“O benevolente propósito da Instituição Maçônica é
de alargar a esfera da felicidade social e de promover a felicidade da raça
humana” (Washington).
Fraternidade – A
Maçonaria se preocupa com a elevação da humanidade a um estado de vida feliz,
onde o amor fraternal ligue todos os seres humanos esparsos sobre a superfície
da terra. Deixando de lado, agora, as artificiais distinções de posição e
riqueza que são, contudo, necessárias no mundo o progresso normal da sociedade,
os seus membros reúnem-se em suas Lojas sobre um comum nível de Fraternidade e
Igualdade. O relacionamento entre Irmãos deve guardar o sentimento de
Fraternidade.
Somente as virtudes e os
talentos constituem títulos e merecem ocupar lugar mais elevado, sendo o grande
objetivo de todos verem quem pode trabalhar e agradar mais.
A sua amizade e fraternal
afeição são inculcados ativamente e assiduamente cultivados, e, sendo
estabelecido este grande vínculo místico, distingue de maneira peculiar a
sociedade.
Caridade - A
Caridade é um dos primeiros deveres do Maçom, consignado nos mais antigos usos
e costumes da Ordem. Desta forma, todas as Obediências maçônicas possuem
serviços de assistência, seja sob forma de simples auxílio mútuo, sejam através
de fundações e manutenção de hospitais, creches, dispensários, orfanatos, etc.,
sendo em algumas delas grandemente desenvolvidos. Como em todas as reuniões
entre Maçons deve correr o Tronco
de Solidariedade, ou Beneficência, há em todas as Oficinas um Oficial
encarregado de fazê-lo circular, o Hospitaleiro.
Como uma das virtudes teólogas,
a Caridade é recomendada e ensinada em quase todas as práticas e símbolos da
Maçonaria.
A Caridade é também uma das três bases ou colunas
da Maçonaria, devendo resultar do êxito de todo trabalho empreendido com fé e prosseguido com esperança. Todos os rituais encarecem
o valor da prática da caridade, pois, como dizia S. Paulo (I Cor. XII 13), ela
é superior às outras duas virtudes.
Considerando que a prática da Caridade predispõe a alma para o Bem, e consequentemente para a
perfeição moral do homem, a Maçonaria a incluiu entre os seus postulados. Deve
ser esclarecido, no entanto, que a caridade maçônica não se exerce por meio de
esmolas.
Os nossos antepassados, há
séculos, reuniram-se sob ritos antigos, não para exercer a caridade, mas para
procurar a Verdadeira Luz... A caridade é uma consequência das nossas
doutrinas, e não a finalidade das nossas reuniões.
Solidariedade maçônica - é
o amor em crescimento íntimo, preparando-nos para a verdadeira fraternidade,
impulsionando-nos a outros objetivos de ação perante a vida. É despertar para o
bem, consciencializando-nos interiormente para as diretrizes novas. Ajudar é
exercício de apoio legítimo. Não só beneficia, mas, acima de tudo, desenvolve o
sentimento de solidariedade, ampliando o amor, a fraternidade.
O exercício desse sentimento engrandece e
desenvolve as possibilidades de crescimento interior, direccionando-o para a
verdadeira solidariedade, preconizada pelo Mestre dos Mestres, do “amai-vos uns aos outros”, que
devemos alcançar em nossas experiências sucessivas de progresso interior.
Nada mais angustiante que sentir
a impossibilidade de socorrer as necessidades de um Irmão desprovido de meios
de sobrevivência.
É com tacto e discrição que
devemos ajudar os nossos Irmãos. Têm eles direito à nossa proteção, uma vez que
aos que faltam do necessário são os credores dos que gozam do supérfluo. A
beneficência é, pois, uma simples justiça. Deve ser realizada como um dever de
solidariedade, sem nunca fornecer pretexto a atos de ostentação ou de vaidade,
fontes de orgulho para aquele que dá e humilhação para quem recebe.
Todos podem ser úteis uns aos
outros. Cada um tem necessidade de todos, e quem se recusar a socorrer o seu
semelhante, está se excluindo, por este fato, da comunhão dos Iniciados.
