DA SIMBOLOGIA DO TRIÂNGULO


"Triângulo - polígono que tem três ângulos e três lados."
Esta definição do dicionário (no caso presente da 6.º edição do Dicionário da Língua Portuguesa de J. Almeida Costa e A. Sampaio e Melo, publicado em 1967 pela Porto Editora) esconde, por detrás da sua simplicidade aparente, toda uma significação, toda uma simbologia, que através das idades, dos séculos e das civilizações, o Homem nunca ignorou e sempre soube respeitar, consciente ou inconscientemente.
O simbolismo do triângulo cruza se com o do número Três. E Três é universalmente um número fundamental que exprime urna ordem intelectual e espiritual, em Deus, no Cosmos e no Homem.
Três, dizem os Chineses, é um numero perfeito (tch'eng), a expressão da totalidade, do todo acabado. O caractere chinês tsi, antigamente representado por um triângulo, exprime a noção de união e de harmonia.
Na generalidade das culturas e das civilizações, a apreensão e a compreensão do homem sobre o mundo, sobre o real e o espiritual, sempre repousou num sistema triádico.
O Budismo possui a sua expressão acabada no Triratna (Bouddha. Dharma, Sangha).
Para os indus, a Manifestação Divina é tripla (Trimûrti): Brahma, Vishnu, Çiva, aspectos produtor, conservador e transformador.
Na tradição persa, o numero Três aparece frequentemente dotado de um caráter mágico religioso. É de realçar já a presença deste algarismo na religião do Antigo Irão, cuja tripla divisa é Bom Pensamento, Boa Palavra, Boa Ação.
O numero Três liga-se igualmente ao rito das flechas divinatórias (azlâm), característico dos povos árabes anteriores ao Islã: a terceira flecha designava o local, o tesouro, o eleito, etc.
Na tradição dos Fiéis da Verdade (Ahl i Haqq), no Irão, atribui se ao número Três um caráter sagrado. Podemos encontrá-lo muito frequentemente nas narrativas de cosmogonia e na descrição de atos rituais.
A cabala multiplicou as especulações sobre os números, mas parece, no entanto, ter privilegiado a Lei do Ternário. Tudo procede necessariamente por Três que constituem, contudo, um todo uno. Em todo o ato, uno em si mesmo, distinguem se assim:
1.      O princípio de ação causa ou sujeito da ação
2.      A ação desse sujeito, o seu verbo
3.      O objeto dessa ação, o seu efeito ou o seu resultado
Estes três termos são inseparáveis e necessitam se reciprocamente. Donde a tri unidade que reencontramos em todas as coisas. Por exemplo, a criação implica um criador, o ato de criar e a criatura. Ou ainda, como escreve Garaudy (1977) "L'amour n'existe pas sans l'amant et sans l'aimé".
São três as virtudes teologias; três são os elementos da Grande Obra Alquímica o enxofre, o mercúrio e o sal.
Três designa também os níveis da vida humana: material, racional e espiritual ou divino. São ainda três as fases da evolução mística: purgativa, iluminativa, unitiva.
Muitos dos conceitos da tradição judaico crista repousam também em sistemas triádicos:
A religião católica professa o dogma da Santíssima Trindade, introduzindo no monoteísmo mais absoluto um princípio misterioso de relações.
§ Três são os Reis Magos que visitam o Menino - eles simbolizarão segundo Guénon, as três funções do Rei do Mundo, reunidas na pessoa de Cristo que acaba de nascer: Rei, Padre e Profeta.
§ Três são os presentes que oferecem a Jesus: ouro, incenso e mirra.
§ Três são os elementos da Sagrada Família.
§ Três são as vezes que Pedro negou.
§ Três são os dias entre a Morte e a Ressurreição.
