Muito se tem escutado e
transmitido sobre este tema ao longo de várias eras, algumas confusões têm
gerado é certo, mas, também, muitas verdades têm sido reveladas.
Umas transcritas a
partir de personalidades que acabamos por assimilar e sobrescrever e outras,
que, apesar de influenciadas pelas primeiras, são, deliberadamente, o resultado
do nosso próprio trabalho interior.
Tal como Dante
Alighieri, teremos que iniciar a descida ao interior de nós mesmos, ao Inferno
das Paixões e dos Vícios, com a consequente luta contra os nossos próprios demônios,
culminando na subida em direção a uma luz paradisíaca, que, apesar de
inatingível, será, sempre, um objetivo para além mesmo deste ciclo temporal!
VITRIOL - Visita Interiora Terrae Rectificando Invenies Occultum Lapidem
(Visita o interior da Terra e, retificando, encontrarás a Pedra Oculta).
No entanto, não estamos
sós… Teremos, sempre, um Virgílio que, sabiamente, guia-nos, afastando-nos dos
obstáculos difíceis e nos entrega nos braços da “Donna Angelicata” (da bela
Beatriz).
A Iniciação é, de fato,
um ponto de viragem em nossa existência, neste plano. Para os antigos, a
Iniciação era tratada como um conjunto de provas, que determinavam a capacidade
de um jovem atingir a maioridade e as responsabilidades inerentes.
As provas passavam pelo
campo físico, intelectual, moral e, por vezes, espiritual, no caso de alguns
eleitos. O armar de um cavaleiro era precedido de um conjunto de provas de
bravura no campo de batalha, que não se resumiam, somente, ao número de vidas ceifadas
ao inimigo, mas a sua postura entre os demais que lhes garantiam o respeito e a
admiração – a honra.
Assim como no passado,
todos nós temos que vencer os “12 Trabalhos de Hércules”, se pretendermos
aspirar à Imortalidade, que é, objetivamente, o resultado da Iniciação.
Para vos dar um exemplo
prático deixo-vos as seguintes perguntas, que devemos permitir-nos sentir no
silencio do nosso Ser: Quantas vezes, durante o dia, ousamos agir de forma
correta, mesmo com aqueles que não o são conosco?
Quantas vezes
conseguimos resistir aos estímulos destrutivos da mente como a inveja, a
cobiça, o ciúme, a raiva, a culpa ou o ressentimento?
Quantas vezes sentimos
felicidade na presença de coisas simples como um pôr-do-sol, uma obra de arte,
um relacionamento estável?
Temos consciência que a
Verdadeira Iniciação não é um processo fácil, nem igual para todos
qualitativamente. Pode durar uma vida inteira para se ascender ao mesmo que
outros, apenas, necessitam de um pequeno instante! Pode mesmo nunca chegar a
manifestar-se.
Meus Irmãos, de fato, não somos todos iguais!
Somo-lo, apenas, na condição de seres humanos que ao baterem à porta do Templo,
trouxeram dentro do seu coração a pretensão de ascender a algo superior, à
realidade da qual vivemos, apenas, na sombra.
O desenvolvimento
espiritual que se traduz na capacidade de sentirmos a voz interior, com uma
intensidade e frequência cada vez maiores… é e, sempre, foi o que diferenciou
os homens! Já alguém disse: “não há boas nem más pessoas, o que existe são
pessoas mais ou menos conscientes, mais ou menos elevadas, espiritualmente”.
Lembrem-se da alegoria
da Caverna de Platão, e ousem olhar lá para fora! Recuando um pouco os demais,
que lhe na trajetória individual, importa dizer que para iniciarmos o processo
de Iniciação é preciso estar preparado, estar vigilante “não colocarás vinho
novo em vasilhas velhas” diz na Bíblia, o que isso quer dizer é que não se
consegue implementar novas ideias em mentes cristalizadas e fechadas.
