EGRÉGORA MAÇÔNICA - FENÔMENO DA FORÇA INCÓGNITA



Com a vontade pura e a retidão de propósitos deverá estar o Iniciado Maçom revestido ao ingressar junto à soleira do Templo para início de mais uma jornada de trabalho. Exotericamente o fará sempre com o lado esquerdo ligeiramente avançado para que os caminhos do magnetismo destrocêntrico possam se manifestar com maior amplitude já logo de sua chegada para o convívio inicial com seus irmãos que o aguardam.
A primeira limpeza espiritual começa a ser desencadeada nesta hora, quando não por vontade própria, mas por dever anímico, o maçom deverá entrar em um processo de “escaneamento das impurezas profanas”, senão extirpando, pelo menos lutando para cauterizar de seu âmago as amarguras da vida externa.
É nessa hora que o primeiro passo de um fenômeno que adiante será descrito começa a se apontar. Daí tem a importância do sentido de introspecção de que o maçom deve estar imbuído, pois o elo que nos une como se verdadeiros irmãos fôssemos, começará dentro da mística maçônica a se formar. Os comportamentos profanos nesta hora hão de se cessar para dar lugar senão ao respeito à cerimônia que se inicia ao menos em respeito à ética maçônica de que todos indistintamente devem observar.
Esotericamente antes dos Iir:. adentrarem ao templo, com um único golpe mântrico do bastão no chão mosaico o Augusto Irmão Mestre de Cerimônias ordena que os espíritos se elevem, pois os trabalhos logo se iniciarão. Exotericamente com esse golpe mântrico o som de propaga e atinge o cérebro, já intimamente ligado ao significado egregoral que, - disciplina e ordena a mente - a aug:. sessão irá começar, o sinal foi dado.
Mas é na abertura da loja, com a leitura do salmo 133 do Livro Sagrado Bíblia pelo Irmão Orador que o fenômeno da EGRÉGORA toma força. É quando o salmo 133 acena com a agradabilidade da convivência em união fraterna, e a compara com “o óleo precioso sobre a cabeça o qual desce para a barba, a barba de Aarão... é como o orvalho do Hermon que desce sobre os montes de Sião...ali ordena o Senhor sua benção e a vida para sempre...” o que quer traduzir que o amor fraterno é comparado ao óleo santo de consagração e ao orvalho que umedece Jerusalém dando vida à natureza.
Assim deve ser a convivência fraternal, a tudo que permeia e umedece como a fina borrasca de um final de madrugada.
No preciso momento da abertura do livro sagrado e no curso da leitura de uma passagem do Livro da Lei conforme o grau em que se abre a loja, inicia-se a formação da EGRÉGORA, assunto objeto desta modesta peça que começa a ser detalhado cujo campo maçônico se interlaça com o da espiritualidade.
Para se crer e entender o significado da EGRÉGORA impõe-se primeiramente acreditar na existência do espírito. Neste sentido a Constituição de Anderson em seu Landmark (1) de número 20 exige do maçom uma crença na vida futura. E para não incorrer em erro substancial neste assunto de tamanha profundidade por este neófito “que não sabe ler nem escrever” e está longe de dominar, mas podemos ficar com a lição de Aristóteles (Estagira – Grécia 384 AC) e sua sabedoria grandiosa que distingue a alma do espírito:
“A alma é o que move o corpo e percebe os objetos sensíveis; caracteriza-se pela auto-nutrição, sensibilidade, pensamento e mobilidade; mas o espírito tem função mais elevada do pensamento que não tem relação com o corpo, nem com os sentidos”.
Para este discípulo de Platão, em sua inteligência universal, o Mundo surgiu de um Primeiro Motor - DEUS – IOD – (TETRAGRAMATON – nome sagrado e impronunciável do Senhor ). È ao mesmo tempo Potência e Ato. A primeira engrenagem do Universo.
Sob outro enfoque podemos dizer que o espírito apesar de não se constituir de matéria bruta é formado da união de um corpo físico, de um corpo mental (vital) e de um corpo astral (perispírito). Deste amálgama que ligado pela saliva divina surge o Homem. O Homem é espírito em movimento.
Mas é de uma zona física, perispirítica física, extra-corpórea, que tangencia a cútis, é que partirá uma quantidade de energia, tênue e quase imperceptível, como um fio de névoa, para alguns até um estado quase que plasmático, como um rastro sutil de fumaça, formando um corpo protetor, livre de sua origem dos conceitos físicos de tempo-espaço.
Não emulado pela fé ou religião, mas força atômica, material e tangível. Um campo de força material. À saída destes corpos, sempre quando em assembléia reunida e neste caso, em Loja, dá-se o nome de EGRÉGORA.
Quanto à referência à doutrina, pode-se colher no ensinamento de J. Boucher a seguinte lição. “Chama-se egrégora uma entidade, um ser coletivo originado por uma assembléia, cada Loja possui a sua egrégora, cada obediência possui a sua, e a reunião de todas essas egrégoras forma a grande EGRÉGORA MAÇÔNICA”.
Rizzardo Da Camino em seu Grande Dicionário Maçônico ensina que Egrégora deriva do grego `egregorien` com o significado de velar ou vigiar. No Livro de Enoch está escrito que os anjos que haviam jurado velar sobre o Monte Hermon teriam se apaixonado pelas filhas dos homens, ligaram-se a elas.....que será tema de um próximo trabalho deste humilde ir:.
Papus, em seu magnífico “Tratado Elementar da Ciência Oculta” introduz a noção de que as egrégoras seriam imagens astrais geradas por uma coletividade.
Serge Marcotoune, iminente mestre do Martinismo russo, constata que a energia nervosa se manifesta por raios no plano astral. O plano astral estaria cheio de miríades de centelhas, flechas de cores das idéias-força. “Cada pensamento, cada ação a que se mistura um elemento passional de desejo, se transmite em ideia-movimento dinâmica, completamente separada do ser que a forma e a envia, mas seguindo sempre a direção dada. Essas ideias seguem sua curva traçada pelo desejo do remetente”.
