O QUE A MAÇONARIA FAZ?

No meu entender a Maçonaria como uma escola que visa despertar o nosso estudo ao autoconhecimento, a nossa reflexão sobre a nossa postura e o livre arbítrio de nosso pensar agir, realmente se bem entendida, até faz acontecer.

Mas o que ela faz acontecer?

Diria eu que, antes de nos dar condições de ajudar no crescimento da humanidade, no desenvolver da sociedade em que estamos inseridos, ela visa nos despertar na busca em nosso autoconhecimento....

De nosso EU...

QUEM SOMOS!!!

E é essa a grande luta que inicialmente travamos e devemos continuar a travar:

VENCER AS NOSSAS PAIXÕES!!!

Vencer nossas paixões, um grande desafio!!!

O interessante nesse desafio é que precisamos nos policiar em evitar aquilo que sabemos não ser permissível em determinadas circunstâncias.

Diria eu que a grande provação é saber resistir em algo que nos tenta, que as vezes é prazeroso mas nos faz mal, ou melhor, quando sentimos que faz mal a nós ou às pessoas a quem queremos o bem.

O QUE NOS FAZ MAL?

Comer doces em excesso quando somos diabéticos ou temos propensão a ela?

Beber ou fumar quando temos propensão a doenças pré-existentes em nosso DNA?

Comer em demasia quando sabemos ser prejudicial a nossa saúde?

Falarmos, escutarmos, lermos, assuntos, que nos deixam desgostosos, revoltados e nada acrescentam em nosso pensar?

Criarmos inimizades gratuitas apenas por não concordar com nosso interlocutor?

E QUANDO NOSSAS PAIXÕES FAZEM MAL ÀS PESSOAS?

Ter pensamentos ou sentimentos negativos para com os outros, mesmo sabendo que apenas nós mesmos estaremos sendo prejudicados?

Agredir com atos e palavras as pessoas, apenas pelo prazer de agredir.

Usar em diálogos antagônicos, tão normais entre livres pensadores, formas de expressões agressivas, sem urbanidade e candura?

Quebrar regras e normas previamente aceitas, pelo simples fato de querer chamar a atenção e ser o centro da discórdia?

Nos expor sem preocupação com o próximo, em ambientes ou locais de risco, mesmo sabendo que são perigosamente prazerosos?

Procurar celeumas em ambientes ou locais inapropriados?

QUERER MAL AO OUTRO É COMO TOMAR VENENO E QUERER QUE O OUTRO MORRA!!!

VENCER NOSSAS PAIXÕES!!!

QUÃO DIFÍCIL É!!!

Gustavão Velásquez M.'.M.'.

 

IRMÃOS

Na Maçonaria os seus membros são chamados de Irmãos, pois unidos pelo Amor Fraternal, seja em qualquer Grau, recebem este tratamento, e o seu significado é a condição adquirida com a participação de um mesmo ideal baseado na amizade.

A origem do cordial tratamento de “Irmão” afirma que este tratamento foi adotado pelos Maçons, desde os tempos de Abraão, o velho bíblico. Reza a história que estando ele e a sua mulher no Egito, lá ensinava as sete ciências e contou entre os seus discípulos com um de nome Euclides. Tão inteligente que não demorou em se tornar mestre nas mesmas ciências.

Então Euclides, nas suas aulas determinou regras de conduta para os seus discípulos; em primeiro lugar cada um deveria ser fiel ao Rei e ao país de nascimento; em segundo lugar, cumpria-lhes amarem-se uns aos outros e serem leais e dedicados mutuamente. Para que os seus alunos não descuidassem destas últimas obrigações, ele sugeriu aos mesmos que se dessem, reciprocamente, o tratamento de “Irmãos” ou “Companheiros”.

Aprovando inteiramente este costume da escola de Euclides, a Maçonaria resolveu adotar aos seus iniciados, que receberam com todo o agrado, sem nenhuma restrição, passando a ser uma norma obrigatória nos diversos Corpos da Ordem. Traduz uma forma muito afetiva e agradável a todos os corações dos que militam nos nossos Templos.

O Poema “Regius”, que data do ano de 1390, aconselha os operários a não se tratar de outra forma senão de “meu caro Irmão”. Por isto o tratamento de Irmão dado por um Maçom a um outro, significa reconhecimento fraternal, como pertencente a mesma família.

Os Maçons são Irmãos por terem recebido a mesma Iniciação, os mesmos modos de reconhecimento e foram instruídos no mesmo sistema de moralidade. Além da amizade fraternal que deve nos unir, nós Maçons somos simbolicamente filhos da mesma mãe.

Durante a Iniciação quando o iniciando recebe a Luz, e os seus novos Irmãos juram protegê-lo sempre que preciso. A partir daquele momento, todos os que a ele se referem tratam-no por Irmão. Os filhos dos seus novos Irmãos passam a tratá-lo como “Tio” e as esposas dos seus Irmãos passam a ser as suas “Cunhadas”. Forma-se nesse momento um elo firme entre o novo membro da Ordem e a família maçônica.

A Maçonaria não admite nas suas fileiras qualquer tipo de preconceito racial, religioso, condição social ou financeira. A Ordem se dedica há séculos a combater os preconceitos, sempre plantando a semente da paz, da harmonia e da concórdia.

Permite sim discordar de ideias dos Irmãos e não de Irmãos, a Loja Maçônica é o templo do saber, do crescimento cultural e espiritual. Reunimo-nos para combater a nossa ignorância e a dos outros, lutar contra os vícios e a injustiça. Lugar de Amor Fraternal, símbolo da amizade, da razão serena e perseverança. Distinguimo-nos dos profanos pela nossa aversão à injustiça, à vingança, à inveja e à ambição desmedida, sempre fazendo o bem pelo bem.

O Maçom deve primeiro interrogar a sua consciência sobre os seus atos, para melhor avaliar os atos dos outros, não deve apontar os erros alheios e sim corrigi-los.

O verdadeiro Irmão não tem ódio, nem rancor, muito menos desejo de vingança; perdoa e esquece as ofensas, e não se lembra senão dos benefícios que já tenha recebido, ajudar o Irmão em dificuldade, mas se a necessidade o obriga deve procurar sempre o bem que atenua o mal.

Sabemos como difícil é meus queridos, ser Irmão, na mais pura essência da palavra. Quando nos encontramos abrimos o sorriso e os braços como se fossemos velhos conhecidos, e este sentimento de Irmandade às vezes é mais forte que entre irmãos de sangue.

Diante de tudo acima exposto só posso agradecer-vos, meus Queridos Irmãos pela aprendizagem nestes anos, e que o Grande Arquiteto do Universo nos ilumine e nos permita muitos e muitos anos de convivência.

Wellington Oliveira, M. M.

 

 

A MAÇONARIA PODE ACABAR?


 

Sim, talvez ou não?

Decerto iremos divagar, ou seja, trilhar caminhos tortuosos, visto que a resposta dependerá de qual parte da Maçonaria estamos indagando.

O Maçom pode acabar? Sim! Basta ele, por suas atitudes, retornar à condição de profano.

Uma Loja Maçônica pode acabar? Sim! Basta ela deixar de ser para o Maçom um lugar consagrado aos Sãos Princípios da Moral e da Razão.

Uma Potência Maçônica pode acabar? Sim! Basta ela se tornar um Reino ou uma empresa, acreditando que as Lojas são suas colônias/filiais, instituindo "Viscondes", "Condes", "Duques" e aplicando leis imperialistas.

O Maçom pode acabar? Talvez! Dependerá de seu padrinho e de seus Irmãos, que o alertarão sobre os desvios e evitarão sua queda às masmorras do vício.

