A MAÇONARIA E A SUA ORIGEM COM OS PEDREIROS ANALFABETOS



CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O Dia de São João Baptista, apesar de ser mais conhecida pela comemoração dos cristãos, esta data (24 de Junho) é também importante para a história da Maçonaria, pois nela comemora-se o aniversário da reunião entre representantes de quatro lojas maçônicas de Londres, na taberna Goose and Gridiron, para a fundação da Grande Loja de Londres em 24 de Junho de 1717 (Mazet, 1992: 257; Cerinotti, 2004: 14 e Jacob, 2007: 11), depois reformulada como Grande Loja Unificada da Inglaterra em 1813, com a adesão da Loja de York, inicialmente descontente.

A escolha desta data para a reunião não foi por acaso, mas em razão da afinidade com este santo cristão, admirado por outras sociedades esotéricas, sobretudo pelos Templários, as quais os maçons da época supunham serem fontes da Maçonaria (Cerinotti, 2004: 109).

Mesmo não tendo jurisdição universal, pois a Maçonaria está fragmentada em incontáveis divisões, a multiplicidade aumenta ainda mais quando se leva em contas as lojas irregulares, este foi um marco importante na história da Maçonaria Moderna.

Agora, quem conhece os fascinantes símbolos e os pomposos rituais, bem como a suntuosidade dos templos (lojas) e a celebridade dos adeptos da atual Maçonaria, terá dificuldade em acreditar que esta faustosa sociedade secreta teve a sua origem numa corporação (Craft) de pedreiros analfabetos, a qual pode ser a razão da conservação dos seus ensinamentos, durante a fase da Maçonaria Operativa, exclusivamente através de símbolos e de ritos, ao invés também de textos escritos.

As pesquisas sobre a origem da Maçonaria estão envolvidas numa teia intricada de teorias controversas, desde as mais delirantes até as mais sóbrias (Cerinotti, 2004: 8-11). O assunto ainda carece de mais pesquisa acadêmica, quando comparado com a grande quantidade de estudos sobre outras tradições, pois o número de estudos acadêmicos é escasso, de modo que a quantidade de publicações pelas mais importantes universidades do mundo é muito pequena.

Tentando contornar estes obstáculos, o estudo abaixo pretende apontar, no meio de um oceano de relatos fabulosos (para conhecer um exemplo, ver: Anderson, 1734: 07-45), a origem iletrada da corporação dos Pedreiros Livres (Free-masons), durante o período denominado pelos pesquisadores de Maçonaria Operativa, a partir dos poucos estudos críticos-históricos, independentes das interpretações da tradição e da propaganda maçônicas.

ETIMOLOGIA DA DENOMINAÇÃO FRANCO MAÇONARIA
Do inglês Freemasonry e do francês Franc Maçonnerie, não existe consenso entres os pesquisadores quanto à origem do termo. Alguns apontam que significa que estes pedreiros (do francês: maçon) e construtores medievais, em virtude do ofício, tinham salvo-conduto das autoridades para transitarem livremente de uma região para outras, conforme as obras exigiam o seu trabalho, portanto a denominação de pedreiros livres (free-masons).

Outros acreditam que receberam esta denominação em razão do caráter mais especializado das suas habilidades de ofício, portanto eram profissionais livres, para diferenciá-los dos escravos que, no passado, eram a mão de obra majoritária nas edificações. Ainda, outra etimologia é apontada na palavra inglesa free stone (pedra de cantaria), aquela pedra particularmente adequada ao trabalho do entalhador (Cerinotti, 2004: 14-6).

Qualquer que seja a etimologia, Franco Maçonaria é a denominação para a corporação de pedreiros e construtores que, a partir de certo momento, ainda desconhecido pelos historiadores, quando os seus membros passaram a reunir-se nos alojamentos (lojas, do inglês: lodge e do francês: loge) nos canteiros das obras, além da prática habitual das refeições e do descanso, para trocarem informações sobre os simbolismos e os segredos por trás das artes e da arquitetura nas catedrais e nos mosteiros que edificavam que os levaram, em seguida, com o acúmulo de informações secretas, a praticarem rituais iniciáticos nestes alojamentos (lojas), para a admissão de novatos e a transmissão secreta dos ensinamentos.