É por isso que precisamos controlar nossos desejos a fim de que eles não pesem sobre nós, acorrentando-nos, imprimindo à nossa aura cores diferentes. A meditação e a prece do iniciado regeneram seu ser, permitindo emitir idéias sadias e tranqüilizantes para que no plano astral, os espíritos guias canalizem as idéias-força para zonas determinadas.
Em A Chave da Magia Negra, Stanilas de Guaita afirma que no plano astral as coisas semelhantes aglutinam-se para criar um coletivo, graças às suas vibrações idênticas. “A egrégora, ser astral, possui seu eixo nesse plano e busca um ponto de apoio terrestre para se assegurar de formas estáveis”.
O maçom pode assim se aproximar dos seres superiores e elevados através somente do seu livre-arbítrio. No astral nascerão os germes das grandes associações, das grandes amizades, das grandes proteções.
Mas como as egrégoras estão em constante modificação, por força das variações das idéias-força, não possuem um ponto de apoio.
Por isso a necessidade da concentração sem esforço durante a ritualística, para que essa egrégora possa permanecer o maior tempo possível ativa, constante e homogênea.
Emanuel Swedenborg diz que viajaremos em grupos unidos, sendo ensinados pelos diversos grupos de anjos que formam sociedades a parte agrupadas em um grande corpo por que segundo ele “o céu é um grande homem”.
O mestre Yeshuah (2), citado pelo apóstolo Mateus, disse: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei entre eles”.
G. Descomier ( Phaneg ) representante do Martinismo (3) Francês, escreveu que “todo coletivo constitui na verdade uma família no plano espiritual. Por isso jamais se deve responder ao ódio com o ódio, porque então as duas egrégoras formariam uma aliança estreita para o mal.
Egrégora é uma forma pensamento que é criada por pensamentos e sentimentos, que adquire vida e que é alimentada pelas mentalizações e energias psíquicas. É uma entidade autônoma que se forma pela persistência e intensidade de correntes emocionais e mentais. Pensamentos e sentimentos fracos criam egrégoras mal definidas e de pouca vida ou duração, porém pensamentos e sentimentos fortes criam egrégoras poderosíssimas e de longa duração.
Existem egrégoras positivas que protegem, atraem boas energias e afastam cargas negativas, e egrégoras negativas que fortalecem o mal, canalizam forças negativas e repelem forças positivas.
Locais sagrados como as localidades de Aparecida do Norte (Brasil), Lourdes (França) e Fátima (Portugal), têm egrégoras poderosíssimas, formadas pela fé e mentalizações dos devotos, que acumulam as energias psíquicas dos fiéis, e quando alguém consegue canalizar para si as energias psíquicas acumuladas na egrégora provoca o conhecido “milagre”.
Esta é a explicação oculta da realização de grande parte dos milagres que acontecem. Os locais possuem egrégoras formadas pelas energias psíquicas de seus frequentadores que as canalizam em seu benefício através da fé.
A origem do termo EGRÉGORA é a mesma de "gregário", do latim gregariu: o que faz parte da grei, ou seja, rebanho, congregação, sociedade, conjunto de pessoas. No plano da espiritualidade usa-se o nome egrégora para designar um grupo vibracional, um campo de energia sutil em que se congregam forças, pensamentos ou vibrações com um determinado objetivo.
A egrégora pessoal é formada pelas energias psíquicas da pessoa e principalmente pelos seus pensamentos. Assim, uma pessoa psiquicamente equilibrada e com pensamentos positivos, cria uma egrégora positiva. Do mesmo modo, uma pessoa desequilibrada emocionalmente e negativa cria uma egrégora negativa. Porque a egrégora é como um filho coletivo que se realimenta das mesmas emoções que a criaram.
O maçom correto deve ter plena convicção de que as suas aspirações e desejos de bem, ainda que em pensamentos, nenhuma se perde. Nossa vida deve produzir ideias-força poderosas. Esse é o segredo da prece dos ditos “fracos”.
A maçonaria aceita a presença da Egrégora em suas sessões litúrgicas. A egrégora é uma “entidade” momentânea que subsiste enquanto o grupo está reunido. Para que ela surja é necessária a preparação ambiental, formada pelo som, pelo perfume do incenso e pelas vibrações dos presentes.
Estas vibrações devem ser puras. O maçom deve eliminar, ainda no átrio, todos os pensamentos inapropriados para o culto maçônico. A ritualística e a liturgia (4), preparam o surgimento da egrégora, no exato momento em que o Irmão Orador termina a leitura em voz alta, do trecho do livro sagrado, a egrégora forma-se brotando do altar como tênue fio espiritual para adquirir corpo etéreo com as características humanas.
Os mais sensitivos percebem esta entidade, ela se mantém silenciosa mas atua de imediato, em cada maçom presente, dando-lhe a assistência espiritual de que necessita, manipulando as permutas de maçom para maçom, construindo assim a Fraternidade (5). Para cada loja forma-se uma egrégora específica.
Os céticos não aceitam esta entidade, porém os estudos aprofundados revelarão a possibilidade de seu surgimento. Porém, esta entidade não deve ser motivo de adoração pois é uma entidade formada pela força mental e pelas vibrações do conjunto. A egrégora é a materialização da força do maço enquanto em loja.
CONCLUSÕES
A egrégora pode ser associada à consciência de grupo, mas ela é, ao mesmo tempo, algo mais do que isso. Aprendemos que quando dois ou mais se reúnem em um esforço     conjunto, é criado algo maior que a soma de seus esforços pessoais. Daí podemos comparar essa ideia à ideia de que o TODO é maior do que as partes que o compõem. Também não devemos esquecer-nos que a egrégora de nossa Ordem inclui todos os maçons vivos e também aqueles que passaram pela transição e hoje vivem no Oriente Eterno. A egrégora é portanto o resultado de nosso pensamento criativo nos planos exotérico e esotérico do pensamento.

