Procura-se um homem que luta para preservar e desenvolver os
valores de seu templo interior. Esse homem é acusado de ser livre e de ter bons
costumes, de gostar de aparar as arestas da imperfeição, de ser um incansável
pesquisador da verdade. De procurar respeitar a humanidade, tolerando suas
crenças diversas, mas sempre obstinado em palmilhar a senda espiritual que
conduz à luz maior que é Deus, o Grande Arquiteto do Universo.
Esse homem é apontado como elemento que incomoda aos que não dão
aos outros o direito de pensar e que não permitem a ninguém tentar encontrar
explicações inteligentes sobre o início da vida do homem, sobre a criação e o
funcionamento desse universo fantástico, sobre como os homens devem amar-se uns
aos outros, independentemente de raças, de posições sociais, etc. Tal homem
combate ininterruptamente o ódio que ainda hoje provoca matanças de irmãos
criados pelo mesmo Pai.
Outra acusação que pesa contra esse homem é a de procurar fazer
feliz a humanidade. Já pensou um mundo totalmente feliz, sem desavenças, com
todos se comportando como verdadeiros irmãos? Quem iria dominar quem e quem
tirariam proveito político e financeiro disso? Muitos acham que isso é
perigoso. Ainda mais: ele procura ser sempre participativo, presente na
explosão da alegria e mais presente ainda no tormento da dor de seus
semelhantes.
Além disso, junta-se à legião dos que combatem a ignorância, a
injustiça, as trevas, a escravidão, a intolerância, e procura sempre conquistar
homens de boa formação moral, cultural e espiritual que poderão vir a serem
pedreiros-livres, os quais, em breve, aprenderão a construir o seu templo
interior, a mais nobre edificação que o homem pode erigir em honra ao Grande
Arquiteto do Universo.
Também é acusado de haver descoberto o amor e de procurar
mostrar aos outros essa maravilha que Deus colocou à nossa disposição. Isso é
imperdoável para os que odeiam. Amar a todos, a começar de seus pais, de seus
irmãos, de sua esposa e de seus filhos, de seus amigos e de seus colegas, de
seus semelhantes. Vejam só!
Fala-se que ele acredita em Deus e que usa a denominação Grande
Arquiteto do Universo para não ofender aos que conhecem o Pai Celestial como
Jeová, Viracocha, Btahma, Alá, Odin, etc., e que se tornam seus irmãos.
Comenta-se que ele não acredita em um Deus vingativo, mal humorado e que fala
sempre em um Deus de amor, de esperança e de compaixão.
Acredita naquele Criador de que nos fala o filósofo Benedictus
de Spinoza, a quem devemos procurar não por medo de castigos ou para pleitear
favores, mas tão somente porque Ele é a única opção válida com que contamos no
caminho evolutivo. Um Deus que jamais considera uns salvos e outros pecadores,
mas que ama indistintamente a todos nós que Ele criou. Esse Deus deve ser
propagado?
Esse homem é tido como avesso às vaidades humanas ligadas a
distinções características do lado exterior do seu ser e que não irão
acompanhar o seu espírito quando ele for chamado ao Oriente Eterno. Propaga-se
que ele é um grande sonhador, pretendendo combater o vício com a virtude e que
é um defensor intransigente do Direito, da Justiça e da Verdade e que aconselha
todos a manterem o bom humor, característica que facilita muito o
desenvolvimento espiritual. É apaixonado pela liberdade, mas sabe cumprir seu
dever. Por isso entusiasma-se com o grande jurisconsulto que foi
Cícero: Sou livre porque sou escravo da lei.
Outra coisa: vive falando em usar a consciência e a razão. Fala
que só quem vive em paz consigo é capaz de viver em paz com os outros. Sobre a
tão conhecida Escada de Jacó, que simboliza o caminho percorrido pelos anjos
para contato com os mortais, esse homem acredita que tal escada sugere-nos que
o topo da caminhada está muito além do patamar que nos é visível, significando
que não será apenas subindo alguns degraus perceptíveis no estágio em que nos
encontramos que iremos alcançar a perfeição.