Uma Loja pode acabar? Talvez! Dependerá se a Loja tem associados ou obreiros. Associados vão à procura de algo (vem a mim); obreiros, por sua vez, disponibilizam-se para algo (vou pelo outro).

Uma Potência Maçônica pode acabar? Talvez! Dependerá da compreensão da simbiose mutualista que deve reger as relações isonômicas entre a Potência e as Lojas, cuja interação deve resultar em benefícios para ambas as partes.

Um Maçom pode acabar? Não! Por menor que tenha sido seu tempo de convivência, houve um momento de discernimento do quão bom e suave era quando vivia em harmonia com os Irmãos. É uma semente plantada, aguardando o tempo para germinar.

Uma Loja pode acabar? Não! Uma vez instalada, a Loja é imorredoura. As Colunas podem se abater, os caracteres da Carta Constitutiva esmaecer, mas poderá, a qualquer tempo, ser soerguida por livres gerações vindouras que resgataram a história e os feitos de seus fundadores.

Uma Potência pode acabar? Não, pois ela não existe por si só. Potências são reflexos da pujança de suas Lojas e dos feitos de seus Obreiros. Potências não se expressam por quem está à sua frente, mas por quem está por trás.

Apresentei a pergunta em três segmentos e com três possíveis respostas. Friso o “possíveis respostas”, visto que não há verdade absoluta. Constantemente nos são apresentadas versões de tudo. Muitas vezes, diante dessas versões, assumimos compromissos os quais, quando descobrimos o equívoco, não voltamos atrás por simples vergonha de assumirmos que fomos enganados e manipulados.

A MAÇONARIA PODE ACABAR?
ELA VIVE EM CONSTANTE PERIGO
PELA IGNORÂNCIA, PELO FANATISMO E PELA AMBIÇÃO
DAQUELES QUE NÃO COMPREENDEM SUA FINALIDADE NEM SE DEVOTAM À SUA SUBLIME OBRA.

Neste ­17° ano de compartilhamento de instruções maçônicas e provocações para o enlevo moral e ético dos Irmãos, permanecemos no nosso propósito maior de disponibilizar uma curta reflexão a ser discutida em Loja. O Ritual não pode ser delapidado. A Ritualística deve ser seguida integralmente. O Quarto-de-hora-de-estudo é fundamental em uma sessão Justa e Perfeita.

Fraternalmente

Sérgio Quirino
Grão-Mestre - GLMMG 2021/2024

 

O QUE FAZ UM MAÇOM


 

Dentre as sociedades discretas, ainda ditas como secretas, a Maçonaria é uma das mais antigas ordens fraternais do mundo. Seleciona os seus membros principalmente quanto ao bom caráter, sendo de qualquer religião, desde que compartilham uma crença na paternidade de Deus e na irmandade da humanidade.

Dizem que se faz de homens bons e usa como igualdade, por meio de seu sistema de graus, símbolos e oportunidades de participação e ajuda mútua.

Já se passam de 7 milhões de maçons no mundo e o local com maior número é nos Estados Unidos da América. Fora da estatística, é realmente fascinante participar, pois seria toda sessão uma participação integrada e interativa de todos os participantes, como se estivessem em um grande parque temático ou vivendo em um palco representativo. Cada um tem a sua comparação e você poderá criar a sua própria, eventualmente, sem sair dos princípios da lógica e da razão.

Os ingleses têm raízes que são encontradas em guildas de pedreiros que, a partir do final do século XIII, desde aprendiz, de companheiro de Ofício e mestre que antes era pedreiro.

Graus e estágios, começando por três denominados de lojas azuis, têm todos diferentes senhas e apertos de mão, que com a prática se adquire proficiência de mestre. Antes se identificavam garantindo trabalho em viagens e agora, a Maçonaria compartilha esse mesmo sistema de segredos, embora o trabalho tenha mudado de construir edifícios para construir o caráter. Os valores da Maçonaria são o amor fraternal, a caridade e a verdade e o conhecimento adquirido deve ser conhecimento compartilhado em todo o seu jargão próprio de códigos.

É uma sociedade sadia ao longo dos tempos, para homens em todo o mundo viverem suas vidas em seu potencial máximo, em associação com outros homens, com ideias semelhantes.

Após os graus das Lojas Azuis existem numerosos outros em diversos ritos. No Brasil, o Rito Escocês Antigo e Aceito tem 33 graus e o York, 13 graus dentre os mais conhecidos. Existem muitos outros, como os Santos Cavaleiros Templários, com 32 graus. Os símbolos usuais são o esquadro e o compasso, com modificação das pontas do compasso de lugar conforme os 3 primeiros graus e depois um mundo de símbolos.

O avental vem desde os trabalhos do Templo de Salomão. Chama-se Lodge ou Loja o local onde trabalham, no interior do templo onde aprendem os ensinamentos da arte e o praticam para não existir confusão, se indagado de onde vem o maçom que recado traz. Busque o filme O Homem Que Queria Ser Rei com excepcional atuação de Sean Connery e Michel Caine para ver uma forma clássica escrita por Kipling, transportada à tela do cinema.

Busque Henry V de William Shakespeare para ver um filme notável e, preferencialmente, a versão de Kennet Branagh, com notável trilha musical e o incomparável Non Nobis Domine. Os termos maçônicos transcritos por esses autores aparecem a todo o tempo.

Pessoalmente, vi a satisfação de juízes e médicos maçons locais e no estrangeiro se encontrarem com o brilho da satisfação. Sim, porque Maçonaria não fica apenas em Lojas fechadas na prática da arte e sim em uma alegria de reconhecimento exterior.

O edifício em si pode ser tão formal, ou tão simples, entretanto o edifício maior estará na sua comunicação, internacionalmente.

Se fala demais do Templo do Rei Salomão, as ferramentas de trabalho e no nível de igualdade, agirem pelo prumo da retidão e se separarem no quadrado da virtude.

Os juramentos são magníficos e a preparação como nos templários e em Malta são dignos das capas e espadas que utilizam. Dependem muito da cooperação e da caridade de seus membros para sobreviver, pois não existe sociedade que sobreviva sem gastos.

Não existe exagero ou fanatismo, apenas um grande conhecimento de Literatura e História da Maçonaria em notas como as que seguem de um pensamento espiritual forte: Não sabeis que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém contaminar o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus é santo, templo que vós sois. E tendo toda Sabedoria.

É medieval o pensamento, mas que atravessou os tempos e juramentos. Finalmente, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder. Vistam toda a armadura de Deus, para que possam resistir às vontades do diabo. Pois não lutamos contra a carne e o sangue, mas contra os principados, contra as potestades, contra os governantes das trevas deste mundo, contra a maldade espiritual nos lugares celestiais.

Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mal e, tendo feito tudo, permanecer firmes. Permanecei, portanto, mantendo os ombros com a verdade e vestindo a couraça simbólica da justiça; e seus pés calçados com a preparação do evangelho da paz; acima de tudo, tomando o escudo da fé. E fé é tudo caro leitor, com o qual podereis apagar todos os dardos orgulhosos dos ímpios.

Deus Todo-poderoso e eterno, que nos faz querer e fazer as coisas que são boas e aceitáveis ​​a Tua Divina Majestade; fazemos nossas humildes súplicas a Ti por este Teu servo que agora se ajoelha diante de Ti. Que a Tua Mão Paternal esteja sobre ele.

O que faz um maçom… ele deve ser humilde, ouvir e aprender, pois o aprendizado é infinito em centenas de rituais. Ele estuda, confraterniza e faz amizades duradouras.