Por outras palavras, uma corporação que combinava o ofício da construção com a construção do caráter dos seus membros sob o véu do segredo. Parece que, segundo os manuscritos mais antigos, o segredo foi utilizado inicialmente apenas para a salvaguarda das técnicas do ofício da construção, depois se estendeu para o objetivo de velar os símbolos, as senhas e os rituais maçônicos (Mazet, 1992: 251), daí se desenvolveu o espírito corporativista, que até hoje marca tanto o caráter da Maçonaria.

MAÇONARIA E RELIGIÃO
Os maçons são unânimes em afirmar que a Maçonaria não é uma religião, a definição clássica é: “um peculiar sistema de moralidade, velada em alegoria e ilustrada por símbolos” (Mazet, 1992: 248). Apesar da recusa, os maçons insistem que todo candidato deve ser um religioso, pois não é possível ingressar na sociedade sem acreditar em deus (Anderson 1734: 48 e Cerinotti, 2004: 102). Os juramentos dos adeptos são feitos diante de um livro religioso (Bíblia, etc.), conforme o regulamento da jurisdição. Enfim, a Maçonaria é uma sociedade que não se considera religiosa, mas aos seus adeptos solicita-se que sejam religiosos.

Agora, o que leva os maçons a pensarem que a Maçonaria não é uma religião deve-se ao conceito circunscritamente cristão de religião, entretanto, quando se expande o conceito de religião para além dos limites do teísmo, a Maçonaria demonstra traços muito comuns com outras tradições não teístas. Por exemplo, o Hinduísmo também tem um sistema de moral (dharma shastra), grande parte das suas concepções estão veladas por símbolos, concede iniciações e, ademais, pratica uma quantidade de ritos muito maior que a Maçonaria.

Os maçons não são teístas, mas sim deístas, a realidade suprema é o Grande Arquiteto do Universo (GADU), de maneira que, na Maçonaria, não existe cultos de louvor, adoração ao senhor, orações, súplicas pela graça divina, romaria, bem como sacramentos de batismo, de casamento, etc.

Em resumo, o conceito de religião é controverso, porém, conforme a abrangência, a Maçonaria apresenta elementos tão comuns com as religiões em geral, que se torna difícil excluí-la do rol das religiões, sobretudo quando se tem em mente que religião não é só teísmo, fé e devoção. Para resumir, a Maçonaria não se considera uma religião, mas, paradoxalmente, tudo nela tem origem e natureza religiosas.

MAÇONARIA OPERATIVA E MAÇONARIA ESPECULATIVA (MODERNA)
A história da Maçonaria possui um crucial turning point, a transição de Maçonaria Operativa (composta exclusivamente de pedreiros e construtores) para a de Maçonaria Especulativa (composta de adeptos que não são mais pedreiros e construtores, portanto denominados de “maçons aceitos”).

Esta transição aconteceu nos séculos XV, XVI e XVII e. c., quando houve uma redução drástica no número de construções de catedrais, de fortalezas e de mosteiros, bem como a expansão da Reforma Protestante, as quais resultaram em prejudicais consequências na corporação dos maçons.

 Consequentemente perderam o elo com os padres da Igreja, que patrocinavam as construções, para então, buscarem trabalho noutras fontes, a fim de que a corporação sobrevivesse (Mazet, 1992: 253 e Jacob 2007: 12). Foi nestas circunstâncias que a Maçonaria, de uma corporação exclusivamente constituída por pedreiros e mestres de obra, abriu as portas para a entrada de membros de fora da profissão.

Estes novos adeptos, os quais eram intelectuais, pessoas da nobreza, profissionais de outras áreas, portanto candidatos bem mais instruídos ficaram fascinados com a descoberta de que os maçons guardavam muitos segredos antigos. Entretanto, ao mesmo tempo, por serem cultos, perceberam que os antigos maçons não guardaram, ou já tinham perdido o significado por trás daqueles símbolos e ritos, daí que estes novos interessados sentiram a necessidade de especular e pesquisar sobre a origem dos mesmos.

Foi então, a partir daí, que se iniciou o que é conhecido como Maçonaria Especulativa, quando elementos de outras tradições tais como a Cabala, a Rosa Cruz, a Alquimia, as Lendas de Cavaleiros Medievais e o Hermetismo foram infiltrados na Maçonaria, por obra destes novos membros aceitos.

Especulação que resultou numa prolífera criação de novos graus, além dos antigos dois graus do período operativo (o grau de Aprendiz e o de Companheiro, já do grau de Mestre Maçom só se tem registro a partir do ano de 1770 – conhecidos como os três graus simbólicos), numa sucessão na qual os graus superiores tentam explicar, também através de símbolos e ritos, os graus anteriores, de modo que o candidato permanece na contínua expectativa de conseguir a explicação do simbolismo do seu grau no grau seguinte.