A egrégora surge em loja a partir do esforço e da meditação de cada irmão. É um ser diáfano (6), que apesar de compacto deixa transparecer a luz que mesmo emana e absorve. Ela atua equilibrando as desigualdades emocionais e espirituais dos IIr:. em loja. Grande é sua atuação na CADEIA DE UNIÃO. E somente em Loja existe e existe oriunda da formação assemblear, onde todos nós irmãos, somos condôminos deste fenômeno.
Representa na sua forma mais sublime a expressão “ESTAR A COBERTO”. Mais do que um manto protetor (7) configura para o maçom a materialização de sua fraternidade quando um pouco de si é ofertado, por um mecanismo sobrenatural e divino ao Irmão necessitado. Para tanto se impõem as posturas mentais, espirituais e corpóreas mencionadas, não somente como um exercício de Virtudes Teologais (8) (Fé, Esperança e Caridade) e Cardiais (9) ( Prudência, Temperança, Justiça e Coragem ), mas como também na visão Aristotélica de perfilar pelo caminho do justo meio o bem absoluto e teleológico do ser humano: a felicidade; que para nós pode ser simbolizada pelo alcançar do cume da ESCADA DE JACÓ, para que possamos um dia gozar com firme fé da glória do Grande Arquiteto Do Universo e ao seu lado tomarmos assento, para que possamos descobrir em cada Irmão nossos dons espirituais mais acanhados e possamos sempre nos orgulhar dos verdadeiros motivos que nos levam a estar em fraternidade, na esteira do pensamento do filosofo Immanuel Kant (10), em seu imperativo categórico “age de tal modo que a máxima de tua ação possa ser elevada, por sua vontade, à categoria de lei, e de lei de universal observância”. Tudo isso para que possamos sempre contribuir para o crescimento espiritual de nossa loja, alijando o comportamento profano que obscurece a formação da egrégora.
Oportuna ainda a citação das palavras do maçom emérito Rizzardo da Camino em sua obra “O aprendiz maçom”, atinente ao assunto posto em pauta e que diz respeito também a ética maçônica:
 “ Aqueles que ´nada vêem`, que ´nada sentem` e que atuam “mecanicamente” que participam da cerimônia porque a isso foram conclamados pelo Venerável Mestre, devem aceitar o desafio de participação efetiva e espiritual. Então, só assim, hão de se dar conta que maçonaria não é um clube social ou recreativo.”
Que a paz profunda a todos invada.
 (1) Os landmarks da Maçonaria são um conjunto de princípios que não podem ser alterados para que se mantenha a unidade maçônica mundial, criado em 1723 por James Anderson.
 (2) Yeshua (ישוע) é considerado por muitos ser o nome hebraico ou aramaico de "Jesus". Este nome é usado principalmente pelos judeus messiânicos - ou por pesquisadores, historiadores e outras pessoas que creem ser essa a pronúncia original. O nome "Yeshua" deriva-se de uma raiz hebraica formada por quatro letras – ישוע (Yod, Shin, vav e Ain) - que significa “salvar”, sendo muito parecido com a palavra hebraica para “salvação” – ישועה, yeshuah – e é considerado também uma forma reduzida pós-exílio babilônica do nome de Josué em hebraico – יהושע, Yehoshua' – que significa “o Eterno que salva”.
 (3) Ordem Esotérica criada por Papus baseada nos escritos de Saint-Martin que hoje faz parte dos Graus Superiores da Ordem Rosa- Cruz.
 (4)O vocábulo "Liturgia", em grego, formado pelas raízes leit- (de "laós", povo) e urgía (trabalho, ofício) significa serviço ou trabalho público. Por extensão de sentido, passou a significar também, no mundo grego, o ofício religioso, na medida em que a religião no mundo antigo tinha um caráter eminentemente público.
 (5) Segundo o apóstolo Pedro era o tipo de união que identifica os verdadeiros cristãos. - 1Pedro 2:17
 (6) em que a luz passa parcialmente; translúcido.
 (7) Verificar passagem bíblica no II Reis, 2-14, sobre a passagem do manto protetor do profeta Elias.
 (8) têm este nome porque são ordenadas direta e imediatamente para Deus como fim último. Têm Deus como origem, motivo e objeto
 (9) Elas são derivadas inicialmente do esquema de Platão e foram adaptadas por: Santo Ambrósio, Agostinho de Hipon e Tomás de Aquino.
 (10) Fórmula da Lei Universal.