Conceda a Tua ajuda, Ser Supremo e Criador de todas as coisas, a este nosso rito trabalho solene e conceda que este digno e distinto leitor possa ser dotado de graça, sabedoria e força para governar sua Corte com propriedade e para transmitir luz para aqueles que a buscam, para honra e glória do Teu Santíssimo Nome. Então ajude-me, ó Ser Supremo e Criador de todas as coisas, e mantenha-me firme nesta minha Obrigação de transmitir um mínimo de noção do que faz um maçom.

A Maçonaria é funcionalmente dirigida ao serviço e conveniência da humanidade, mas como somos ensinados em nossas Lojas, a Maçonaria Especulativa ou Livre abrange uma gama muito mais ampla e objetos mais nobres, como o cultivo de nossa fé em nosso Deus, a construção e melhoria de nossas relações com nossos semelhantes e a construção e reparação de nós mesmos como seres humanos completos. Embora, ao longo dos Milênios, as suas lições tenham sido veladas em alegorias e ilustradas por símbolos, mentes inquiridoras, líderes e governantes da Maçonaria, de todas as gerações, têm-se esforçado incessantemente para penetrar esse véu e tornar-se cada vez mais familiarizados com os seus Mistérios.

Estes, os Nossos Mistérios em todos os seus aspectos, foram verdadeiramente influentes em todas as Eras, são a estrela-guia da Paz e do Amor, nunca se cansam ou se esquecem da sua missão divina. Eles nos ensinam, através de nossas Lojas, a administrar alívio e conforto aos angustiados com mãos implacáveis, especialmente nas horas de escuridão e desespero.

Eles nos chamam para trazer paz e consolo ao espírito perturbado, alívio e alegria às habitações da necessidade e da miséria, e luz às trevas e escuridão da sepultura, apontando para as esperanças e promessas de uma vida melhor por vir. Enxugar as lágrimas da viúva e do órfão e alargar a esfera da felicidade humana é o ápice da nossa Profissão.

Por Tullio Luigi Farini – Professor de Literatura.

 

O SILÊNCIO DO APRENDIZ, MAIS ALGUMAS CONSIDERAÇÕES


Acredito que em nenhum ritual maçônico eu tenha lido que um silêncio é imposto na Loja além das pausas entre as cerimônias ou depois da leitura de pranchas, e a menos que um certo tipo de silêncio seja imposto ao Aprendiz Maçônico, exceto, é claro, a entrada e a permanência no Gabinete de Reflexão que é o momento do paradigma do silêncio como escola.

A verdade é que não sei onde está esta teoria do silêncio em Loja, e menos ainda a questão do silêncio que diz respeito aos Aprendizes maçons, deixando-os mudos, embora fiquei muito surpreso que esta modalidade venha das modas esotéricas que povoaram transversalmente a Maçonaria, que frequentemente devem trabalhar a acesse transcendente através da mística do silêncio, e um dos seus bons propagadores foi o Irmão do GOdF, Oswald Wirth.

É claro que quando se chega a um lugar deve, pois, mostrar-se retraído e observar mais do que falar, embora às vezes aconteça o contrário, como acontece na Loja e noutras ordens de vida, e, portanto, se pede observância. mas de lá até colocar a mordaça de silêncio em Loja é outra questão para à qual eu já dediquei considerações noutro artigo.

Tanto é que, proveniente tanto do âmbito religioso quanto do esotérico, do tipo Guenon ou da Nova Era, O. Wirth etc., foi instalada na Maçonaria uma certa mística do silêncio, e há toda uma campanha para promover os seus benefícios e ensinamentos, e milhares de aporemas filosóficos místicos que estão longe de serem considerados como parte do corpus maçônico, por mais que os maçons e a estrutura insistam na sua disseminação.

Embora eu não desista ou argumente sobre a veracidade da busca ou a sua realidade transcendente baseada no silêncio, embora eu deva indicar que a Maçonaria não é mística monástica que se construía com base no silêncio, nem interno nem externo, as Lojas não estão localizadas nos desertos carmelitas, nem os maçons são os habitantes dos eremitérios, nem os Aprendizes são irmãos menores, aprendizes da mística do silêncio como veículo de meditação transcendental.

As Lojas nasceram nos ambientes urbanos e tabernários, e beberam dos ambientes das pedreiras, e se alguém conhece medianamente do mundo da cantaria, ou as irmandades de artesanato de um tipo ou outro: canteiros, carpinteiros, serradores, pedreiros, etc., sabe muito bem que estes ambientes não são muito propensos à mística do silêncio, porque a comunhão nasce da palavra que transmite conhecimento, e naquelas antigas corporações que tanto admiramos, viviam os alegres e cantadores confrades da corporação e os monges que tinham outra língua, outras sinergias e outras místicas, cada um tinha o seu tempo, o seu espaço e ocupação.

Embora haja uma certa tendência para misturar tudo e fazer dos pedreiros uma espécie de monges seculares, esquecendo-nos de que nós, maçons, somos um produto tangencial daquelas guildas corporativas, que através do cadinho das Luzes somos qualificados como filhos da luz, da razão, do debate e da reflexão aberta e exposta.

Por isso entendo muito pouco o silêncio em Loja e menos transformado numa mordaça no estilo de uma mística beatífica do tipo Paulo Coelho, digamos que sou mais a favor da simbiose relacional e da aprendizagem do tipo William de Baskervile e Adso de Melk (O Nome da Rosa).

De qualquer forma, parece que esquecemos que as Lojas modernas, se os irmãos fundadores tivessem desejado, teriam sido fundadas nos espaços religiosos protegidos e cobertos, e no modo e maneira daqueles “outros” que tão apegados estavam à arte da cantaria … até mesmo alguma ou outra igreja teria de bom grado acolhido este trabalho de reflexão e a escola do silêncio.

Mas as Lojas nasceram em ambientes festivos, celebrados ao mínimo com banquetes e brindes e cantos fraternos, concelebrados por maçons que falavam pelos cotovelos, e isto tem sido assim há muitas décadas …

Em todo caso, se se quisesse que os Aprendizes guardassem silêncio na Loja além de exigir-lhes prudência e observância, teria sido exposto sem mais, como foi feito com outros tópicos ou questões de organização da Loja, que a mudez fosse o seu estado natural.

Deve-se notar que o silêncio na Loja é algo tardio, e não parece que leiamos muito frequentemente os rituais antigos porque nos esquecemos de que eles são compostos na sua maior parte de uma questão que é óbvia, e devem ser lembrado uma vez por ano; eu me refiro aos catecismos maçónicos.

Não há um único ritual maçônico que se aprecie, que não incorpore no seu corpus argumental e teratológico o mui conveniente catecismo maçónico, ou seja, um diálogo ativo entre o Mestre, ou Venerável Mestre e o Aprendiz, onde uma pergunta e o outro responde ativamente, numa troca de reflexões que demonstra uma grande interação lógica entre os membros de uma oficina, não importando o grau que tenham.

Por trás destes catecismos e de toda a nossa fundação há um trabalho de reflexão, uma arte da memória e o layout da intervenção e da palavra no estilo de “palavra do Maçom” que não deveríamos esquecer, uma coisa é citar a palavra e outra é silenciar os “outros” para transformá-los numa espécie de observadores místicos adoradores do silêncio como uma introspecção em Loja, que, como eu digo, tem os seus momentos, mas não pode ser uma escola como se vê, se expõe e se proclama e menos ainda numa Maçonaria livre.

É o que tinha a dizer.

Victor Guerra, M M

 

 

 

EU DEVO SER CHAMADO DE MAÇOM?