Assim, com o tempo, a Maçonaria transformou-se numa sociedade na qual o significado encoberto pelos seus símbolos e ritos é sempre explicado por outro símbolo e rito, de maneira que nunca se alcança uma explicação discursiva e exegética. Como interpretam alguns críticos, “um poço sem fundo onde nunca se encontra a água para saciar a sede”.

Este processo de busca do significado da simbologia e de criação de novos graus continua até hoje, cujo resultado foi o surgir de incontáveis lojas e ordens irregulares (aquelas não reconhecidas por uma Grande Loja ou por um Grande Oriente).

Mas este critério de reconhecimento é vago, pois se os próprios fundadores da Maçonaria Moderna (Especulativa) tiveram de especular sobre o significado e a origem da Maçonaria que herdaram dos maçons operativos, nos séculos XVI e XVII, os quais eles julgaram como perdidos, não significa que a busca está concluída, pois eles mesmo herdaram uma tradição desprovida de exegese.

O FASCÍNIO PELO SEGREDO
As religiões têm início e crescem em razão da admiração e da fascinação de um grupo de seguidores pela mensagem, pelo carisma, pela santidade ou pelos milagres de um líder religioso, bem como por mitos e mistérios de relatos antigos, depois estes primeiros discípulos sobrevalorizam a mensagem, ao ponto de então criar um significado que é organizado em doutrinas e práticas, as quais só fazem sentido dentro da sua própria lógica, transformando este conjunto de doutrinas e práticas num sistema, para enfim se organizar em instituição social.

 Com o surgir da Maçonaria Moderna (Especulativa) não foi tão diferente, os novos candidatos ficaram fascinados, no período da transição, com a tradição dos maçons operativos, que eles atribuíam guardarem segredos antigos, e deste fascínio pelo segredo, a Maçonaria prosperou e diversificou-se, atualmente com milhares de adeptos pelo mundo (Cerinotti, 2004: 96-101).

A MODALIDADE DE ANALFABETISMO DA MAÇONARIA OPERATIVA
Os historiadores são unânimes em afirmarem que, durante a Antiguidade e a Idade Média, de 80% a 90% da população destas épocas era analfabeta. O alfabetismo era um privilégio de poucos, pois não existia o imenso sistema de educação em grande escala, aberto para todos, como atualmente.

Porém, dentro desta grande população analfabeta, existiam os que eram apenas analfabetos funcionais (aqueles que só conseguiam ler ou escrever os assuntos dentro da sua ocupação funcional), bem como os que só eram treinados na sua profissão, através de um processo de treino, geralmente passado de pai para filho, o qual os historiadores da educação denominam, para diferenciar da educação propriamente, de “aprendizagem do trabalho” ou de “tecnização do conhecimento” (Manacorda, 2006: 70-2, 106-10; 138-9 e 161-7).

Este processo consistia inicialmente da aprendizagem das técnicas da profissão (artesãos, lavradores, carpinteiros, etc.) transmitida pelos pais aos filhos, sem a necessidade da alfabetização, até a formação das primeiras corporações de aprendizagem na Europa (Manacorda, 2006: 161-7).

A corporação (Craft) dos maçons operativos pode ter sido uma das primeiras corporações de aprendizagem a surgir, cuja transmissão não era aquela de pai para filho, mas de um Maçom para outro. Com isto os maçons operativos superavam nas suas habilidades profissionais os outros trabalhadores do mesmo ofício, os escravos, daí a suposta origem da denominação “pedreiros livres” (free masons).

Que os maçons operativos eram hábeis nas técnicas da construção, pois conheciam até Aritmética e Geometria que eram aplicadas nas construções, está bem confirmado, no entanto, fortes indícios levam a supor que eram despreparados, quanto à capacidade de ler ou de escrever textos.

 As principais pistas para tal suspeita estão na inexistência de escritos, de autoria de maçons, durante o período medieval, bem como a conclusão de Edmond Mazet de que: “… não é difícil adivinhar qual deve ter sido o conteúdo da Maçonaria Operativa na Idade Média. Ele só pode ter sido inteiramente cristão e certamente refletiu os ensinamentos dos padres; que é foi fundado na Bíblia e na exegese bíblica, que os maçons não conheciam de ler o livro ou os comentários sobre ele, mas de ouvir os sermões dos padres sobre eles e de esculpir cenas históricas e simbólicas extraídas deles” (Mazet, 1992: 252).

