EMOÇÕES, RITUAL E VESTIMENTA MAÇÔNICA

I ― Introdução

A abordagem maçônica é um desafio baseado na capacidade de um ritual de permitir que um grupo de seres humanos acesse uma espiritualidade acompanhada de preocupações sociológicas.

A primeira dificuldade encontrada para ter sucesso neste desafio é a capacidade dos membros da loja de gerenciar as emoções. O objetivo deste artigo é expor as diferentes expectativas.

II – Recordação da especificidade das emoções

Emoções e sentimentos não devem ser confundidos; São também reações afetivas que evoluem de forma mais duradoura e complexa, mas com uma participação cerebral que apela à nossa experiência, ao nosso intelecto e até à nossa imaginação. Eles também podem ser intensos.

A palavra "emoção" vem do francês antigo movimento, ou seja, movimento, que gerava mover, depois tumulto e depois emoção. É uma reação do organismo secundário ao sentimento de um evento experimentado. Essa reação geralmente é espontânea e mais ou menos controlável.

Psicologicamente, são descritos diferentes sentimentos psicológicos que pontuam a vida dos seres humanos:

  • O sentimento dos órgãos dos sentidos
  • Sentimentos
  • Emoções
  • Stress.

A especificidade das emoções está em sua reação espontânea a um evento intercorrente. Lembre-se de que a utilidade das emoções está em sua capacidade de reagir a um perigo improvisado.

A sensação dos órgãos dos sentidos (paladar, olfato, visão, tato, audição) é mais física e elementar, mas pode fazer parte de uma emoção: um estrondo intenso, por exemplo, pode nos encorajar a nos pressionar contra o chão.

O estresse geralmente não é considerado uma emoção porque é um estado geral de infelicidade que interrompe o funcionamento do pensamento.

As principais emoções são geralmente definidas:

  • alegria (amor, excitação sexual),
  • medo
  • raiva (revolta),
  • tristeza (depressão, desânimo);
  • Às vezes adicionamos surpresa, nojo, desprezo.

A sede da emoção está localizada no sistema límbico, às vezes chamado de cérebro límbico ou cérebro emocional. É uma área diferente daquela do córtex, onde está localizado o funcionamento da razão. 

II – Na loja, o ritual cria emoções:

a - Todo ritual é escrito para criar emoção;

As emoções desempenham um papel fundamental nos rituais quando entendidas como uma forma de fortalecer a meditação interior ou transcendental.

Na maioria das vezes, trata-se de alegria em sua modalidade de "alegria interior"; Também pode ser tristeza quando se faz menção ao falecido ou a irmãos em dor. A surpresa também surge em certos momentos da iniciação.

Vivemos na pousada, às vezes uma poderosa emoção coletiva imbuída de serenidade: a egrégora; Nesse exato momento a emoção é sublimada, é em outra dimensão onde a razão não tem mais seu lugar. É claro que isso é induzido pelo ritual da cadeia de união.

Em uma abordagem mística, as emoções são usadas para promover o acesso à espiritualidade e, em particular, ao Grande Arquiteto do Universo.


Em uma abordagem não dogmática, é necessário reinterpretar os rituais para torná-los um meio de acesso a uma espiritualidade entendida como uma busca de harmonia.

Quais símbolos para experimentar emoção?

Poderíamos mencionar:

  1. O coração: símbolo universal da emoção, especialmente do amor,
  2. Luz: suave e radiante, especialmente quando se trata de uma vela
  3. Cores:
    • Vermelho: Paixão, amor, raiva.
    • Azul: Tristeza, calma, serenidade.
    • Amarelo: Alegria, felicidade, calor.
    • Violeta: Mistério, espiritualidade.
  4. As mãos ou um círculo de indivíduos: em particular a cadeia de união.

b - Pré-requisitos:

Para viver o ritual, é essencial estar livre de emoções anteriores que possam ter surgido nas horas anteriores ao traje; Isso pressupõe um "retorno a si mesmo" permitindo um "desapego".
Este pré-requisito às vezes é difícil de alcançar quando um distúrbio psicológico estabelecido transforma as disposições mentais do maçom: é o caso, por exemplo, no caso de transtornos de personalidade (especialmente paranoicos), doenças crônicas incapacitantes ou choques emocionais.

c - Emoções rituais e "perturbadoras":

No camarim, o ritual impõe seu ritmo e dramaturgia. Mas às vezes surgem emoções não previstas pelo ritual; seja um ataque de riso desencadeado por um lapso de língua ou uma casualidade inadequada de um policial ou um discurso "excêntrico", a expressão de emoção pode se tornar perturbadora.