Hoje de manhã ao preparar-me para sair de casa, lembrei-me que deveria vestir camisa branca e calça preta. Também não poderia esquecer-me da pasta onde guardo os rituais, o avental e o balandrau.

Afinal, hoje é segunda-feira, dia de sessão da nossa Loja. Enquanto tomava as providências de saída, fiquei refletindo sobre as razões de cumprir tal agenda, especialmente num evento que invariavelmente participo bastante cansado, depois de um dia intenso de trabalho.

Mas, respondi para mim mesmo: devo ir, pois sou Maçom e tenho que cumprir com as minhas obrigações assumidas perante os Irmãos e a minha consciência.

Também, devo dizer: adoto a disciplina de procurar sempre cumprir com os compromissos assumidos. Afinal, sou ou não um Maçom? Perguntei para mim mesmo.

Ao pensar sobre o questionamento lembrei-me do texto contido no nosso ritual de Aprendiz que diz:

“um Maçom para ser completo, deve ser educado, ativo, estudioso, verdadeiro e firme e possuir espírito público”.

Refletir sobre aqueles valores e comportamentos e conclui de relance que eu estou longe de ser um Maçom. Afinal de contas, para que seja um Maçom preciso ser um cidadão completo em termos de valores filosóficos e materiais.

Mas vamos por parte na análise de tal conceito: para ser Maçom devo ser educado. Bem, constantemente, isto não é fácil de ser. O conceito de educado tomado no sentido do bom comportamento e de cortesia nem sempre prático.

Não raras vezes sou explosivo com os outros, muito especialmente, quando sou contrariado. Para preencher este requisito penso que teria que ser mais tolerante, bom ouvinte e humilde.

Conclusão: não sou educado. Pelo menos como deveria ser.

Ativo: bom, ativo para algumas coisas eu sou. Mas, na idade que estou, sou mais seletivo nas escolhas. Não raramente sou ativo com aquilo que dá mais prazer.

Conclusão: não devo ser chamado de inativo completo. Porém, não sou bom exemplo neste quesito.

Com a palavra a tela da televisão, que me tem por horas a contemplá-la.

Apesar de não assistir qualquer coisa, é bom que se diga. Para melhorar neste item, deveria assistir menos esta tela invasora dos nossos lares.

Estudioso: bom, agora mesmo é que a autocrítica fica mais pesada.

Quantos livros tem lido ultimamente? Nenhum começo e nenhum término. A idade fez-me diminuir a paciência com textos longos. Mas, também tenho qualidades neste tópico. Leio jornais e revistas. Isto também é uma forma de estudo. Mas é pouco, devo reconhecer.

Verdadeiro e firme: estes valores difíceis de serem praticados. Verdadeiro significa ser sincero, agir com ética, comprometido com a verdade. Do mesmo modo, firme não é fácil de ser, ao menos constantemente.

Não raras vezes prefiro vergar a coluna a afrontar opiniões ou comportamentos contrários, mesmo sabendo serem eles errados, com a explicação de “pagar para não se incomodar”.

Possuir espírito público: neste quarto quesito a minha consciência diz que sempre mereci mais consideração do que tive do ponto de vista do reconhecimento de terceiros. Aqui o espelho da consciência diz-me que, se não andei sempre nos trilhos, o trem da corrupção e das facilidades não me atropelou.

Feitas estas considerações, vem o questionamento das razões de eu estar aqui. Me autoqualificar de Maçom.

Mudar a assinatura para incorporar os três pontinhos. Chamar os iguais de Irmãos. Praticar rituais com os quais não estava acostumado. Usar trajes que no início me pareceram estranhos. Usar terminologias e gestos estranhos ao meu vocabulário habitual e outras ritualísticas.

O espelho mirado nesta manhã, simbolizado pela minha consciência, disse-me algumas coisas interessantes, que gostaria de enumerar.

  1. Estou longe de ser um Maçom. Sou apenas um Aprendiz e talvez algum dia um candidato a ser.
  2. Se algum dia alcançar a condição de Maçom tenho de ser muito melhor do que sou hoje e se quiser alcançar o objetivo, não será possível sem esforço pessoal e isto ninguém fará por mim.
  3. Preciso ser mais educado no trato com os Irmãos (de todas as lojas e orientes), mais ativo, mais estudioso, mais verdadeiro e firme, pensar mais no interesse público e ser menos egoísta.

Refletindo sobre tudo isto e observando o comportamento alheio, diga-se de passagem, fazer isso parece que dá mais prazer. Mesmo porque fica mais fácil para justificar as nossas carências e falhas.

Com um fio de prazer concluo que não sou tão desigual. Na minha ótica, não estou sozinho neste mar de imperfeições. Volto a pensar melhor e concluo que isso não justifica, afinal, carências alheias não suprem as minhas.

Assim, não tem jeito. Tenho que cuidar mais de mim. Assumir compromissos de melhora e fazer a própria reforma íntima. Caso contrário, é bem provável que até a condição de Aprendiz um dia venha a perder, pois a caravana anda e tenho de estar sempre nela, polindo a pedra.

E você, meu irmão, já se olhou no espelho hoje para ver e ouvir a voz da sua consciência?

Walter Celso Lima, Loja Alvorada da Sabedoria, Florianópolis – SC

  

UMA NOVA ANTIMAÇONARIA NO BRASIL


 

Tenho alertado que o cenário atual, de um crescimento do fundamentalismo religioso e de extremismos ideológicos, é desfavorável para a Maçonaria, pois torna-se um terreno fértil para ideias e propagandas antimaçônicas. Foi o que ocorreu, por exemplo, nos EUA, na década de 20 do século XIX; e na Europa continental e no Brasil, na década de 30 do século XX. Agora, a história começa a querer se repetir, tanto lá como aqui.

Um exemplo é o de Danuzio Neto, que mantém um canal onde propõe compartilhar informação “sem narrativa”. Contudo, faz exatamente o contrário, oferecendo uma doutrinação reacionária por meio de seus vídeos. Um deles tem um título um tanto quanto sugestivo: “Como a maçonaria destruiu o Brasil?”.

Nesse vídeo, ele já começa sugerindo a Maçonaria como um “antro de perversidade e de depravação moral”. Depois, diz que a Maçonaria teria ingressado nos EUA “tal como um vírus ou um parasita no seio da sociedade americana”.

Sua doutrinação chega a tanto, que chama o movimento iluminista de “maníaco” e se posta durante o vídeo também contrário à Revolução Francesa e a Independência dos EUA. Sobre esta última, Neto escancara seu antimaçônismo ao dizer que Washington “chegou ao cúmulo de receber ritos maçônicos em seu funeral”. Como se isso fosse um grande absurdo.

Então, sua narrativa chega ao Brasil, onde ele diz que a Maçonaria veio para “contaminar elites”, a qualificando como “pútrida”, e declara que ela atuou “infestando a máquina pública”. Sua análise histórica conspiratória e tendenciosa chega ao nível de afirmar que, na chamada Questão Religiosa (anos 1870), Dom Pedro II “em um mergulho dantesco e criminoso em ideias falidas, começou a perseguir membros honrosos da Igreja Católica”.

Neto omite as principais informações e fatos históricos a respeito. A Questão Religiosa deveu-se pela Maçonaria ter defendido e militado a favor do movimento abolicionista, patrocinando jornais sobre o tema, financiando a alforria de escravos e fazendo lobby a favor de leis como a Lei do Ventre Livre, de 1871, do maçom Visconde de Rio Branco. Isso a colocou em rota de colisão com algumas lideranças regionais da Igreja Católica que, naquela época, era a favor da escravidão. Cientes do trabalho maçônico pró-abolição, dois bispos começaram, eles sim, a perseguir a Maçonaria e os maçons, promovendo sermões antimaçônicos e intervindo em paróquias em que maçons eram participativos, proibindo-os de as frequentarem.