Os escassos conhecimentos que temos da Maçonaria operativa da Idade Média são extraídos dos Ou Charges (Antigos Deveres), sobretudo os dois textos mais antigos: o manuscrito Regius (1390 e. c.) e o manuscrito Crook (1450 e. c.), sendo que, curiosamente, ambos foram escritos por padres (Haywood, 1923b e Mazet, 1992: 251). Segundo E. Mazet, “eles contem (especialmente o Regius) um conjunto de instruções religiosas e morais que expressam o interesse dos padres em moralizar e catequizar os maçons” (Mazet, 1992: 251).

Os Old Charges seguintes, que só aparecem a partir de 1583 e. c. (Mazet, 1992: 253), podem ter sido escritos por maçons. Portanto, mais uma evidência de que, quanto mais antiga a referência aos maçons operativos, maior a confirmação do seu analfabetismo. Enfim, sendo analfabetos, eles só podiam registra através de símbolos e de ritos, o que aprendiam com os padres cristãos e com as esculturas que esculpiam nas catedrais, nas fortalezas e nos mosteiros.

Octavio da Cunha Botelho

Obras consultadas
ANDERSON, James. The Constitutions of the Free-Masons. Printed London: 1723, reprinted Philadelphia: 1734; Online Electronic Edition, Lincoln: University of Nebraska.
CERINOTTI, Angela. Maçonaria, São Paulo: Editora Globo, 2004.
GOULD, Robert Freke. The Concise History of Freemasonry. London: Gale & Polden Limited, 1951.
HAYWOOD, H. L. Symbolical Masonry: An Interpretation of the Three Degrees. New York: George H. Doran Company, 1923a.
________________ The Old Charges of Freemasonry em The Builder. September, 1923b.
JACOB, Margaret C. Living the Enlightenment: Freemasonry and Politics in Eighteenth–Century Europe. New York/Oxford: Oxford University Press, 1991.
__________________The Origins of Freemasonry: Facts and Fictions. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 2007.
MANACORDA, Mario A. História da Educação: da Antiguidade aos nossos dias. São Paulo: Cortez Editora, 2006.
MAZET, Edmond. Freemasonry and Esotericism em Modern Esoteric Spirituality. Antoine Faivre and Jacob Needleman (eds.). New York: Crossroad, 1992, p. 248-76.
PIKE, Albert. Moral and Dogma of the Ancient and Accept Scottish Rite of Freemasonry. Charleston: Supreme Council of the Thirty-Third Degree, 1871.
WILMSHURS, W. L. The Meaning of Masonry. London: P. Lund, Humphries & Co, 1922.

A APRENDIZAGEM E A VIA MAÇÔNICA



Meu Querido Irmão Aprendiz

O momento que te terá apanhado de surpresa e sobre que captaste apenas um pouco dos seus inúmeros pormenores e significado, representa o instante mais importante na vida de um Guerreiro da Luz.

Possibilitou o primeiro mergulho no interior de ti próprio, exercício que será repetido vezes sem conta na via que começaste agora a trilhar.

O primeiro passo nesse trilho foi um exercício de vontade e perseverança, uma vez que as provas a que foste sujeito não te demoveu na vontade de ver a Luz e seres recebido entre os Irmãos, como novo Obreiro.

Os passos que te vão ser exigidos, a partir de agora, serão novos apelos à tua vontade, esclarecimento e vontade de aprender. Estás agora na idade infantil da Maçonaria, a idade de Aprendiz e é-te exigido um silêncio absoluto durante as sessões da Loja.

Esse silêncio não significa amesquinhamento ou desconsideração pela tua condição de Homem Livre e de Bons Costumes, requisitos sobre que foste inquirido quando do inquérito maçônico.

Significa enorme disponibilidade para ver, ouvir,  cheirar e sentir, sem juízos pré-formados e ideias pré-concebidas. Este é o tempo de aprendizagem sobre as regras da Arte Real, as normas da nossa Augusta Ordem, as exigências do ritual, a interação dos Irmãos Mestres nos trabalhos da Loja.

Olhar vivo e sentidos bem despertos é o que te recomendo. Se e quando tiveres necessidade de expor alguma necessidade ou ideia faça pelo Irmão Mestre mais próximo de ti ou quando eu, na qualidade de Mestre da Loja, te autorizar.

