A PRANCHETA, A PEDRA BRUTA E A PEDRA CÚBICA


Numa Loja Maçônica encontramos vários simbolismos que decoram seu interior. Algumas dessas peças, denominadas “jóias”, representam física e espiritualmente os fundamentos maçônicos. Assim são as jóias móveis, representadas pelo Esquadro, o Prumo e o Nível, as quais ficam a guarda do Ven:. Mest:., do Ir:. Pri:. Vig:. e do Ir:. Seg:. Vig:., respectivamente, e assim chamadas “móveis”, por serem passadas a essas autoridades a cada mudança de posição em Loja. 

As jóias fixas são outros três ornamentos, sempre presentes e inerentes, que simbolicamente fundamentam a loja como o fazem os alicerces de um edifício, sendo por isso fixas.

Essas jóias são representadas pela Prancheta, pela Pedra Bruta e pela Pedra Cúbica (Polida). Neste trabalho serão feitas algumas interpretações deste conjunto paramental. A primeira é a interpretação oficinal. O Aprendiz, como iniciático e portanto, inexperiente, tem como primeira missão o desbaste da pedra bruta. Mas nada o Aprendiz pode fazer sem a devida orientação.

Cabe ao Mestre, através da Prancheta, instruí-lo a executar o trabalho perfeito. Então esse objeto é o primeiro e mais importante da vida do neófito, pois sem este não poderá ser instruído de forma clara e objetiva a manusear a Régua, o Maço e o Cinzel.

Assim feito, o iniciático deve fazer com esmero sua contribuição à obra, visando obter com exatidão um objeto justo, reto, linear, regular, simétrico e, portanto, belo. Este objeto, provindo do interior da pedra bruta, rugosa e disforme é um cubo, de arestas lisas e superfície perfeitamente polida. Estes blocos perfeitos são o fundamento, a base e as paredes de uma Loja justa e harmoniosa. 

Na visão simbólica, a Prancheta é interpretada como sendo a Sabedoria, onde o M:. M:. projeta, ilustra e ensina o oficio da Arte Real. A Prancheta é portanto o instrumento de aprendizagem do neófito, como o quadro negro é para os alunos o objeto que transpõe para a visão concreta, a abstração do conhecimento do mestre. A Pedra Bruta representa a força, pois nela será executado o árduo trabalho do desbaste. Essa força é a energia impulsiva que o Aprendiz necessita para fazer a transformação da Pedra, que nada mais é que sua própria transformação.

O ser humano, sempre relutante a mudanças, deve se exigir grande força de vontade para conseguir o objetivo de tornar-se uma pessoa sábia, justa e perfeita. A Pedra Cúbica é o emblema da beleza. De algo sem forma, agora se tem um objeto rigoroso, liso, reto, simétrico, especular, enfim, de grande admiração.

Este é o objetivo final, após toda a aprendizagem, esforço e dedicação. Essa interpretação nos remete ao conceito de “jóias fixas”, como parte integrante da arquitetura da Loja, pois assim representam as três colunas edificadoras. 

A terceira interpretação vem da disposição desses ornamentos em Loja. A Prancheta se encontra no Oriente, aos olhos do Ven:. Mes:., enquanto que a Pedra Polida está ao Sul, sob cuidado do Ir:. Seg:. Vig:. e a Pedra Cúbica está ao Norte, aos pés do Ir:. Pri:. Vig:.. Sendo assim, essas jóias representam os Três Graus Maçônicos de uma Loja Simbólica: Mestres (Prancheta), Companheiros (Pedra Cúbica) e Aprendizes (Pedra Bruta). 

Uma reflexão que pode ser feita a respeito dessas jóias é sobre o seu caráter emblemático na formação do Apr:. M:.. Ao se fazer o ingresso em uma oficina maçônica, o neófito, embora maçom nato, carrega toda uma formação moral, ética e social profanas. Portanto o Aprendiz é uma Pedra Bruta, na qual se encontra no seu interior, uma forma perfeita, bela e justa.

O renascentista florentino Michelangelo fora incumbido de terminar uma monumental obra de escultura em mármore. Daquele bloco deformado surgiu das mãos do hábil artista uma enorme figura humana apolínea. As aparas estavam encobrindo a imagem colossal do Rei Davi, a qual adormecia na pedra. Do mesmo modo o Aprendiz, sendo maçom nato, adormece no interior da Pedra Bruta.

Os ensinamentos maçônicos passados pelas instruções provindas simbolicamente da prancheta dos MM:. MM:. permitem aos iniciáticos a removerem as aparas de uma sociedade profana, na qual se criou. Portanto o trabalho dos neófitos é de se auto-conhecer, viajar em seu interior e encontrar a forma de ângulos retos, iguais e coerentes. Quando falamos da pedra cúbica, sendo esta exata e precisa, será perfeitamente polida, sendo sua arestas apenas os seus limites conformais.

Uma Pedra Polida não é necessariamente uma Pedra Cúbica, podendo ter o aspecto especular, mas de arranjo poliedral qualquer que não seja um cubo. O cubo, por sua vez, é totalmente simétrico, sendo a única forma geométrica espacial que possui lados e superfícies iguais, e todos os seus vértices possuem ângulos retos.


Além de representar a beleza e ordem, o cubo também representa a igualdade. O objetivo do Aprendiz é alcançar e obter para si os adjetivos da Pedra Cúbica e por meta ter o direito de se estabelecer na Col:. do S:. como Ir:. Com:..

À G.'.D.'.G.'.A.'.D.'.U.'.

Apr:. M:. Jorge Luiz Brito de Faria
A:.R:.L:.S:. Aprendizes de um Novo Tempo no. 54

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