Contudo, o Brasil, por Bula Papal, era um Padroado Régio, em que o Rei administrava a Igreja Católica em seu território. Nesse sistema, o Estado recebia os dízimos, enquanto construía e mantinha as Igrejas, nomeava os padres e bispos e pagava seus salários. Então, houve uma decisão legal contrária a esses interditos, que os dois bispos optaram por desobedecer e, por isso, foram presos.

Dom Pedro II, que enfrentou o Papa nessa chamada Questão Religiosa e aplicou a lei da Constituição do Império do Brasil, respaldado pelo Padroado Régio, não era maçom. Não foi a Maçonaria contra a Igreja, mas o Estado brasileiro contra dois Bispos que eram servidores públicos. Mas isso não impediu Danuzio Neto de declarar que houve “perseguição contra os católicos brasileiros”. Dom Pedro II era católico, assim como Visconde do Rio Branco e 99% dos brasileiros naquela época, incluindo os maçons!

E quem mudou esse cenário de hegemonia católica no Brasil foi a Maçonaria. Mas isso, Danuzio Neto também não menciona. Ele não fala que, devido à Questão Religiosa, a Maçonaria abraçou mais fortemente bandeiras como da liberdade religiosa e do Estado Laico, inexistentes no Brasil, colaborando e apoiando a vinda de missionários de diferentes igrejas para o país. Se hoje há forte presença de igrejas protestantes no Brasil, além de igrejas evangélicas descendentes do movimento protestante, foi graças à Maçonaria. Isso é ser anticlerical? Somente se você acredita que o Estado deve ser religioso, tendo uma única religião oficial e que seja a sua.

E é nesse sentido que Danuzio Neto segue, ao afirmar que “cartunistas maçons empreenderam uma dura campanha anticlerical”. Em seguida, qualifica esses “cartunistas maçons” de “turbas de lunáticos”. Então, começa a dissertar sobre o fortalecimento das ideias republicanas, taxando seus defensores de “tecnocratas baratos”. Ato contínuo, chama Deodoro da Fonseca de “um dos maiores traidores da história brasileira” e chefe de um governo “pútrido” que acabava de nascer.

Então, ele continua seus ataques a importantes personalidades brasileiras que eram maçons, como Rui Barbosa e Lauro Sodré. E, sendo Washington Luís o último Mestre Maçom ativo a se eleger Presidente da República, tendo deixado o cargo em 1930, Danuzio Neto simplesmente não explica o que a Maçonaria supostamente teria feito para “destruir o Brasil” nos últimos quase 100 anos.

Um breve olhar ao referido vídeo antimaçônico e ao título de outros vídeos em seu canal comprova que a promessa de um conteúdo neutro, imparcial, livre de falsas narrativas, não corresponde com a verdade. Trata-se de pura doutrinação. No vídeo, Danuzio Neto apresentou tendências anti-abolição, anti-repúplica, anti-protestantismo, anti-laicismo e antimaçonaria. Se você se identifica com esses ideais radicais, junte-se a ele. Caso contrário, sugiro evitá-lo.

O que ele realmente oferece é o velho discurso de “uma vida melhor, com mais dinheiro, mais segurança e liberdade” e que “só 1% das pessoas vão conseguir tudo o que você pode conseguir”, como ele mesmo escreveu em seu próprio site (https://danuzioneto.com/aprofundar-oferta/).

Cai só quem quer.

Escrito por

Kennyo Ismail

 

 

É UMA HONRA PARA MIM SER MAÇOM


 

A frase: "É uma honra para mim ser maçom", é de autoria do 16º presidente norte americano, Abraham Lincoln, que governou de 04 de março de 1861, até seu assassinato em 15 de abril de 1865. Um dos muitos motivos foi a promoção do direito de voto aos negros.

A frase completa é:

"A mais sublime de todas as instituições é a Maçonaria, porque prega a luta pela fraternidade, que cultiva com devotamento; porque pratica a tolerância, porque deseja a humanidade integrada em uma só família, cujos seres estejam unidos pelo amor, dominados pelo desejo de contribuir para o bem do próximo. É uma honra para mim, ser maçom".

A segunda frase: "A Maçonaria é a entidade mais sublime que conheci", foi pronunciada pelo escritor e filósofo iluminista francês Voltaire, que viveu de 21 de novembro de 1694 a 30 de maio de 1778. Foi um defensor aberto da reforma social apesar das rígidas leis de censura e severas punições para quem as quebrasse. Polemista satírico, ele frequentemente usou suas obras para criticar a Igreja Católica e as instituições francesas do seu tempo.

O texto integral da frase é: "A Maçonaria é a entidade mais sublime que conheci. É uma instituição fraternal, na qual se ingressa para dar e que procura meios para fazer o bem, exercitar a beneficência como um dos processos para conseguir-se a perfectibilidade objetiva.

O maçom, professor, jurista e escritor Getúlio Targino Lima, presidente da Academia Goiana de Letras é autor do livro "A Excelência da União Fraterna", que deveria ser lido por aqueles que dão os primeiros passos e muito mais, por aqueles que já estão há longos anos na instituição e ainda não compreenderam de que a participatividade da maçonaria, começa no próprio maçom.

Muito atualizado perante as dificuldades que o país está passando, registra com sabedoria: "Não é preciso grande acuidade para vermos que, cada vez mais se afunda a nossa sociedade no mar de interesses, valendo qualquer preço o atingimento dos objetivos pessoais de cada um dos seus integrantes.

Nossos artigos publicados sempre aos sábados no Caderno Opinião Pública do Diário da Manhã, Goiás, espaço único na imprensa brasileira, disponível sem nenhuma censura, para a comunidade expressar seu posicionamento, seu pensamento e crítica, têm alcançado todas as unidades da Federação. Fiquei extremamente recompensado ao fazer a peregrinação entre os dias 19 e 22 de abril, quando vários maçons nos cumprimentaram pelos textos semanais.

Passamos por cerimônias maçônicas, na condição de Grão-Mestre Geral em exercício, que assumi pela 16ª vez, por viagem internacional do Grão-Mestre Geral Marcos José da Silva, pelas cidades de Belém, no Pará, São João del Rei e Tiradentes, em Minas Gerais.

Em Belém o ponto alto foi a sessão magna de proclamação, instalação e posse no cargo de Grande Patriarca Regente do Excelso Conselho da Maçonaria Adonhiramita para o Brasil. 11 irmãos cruzaram o Atlântico, liderados pelo Grande Patriarca Português Luis Manuel Honrado Ramos e no templo da Loja "Lauro Sodré", proporcionou aos 150 presentes, uma cerimônia extraordinariamente emocionante e perfeita na ritualística, quando assumiu o mais alto cargo no Brasil, da Maçonaria Filosófica Adonhiramita, o irmão Waldemar Coelho.

No mesmo dia o Tribunal Eleitoral do Grande Oriente do Brasil - Pará, presidido pelo juiz eleitoral Rivaldo Miranda, diplomou o novo Grão-Mestre Estadual, Moacir Terrin e o Grão-Mestre Estadual Adjunto José Tadeu Charone Bitar. Paralelamente foram assinados os Tratados de Aliança, Amizade e Reconhecimento, pelas Potências Filosóficas do Excelso Conselho da Maçonaria Adonhiramita para Portugal e Excelso Conselho da Maçonaria Adonhiramita para o Brasil e o Supremo Conselho Filosófico do Rito Moderno do Brasil, presidido interinamente pelo Patriarca Regente Sérgio Ruas. Solenidades de grande repercussão na Maçonaria Brasileira e Portuguesa, inclusive contando com as presenças dos Grão-Mestres Estaduais do Maranhão, Ceará, Piauí, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.