Obs. trabalho concluído com a participação e revisão final do Irmão Márcio Moreira.



PELICANO


Entre os antigos Egípcios, o Pelicano era tido como ave sagrada, era um emissário do Espírito Santo, porque apresentava certas qualidades que faziam com que os nativos de então se surpreendessem pelos esplendores da ave.

O simbolismo do pelicano assenta-se sobre uma lenda que tem a sua origem na Idade Média, que afirma que o pelicano, quando não encontra alimento para sustentar sua prole, rasga seu próprio ventre para alimentá-la com seu sangue.

O Pelicano é uma ave de grande porte que vive nas regiões aquáticas em todos os continentes, possui bico avantajado e tem, no bico inferior uma bolsa extensível e membranosa (bolsa gular), onde armazena os peixes pescados.

As fêmeas alimentam os filhotes despejando as reservas acumuladas. Para esvaziá-la, comprime o peito com o bico, fato este, que deu origem a essa antiga lenda, onde o pelicano abre o próprio peito para dele extrair sua carne a fim de alimentar os filhotes, quando não encontra alimento.

Simboliza, portanto, o amor com desprendimento e muitos vêem nele o mais lindo símbolo do amor materno.

O pelicano é também o símbolo alado da dedicação e das obrigações sociais. É a mente provida de asas, para que possa pairar sobre o mundo, desprendendo-se da matéria e contemplar sob o prisma da Verdade, toda a obra da Maçonaria.

 A Ordem dos Cavaleiros Templários vê no Pelicano o símbolo do GADU, alimentando seu Cosmos com sua própria substância.

O símbolo do pelicano pertence também ao domínio da vida cotidiana, que não é, contudo, menos comovedor, sobretudo para aqueles a quem as circunstâncias e as responsabilidades impõem uma escolha, pondo em jogo interesses vitais e mesmo a existência.

Laquito Leães



PARA QUE SERVEM TEMPLOS E OS RITUAIS?