§ Trinta e três anos... a idade de Cristo...
A nossa interpretação do Mundo, o nosso olhar sobre a vida, são regidos por triades:
§ Triplo é o Tempo: Passado, Presente e Futuro.
§ Tripla é a Vida: Nascimento, Maturidade, Morte.
§ Três são os Elementos: Ar, Fogo, Água.
§ Triadica é a significação, qualquer que seja o modelo linguístico que adotemos: significante, significado, referente.
§ Triadica é a enunciação: Eu, Tu, Ele
§ Três são ainda, na nossa rotina urbana, as luzes que nos regem nos semáforos que já quase não olhamos - vermelho, amarelo, verde.
Três é, por excelência, um número maçônico (juntamente com cinco e sete):
§ O volume da Lei Sagrada, o Esquadro e o Compasso constituem as Três. Grandes Luzes;
§ São Três as colunas do Templo: jônica, dórica e coríntia, simbolizando a Sabedoria, a Força e a Beleza;
§ Três são os graus simbólicos: Aprendiz, Companheiro e Mestre;
§ São Três os segredos do Primeiro Grau; o Sinal, o Toque e a Palavra;
§ São Três os Sinais dos Maçons: o Esquadro, o Nível e o Fio de Prumo;
§ São Três as pancadas maçônicas à Porta do Templo, significando as Três palavras da Escritura: Bate e ela se abrirá (a Porta do Templo); Procura e acharás (a Verdade); Pede e receberás (a Luz)
§ São Três as Viagens Simbólicas que correspondem as Três Provas a que um Candidato é submetido: Prova do Ar, Prova da Água, Prova do Fogo;
§ Três são os anos do Aprendiz que deve acederão mistério dos Três primeiros números;
§ São Três os passos na marcha dos Aprendizes e significam o zelo e a confiança que se deve mostrar ao caminhar para Aquele que nos ilumina;
§ Ao receber a Luz, são Três os elementos que se vêem: o Sol, a Lua e o mestre do Templo;
§ Três são os deveres do Maçom;
§ São Três os que dirigem uma Loja Maçônica;
§ São Três as luzes que se acendem após a entrada do Mestre e até a sua saída;
§ É tríplice a bateria maçônica, é tríplice a aclamação escocesa - Huzza! Huzza! Huzza!
Enfim, Três é o número pelo meio do qual o binário é devolvido à unidade.
O ternário exprime se por diversos símbolos gráficos: o tridente, a trinacria (triplo peixe com uma só cabeça) e, mais simplesmente, o triângulo.
§ Triângulo da estabilidade e da harmonia.
§ Triângulo da geometria platônica, primeira superfície, dado que todas as outras figuras são susceptíveis de serem subdivididas nesta forma.
§ Triângulo equilátero, símbolo da divindade, da harmonia, da proporção.
§ Triângulo utilizado nos frisos ornamentais na Índia, na Grécia, em Roma, com significado constante: fogo e sexo masculino, água e sexo feminino, conforme a posição do vértice.
§ Triângulo, símbolo do fogo em alquimia, também símbolo do coração.
§ Triângulo, Delta Luminoso, na simbologia franco maçônica, Duração, Trevas e Luz, ternário cósmico. Triângulo isósceles, de base mais comprida que os lados, como o frontão de um templo, com um ângulo superior de 108º e ângulos inferiores de 36º, o Delta Luminoso corresponderá ao número de ouro e nele se inscrevem perfeitamente a estrela flamejante e o pentágono.
§ Triângulo, esquadro, retidão.
§ Triângulo, base da concepção das Pirâmides do Egito.
§ Triângulo, Pirâmide de Vidro do Museu do Louvre, obra de arte do nosso tempo.
§ Triângulo, Torre Eiffel.
§ Triângulo, nave descobrindo o espaço desconhecido.
§ Triângulo, elemento base de estruturas estáveis.
§ Triângulo. Três linhas. Três ângulos.
Simplicidade.
Também revelação dos segredos que procuramos desvendar.
Prancha de Autor não Identificado (A:.M:.) - Maio de 5993

