A águia bicéfala,
representativa do Rito Escocês Antigo e Aceito, talvez seja o símbolo maçônico
mais conhecido depois do Esquadro e Compasso e do Delta Luminoso. Mas qual
seria sua real origem na Maçonaria?
Alguns autores insistem em
relacionar a águia bicéfala do REAA com a águia de Galash, com Bizâncio e
Constantino, com o Império Romano, talvez querendo atribuir ao Rito uma antiguidade
que não possui. Outros tantos autores afirmam que a águia bicéfala é herança de
Frederico, o Grande. Algo ainda mais impossível, pois Frederico nada teve com o
REAA e seu escudo de armas era de uma águia negra com apenas uma única cabeça.
Para que se compreenda a adoção
de tal símbolo, é necessário voltar à origem do REAA, no Rito de Perfeição,
então praticado na França:
Na década de 50 do século
XVIII, a maçonaria conhecida como “escocesa” estava se desenvolvendo
rapidamente na França, dominando a política interna da maçonaria naquele país.
Foi então que, em 1756, surgiu o Conselho dos Cavaleiros do Oriente, dirigido por
maçons da classe média, com o intuito de organizar os Graus Superiores.
Já os
maçons da classe alta e
da nobreza, não
desejando ficar para trás e deixar os opositores ganharem poder, criaram
o Supremo Conselho de Imperadores do Oriente e do Ocidente. Ora, um ”Supremo
Conselho“ soa mais do que um simples
”Conselho”, “Imperadores” são
mais do que simples ”Cavaleiros”, e ”Oriente e Ocidente“ é o dobro do que
apenas ”Oriente”!
Dessa forma, esse Supremo Conselho conseguiu prevalecer, se tornando a
“incubadora” do Rito de Perfeição, com seus 25 graus, os quais posteriormente
serviram de base
para o Rito Escocês Antigo e
Aceito.
Como emblema,
o Supremo Conselho de Imperadores do Oriente e do Ocidente
buscou inspiração no Império
Romano que, em seu auge, governou o Oriente e o Ocidente
e adotou um sistema de dois governantes simultâneos.
Nessa fase do Império,
adotou-se a águia bicéfala para simbolizá-lo. O Supremo Conselho encontrou na
águia bicéfala o símbolo do “Oriente e Ocidente” e acrescentou uma coroa sobre
as cabeças das
águias para simbolizar a realeza,
afinal de contas, tratava-se de um Conselho de “Imperadores”.
Quando do surgimento do
Supremo Conselho do Rito Escocês em Charleston, EUA, com seu sistema de 33
Graus, aproveitou-se o emblema
do Rito de
Perfeição, da águia bicéfala com
a coroa, acrescentando acima dessa um triângulo inscrito com o número “33”.
Além disso, optaram pela típica “águia americana”, com as penas da cabeça e da cauda
brancas e o restante da plumagem marrom.
Já Lagash, alquimia,
passado e futuro, bem e mal, Prússia, liberdade, Bizâncio e Constantino, espírito
e matéria, fênix
negra, tudo isso já é por conta da viagem de cada autor, não havendo
relação alguma com o motivo da águia bicéfala ter sido adotada como símbolo do
Rito Escocês Antigo e Aceito.
Fonte: No Esquadro
Autor: Kennyo Ismai
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