Na "caminhada espiritual" usamos discutir mais do que realizar. Noutras palavras - preferimos as formas e os atos ao sentido ético, às grandes concepções da vida moral. É próprio das pessoas que ainda não vislumbraram as luzes proporcionadas pelo pensamento lógico e pelo conhecimento científico substituir com palavras e procedimentos mágicos as virtudes que dificilmente poderiam integrar às suas vidas.
Na visão de D.Huisman e A.Vergez "a noção psicológica de personalidade e a noção metafísica e moral de pessoa não são equivalentes". Daí os paradoxos interpostos em nosso caminho, especialmente quando tentamos analisar a "caminhada espiritual". É muito difícil explicarmos o que deve ser a partir daquilo que é. Os autores acima citados preferiram descrever a experiência moral, tal como é vivida pela consciência em sua originalidade irredutível, a fundamentá-la.
Não obstante, no campo das emoções, dos desejos e da formação do caráter e da personalidade, os rituais permaneceram cristalizados no tempo. Perderam, nos dias atuais, sua essência, valor e sentido transpessoal (ou "quarta força" na psicologia de Abraham Maslow).
Os rituais e os templos, contudo, ainda guardam heranças e tradições que merecem ser reencontradas e reinterpretadas à luz das necessidades do homem moderno. Se isso não acontecer, nenhuma cerimônia, nenhuma liturgia, catedral, edifício ou obra arquitetônica  terão o poder de apontarem para a transformação interior das pessoas. Nem ao menos lhes proporcionarão felicidade ou consolo.
O reencontro desses conteúdos ritualísticos - formas, palavras e gestos que antigamente constituíam "o Sagrado" - não implica numa revisão dos textos, mas numa perspectiva nova; nem a reinterpretação implica em modificações visando adaptar a liturgia às novas situações que vivenciamos. Mas precisamos sim - com urgência - acionar uma nova leitura, mais iluminada, daquilo que vimos praticando às cegas nos últimos cento e vinte anos!
Uma catedral magnífica, projetada segundo os mais justos e perfeitos cânones arquitetônicos é inútil (do ponto de vista espiritualista) durante a visita de um bando de turistas exclusivamente interessados em fotografar as colunas e vitrais seculares. A adoração das formas e das medidas serve apenas para ilustrar a inteligência, mas não transforma o homem para melhor. Um assassino cruel pode ser um bom arquiteto...
Um ritual, por mais bem elaborado e executado, permanece vazio e estéril se os gestos e palavras escapam à compreensão daqueles que o praticam.
Imaginemos uma liturgia proferida e articulada segundo a ortoepia da Idade Média e levada a efeito hoje na Catedral de Chartres - as preces e invocações recitadas integralmente em língua latina (imaginemos que não conheçamos essa língua); o texto, os sinais, símbolos e palavras nos passassem desapercebidos...
Que valor moral, ético ou espiritual levaríamos conosco para casa após esse culto? Que elementos de transformação interior, além do deleite estético da arquitetura e da música sacra? Apenas resquícios frágeis e quebradiços de uma adoração cega, da veneração pelo maravilhoso. Simples reverência e preito diante do desconhecido.
O formalismo reveste-se dos mais primitivos anseios humanos. Nesse início de século as imperfeições humanas vieram com mais realce à tona por causa do violento contraste entre o formalismo e a magnitude da geometria dos templos.
Vemos ressuscitar o açoite medieval daqueles que sondam os equívocos alheios expondo-os impiedosamente em público. Na falta daquela nova leitura mais iluminada a que me referi, semeiam-se novas dúvidas e novos medos.
Em face do crescente materialismo, nasce um conformismo covarde. As práticas, prédicas e discursos - nesses casos - não fazem mais do que proporcionar à eloquência de uns poucos o gozo pessoal de expor um panorama que constitui antes mau do que bom exemplo.
Na "caminhada espiritual" topamos com três tipos diferentes de pessoas, em número e papel que desempenham.
Há os professores, os discípulos e os indiferentes a esse tipo de "caminhada". Os que ensinam e interpretam parecem ter acesso direto ao escrínio secreto dos Mistérios. Parece que Deus só fala com eles...
Os que ouvem e tentam aprender contentam-se com as migalhas que caem da mesa farta dos líderes e profetas; e ainda pagam por essa mercadoria.
Os indiferentes (céticos) acham tudo isso muito cômico e empreendem outros esforços mediante a lei-do-menor-esforço.
A princípio, não nos cabe julgar as intenções e a sinceridade de uma tese e sua exposição sincera quando submetida ao debate e ao contraditório.
O que a tese (ou ensinamento) tiverem de bom - utilidade prática - devemos de aproveitar. Os aspectos negativos - oriundos de pretensos programas de ensino: desabafo de egos feridos, retaliação injusta contra movimentos concorrentes - dizem respeito ao propositor da tese em questão. São questões de consciência.
Todavia, ao humilde shela (discípulo) não se podem endereçar - nos dias de hoje, repito - apenas o rigor da vergastada, da humilhação e do silêncio compulsório.
O pensamento do discípulo é, antes de tudo, LIVRE.
O aprendiz é, antes de tudo, um homem livre.  É válido e imprescindível que ele avalie a sinceridade do que ouve, partindo do exemplo de vida que dá o pregador. É muito difícil alguém demonstrar o que não deve ser a partir daquilo que não é.
O conselho vem de outras épocas, não estou inventando nada - está no Evangelho escrito por Mateus: "Pelos seus frutos os conhecereis, colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos?
“Assim, toda árvore boa produz bons frutos, porém a árvore má produz frutos maus.” A árvore ociosa tentará converter o objeto de sua opinião em oráculo que lhe satisfaça as aspirações do menor esforço: se vaidosa, transformará o mais sublime dos temas em galeria de exibição do personalismo inferior; se insensata, invocará toda uma cultura à aprovação dos desvarios a que se entrega.
Numa palavra: um instrutor (o "instituteur", em francês) torna-se mestre quando é capaz de praticar as regras que oferece aos alunos. O que pensariam esses alunos daquele catedrático de cálculo estrutural cujas edificações desabassem todas? Não é possível crer e descrer ao mesmo tempo.
Nem é aconselhável permanecermos como bois diante de castelos, pois há flagrante oposição entre a busca do conhecimento e os exclusivos interesses do estômago; igual oposição existe entre o caminho do homem livre - que pensa por si mesmo - e a estrada que estabelece apenas a dominação ou a distribuição dos lugares no poder - como na Revolução Francesa: havia aplausos no instante das vantagens, e fuga espavorida no instante do sacrifício e morte na guilhotina.
AS ORDENS INICIÁTICAS TRADICIONAIS: Ao sermos iniciados numa Ordem tradicional, não foi nosso objetivo substituirmos os dogmas tradicionais da fé por outros dogmas. Qual a vantagem em destituir da cátedra um "Magister Dixit" e substituí-lo pelo "Mestre Disse"? - trocar 6 por meia-dúzia?
Devemos estar conscientes, desde a opção que fizemos, que aqueles que abusam de autoridade utilizam-se da palavra para movimentos de ruína e aniquilamento do pensamento livre.
O efeito deletério de tais movimentos perturbadores articulam-se ainda contra os próprios autores que acabam colhendo amargos frutos da infeliz atividade a que dão impulso.
O sinal mais característico desse tipo de imperfeição é o interesse pessoal. Disse o antigo Mestre de Lyon: "Pode um homem possuir qualidades reais, que levem o mundo a considerá-lo homem de bem.
Mas, essas qualidades, conquanto assinalem um progresso, nem sempre suportam certas provas. “Às vezes basta que se fira a corda do interesse pessoal para que o fundo fique a descoberto.”
A QUEM serve esse homem? A QUE serve?
"Quando estão presentes as obras do interesse pessoal, suspeitemos da impostura, por mais pretensiosas que sejam suas reivindicações; por mais plausíveis que sejam seus ensinamentos.
Elas apenas servem às inimizades, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas a respeito das quais vos preveni..." disse Saulo de Tarso aos Gálatas.
José Maurício Guimarães


S.'. S.'. S.'. (SAPIENTIA, SALUS, STABILITAS)


S.'. S.'. S.'. (sapientia, salus, stabilitas) é correto no REAA, 

S.'.F.'.U.'. é do rito de York 


É compreensivo que surjam termos em latim em nossos ritos, razão pela qual os romanos dominaram a maior parte do mundo oriental e, por muitos séculos, impuseram seus costumes e seu idioma aos povos dominados.

Porém, importante que saibamos o significado de cada palavra de origem latina que pronunciamos.

Gostaria de mencionar, por hora, a expressão aposta aos textos maçônicos e ditas vigorosamente ao término da cadeia de união(no R.'. E.'.A.'.A.'.) -S.'.S.'.S.'. (sapientia, salus, stabilitas).

