavam cenas do morto à mesma, na caça e na pesca. Eles acreditavam nos poderes mágicos dessas pinturas, pois achavam que a alma do morto se sentia feliz e serena ao contemplá-las.

A alma do morto comparecia ao Tribunal de Osíris, onde era julgado por suas obras, para ver se podia ser admitida no reino de Osíris. 

SE QUISERES BEM EMPREGAR A TUA VIDA, PENSA NA MORTE!

 

Postagem em destaque

AS ORIGENS DAS SOCIEDADES SECRETAS: MAÇONARIA E INFLUÊNCIAS ANTIGAS

O documento “As Origens das Ordens Secretas” explora o surgimento e a evolução das sociedades secretas, com foco especial na Maçonaria e na ...