A boa aprendizagem é aquela que se faz gradualmente, sem pressas, sem saltar etapas na via que agora iniciaste, na via do conhecimento das leis que nos regem, na relação com os outros homens, no preito Àquele de que fomos feitos à imagem, Deus.

Não tenhas, por isso, pressa. Na caminhada, que iniciaste, serás conduzido pelo oficial da Loja que tem a incumbência de instruir e supervisionar os Aprendizes, o Irmão Segundo Vigilante. Irmão que está sentado à tua frente, na mesa triangular que lhe serve de enquadramento.

Deixa-te seguir pela mão dele, pela sua experiência e sensibilidade; cumpre as suas orientações. Será ele que me relatará os teus progressos e que me informará, ultimada a instrução, que estás em condições de veres o teu salário aumentado, isto é, progredires para Companheiro Maçom.

Na coluna onde te sentas, a coluna do Norte, não terás grande visibilidade, porque as três janelas do Templo estão fora da tua área de visão.

Como saíste não a muito tempo do sepulcro onde morreste para a vida profana e terrena, os teus olhos têm dificuldade em se adaptarem à luminosidade que advém da iluminação do Grande Arquiteto, aqui representado pelo Delta luminoso que está por detrás do teu Venerável Mestre.

Ela ser-te-á concedida paulatinamente, passo após passo, esforço após esforço. Porque o excesso de luz deslumbra e cega.

Os homens que vês em teu redor já fizeram essa caminhada, cada um de per si, e chegaram a outros estádios da evolução maçônica quando foram julgados merecedores desse progresso. Eles são os teus Irmãos e companheiros nessa jornada. Confia neles e observa-os.

Nós, Maçons, somos a mais antiga fraternidade humana. Fraternidade que, segundo uns, data do tempo das guildas e corporações de pedreiros e maçons operativos que construíram as grandes catedrais, os castelos, as igrejas paroquiais; segundo outros, de mais atrás das grandes civilizações da Antiguidade: dos egípcios, dos fenícios, dos babilônios, dos judeus.

Nunca saberemos ao certo onde começamos e quando, mas sabemos que desde então temos uma Regra, vários Rituais e Ritos, alguns segredos e princípios que nos orientam: tratar o outro como um fim e não como um meio; fazer o bem sem olhar a quem; ser solidário com os que têm dificuldades; ajudar a tornar o mundo em que vivemos um mundo melhor.

Somos uma Fraternidade com segredos que despertam enorme curiosidade do mundo profano, que entrevê em nós e nas nossas tradições ausência de transparência, ideias conspirativas e a subversão da Ordem Pública, inspiração satânica.

Tudo isso nos merece uma enorme gargalhada que é a melhor forma de reagir perante as tolices de gente mal-informada ou apenas ignorante.

Temos segredos, mas apenas segredos ligados à nossa tradição e à transmissão do conhecimento que, como em épocas arcanas, é feito boca a orelha, pessoa a pessoa, para aqueles que merecem recebê-lo e aprendem a interpretá-lo.

Há o conhecimento imediatista, que poderíamos designar por exotérico com x, intuitivo; há depois o conhecimento esotérico, intimista, reflexivo.

O primeiro está nos livros, na Internet, nas revistas sensacionalistas, nos documentários da conspiração; o segundo encontrarás por ti próprio, com esforço, observando os símbolos que te rodeiam, mas olhando para dentro, para a tua alma, procurando a razão de estares aqui nesta particular comunidade de homens.

Procuraremos aqui despertar-te para este segundo domínio.

A Aprendizagem exige estudo, e muita reflexão, aplicação e vontade de melhorarmos como seres humanos e como maçons. A informação pode-nos ser mostrada e indicada mas esse caminho é individual e muito solitário. Buda disse “Somos o que pensamos.

Tudo o que somos surge com os nossos pensamentos. Com os nossos pensamentos, fazemos o nosso mundo.” Jesus disse “O olho é a lâmpada do corpo. Se o teu olho é bom, todo o teu corpo se encherá de luz.

Mas se ele é mau, todo o teu corpo se encherá de escuridão. Se a luz que há em ti está apagada, imensa é a escuridão”. Maomé acrescentou “A verdadeira riqueza de um homem é o bem que ele faz neste mundo”.

Toma estes ensinamentos como guia do teu comportamento, aqui e lá fora.