Em deslocamento na noite de segunda para terça-feira, amanheci em Belo Horizonte e em companhia dos maçons, presidente da Assembleia Federal, Ademir Cândido (São Paulo), e deputados federais Múcio Bonifácio e Arquiariano Bites Leão (Goiás), Ricardo Carvalho e Adão Oliveira (Rio de Janeiro), e Roberto de Sousa (São Paulo), cumpri uma distância de 200 quilômetros chegando após, às cidades de São João del Rei e Tiradentes, onde conhecemos a Associação de Parentes e Amigos de Dependentes Químicos - APADEQ, um exemplo de trabalho realizado por maçons que tem a frente Tarcísio Nonato de Paula e Valmir Lombello. Conhecemos a construção já coberta da Loja "Umbral das Vertentes", de Tiradentes, que tem como Venerável Mestre Gelson Inácio da Silva.

Em todos os lugares fui distinguido por uma calorosa acolhida, recebendo também os títulos de Membro Honorário do Excelso Conselho da Maçonaria para o Brasil e Patriarca Inspetor Geral de Honra, homenagem especial da Loja "Umbral das Vertentes", da cidade Tiradentes, que completava 25 anos de fundação. No Centro Cultural Yris Alves, recebi o "Colar do Mérito Cívico Joaquim José da Silva Xavier, Alferes Tiradentes", expedido pela Ordem dos Cavaleiros da Inconfidência Mineira, seguidora dos princípios tradicionais da Ordem dos Cavaleiros Hospitalares da Vila Rica, criada na antiga capital de Minas Gerais, pelo inconfidente Tomaz Antônio Gonzaga. Esta entidade é presidida pelo maçom Comendador Grão-Colar Celso Rafael de Oliveira.

Marcou-me profundamente, em especial, a homenagem com Laelso Rodrigues (Grão-Mestre Honorário do GOB), Ademir Cândido (Presidente da Assembleia Federal), Arnaldo Soter e Carlos Azevedo Marcassa (ex-Presidentes da Assembleia Federal), Deputado Federal Múcio Bonifácio, representando Fernando Tullio Colacioppo Sobrinho e os Coronéis Georges Feres Canaã (Exército), Carlos José Bratiliere (PM) e Jesus Milagres (PM).

Conclui a caminhada maçônica fazendo uma reflexão no túmulo de Tancredo Neves, no Cemitério da Venerável Ordem Terceira de São Francisco de São João del Rei, quando senti, irmãos, cunhadas, sobrinhos e amigos de todos os sábados, que a mesma "derrama" pela qual Tiradentes foi enforcado está novamente acontecendo, e se Tancredo Neves tivesse assumido o seu mandato, que a história está revelando a pressão dos médicos de Brasília, não permitindo no momento correto a sua transferência para São Paulo, o nosso país certamente estaria em melhores condições.

Esta é a maçonaria que prego e pratico, é maçonaria participativa. É uma honra para mim ser maçom.

Autor: Ir. Barbosa Nunes

Fonte:
GOB.org.br

 

PROFANAR


 

Do latim pro, frente, e fanum, templo, significando o que está fora do templo; é a agressão às coisas que consideramos sagradas.

Um templo, antes de nele processarem-se os atos litúrgicos, é consagrado por meio de cerimônia específica pela autoridade maior maçônica.

O recinto, mesmo desocupado, mantém os símbolos e as vibrações.

Dentro do templo, encerrados os trabalhos, os maçons devem continuar em silêncio e respeito, até saírem pela ordem estabelecida, retirando-se em primeiro lugar o Venerável Mestre e depois, obedecida a ordem hierárquica, as demais luzes e oficiais, seguidos pelos mestres, companheiros e aprendizes.

O templo poderá ser usado para assuntos “paramaçônicos” ou profanos, porém mantido o respeito.

Nenhuma reunião poderá prescindir da presença do representante da Loja, que será o guardião da veneração.

O maçom possui seu templo interior, obviamente consagrado, onde os atos litúrgicos repetem-se com mais amplitude e energia.

Consciente disso, o corpo humano passa a ser sagrado, merecendo todo o respeito; a mente do maçom, consagrado ao Grande Arquiteto do Universo, estará dominado todo momento e assim, o comportamento social, familiar e místico terá a sublimidade inata à condição espiritual maçônica.

Em todas as religiões, o corpo do homem é templo de Deus.

 

Breviário Maçônico / Rizzardo da Camino, - 6. Ed. – São Paulo. Madras, 2014, p. 306.

POR QUÊ “ARTE REAL”?


 

O que é “Arte Real”? Coloquialmente, “Arte Real” significa a Ordem Maçônica. Mas por quê? Qual é o significado e qual a origem da expressão “Arte Real”? Por que Arte Real, informalmente, significa a Maçonaria? Há muitas variantes para esta resposta. Inicia-se pela que, creio, ser a mais apropriada, racional, erudita e perspicaz.

A Maçónica é uma arte e não envolve uma doutrina, religião ou conjunto de dogmas. A Maçonaria não ensina nenhuma doutrina ou dogma e nem deve ensiná-la e isso é um dos seus grandes méritos. É, na verdade, a arte da edificação espiritual, do aprimoramento do ser interior, à qual corresponde, simbolicamente, à arquitetura espiritual e mental. E esta edificação espiritual é feita pelo próprio Maçom, isto é, independe de dogmas ou conceitos impostos por alguém e que deve ser deglutido por imposição.

Os instrumentos maçônicos têm, pois, um sentido figurado e simbólico na obra da transmutação, isto é, na arte da formação de um novo homem.

O segredo da Arte Real corresponde, de forma simbólica, ao segredo arquitetônico dos construtores das grandes catedrais medievais. É natural, pois, que os maçons venerem o Grande Arquiteto do Universo, cuja definição é um problema de foro íntimo, mesmo que não se delimite, explicitamente, o que se deve entender por esta fórmula.

Para alguns o G A D U é Deus, para outros um Ser Superior, para outros ainda uma Energia Criadora. Pode-se dizer, genericamente, que o G A D U é O Criador. Se somos criaturas, deve existir um Criador. Esta indefinição do G A D U e o facto de que a Maçonaria não é e não adota nenhuma religião, é o que permite dizer que a Maçonaria e Universal.

Uma vez que a Maçonaria é uma arte destinada à construção do ser interior, adoptou como base da sua filosofia os simbolismos e as ferramentas da arte de construir, vale dizer, da arquitetura. Este é o motivo pelo qual os símbolos, alegorias, lendas, arquétipos, modelos e paradigmas estarem ligados à ideia de construção ou reconstrução espiritual e mental, do edifício moral da Humanidade, iniciando pela reconstrução do próprio ser interior.

Trata-se da construção de um edifício na forma de um mundo ideal. Por isso o Maçom é um construtor social. Nos templos maçônicos não se pratica uma liturgia religiosa. Pratica-se uma arte, cujo propósito é o aperfeiçoamento do ser humano, o aprimoramento moral da sua conduta, o respeito pela Humanidade e o bem-estar da comunidade.