A PERDA DA MOTIVAÇÃO EM LOJA E O ÊXODO DOS IRMÃOS


Uma das causas do êxodo de Irmãos de nossas Lojas é a falta de motivação. Isto está acontecendo em todo o país e também em todo o mundo.

São vários os motivos, mas o maior deles, sem dúvida é a falta de motivação. Se a Maçonaria não levar ao Neófito aquilo que ele esperava antes de Iniciar-se, ele se desmotivará e será um sério candidato a deixar a Ordem na primeira oportunidade.

Assim, em paralelo com a motivação, devemos ter cuidado nas apresentações de Candidatos. Se um determinado cidadão não traz em sua vida as qualidades mínimas para tornar-se Maçom, jamais deveria será apresentado em uma Loja Maçônica.

Maçonaria não é escola de correção e o cidadão, quando aceito, é recebido limpo e puro e costumamos dizer que ele é justo e perfeito. Não vamos nos iludir que nossa Ordem, ou outra qualquer, conseguirá tornar um elemento ruim em bom.

Se for ruim não nos serve, pois não irá colaborar com nosso principal objetivo, que é tornar melhor o gênero humano. Devemos apresentar boas pessoas, com algumas qualidades básicas para tornarem-se nossos iguais na Maçonaria, como ser educado, ter capacidade para aceitar ordens, ter tolerância, ser estudioso e meticuloso em suas ações, ter capacidade para o aprendizado e principalmente possuir espírito maçônico.

Se possuir todas as qualidades citadas atrás, mas não tiver espírito maçônico, não será um bom Maçom. Então vamos escolher bem nossos Candidatos.

O QUE É MOTIVAÇÃO EM MAÇONARIA?

Falemos então da motivação. Temos visto algumas Lojas em que o Venerável Mestre chega quinze minutos antes do início dos trabalhos ou quando não atrasado e pergunta ao Secretário o que tem para aquela Sessão.

O Secretário acabou de abrir as correspondências e também não sabe. Ou seja, ninguém sabe: os Vigilantes, o Orador, o Secretário, o Chanceler, enfim, toda á diretoria acaba ficando perdida.

Os trabalhos são iniciados e fechados sem nada de novo. Classificamos uma Sessão assim, meus Irmãos, como uma verdadeira perda de tempo. Isto não é Maçonaria. Nossas Sessões devem ser preparadas. O Venerável Mestre deve prepará-la antecipadamente com a participação de toda sua diretoria.

A Comissão de Educação, Cultura e Instrução deve programar-se de maneira a apresentarem todas as Sessões uma boa palestra, se possível audiovisual, com bons temas, e que sejam apresentados sem muita leitura, pois este método torna o Período de Instrução cansativo.

Os temas devem ser expostos oralmente, com bastante didática e principalmente com a participação de todos os Irmãos presentes. A interação de um trabalho maçônico torna o Período de Instrução mais atraente e motivado.

Não se deve preocupar com o tempo gasto em sua apresentação. Se um tema é bom, bem apresentado e discutido, os Irmãos não reparam o tempo despendido nele.

Ao contrário do atrás exposto, alguns Irmãos começam a bocejar, outros olham no relógio, outros se entreolham. Isto é, inequivocamente, um sintoma de que algo não vai bem.

TRABALHOS FORA DO TEMPLO

Os trabalhos também podem ser motivados por ações fora do Templo. Palestras em escolas, em órgãos públicos, em outras Lojas etc.

A interação com outras entidades maçônicas ou não maçônicas elevam o cabedal de cultura e conhecimento dos Irmãos.

Assim, se uma Loja possui um Irmão que seja especialista em algo, ele deve ser convidado para fazer palestras em outras Lojas, em entidades não maçônicas, como uma escola, um asilo, um órgão público, sempre em nome da Loja.
E isto é recíproco.

CONVIDADOS MAÇONS E NÃO MAÇONS

Irmãos de outras Lojas devem ser convidados para apresentarem-se em nossa Loja e, caso não sejam Maçons, a Sessão pode ser encurtada e fechada, permanecendo todos os Irmãos em seus lugares, quando se dará entrada ao convidado não Maçom para sua apresentação.

 Evidentemente nesta hora não será mais uma Sessão Maçônica, pois não haverá liturgia, e os Irmãos ficarão à vontade, porém com o respeito que exige todo Templo.

A INTERVISITAÇÂO

A intervisitação, fundamento previsto em nossos "landmarks”, concorre para a motivação de uma Loja Maçônica. Ao promover uma caravana para uma visita em uma Loja de outro Oriente, o Venerável Mestre estará trazendo algo novo e bom para sua Loja. A viagem é sempre agradável, fazem-se novos contatos, novas amizades e a Maçonaria se engrandece.