Todos os meses reunir-nos-emos aqui, duas vezes, longe dos olhares profanos para erguer novos templos à virtude e cavar sepulcros ao vício, exercitando o que designamos por Arte Real.

Os nossos trabalhos são guardados por Irmãos que têm a missão de manter a sacralidade deste espaço e impedir a entrada de intrusos. A espada é o símbolo desse ofício, hoje puramente simbólico e essa a razão que o guarda interno está armado com uma espada.

Mas por vezes os intrusos não são físicos, mas mentais, são os nossos julgamentos precipitados, os nossos impulsos mesquinhos, os nossos ódios de estimação.

Habitua-te a deixar os teus pensamentos profanos à porta do Templo. Aquieta o teu pensamento quando entrares no Templo. Participa com alegria e empenho nos nossos trabalhos.

Por vezes vê-se em lojas, irmãos a consultar repetidamente o relógio e o celular. Isso é muito mau sinal: ou os trabalhos não estão a decorrer com a elevação, o rigor e a profundidade que deviam ter; ou esses irmãos não deveriam estar na sessão. A reunião em Loja é o momento quinzenal de convívio com os Irmãos e isso deve merecer a nossa concentração e respeito.

Finalmente o Templo em que estás não teria sido construído sem a ajuda fraterna e o contributo de todos os Irmãos desta Loja. Como te foi explicado na entrevista é-nos pedida uma contribuição mensal para que possamos fazer face à renda e à conta de eletricidade e limpeza.

O nosso Irmão Tesoureiro que se senta na coluna do Sul, à minha esquerda, tem a função de garantir que essas despesas sejam pagas a tempo e que os Irmãos façam em tempo as suas contribuições.

Bem vindo Meu Irmão.

Meus Irmãos juntem-se a mim para saudar pelo sinal, pela bateria e pela aclamação escocesa a entrada deste Irmão. Em pé e à ordem Meus Irmãos. Pelo sinal….; pela bateria….; pela aclamação escocesa…….

Sentemo-nos.

Arnaldo Gonçalves, M I – Venerável Mestre


ETERNO APRENDIZ




Aqui estou na porta do Templo; sinto saudades, nostalgia, sou um pássaro desterrado entre as bandas do seu fim, perdido em terras estranhas, preciso voltar a minha terra que deixei a tanto tempo, rumo a grande procura, em uma viagem aos meus espaços interiores, mas sei que no final dessa viagem encontrarei minha Paz, a nossa Essência.

Minha alma esta sedenta de aprender, e estou no Umbral do Templo, agora estou na sala dos Passos Perdidos, ouço musicas longínquas, falando de amor profundo, é nosso ser interior que canta.

Eis o M.C., que suave figura, com o ar de mistério e suas palavras ecoam para que deixemos os sentimentos profanos, para adentrar ao Templo, e no nosso interior.

Ele é o nosso mensageiro, suave figura com ar de mistério, para nossa viagem ao Templo, com todo seu esplendor e mistério.

Alias o Templo é tudo que existe, representa o Universo, a morada Eterna de Deus.

É como disse "Trismegisto” o Grande Mestre,três vezes sábio:" Assim como é encima, é embaixo". "Sou como o templo, e o Templo como o universo."

Vestindo o Avental, que estranha vestimenta, que traz o símbolo maçônico dos IIr.', que sempre vieram, sempre foram e sempre vão.

Traz o eterno símbolo da maçonaria, com sedentos peregrinos, procurando a Divina destinação da nossa Essência.

Fala de onde viemos e para onde vamos, e neste símbolo cravou-se nosso caminho.

A porta do Templo se abre, assim como disse nosso Mestre;"Batei e abrir-se-á”.

O Guardião do Templo em sua imponência e austera figura fiscaliza nossa qualificação para nossa viagem, como neófitos nesta vida, mas acima de tudo;

“O Senhor é meu pastor, nada me faltar, deita-me em verdes pastos e guia-me mansamente em águas tranquilas. Ainda que eu ande pelos vales da sombra da Morte, não temerei mal algum, porque tu estas comigo, a tua vara e teu cajado me consolam".

Resolutos nós transpomos o Umbral das trevas exteriores para a nossa luz Interna.

O guardião em sua austera figura, diz que protegera o Templo dos invasores mundanos, dos mercadores do Santuário, garantindo nossa Egrégora.

Assim começamos nossa viagem ao nosso Templo interior.