Os dicionários definem “arte como a habilidade ou disposição dirigida para a execução de uma finalidade prática ou teórica, realizada de forma consciente, controlada e racional” (Houais, 2009). Adaptando à Maçonaria outra definição sobre arte encontrada em Houais: (conjunto de meios e procedimentos através dos quais é possível a obtenção de finalidades práticas ou a produção de abjectos): a Arte Maçônica é o conjunto de meios e procedimentos através dos quais é possível o aprimoramento do ser humano, o aperfeiçoamento do ser interior e através disso, o aperfeiçoamento da comunidade, da sociedade e, por extensão, da Humanidade.

E por que esta Arte é Real? Há, também, várias respostas possíveis. A mais paradigmática: a “grande obra” do aperfeiçoamento humano é realizada trabalhando a “pedra bruta”, vale dizer, o ser humano inalterado, grosseiro, espiritual e mentalmente intocado.

Trabalhar a “pedra bruta”, simbolicamente, significa desbastar, polir e esquadrinhar o ser humano grosseiro até transformá-la em “pedra cúbica da Maestria”, vale dizer real, ou realisticamente verdadeiro, que não é ilusório, em conformidade com os fatos e com a realidade, autêntico, genuíno. Arte Real é, pois, sinônimo de arte genuína, autêntica, verdadeira. É a arte superior de se conhecer a si próprio e de realizar o Eu.

Antes que exponha sobre a origem do termo “Arte Real”, interrogo: quem primeiro usou esta expressão? Quem primeiro utilizou o termo Arte Real foi Máximo de Tiro (Μάξιμος Τύριος), também conhecido como Cassius Maximus Tyrius, um filósofo grego eclético, um dos precursores do neoplatonismo. Nasceu em Tiro, Fenícia, Circa 125 da E.V. e faleceu em 185, em Roma. Escreveu sobre a História da Grécia. Usou o termo Arte Real como sinónimo de Filosofia.

Há várias versões sobre as origens do termo “Arte Real” na Maçonaria. Uma dessas versões aponta a história do Rei Carlos II de Inglaterra. Carlos II nasceu em Londres, em 1630 e faleceu em Londres, em 1685. Foi Rei da Inglaterra, Escócia e Irlanda de 1649 até à sua morte. O seu pai Rei Carlos I foi executado (decapitado) em 1649 durante a Guerra Civil Inglesa.

Carlos II foi proclamado rei na Escócia, mas Oliver Cromwell destituiu-o e Carlos II fugiu para Europa continental. Cromwell transformou-se em governante (“Lorde Protetor”), instituindo uma república parlamentarista e, segundo os ingleses, uma ditadura que britânicos a chamam de “interregno”, isto é, entre reinos. Os ingleses nunca aceitaram a existência de uma república no Reino Unido (Churchill, 2009) por isso chamam este período de interregno. Carlos II, em França (ou na Escócia), tornou-se Maçom. Não se sabe onde nem como. Após a morte de Cromwell em 1658, o Rei Carlos II foi recebido em Londres em 1660 no dia do seu aniversário (29 de maio) – a Restauração – e todos os documentos legais foram datados como se ele tivesse sucedido a seu pai em 1649.

O período de exílio chamou-se “interregno” (interregnum). Carlos II era da casa de Stuart e casado com Catarina de Bragança, portuguesa e católica. Carlos II assinalou o seu reconhecimento para com a Maçonaria, conferindo, formalmente, à Sublime Ordem o título de Arte Real (documento que se encontra no Museu Britânico).

James Anderson aplicou a expressão “Arte Real” nas suas “Constituições” de 1723, com o sentido de Geometria, Arquitetura e Arte de edificar.

Em 1774, em França, o Grande Oriente de França substituiu, por um ato, o termo “Arte Real” por “Ordem Maçônica”, por considerar o termo “Real” muito pouco democrático. Observa-se que se vivia, então, num período pré-revolucionário com muitas críticas contra a realeza autocrática francesa.

Há ainda uma outra versão da origem do termo Arte Real, que tem origem na alquimia. Chama-se arte real a operação alquímica realizada em balões de vidro, a “via real”, consequentemente, chamavam a “arte” quando realizada em balões, de arte real. Entretanto, esta versão nada tem a ver com a Maçonaria.

Assim, terminando a justificativa do título deste ensaio, “Por quê Arte Real?”: trata-se, pois, de uma arte maçônica destinada ao aprimoramento do ser humano e ao aperfeiçoamento do seu ser interior, aprimoramento da comunidade e por extensão do aprimoramento da Humanidade. É uma Arte Real, por ser realístico, verdadeiro e genuíno.

Walter Celso de Lima – Loja Alvorada da Sabedoria n° 4285 – Rito Emulação

Bibliografia

  • Anatalino, J. “Maçonaria, a Arte Real”. Recanto das Letras, 2012. http://www.recantodasletras.com.br/ensaios/3535227 Acesso em 07.set.2017.
  • Aslan, N. “Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia”. Vol. 1. 3a Londrina: A Trolha, 2012.
  • Boucher, J. “A Simbólica Maçônica”. 2a ed. São Paulo: Pensamento, 2015.
  • Churchill, W. S. “Uma História dos Povos de Língua Inglesa”. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira – Universidade, 2009.
  • Figueiredo, J. G. “Dicionário de Maçonaria”. 2a ed. São Paulo: Pensamento, 2016.
  • Girardi, J. I. “Do Meio-Dia À Meia-Noite”. Vade-Mécum Maçônico. 2a ed. Blumenau: João Ivo Girardi, 2008.
  • Houais, A. “Dicionário Eletrônico Houais”. E-book. Versão 3.0. Instituto Antonio Houais. Rio de Janeiro: Ed. Objetiva, 2009.
  • Reghini, A. “Qual é a arte da Arte Real?”. O Ponto Dentro do Círculo, 2015. https://opontodentrodocirculo.wordpress.com/2015/08/27/qual-e-a-arte-da-arte-real/ Acessado em 07.set.2017
  • Rodrigues, R. “Arte Real”. In: O Prumo, 1970-2010. Vol. II, pp: 91-96. Florianópolis: O Prumo, 2010.

 

 

JURAMENTO OU COMPROMISSO?


 

Nos chamados ritos teístas, o juramento substitui o compromisso adotado pela Maçonaria Moderna.

Esta prática de “jurar” vem dos antigos maçons medievais e o juramento, conservado na maioria dos Ritos Contemporâneos, tem permitido um constante ataque à Instituição. Apesar das variantes, permanecem as ameaças e críticas a este sistema teológico.

Na segunda edição de 1730 da Masonry Dissected, de Samuel Pichard, temos:

“Prometo e juro solenemente aqui e na presença de Deus Todo Poderoso e diante desta respeitável Assembleia a qual reverencio, que manterei oculto e não revelarei nunca os segredos dos maçons nem da Maçonaria que me serão revelados, a não ser que seja para um verdadeiro e leal Irmão, depois da devida comprovação ou em Loja Justa e Perfeita, na qual se reúnam os Irmãos e Companheiros.
.
Ademais, prometo não escrever, imprimir, gravar, etc. sobre madeira ou pedra, de tal maneira que qualquer vestígio de uma letra possa aparecer, permitindo que o segredo seja revelado de forma ilícita.
.
Tudo isto sob pena de ser degolado, a minha língua arrancada, meu coração extirpado pelo lado esquerdo para depois ser enterrado nas areias do mar, a determinada distância da praia, quando a maré efetue o seu fluxo e refluxo duas vezes em 24 horas; que meu corpo seja reduzido a cinzas e espalhadas sobre a face da terra, de tal modo que não reste a menor lembrança minha entre os maçons. Que Deus me ajude.” [1]

Esta forma teatral tinha por finalidade gravar no inconsciente do candidato as suas responsabilidades e deveres, numa época em que a prática civil e criminal assim o estabelecia.