Depois, a Loja visitante torna-se Loja visitada e a recepção dos visitantes que tão bem receberam aqueles Irmãos, será muito bem retribuída. Isto é motivação.

A PRESENÇA DA FAMÍLIA

A participação de nossas famílias na Maçonaria deve se dar sempre que possível. A presença de nossos filhos e esposas é de muita importância para trazer motivação.

Por exemplo, por que não se comemora o Dia das Mães dentro de nossos Templos, em uma Sessão Pública? Algo novo, bonito, emocionante e que trará muito prestígio para os Irmãos da Loja.

No mesmo Ritual de Sessões Especiais em que apresentamos o Dia das Mães, trazemos uma nova versão da antiga Confirmação Matrimonial, que preferimos chamar de Consagração Matrimonial.

Ora, o casamento é confirmado por meio de um Registro civil em cartório especializado, a Maçonaria não confirma nada. Porém ela pode consagrar o enlace, por meio de sua liturgia, invocando a presença do Grande Arquiteto do Universo, em uma Cerimônia das mais lindas de nossa Ordem.

E isto não acontece só no enlace matrimonial, nossos Rituais de Sessões Especiais trazem a liturgia para Consagração Matrimonial de Bodas de Prata, de Ouro, de Diamantes e outras datas comemorativas.

São apresentações belíssimas em que a família maçônica se encontra em nossos Templos e que sempre trazem prestígio para a Loja.

SESSÕES PÚBLICAS PARA AS DATAS CÍVICAS

Nossas comemorações homenageando nossas datas cívicas e maçônicas devem ocorrer sempre em nossos Templos.

O Dia do Aniversário de Fundação da Loja, o Dia da Pátria - Independência do Brasil, o Dia da Bandeira, o Dia da Libertação da Escravatura, o 21 de Abril, o Dia da República, o Dia de Finados, o Dia das Mães, como já citamos, o Dia do Maçom, as Festas de Natal e Ano Novo e assim por diante.

Estas comemorações, maçônicas ou não, sempre acompanhadas de uma boa palestra e de um bom protocolo, deixam rastros luminosos para a Loja e os Irmãos que a promovem.

O RECONHECIMENTO DO TRABALHO DOS IRMÃOS

Nossas leis preveem alguns títulos à Loja e a Irmãos de seu Quadro de Obreiros. Pouquíssimas Lojas Maçônicas solicitam estes títulos tanto para a Loja como para Irmãos merecedores.  reconhecendo de uma maneira cordial e fraterna, o trabalho de seus detentores.

Vamos colocar em prática estes fundamentos.

A AÇÃO MAÇÔNICA FORA DE NOSSOS TEMPLOS

A ação fora de nossos Templos, embora cuidadosa, deve ser praticada. Em algo institucional a Maçonaria pode e deve participar, como por exemplo, as campanhas às entidades carentes, etc.

É a participação da Maçonaria em algo institucional, algo que fará bem para todos, de maneira geral. Quando dizemos que as ações fora de nossos Templos devem ser cuidadosas, nos referimos a ações que se polarizam, como por exemplo, algo político-partidário, ou sectarismo religioso. Algo que divida a população em simpatizantes e antipatizantes.

Algo que tenha dois lados, onde alguns apoiam e outros reprovam. Nestes casos a Maçonaria não deve tomar parte. Em algo deste tipo, os Irmãos Maçons devem tomar parte, mas em seus nomes, aplicando o que foi aprendido em nossos Templos, nunca em nome da Maçonaria, pois seria uma exposição a qual se correria um risco desnecessário.

A Maçonaria deve atuar na política sim, mas de forma suprapartidária. As paixões político- partidárias não devem ultrapassar os umbrais de nossos Templos.

Assim fazendo, meus caros Irmãos, nossa Ordem será outra. O êxodo de nossos Templos não se dará e, finalmente, além de cumprir nosso objetivo, teremos de volta o respeito e o apoio de toda a comunidade.

 Denilson Forato


POR QUE "MEU IRMÃO", E NÃO "MEU AMIGO"?