Quando alguém é proposto para entrar em sua instituição, exige
que a vida do candidato, passada e presente, seja levantada com zelo e cuidado;
procura descobrir se o candidato gostará de passar por uma verdadeira metanóia,
que é uma alteração dos sentimentos, atingindo um novo estado de consciência
que o tornará um autêntico obreiro da paz, do amor, da solidariedade. Julga-se
membro de uma corrente espiritual do Terceiro Milênio desejosa de fazer todos
felizes. Chama os conflitos armados de estupidez da guerra. Entende que ser
livre não é mudar de senhor, mas deixar de ser escravo; é manter uma vontade
firme de eliminar a preguiça de trabalhar ou de procurar a verdade; que se
considera livre, mas não se esquece da lei da física “ação e reação”, que pode
ser aplicada também aos seres humanos.
Diz ele que a vida é como uma orquestra: cada músico toca um
instrumento diferente, com tons e compassos estabelecidos para cada um, com
notas próprias, etc., com marcação do momento em que cada músico atua dentro de
uma cultivada harmonia que torna agradável e benfazejo o resultado de tais
diferenças. E que, quando a humanidade agir como uma orquestra, regida por
maestros responsáveis e conhecedores da real harmonia, não haverá mais fome,
nem doentes desamparados, nem gente morando nas ruas, nem violência, nem donos
da verdade.
Apregoa como muito útil a repetição dos ensinamentos de homens
abençoados que pertenceram a religiões diversas, que nos ensinaram a
dirigirmo-nos a Deus, como recomenda Gibran Khalil Gibran: “Nada Te
podemos pedir, pois Tu conheces nossas necessidades antes mesmo que elas nasçam
em nós.” Acredita que Joel Goldsmith está certo: “Quando pararmos de
pedir coisas a Deus, receberemos o maior dos presentes: Deus mesmo!” Está
sempre aconselhando-nos a não vivermos na sombra para que, um dia,
não venhamos a ter medo da luz.
Se você encontrar esse homem, procure ficar perto dele e sentir
a energia positiva que ele irradia. Sinta a sua doçura no falar. Sinta-lhe a
vontade de ser útil, a sua disposição de fazer. Esse homem é um maçom!
Agradeça-lhe por tudo o que os maçons já fizeram pela humanidade em tempos
diferentes e difíceis, em países diversos, escrevendo gloriosas páginas da
conquista da liberdade, da igualdade e da fraternidade. Agradeça-lhe,
sobretudo, pelo o que os maçons vêm procurando realizar em benefício do ser
humano, até em favor daqueles que os agridem torpemente.
Procure tratá-lo com carinho e respeito. Ele sonha em poder garantir
sua felicidade. O maçom dirige sua oração ao Grande Arquiteto do Universo
sabendo que ela não lhe desagrada os ouvidos nem o coração:
“Sou livre e honro o Criador, amando a criatura. Faço isso
livremente porque desejo viver um dia na luz plena, onde não haverá dúvidas e
nem amarguras e onde todos serão verdadeiramente irmãos; e bendirei todas as
ações que desenvolvi, contribuindo para que nosso Templo fosse sempre um
reflexo da ordem e da beleza que resplandecem no trono do Grande Arquiteto do
Universo.”
O pedreiro-livre encontra na Maçonaria uma floração mística da
alma, apoiada na razão. Quem vem apenas buscar, perde. Ela nos faz entender que
o trabalho é um hino de amor à vida. Só ele nos capacita a receber o
maravilhoso salário de bênçãos com que o Altíssimo nos recompensa. E a maior
das bênçãos é a própria vida. Esta permiti-nos experimentar e aprender,
orientando o corpo para que fique mais fácil para o espírito acompanhar a senda
visível que foi traçada pelas boas ações no campo material.
Antes de se entregar ao sono de cada noite o maçom agradece ao
Grande Arquiteto do Universo por tudo que recebeu Dele durante o dia e pede-Lhe
que abençoe e ilumine aqueles que o consideram um inimigo, a fim de que se
tornem verdadeiramente seus amigos e seus irmãos e, de modo particular, àqueles
que o fazem ou o fizeram sofrer, ajudando-lhe a lapidar o seu espírito.
“Aquele que tem a luz dentro de seu próprio peito, claro, pode
sentar-se no centro e desfrutar de um dia brilhante; mas aquele que esconde uma
alma obscura e pensamentos negativos, ainda incomodados pela luz do meio-dia,
ele próprio é sua masmorra.” (John Milton)
Autor: Pedro Campos de Miranda