Esse termo faz referência aos três pilares do Templo, ou colunas imbólicas, quais sejam, a Jônica, representando o Ven.'.M.'., a Dórica, representada pelo ir.'.1º vig.'. e a Coríntia, personificada no ir.'.2º vig.'. respectivamente.

A pronúncia correta das palavras seria /sapiêinsia/, /salús/ e /stabilitás/, percebendo que a única dificuldade seria pronunciar a primeira delas, pois muitos a confundem por se escrever com a letra "t", que, no latim, tem som de "s" e acabam por escrevendo erroneamente "sapiencia".

Já a palavra "stabilitas" algumas vezes, também erroneamente é dita stabilitus, mas não deve assim ser usado porque a desinência "us" ou "um" é neutra e, neste caso ensejaria outra palavra se tornando composta, por exemplo: "lex libertatum" (lei libertadora, ou , lei que liberta).

"Sapientia" significa sabedoria, instrução, razão, bom senso, moderação e, na ordem do dia, representa o venerável mestre estando em sua posição de orientador e instrutor nas palavras e ensinamentos.

"Salus" significa saúde, salvação, conservação, vida, força vital, e diz-se em representação ao irmão primeiro vigilante.

"Stabilitas" significa solidez, consistência, firmeza, inamobilidade, estabilidade moral, e é dito em representação ao irmão segundo vigilante.

Referências Bibliográficas:

FIRMINO, Nicolau. Dicionário Latino-Português. 4ed. Melhoramentos: São Paulo, 1954.
BARROS, Zilmar de Paula. A Maçonaria e o Livro Sagrado. Mandarino: Rio de Janeiro, ano desconhecido.p.79

Por Denilson Forato


A MARCHA DO APRENDIZ



Inicialmente deve ser esclarecido o significado de marcha. Marcha é o ato ou efeito de marchar, caminhar.

Na maçonaria uma marcha específica é usada para cada grau e cada Rito Maçônico possui igualmente a sua marcha específica. Portanto, a marcha varia em alguns casos de acordo com o Rito.
Os Maçons executam a marcha, pois esta representa a forma de caminhar em Loja em busca da Luz do conhecimento. No caso do Aprendiz este só sabe dar três passos em busca dessa Luz.
A origem desses três passos, ou seja, o porquê dos mesmos, nunca foi explicado, nem há qualquer registro na história. Alguns escritores maçônicos especulam, acreditando que os três passos se devem ao fato do lugar onde eram feitas as cerimônias maçônicas (as Tabernas) ser muito pequeno.
Outra especulação também é feita em relação ao número três dos passos. O que se pode dizer é que este número não é exclusivo da Maçonaria. A Maçonaria o adotou para o Grau de Aprendiz, pois este número é considerado sagrado ou mágico e sempre foi usado por quase todos os povos da antiguidade.
A marcha do aprendiz é feita em linha reta, pois, simbolicamente, se sair do caminho reto não saberá a ele retornar. Ela tem início quando o Obreiro ingressa no Templo e, no Rito Escocês Antigo e Aceito, ela é rompida com o pé esquerdo, o mesmo ocorrendo em relação aos Ritos Brasileiro e Schröeder.
Nos Ritos Adonhiramita e Moderno os passos são rompidos com o pé direito. A cada passo dado, é formada uma esquad.’., com a junção dos calc.’., e sempre à ordem. Esta é a única exceção em que o Obreiro ao caminhar, o faz estando à ordem. Em outras oportunidades o Obreiro caminha normalmente pelo Templo sem estar à ordem.
Também muita tinta foi gasta para tentar justificar a forma correta de romper a marcha, ou seja, se com o pé esquerdo ou o direito. Uns alegando que deveria ser com o pé esquerdo, pois este é o lado do coração, da emoção; outros, com o pé direito, pois era o lado da razão.
A cada passo dado com o sentimento da emoção, juntava-se outro, com a razão. Assim, emoção e razão estariam sempre em equilíbrio. No entanto, tudo isso é apenas especulação, sem nenhuma justificativa histórica.

Originariamente, nas Lojas inglesas, os passos eram rompidos com o pé direito. Mas como essa forma de executar a marcha foi revelada por um Irmão indigno chamado Samuel Prichard, que publicou um livreto revelando alguns segredos da Maçonaria, a Grande Loja de Londres resolveu mudar, para impedir o ingresso de profanos nas reuniões maçônicas. Os Ritos Moderno e Adonhiramita, de origem francesa, preferiram continuar segundo a origem inglesa.,
Irm.: Robson Rodrigues da Silva

Bibliografia:
Castellani, José. Dicionário Etimológico Maçônico, Editora a Trolha, Londrina, 1988.
Ritual do Grau de Aprendiz do Rito Escocês Antigo e Aceito, edições do GOB.
SILVA, Robson Rodrigues  - Das Pompas Fúnebres e Outros Estudos Maçônicos. Editora A Trolha, Londrina, 2009.
XICO TROLHA. Ponte para a Liberdade. Editora A Trolha, Londrina, 2004.