Os momentos de votação também são períodos capazes de despertar emoções.
Há também as reações provocadas por uma peça de arquitetura: tradicionalmente nenhuma declaração de parabéns ou desaprovação é planejada, mas a realidade é obviamente diferente e a paixão pode assumir o controle se um assunto delicado for mencionado!
Um apego excessivo aos desejos (a famosa erupção do "ego") ou às expectativas emocionais pode criar obstáculos à busca espiritual maçônica.

Quem já não viu a reação irada de um Venerável ao se ver desafiado em uma tomada de decisão autocrática?

Essas emoções perturbadoras são, obviamente, contraproducentes para o ritual.
Como podemos aceitar essas emoções perturbadoras no vestiário? É responsabilidade do colégio de oficiais garantir que as expressões intempestivas de emoções imprevistas sejam controladas. Isso requer tato e moderação! A antecipação costuma ser uma boa maneira de "controlar" a possível ocorrência de emoções prematuras

III – Como gerir as emoções?

Seja na vida secular ou na vida maçônica, as emoções, por definição, são incontroláveis! A única possibilidade que nos resta é vivê-los da melhor maneira possível, preparando-nos para os diferentes eventos de nossa existência!

O papel do Venerável e dos membros do colégio de oficiais é particularmente importante na encenação dos momentos emocionalmente criadores do ritual, mas também no domínio e, se possível, evitar emoções "perturbadoras" imprevistas para que não perturbem muito o ritual.
A melhor forma de privilegiar as emoções despertadas pelo ritual é o envolvimento de todos os membros da loja tanto em seu comportamento quanto em seus discursos: seriedade, dignidade, concentração são as palavras-chave!

IV – O lugar da Razão em uma roupa maçônica:

Basicamente, a razão não tem lugar em uma roupa maçônica porque a emoção reina! Por outro lado, fora do templo, a razão prevalece! É como se estivéssemos operando sob a influência de duas formas de inteligência:

  • Inteligência cognitiva que implementa o conhecimento adquirido por meio de educação e aprendizado ou por meio da experiência. É ela quem "oficia" quando se trata de Razão!
  • E inteligência emocional, que é "a capacidade de um indivíduo de reconhecer suas próprias emoções e as dos outros e usar essas informações para orientar seus pensamentos e comportamentos de maneira eficaz e ideal".

Descartes afirmou "Todo conhecimento verdadeiro tem sua fonte exclusivamente na razão"; hoje, seria mais preciso dizer: "Toda expressão razoável é baseada no conhecimento que se possui!" Isso tem o mérito de mostrar os limites da razão, porque todos sabem que o conhecimento ainda tem limites!

O conhecimento do funcionamento do cérebro permite fixar a sede da razão no nível do córtex cerebral, ou seja, a parte do cérebro onde as informações acumuladas pelos seres humanos de acordo com suas experiências são empilhadas. Vimos que para as emoções isso acontece em outros lugares!

V – Conclusão:

A emoção é uma força interior imprevisível. Os rituais o usaram para facilitar a impregnação simbólica e iniciática.

Mas outras emoções podem surgir espontaneamente, às vezes intensamente, e podem invadir rapidamente nossa mente.

Para alcançar o equilíbrio interior, é essencial saber acolher as emoções. Aceitar uma emoção é reconhecer sua presença, sem procurar reprimi-la ou ignorá-la, para analisá-la em uma segunda vez e compreendê-la ou mesmo criticá-la.

Aceitar a emoção não significa ceder à emoção. A razão nos ajuda a dar um passo para trás e escolher nossa resposta.

Essa atitude requer lucidez e introspecção. Ao aprender a observar nossas emoções, descobrimos como aceitá-las, mantendo nossas mentes claras e livres. É nessa harmonia que se encontra o verdadeiro autodomínio, onde a emoção e a razão coexistem, cada uma encontrando seu devido lugar.

Por Alain Bréant

 

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