Embora a Maçonaria não seja de
nenhum modo uma sociedade de beneficência nem de socorros mútuos, como muitos
erradamente pensam o espírito de solidariedade não obstante, não está alheio ao
Maçom; deve, ao contrário, fazer parte de sua própria natureza e condição de
Maçom.
Podemos, assim, por exemplo,
observar perfeitamente o caso típico do Aprendiz que, sofrendo a influência das
prescrições de sua vida profana, considera ainda a palavra “solidariedade” como
sinônimo demagógico de “caridade”. Ele a pratica por superstição, sem alegria,
mas no sentido de assegurar-se a benevolência daquele que o julgará, no momento
de sua morte. Com os ensinamentos maçônicos não demorará em admitir que a
solidariedade não seja outra coisa senão o prolongamento, no plano moral, da
interdependência econômica e social dos homens que vivem em sociedade.
Há obrigações devidas por todo Maçom
aos seus irmãos, que assim podemos resumir: assistir um irmão em sua aflição
ajudá-lo em suas virtuosas empresas; fazer votos para o seu bem-estar;
conservar os seus segredos; e defender a sua reputação tanto na sua ausência
como na sua presença.
Servir é a nossa melhor maneira
de caminhar. O trabalho dignifica, engrandece e, acima de tudo, nos torna
úteis. Quer seja servil, intelectual ou sentimental, guardemos sempre o objetivo
puro de concorrer para o bem. Cabe-nos o dever de crescer em amor, sabedoria,
enriquecendo os sentimentos, multiplicando potencialidades. Em linguagem mais
extensa:
1.
Quando as necessidades de um irmão solicitarem o
nosso auxílio estaremos sempre prontos para prestar-lhe tal assistência, para
salvá-lo da ruína, enquanto não for prejudicial a nós ou às nossas relações, se
o acharmos merecedor disso.
2.
A indolência não será causa de nossas hesitações,
nem de nossas indignações e não nos farão desviar; mas esquecendo qualquer
consideração egoísta, seremos sempre prontos para servir, socorrer e sermos
benevolentes para um companheiro em aflição, e mais particularmente a um irmão
Maçom.
3.
Quando fizermos votos ao Deus Todo-Poderoso para o
bem-estar de um Irmão, o lembraremos como se fosse nós próprios; como as vozes
das crianças e dos inocentes sobem para o Trono da Graça, assim com certeza as
súplicas de um coração fervoroso elevam-se até as mansões da bênção, tanto
quanto as nossas preces são certamente necessárias aos outros.
4.
Guardaremos como se fosse nosso o segredo de um
irmão a nós confiado como tal; como se traindo esta confiança poderíamos
fazer-lhe o maior dano que seria capaz de sofrer nesta vida mortal; não somente
isto, mas seria semelhante à vilania de um assassino, que se embosca na
escuridão a fim de apunhalar o seu adversário, quando desarmado e não estando
preparado para enfrentar um inimigo.
5.
Suportaremos o temperamento de um irmão em sua
ausência como o faríamos em sua presença; se estiver em nosso poder, não o
insultaríamos injustamente, nem permitiríamos que outros o fizessem.
Para muitos Irmãos que não
distinguem a diferença entre Caridade e Solidariedade, basta dizer que a
caridade é um favor que se presta, ao passo que a solidariedade é uma
obrigação. A finalidade das Lojas Maçônicas, de um lado, é facilitar a procura
da Verdade e, do outro, é ensinar o desbaste de Pedra Bruta (necessidade de
esquadrejamento); mas não somente aos Aprendizes.
O que há de menos difícil é de
contribuir materialmente para o alívio dos infortúnios que podem ser
socorridos. As Confrarias do trabalho, desde os tempos mais remotos impuseram
aos seus adeptos a obrigação de assegurar a existência das viúvas e dos órfãos
de sua Congregação. O ancião impotente tampouco era abandonado; recebia
cuidados convenientes e sabia que funerais decentes lhes seriam reservados. Os
Maçons modernos não quiseram se subtrair a estes tradicionais e sagrados
encargos; assim toda a Loja tem seu tronco de beneficência.
Valdemar Sansão – M:. M:.
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