Os maçons tratam-se, entre si, por "irmão", tratamento que é explicitamente indicado a cada novo maçom após a sua iniciação.

Imediatamente depois de terminada a sessão de Iniciação é normal que todos os presentes cumprimentem o novo Aprendiz com efusivos abraços, rasgados sorrisos e, entre repetidos "meu irmão", "meu querido irmão" e "bem vindo, meu irmão", recebe-se, frequentemente, mais afeto do que aquele que se recebeu na semana anterior.

O que seria um primeiro momento de descontração torna-se, frequentemente, num verdadeiro "tratamento de choque", num momento de alguma estranheza e, quiçá, algum desconforto para o novo Aprendiz.

Afinal, não é comum receber-se uns calorosos e sinceros abraços de uns quantos desconhecidos, para mais quando estes nos tratam - e esperam que os tratemos - por irmão... e por tu! Sim, que outro tratamento não há entre maçons, pelo menos em privado - que as conveniências sociais podem ditar, em público, distinto tratamento.

O primeiro momento de estranheza depressa se esvai - e os encontros seguintes encarregam-se de tornar naturalíssimo tal tratamento, a ponto de se estranhar qualquer "escorregadela" que possa suceder como tratar-se um Irmão na terceira pessoa...

Aí, logo o Aprendiz é pronta e fraternalmente corrigido, e logo passa a achar naturalíssimo tratar por tu um médico octogenário, um político no ativo, ou um professor universitário. E de fato assim é: entre irmãos não há distinção de trato.

Não se pense, todavia, que todos se relacionam do mesmo modo. Afinal, não somos abelhas obreiras, e mesmo entre essas há as que alimentam a rainha ou as larvas, as que limpam a colmeia, e as que recolhem o néctar.

Do mesmo modo, todos os maçons são diferentes, têm distintos interesses, e não há dois que vivam a maçonaria de forma igual. É natural que um se aproxime mais de outro, mas tenha com um terceiro um relacionamento menos intenso.

Não é senão normal que, para determinados assuntos, recorra mais a um irmão, e para outros a outro - e podemos estar a falar de algo tão simples quanto pedir um esclarecimento sobre um ponto mais obscuro da simbologia, ou querer companhia ao almoço num dia em que se precise, apenas, de quem se sente ali à nossa frente, sem que se fale sequer da dor que nos moi a alma.

Mas não serão isto "amigos"? Por que "irmãos"? Durante bastante tempo essa questão colocou-se-me sem que a soubesse responder. Sim, havia as razões históricas, das irmandades do passado, mas mesmo nessas teria que haver uma razão para tal tratamento.

O que leva um punhado de homens a tratar-se por "irmão" em vez de se assumirem como amigos? Como em tanta outra coisa, só o tempo me permitiu encontrar uma resposta que me satisfizesse. Não é, certamente, a única possível - mas é a que consegui encontrar. 

Quando nascemos, fazêmos no seio de uma família que não temos a prerrogativa de escolher. Ninguém escolhe os seus pais ou irmãos de sangue; ficamos com aqueles que nos calham.

O mais natural é que, em cada núcleo familiar, haja regras conducentes à sua própria preservação e à de todos os seus elementos, regras que passam, forçosamente, pela cooperação entre estes.

É, igualmente, natural que esse fim utilitário, de pura sobrevivência, seja reforçado por laços afetivos que o suplantam a ponto de que o propósito inicial seja relegado para um plano inferior.

É, assim, frequente que, especialmente depois de atingida a idade adulta, criemos laços de verdadeira e genuína amizade com os nossos irmãos de sangue, que complementa e de certo modo ultrapassa, em certa medida, os meros laços de parentesco.

Do mesmo modo, quando se é iniciado numa Loja - e a Iniciação é um "renascimento" simbólico - se ganha de imediato uma série de Irmãos, como se tivesse nascido numa família numerosa.

Neste registro, os maçons têm, uns para com os outros, deveres de respeito, solidariedade e lealdade, que podem ser equiparados aos deveres que unem os membros de uma célula familiar. Porém, do mesmo modo que nem todos os irmãos de sangue são os melhores amigos, também na Maçonaria o mesmo sucede.