VIVAMOS EM FRATERNIDADE - REFLEXÃO


Existe uma Antiga História, uma Lenda Maçônica, um exemplo de união que devemos observar e nos exemplificar, já que somos Maçons, ou... será que não somos Maçons?
O  G.'.A.'.D.'.U.'.  estava sentado, meditando sob a sombra de um pé de
jabuticaba, lentamente o Senhor do Universo erguia sua mão e colhia uma e outra fruta, saboreando o fruto de sua criação.
Ao sentir o gosto adocicado de cada uma daquelas frutas fechava os olhos e permitia um sorriso caridoso, feliz, ao mesmo tempo em que de olhos abertos mantinha um olhar complacente.
Foi então que, das nuvens, surge um de seus Arcanjos vindo em sua direção:
Diz a lenda que a voz de um Anjo é como o canto de mil baleias.
É como o pranto de todas as crianças do mundo.
É como o sussurro da brisa.
O Arcanjo tinha asas brancas como a neve, imaculadas.
Levemente desce ao lado do G.'.A.'.D.'.U.'. e ajoelhando a seus pés disse..
- Senhor visitei a vossa criação como me pediste. Fui a todos os cantos,
estive no Sul, no Norte, no Oriente e no Ocidente.
Vi e fiz parte de todas as coisas. Observei cada uma das suas crianças
humanas.
Notei que em seus corações havia uma Iniciação, eram iniciados Maçons e que, deste  a cada um destes, apenas uma asa.
Senhor.. Não podem voar apenas com uma asa!!!
O G.'.A.'.D.'.U.'. na brandura de sua benevolência, respondeu pacientemente a seu Anjo:
- Sim.. Eu sei disso. Sei que fiz os Maçons com apenas uma asa.
Intrigado com a resposta, o Anjo queria entender, e voltou a perguntar.
Senhor, mas porque deu aos Maçons apenas uma asa quando são necessárias duas asas para se poder voar.. Para poder ser livres.
Então respondeu o G.'.A.'.D.'.U.'.
- Eles podem voar sim, meu Anjo. Dei  aos Maçons apenas uma asa para que eles pudessem voar mais e melhor. Para  poderem se evoluir levemente..
Para voar, meu Arauto, você precisa de suas duas asas: Embora livre, você estará sempre sozinho, ou ser  somente acompanhado.
Como  os pássaros que ao mesmo tempo em que estão juntos se debandam.
- Mas os Maçons com sua Única asa, necessitarão sempre de dar as mãos e entrelaçarem seus braços, assim terão suas duas asas. Na verdade, cada um deles tem um par de asas.
Em cada canto do mundo sempre encontrarão outro Irmão com outra asa, e assim, sempre estará se completando, sempre sendo um par.
Dei aos Maçons a verdadeira Liberdade e a cada um dei-lhe também, em
Igualdade, uma única asa, para que desta forma, possam sempre viver em Fraternidade.
(Autor desconhecido)