Assim, a Iniciação tem
que ser preparada com alguma antecedência “abrindo novos caminhos e veredas
para o Messias que está para vir”. O batismo Iniciático ritual é,
objetivamente, um formalismo, tal como o são muitas das cerimônias que
atravessamos ao longo da nossa vida.
No entanto, de que valem
as cerimônias formais se carecem, na sua essência, do poder de transformarem os
seus participantes?
O que importa a beleza
da cerimônia do matrimônio se os nubentes, antecipadamente, não partilharem,
verdadeiramente, do seu amor?
Meus Irmãos, nós não estamos
na confraria dos aventais! Lembrem-se que de cada vez que entrarem num lugar
sagrado estão a sofrer, por si só, uma Iniciação: “descalçai as sandálias, pois
o chão que pisas é sagrado”.
Para isso, é vos exigido
que venham preparados. Em suma, desde que o homem seja, realmente, livre e de
bons costumes, já conseguiu fazer o seu caminho de preparação para ser
Iniciado.
Quando conseguir viver
no dia a dia esses princípios, ouvindo e seguindo a voz interior, então sim,
deixou de ser neófito! Quer na forma quer no conteúdo, o batismo Iniciático
tem, ainda, uma particularidade em relação, por exemplo, com o religioso.
O primeiro carrega o
pretendente de uma responsabilidade, acrescida dado que prevê a participação de
todas as faculdades do indivíduo no sentido do seu trabalho interior e da sua
consequente elevação a Deus.
O segundo, pressupondo
que o indivíduo ascenda à divindade, apenas, pela fé, pela sua humildade e
obediência constante ao dogma corporativo, desresponsabiliza-se, parcialmente,
da sua escolha (muitas vezes essa cerimônia é praticada por vontade única da
família, pois acontece na idade em que o balizando não tem consciência do
processo).
Em suma, nada há de
completamente errado ou certo em nenhum deles, o que importa é que cada um
sinta, verdadeiramente, qual é o seu verdadeiro caminho e o percorra em
consonância, responsabilizando-se pelas escolhas feitas.
O verdadeiro Mestre é
aquele que, depois de passadas as suas provas iniciáticas, e fazendo uso da sua
sabedoria (conhecimento aplicado), constrói o seu próprio dogma e o utiliza na
edificação do seu templo interior.
Não esquecer que o dogma
ou mesmo ideal é, apenas, uma visão da verdade, logo, dependente do seu criador
– duas pessoas com o mesmo nível de elevação espiritual e cultural não terão,
necessariamente, a mesma visão, quando muito serão convergentes!
Meus Irmãos, em todas as
épocas existiram Homens mais conscientes espiritualmente do que outros, e
quando lhes foi concedido o poder temporal, eles lideraram a humanidade com
sabedoria, consequentemente, esta evoluiu saindo das trevas em que se
encontrava.
No entanto, quando a
liderança caiu nas mãos de inconscientes, obcecados pelos brilhos materiais,
tudo regrediu e as instituições mergulharam na letargia ou foram completamente
demolidas.
Vejamos como exemplo, o
que aconteceu, historicamente, ao Templo de Salomão, à Ordem do Templo, bem
como tantas outras mais: a responsabilidade pela queda da humanidade e suas
instituições é de todos aqueles que, elevados espiritualmente, não souberam manter-se
desse modo.
É muito fácil, em
qualquer ponto da nossa evolução interior, voltar a cair em patamares
inferiores. Se a subida da Escada de Jacob é difícil, mais difícil é, ainda, nos mantermos lá em cima, porque maiores são os estímulos e maiores são as
responsabilidades nas escolhas! E mais violentas serão as consequências!
Essas
são as fundações interiores que o Homem terá que consolidar, para que possam
manifestar-se no exterior, no mundo material, com todo o sucesso que se
pretende atingir neste plano de vida.
As Ordens sendo
instituições, são edificadas no mundo material – pórticos de matéria para o
espírito, por isso, necessitam de homens renovados, pois só desses se espera a
sua manutenção e evoluções futuras!
Eurico R∴