Não é nenhum drama; o contrário é que seria de estranhar. Diria, mesmo, que é desejável e sadio que assim suceda, pois a amizade quer-se espontânea, livre e recíproca. E, tal como sucede entre alguns irmãos de sangue, respeitam-se e cumprem com os deveres que decorrem dos laços que os unem, mas não estabelecem outros laços para além destes. Pode acontecer - e acontece.

Mas a verdade é que o mais frequente é que, especialmente dentro de cada Loja, cada maçom encontre, de entre os seus irmãos, grandes amigos - e como são sólidos os laços de amizade que se estabelecem entre irmãos maçons!

Paulo M.  "


ASSISTÊNCIA SOCIAL MAÇÔNICA


Um dos grandes desafios no trabalho filantrópico é distinguir o assistencialismo e a assistência social, como ações distintas, e em alguns casos antagônicas.

A maneira mais clara de descrever essa equidade está no fato de que a primeira não tem condições de transformar a realidade social de indivíduos, famílias e comunidades, enquanto a última tem em seu objetivo principal a mudança de paradigma social, e emancipação dos sujeitos, de forma que os recursos necessários a sua vida digna e humana sejam alcançados por seus próprios esforços e méritos.

Além disso, a Assistência Social, em seu ideário ético político, visa garantir o acesso da sociedade a direitos sejam eles tácitos ou expressos, em todas as áreas que o advento da Constituição Federal de 1988, reuniu e classificou como princípios fundamentais da pessoa humana.

Assistencialismo e Assistência Social são conceitos totalmente antagônicos, haja vista que a assistência social é regulamentada por lei em nosso país e dispõe de metodologias específicas para tratamento e controle de políticas sociais para àqueles que perderam, ou estão prestes a perder sua dignidade. Ao passo que o assistencialismo é uma prática onerosa à cidadania e confrontante com os anseios de crescimento de uma determinada comunidade.

Podemos distinguir tais conceitos exemplificando algumas políticas sociais ou ações. Um bom modelo de ação baseada na assistência social é o programa Bolsa – Família do governo federal. Ressaltando aqui o programa em sua plenitude não admitindo vícios de execução.

Esse programa não só destina recursos financeiros para pessoas carentes, mas nele estão previstos condicionantes como acompanhamento escolar, atenção a saúde, participação de cursos e qualificações para o mercado de trabalho, enfim mecanismos que alterem a situação familiar em busca a sua autonomia.

Já um exemplo clássico de assistencialismo são os corriqueiros amparos políticos, levando pessoas a hospitais ou simplesmente “doando” cestas básicas, pagando esporadicamente alguma conta de consumo, enfim sendo e ou não visando benefícios eleitorais, essa prática mantém a classe desfavorecida nas mesmas condições de dependência. Não transforma o ser nem a “Célula Mater” que á a família.

Sendo a Maçonaria uma entidade que estatutariamente tem como objetivo a defesa dos direitos sociais, bem como aos princípios fraternos e de liberdade, itens fundamentais para o processo democrático de qualquer nação, é substancial as ações propostas e executadas por esta instituição, formada por homens esclarecidos, direcione suas ações de forma a não reproduzir os reflexos da questão social como a fome, a miséria, o desemprego como produtos naturais e conjunturais da sociedade contemporânea.

É de extrema importância que o potencial maçônico esteja consoante com uma assistência social completamente desvinculada do assistencialismo, e aqui não se resume a celebre frase “não basta dar o peixe, é preciso dar a vara e ensinar a pescar”, é preciso ir além e conceber e mostrar ao cidadão que ele tem o direito a pescar, a buscar os melhores caniços e anzóis e que esses itens são garantidos legalmente.

Esse direcionamento passa por uma reformulação de conceitos e (pré)conceitos, referentes a relação maçonaria, estado e sociedade, onde haveria a necessidade de uma salutar tecnização da ação da ordem, de forma a fazer parte da rede socio-assistencial.