Na introdução ao nosso trabalho Maçonaria – Um Estudo da sua História, afirmamos:

“Na realidade, esta fórmula de juramento era exigida pelo Direito Inglês pelos idos dos séculos XVII e XVIII. O perjúrio deveria ter queimadas as entranhas, atiradas ao mar, .etc.. [2]

O próprio Anderson, na segunda edição das Constituições – 1738 – esclareceu o propósito das ameaças, deixando claro que a solenidade do juramento nada acrescentava à obrigação, ou seja, o juramento obrigava por si só, existisse ou não a penalidade. [3]

Fica claro que o segredo e o juramento remontam à Maçonaria Operativa, acorde com os costumes profanos da época, atitude esta continuada em 1717.

Quando juramos, estamos invocando a divindade como testemunha. Este juramento pode ser assertivo quando procura atestar a veracidade de uma declaração, ou promissório, quando atesta que alguém cumprirá uma promessa.

Parece ser um antigo costume adotado pela Maçonaria teísta jurar com a mão levantada:

“Levanto a minha mão ao Senhor, Deus Altíssimo, senhor do céu e da terra. “ [4]

“Introduzir-vos-ei na terra que, com a mão levantada jurei dar a Abraão, a Isaac e a Jacó, e lhe darei em possessão hereditária. Eu, o Senhor. “ [5]

“Na verdade, ao céu levanto a minha mão e digo: “Eu vivo eternamente!” [6]

Felizmente não adoptamos o juramento solene prestado com a mão do promitente sobre os órgãos genitais do outro, considerando a fonte da vida, um objeto sagrado:

“Disse Abraão ao servo mais antigo da sua casa, o administrador de todos os seus bens: Põe, te rogo, a tua mão debaixo da minha coxa, e jura-me pelo senhor, Deus do céu e da terra…“ [7]

“Sentindo Israel avizinhares-lhe o tempo de morrer, chamou a si o seu filho José e disse-lhe: Se encontrei favor aos teus olhos, põe a tua mão debaixo da minha coxa, e promete usar comigo de benevolência e fidelidade; por favor, não me sepultes no Egito”. [8]

Em Mateus, finalmente, é possível encontrar a ideia de que numa sociedade regenerada não há lugar para juramentos, pois a palavra de um homem é suficiente, e eu diria: principalmente a de um livre pensador moral ilibada e de bons costumes.

Atestando Mateus:

“Ouvistes mais que foi dito aos amigos: Não jures falso, mas cumpre os juramentos feitos ao Senhor. Eu, porém, digo-vos que não jureis de modo nenhum, nem pelo céu, que é o trono de Deus, nem pela Terra, que é o escabelo dos seus pés, nem por Jerusalém, que é a cidade do Sumo Rei. Nem jures pela tua cabeça, porque não podes tornar branco ou preto um só cabelo. Seja, pois, o vosso falar: Sim, sim, não, não, porque tudo o que passa disto procede do maligno. [9]

Portanto, se o próprio livro da Lei Maçônica nos apresenta uma interpretação clara sobre a impropriedade do juramento, por que não adotar, plenamente, o compromisso como recomenda a Maçonaria Moderna?

Parece-nos, infelizmente, que a opinião dominante se situa na direção oposta a esta recomendação. Vejamos um exemplo:

“Compromisso é a promessa recíproca, o ajuste, o acordo, o contrato, o regulamento de uma confraria. Algumas obediências e Ritos Maçônicos costumam substituir a palavra juramento por compromisso, nos trabalhos de Loja ou da Obediência. Não procede, todavia, tal alteração, pois juramento é unilateral, enquanto compromisso envolve reciprocidade; quando um candidato faz o seu juramento, está aceitando deveres para com a Ordem, não existindo a recíproca. [10]

Justamente por entender que a promessa recíproca existe entre o recipiendário e a Ordem – a Luz em troca do serviço desinteressado – é que a Maçonaria Moderna concorda com o pressuposto evangélico de que a palavra de um homem é suficiente.

Mas contundente ainda são os argumentos éticos a favor do compromisso no lugar do juramento, pois a ideia de comprometer se liga ao conceito existencialista de filosofia. Pode ser aplicado num sentido amplo, como fundamento de toda existência humana e, igualmente, num sentido mais estrito, como elemento fundamental do filósofo.

Estes dois conceitos estão interligados, pois não podemos dissociar o interesse do filósofo da existência humana.

Comprometer-se filosoficamente ou maçônicamente, pois somos filósofos na medida em que amamos a sabedoria, significa vincular intimamente a teoria com a prática: glorificando o trabalho com o desbaste da pedra bruta.

Recusar assumir o compromisso significa opor-se ao solicitado, recusando-se, portanto, a aceitar o ajuste, o polimento da mesma pedra.

Nenhum Maçom deve, enquanto, se comprometer, a menos que tenha compreendido a totalidade das proposições.

Apenas a título de exemplo histórico, devemos lembrar-nos de que a Constituição dos Estados Unidos nasceu do Grande Compromisso da Convenção de Filadélfia, e não de um juramento prestado pelos seus notáveis ideólogos, e ninguém duvida de que a América era uma terra de virtuosos protestantes.

Fundamentalmente, o compromisso deve ser entendido, racionalmente, como um consentimento, uma troca de concessões entre as partes, ou seja, um acordo. Eu me comprometo a servir pela minha tenure [11] para com a Ordem em troca da Luz, da Iniciação Maçônica.

Está em questão, portanto, este controvertido aspecto da Arte Real. A palavra final é sua.

Frederico Guilherme Costa

Notas

[1] PRICHARD, S. Masonry Dissected, being an universal and genuine description of all its Branches, from the Original to the present time, as it delivered in the constituted regular Lodges, both in City and Country, London, Byfield and Haw Keswith, 1730, pág. 12. In: Benimelli, Masonería, Iglesia e Ilustración. Vol. I, págs. 63/64. Fundación Universitaria Española. Madrid, 1982.

[2] COSTA, Frederico Guilherme. Maçonaria – Um Estudo da sua História. Ed. Maçônica “A Trolha”. Londrina/PR, 1990.

[3] MELLOR, Alec. Citado por Benimelli, op. cit., pág. 67.

[4] Gênesis, XIV, 22.

[5] Êxodo, VI, 8.

[6] Deuteronômio, XXXII, 40.

[7] Génesis, XIV, 2, 3.

[8] Génesis, XLVII, 29.

[9] Mateus, V. 33, 34, 35, 36 c 37.

[10] CASTELLANI, J- Dicionário Etimológico Maçônico, pág. 125. Editora Maçônica “A Trolha”. Londrina/PR, 1990.

[11] Dependência. “Influência dos Antigos Símbolos na Maçonaria Atual”.

Bibliografia

  • BENIMELLI, J. A. Ferrer. Masonería, Iglesia e Ilustración. Fundación Universitaria Española, Madrid, 1982.
  • BÍBLIA SAGRADA – Edições Paulinas, SP, 1969.
  • CASTELLANI, Dicionário Etimológico Maçônico. Editora Maçônica “A Trolha”. Londrina, PR, 1990.
  • COSTA, Frederico Guilherme. Maçonaria – Um Estudo da sua Editora Maçônica “A Trolha”, Londrina, PR, 1990.
  • FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS – Dicionário de Ciências Sociais. Editora da Fundação Getúlio Vargas. Rio de Janeiro, 1986.
  • MORA, José Ferrater. Dicionário de Filosofia. Alianza Barcelona, 1984.

 

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