SER MESTRE DO POVO MAÇÔNICO


Nós, Maçons, temos de fazer mais, muito mais do que temos feito até hoje!
Mestre – Temos certeza de que muitos Mestres não podem dedicar-se ao estudo da Arte Real, talvez como desejassem. Uns por falta absoluta de tempo, estudar exige certo esforço, continuidade e memorização; todos nós estamos aptos ao estudo, alguns, porém, devido suas obrigações profanas, não têm essa disponibilidade; outros pela falta do hábito de ler.
Na Maçonaria, o estudo é trabalho do Companheiro; o Aprendiz, na realidade, não estuda, apenas observa; mais tarde, aplica o que observou ao estudo, que é a aplicação do seu conhecimento incipiente, para enriquecê-lo. O maçom, antes de vir a ser Mestre, deve passar pela escola como discípulo.
Atingido o mestrado, o maçom aprofunda o seu estudo para descobrir o que está oculto, para atualizar-se e tornar-se sábio. O maçom deve instruir-se para compreender, e só alcançará a meta desejada por meio do estudo, que exige constância, dedicação e, sobretudo, força de vontade.
Contudo, o Mestre precisa para dar instruções em Loja para os Aprendizes e Companheiros Maçons, explicar tópicos desta ou daquela lição, estar preparado.
Há sempre alguma coisa que passa despercebida, mas o Mestre precisa estar atento porque, quando menos se espera, pode surgir alguma pergunta cuja resposta precisa ser dada. Ninguém deve falar se não tiver certeza do que vai dizer. Daí por que o Mestre nunca deve deixar de preparar a lição para a próxima Loja.
Há Mestres que falam com facilidade, senhores do assunto e são imediatamente compreendidos. Mas, há outros que nunca devem abrir a boca. Nota-se que não conhecem nada daquilo que pretendem explicar.
O mais triste em uma Loja é constatar a mediocridade de seus membros, que não dão ao estudo a importância necessária. Quem não estuda, corre o risco de inventar. Nossa Sublime Instituição não é feita de invenções, não admite invencionices.
Estudar conduz ao aprendizado, e este à realização. Estude a si mesmo, observando que o autoconhecimento traz humildade e sem humildade é impossível ser um verdadeiro Maçom.
Marchas e Sinais – As marchas e os Sinais são de caráter obrigatório para os Maçons que são recebidos no Templo quando os trabalhos já foram iniciados.
É bom lembrar que estando a Loja funcionando em qualquer dos Graus, a entrada e a saudação são sempre do Primeiro Grau. A marcha de Mestre, em geral, só é usada por ocasião da Iniciação (exaltação) a esse Grau. No Rito Escocês Antigo e Aceito a marcha é iniciada com o pé esquerdo, enquanto que no Rito Francês ela é rompida com o pé direito.
As marchas, em qualquer dos Graus, devem ser bem ensinadas, logo nas primeiras Lojas.
Sobre os Sinais nada diremos para não desobedecer àquilo que a Maçonaria nos ensina, isto é, para não irmos de encontro à lei do sigilo. Queremos chamar atenção para alguns erros que são cometidos, continuamente, por ignorância das “leis” que regem a matéria.
Atenção! É erro crasso fazer-se qualquer dos Sinais se não estivermos com as mãos inteiramente livres. Portanto, se o Obreiro estiver lendo, por exemplo, o Ritual ou uma carta, ou qualquer outra coisa, segurando o objeto em que está escrito o teor da leitura, ele não pode fazer qualquer sinal e se o fizer estará cometendo erro imperdoável.
Repetindo: qualquer um dos Sinais só poderá ser feito se as mãos estiverem inteiramente livres.
Ingresso no Templo – Ao ingressar no Templo, far-se-á a saudação ao Venerável e aos Vigilantes. No entanto, é bom saber que, nos ritos teístas, a saudação que se faz ao cruzar o equador do Templo, é dirigida ao Delta Luminoso, representação do Grande Arquiteto do Universo.
Grau de Mestre – Título dado inicialmente ao Companheiro destinado a dirigir um canteiro de obras, entre os talhadores de pedra, do início da incipiente Maçonaria. Segundo Castellani, o Grau de Mestre Maçom, só surgiu no ano 1723 – depois da criação, em 1717, da Primeira Grande Loja, em Londres e só seria implantado a partir de 1738.
Com o surgimento do terceiro grau, ampliou-se a Maçonaria operativa; posteriormente,  entendeu-se como apurar os conhecimentos de forma intelectual, passando a ser denominada de simbólica “Maçonaria especulativa”.
Pode-se dizer que este Grau faz do Maçom um verdadeiro Mestre na arte da vida, porque lhe ensina qual é sua verdadeira missão sobre a terra e o papel que sua inteligência e seu valor devem desempenhar em todos os transes da vida.
A palavra Mestre provém do latim magister, e significa aquele que ensina e dirige; cada discípulo terá seu Mestre, inexistirá discípulo se não houver um Mestre.
Desde a Iniciação, o Iniciado passa a ser um maçom completo; mas, com o constante progresso e armazenamento dos conhecimentos, esse maçom sobe de grau em grau até atingir o “ápice da pirâmide”, quando se torna Mestre. Mesmo Aprendiz, o maçom deve aspirar ascender e, com zelo e pertinácia, evoluir dentro de seu rito, até atingir o conhecimento máximo e situar-se em uma posição de mestrado para ser Mestre de seus Irmãos.
Sendo a Maçonaria uma escola, nela haverá aprendizado; a titularidade máxima no simbolismo é a do Grão-Mestre, que significa “grande Mestre”, e nas Lojas a autoridade maior será do Venerável Mestre. Na Maçonaria Simbólica, o Grau de Mestre constitui o teto máximo atingido; com o mestrado, o maçom adquire todas as prerrogativas maçônicas.
Em uma Loja, o Mestre tem atribuições administrativas específicas e atribuições inerentes à sua evolução; nesse caso, tem a obrigação de orientar e ensinar os aprendizes e companheiros, sem que estes o peçam, pois não poderá manter-se Mestre sem ter sob sua espontânea responsabilidade pelo menos um Aprendiz.
Todo proponente de um candidato à Iniciação passará a ser Mestre do proposto, tanto no Primeiro como no Segundo Grau. “O maior deve ser aquele que serve e honra os menores”.
Os aprendizes e companheiros, vencido o prazo de interstício, têm a obrigação de alcançar o mestrado e assim receber todos os sigilos e conhecimentos maçônicos.
A Tolerância - O maçom deve estar alerta quanto ao recebimento das agressões e das ofensas; embora não haja necessidade evangélica de oferecer a outra face, o fato de exercitar a tolerância equivale a esse oferecimento que a mente comanda e o espírito aceita.
O Maçom considera a tolerância como uma virtude.
Voltaire afirmou: “Não concordo com nenhuma palavra do que dizes, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-las”. Está aí uma síntese fundamental da aceitação, da paciência, enfim, do respeito ao juízo diferente.
Tolerar também significa avaliar o conceito de verdade expresso pelo interlocutor, desde que não se contraponha aos fatos, já que nada é mais intolerante do que a certeza de se ter razão. Por outro lado, a certeza de se ter razão leva ao fanatismo.
E toda verdade é verdadeira, mas não é a única.
Ser Mestre
Ser mestre significa ser Mestre de si mesmo, trabalhar com inteligência e força de vontade em si mesmo, no seu próprio aperfeiçoamento, tendo sempre em mente o fato de que nada mais somos do que simples aprendizes no Grande Mistério, mesmo que nos denominemos Mestres.
Ser mestre é aceitar que não nos pertencemos, mas à coletividade, e que isso por isso mesmo sua inteligência e sua vontade devem estar sempre a serviço dessa coletividade.
Ser Mestre á acender luzes pelo caminho por que passa, luzes de amizade e sabedoria, de bondade e justiça, de harmonia e compreensão, de solidariedade e fraternidade.
Ser Mestre é não se considerar juiz dos defeitos e erros dos outros, mas saber compreender e perdoar.
Ser Mestre é saber aceitar um conselho, para ser ajudado.
Ser Mestre é retribuir com ternura aos que o odeiam.
Ser Mestre é ser perfeito nas minhas realizações.

Fonte de consulta: CARTILHA DO MESTRE / Raimundo Rodrigues
Editora Maçônica “A TROLHA” Ltda. – Londrina – PR.

Autor – Ir.’. Valdemar Sansão


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