ASSIM SEJA.

Inspirado na meditação Ritual Eterno Aprendiz R+C.
Ir.'. Ricardo Martinez


A LOJA É PERFEITA, OS HOMENS NÃO




Parece-me que o sonho de qualquer Loja Maçônica é fazer valer o que diz o Salmo 133:

... “Oh quão bom e quão suave é, que os irmãos vivam em união! É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla das suas vestes. Como o orvalho de Hermom, e como o que desce sobre os montes de Sião, porque ali o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre.” ...

A elevação do grau de consciência da excelência do AMOR fraternal, descrito nas palavras acima, alcança a todos, não escapa ninguém dessa Lei Universal.

O que sair fora disso é desarmônico, prejudicial.

É a força cega que fere de morte a Loja, a filha de Sião.

A Loja unida é como um corpo: quando um padece, todos padecem; quando um chora, todos choram; quando um se alegra, todos se regozijam.

Porque nessa Loja o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre!

O óleo precioso do AMOR fraternal lubrifica as engrenagens, que deslizam sem desgaste em seu trabalho com Força e Vigor.

Como unir homens dotados de egos, vaidades, formações, conceitos, dogmas e valores tão diferentes?

É aí que começa a ficar interessante a arte de ser Maçom e viver em harmonia.

É um esforço comum a todos os membros, e que requer habilidade, comprometimento mútuo e vontade de formar um só corpo.

Antes de apreciarmos os preceitos maçônicos é importante nos conhecermos uns aos outros, trabalharem nossos pontos fortes, identificando os pontos fracos.

Como sempre digo, no mundo profano, o modelo de união se dá pela formação de grupos lapidados por terceiros, enquanto que, na Maçonaria, a lapidação é individual, contanto que cada Pedra lapidada se encaixe no corpo da Loja, antes de se encaixar no edifício social.

É preciso que cada um faça sua auto-análise e procure se conter diante daquele que lhe discorda a opinião.

Em um universo de vaidades por cargos e distinções, permita-se ser contradito com racionalidade para que o aperfeiçoamento intelectual e moral se realizem.
... É na confiança de que seus irmãos lhe querem o mesmo bem que você deseja a eles que deve pairar a dúvida de se julgar sempre estar certo... 

O maior prejuízo para uma Loja Maçônica chama-se “crítica”.

Criticar significa pegar o Malhete e sair trabalhando a Pedra do outro irmão.

A força cega se aproveita disso e conduz a Loja à ruína.

O debate é saudável para a Loja. A crítica é destrutiva.

O behaviorista B. F. Skinner, em seu livro “Science and Human Behavior”, diz que a crítica é fútil porque coloca um homem na defensiva, deixando-o em posição desconfortável, tentando justificar-se.

Em momentos como esse, a essência do AMOR fraternal, também chamada de egrégora, se desfaz e a força cega assume o controle.

A crítica é perigosa porque fere o que o homem tem como precioso, seu orgulho, gerando ressentimentos.

É o começo do fim dos relacionamentos.

John Wanamaker, um psicólogo estudioso dos relacionamentos, também escreveu: 

“Eu aprendi em 30 anos que é uma loucura a crítica. Já não são pequenos os meus esforços para vencer minhas próprias limitações sem me amofinar com o fato de que Deus não realizou igualmente a distribuição dos dons de inteligência”.

Os homens deveriam fazer autocrítica.

Como não o fazem, criticá-los é desafiar a harmonia em Loja.

B. F. Skinnner costumava fazer experimentos com animais, buscando compreender o comportamento destes, para depois compará-lo com o das pessoas.

Ele demonstrou que um animal que é recompensado por bom comportamento aprenderá com maior rapidez e reterá o conteúdo aprendido com muito maior habilidade que um animal que é castigado por mau comportamento.

Estudos recentes mostram que o mesmo se aplica ao homem

O homem adora criticar.

Tem os que criticam erros de ritualística em plena sessão, atrapalhando a egrégora, criando constrangimentos, quebrando a sequência dos trabalhos, cruzando a palavra entre as CCole o Ortudo pelo prazer de corrigir, criticar e fazer prevalecer seu potencial, seu ego e sua autoridade, quando na verdade, o que deveria prevalecer seria o AMOR.

Buscar a perfeição na ritualística é nosso dever.

Mas não é prudente fazer críticas e correções em pleno serviço. É o começo do fim.       
     
Estudos têm mostrado que a crítica não constrói mudanças duradouras, mas promove o ressentimento.