O redirecionamento aqui proposto não exigiria a abertura da ordem para a participação de leigos, uma vez que as engrenagens que operam os serviços prestados por parte da ordem são ligadas, porém distintos, da mesma forma a participação das arquidioceses nos diversos espaços do serviço social, difere de sua concepção eclesial, ritualística e até mesmo filosófica.

É preciso se profissionalizar na assistência sob pena de ficar preso ao assistencialismo. É necessário estar presente nos espaços de controle social, Conselhos e Fóruns setoriais, estar interligado numa rede eficaz cujo objetivo é o progresso e o desenvolvimento da coletividade e a emancipação do cidadão da tutela do estado e da classe dominante.

As questões sociais são evidentes, visíveis aos nossos olhares e sabemos que o poder público não dá conta deles, o que transfere e exige que a sociedade trate delas, sendo que somente a sociedade organizada pode fazer algo nesse sentido, através de seus líderes, pessoas esclarecidas e, teoricamente, pessoas de bem a sua frente.

A Maçonaria se insere nesse contexto, indo além, é nossa missão participar da evolução social em todos os sentidos, político, cultural, humanístico, enfim, onde o homem possa colaborar no progresso de seu desenvolvimento.

Ir.’. Sebastião Capdeville
ARS Caridade e Esperança

Or.’. Jacaraipe - Serra-ES



UM MAÇOM NO INFERNO – UMA FÁBULA



Certa vez, perguntaram para um sábio Mestre Maçom:

Por que existem Irmãos que saem facilmente dos problemas mais complicados, enquanto outros sofrem por problemas muito pequenos, morrem afogados num copo de água?

O sábio Mestre Maçom sorriu e contou esta estória….

Era um Irmão que viveu toda sua vida, fiel às palavras do GADU, quando passou para o Oriente Eterno, todos os Irmãos disseram que ele iria para o céu.

Um Irmão tão bondoso, caridoso, estudioso, cumpridor dos seus deveres só poderia ir para o céu e ficar ao lado do GADU.

 Mas houve um erro em sua chegada ao céu.

O Anjo Irmão da secretaria que o recebeu, deu uma olhada rápida em suas pranchas, e como não viu o nome do Irmão na lista de Obreiros, lhe orientou para ir ao Inferno.

Disse-lhe: “No inferno, você sabe como é, ninguém exige carteirinha com CIM, qualquer um é convidado a entrar”.

Assim o Irmão foi resignado, entrou e ficou lá.

Alguns dias depois Lúcifer chegou furioso às portas do Paraíso, para tomar satisfações.

Isto não é Justo nem Perfeito! “Nunca imaginei que fossem capazes de uma coisa como essa.”

Lúcifer, transtornado, desabafou:

 “Vocês mandaram aquele Maçom para o inferno, ele está fazendo a maior bagunça lá. Ele chegou escutando as pessoas, meditando e refletindo numa tal pedra bruta, olha nos olhos delas, fala sobre vigilância e perseverança, cavar masmorras aos vícios, agora esta todo mundo dialogando, se abraçando, dizendo coisas horríveis como fraternidade, igualdade, liberdade, o Inferno está parecendo o paraíso”.

Então fez um apelo:

“Por favor, pegue aquele Maçom e traga-o para cá!”

Quando o Sábio Mestre Maçom terminou de contar esta história olhou carinhosamente e disse:

Viva sempre com tanto amor no coração que se, por engano, você for parar no inferno, o próprio demônio lhe trará de volta ao Paraíso.

Problemas fazem parte da nossa vida, porém não deixe que eles o transformem em uma pessoa amargurada. As crises vão estar sempre se sucedendo, testando nossa natureza e às vezes você não terá escolha.

Enfrente de coração aberto, com amor e doçura, empregue seu conhecimento, seu estudo, se você não tiver estudo nem conhecimento, reveja seus conceitos e se for necessário retorne ao processo onde você teve que morrer para renascer e comece a construir o seu templo interior novamente, nunca é tarde demais para recomeçar.

Fonte: Obreiros de Irajá.
S.'.F.'.U.'.


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O QUE A MAÇONARIA FAZ?

No meu entender a Maçonaria como uma escola que visa despertar o nosso estudo ao autoconhecimento, a nossa reflexão sobre a nossa postura e ...