Acaba deixando o rei no trono, mas sem súditos para os governar. É o fim do reinado.

O combustível do AMOR e da união é o elogio.

Se algum irmão fez um trabalho e o mesmo precisa ser melhorado, seu consciente o está cobrando por melhora.

Ele sabe que precisa melhorar, não porque alguém o cobre melhoras, mas porque o seu interior, sua alma, pede por melhora.

Quando alguém o elogia após a leitura de um trabalho, gera uma crítica construtiva, pois elogiou quando dentro dele existe uma crítica.

Esse irmão se sentirá motivado a fazer mais e mais trabalhos, e, essa persistência o levará à perfeição sem que necessitasse críticas de terceiros.

Hans Selye, outro notável psicólogo que amava estudar o comportamento humano diz: “Com a mesma intensidade da sede que nós temos de aprovação, tememos a condenação”.

Na prática, não só tememos, como também não ficamos satisfeitos com críticas feitas por pessoas semelhantes a nós, com o mesmo grau de fragilidade.

A Loja perfeita elogia, sugere, estimula, confere recompensas com palavras: O VERBO. A PALAVRA. O AMOR.

Não quero com isso buscar unanimidade favorável a essa tese que defendo.

Mas tenho observado que em Lojas onde se pensa diferente, o AMOR esfriou, a harmonia desapareceu e as CColda Loja estão em perigo.

Por que então não mudar e Elogiar ao invés de apenas sempre criticar???...

Boa Tarde ! meus Amorosos irmãos.

Manoel Miguel M.'.M.'.

O MESTRE INTERIOR – NO TEMPLO



A porta do Templo é um símbolo de acesso ao interior, onde está oculta a verdade e outros tesouros.

Quando solicitamos a entrada no Templo interior, somos questionados “Quem é o temerário que ousa interromper as nossas meditações”, e o nosso guia interior responde que é um candidato que não é escravo das paixões e desejos e que não é de maus costumes, pois, no Templo da verdade e da sabedoria, não entra quem é preconceituoso e possui péssimos costumes.

Caso não tenhamos o desejo sincero de buscar a verdade, poderemos ser impedidos pela espada do guardião, que impede a entrada de curiosos temerários, invasores profanos e dos mercadores do santuário.

Fazemos uma oração para solicitar o auxílio nos momentos de perigo, durante o trajeto na senda. Sabemos que o vício nos arrasta para o mal e que devemos ter disposição na alma para a prática do bem.

As coisas boas da vida, a doçura, podem se transformar de uma hora para outra em amargor, em decepções, e temos que estar preparados para isso, Cristo passou por dores e momentos insuportáveis, os momentos difíceis nos deixam vulneráveis.

Ao curioso que pensa somente em adquirir poderes, estabilidade financeira com riquezas e auxílios mútuos, e se esquecem do desenvolvimento espiritual, sentem a desilusão, porque, os espera um cálice de amargura, que ao ser apresentado a Cristo, este exclamou: “Pai, se é possível, afasta de mim este cálice”.

O verdadeiro postulante, consegue absorver a mudança das doçuras da vida em amargor, e tem fé que o amargor se transforme novamente em doçura pelo conhecimento da verdade.

Temos que percorrer um caminho difícil e tortuoso, os obstáculos e a instabilidade do tempo (ar), com chuvas e trovoadas, e nessa viagem, começamos o trajeto na realidade exterior (ocidente), e passamos pela noite escura do norte utilizando apenas a visão intelectual, caminhamos com dificuldade, até podermos chegar ao lugar de luz (oriente), após conseguirmos a iluminação da consciência, não poderemos ficar parados neste local, não podemos guardar a luz, temos que levá-la aos que ainda se encontram no mundo material sem luz (ocidente).

Temos que ter ciência que representamos o símbolo da sociedade, aonde a inteligência de um pequeno grupo conduz as massas ignorantes que não podem se governar.

O processo de busca da luz é contínuo, quando estivermos mais esclarecidos poderemos percorrer um caminho mais plano, ainda poderemos ouvir o som dos combates da vida, tinir de espadas, mas, ao final deste caminho, o nosso guia nos leva a uma fonte de água para purificarmos a alma. Novamente temos a demonstração da solidariedade humana.

Então, seguimos por um caminho livre de obstáculos, podemos ouvir o crepitar das chamas durante este trajeto e sentimos o calor do fogo, que, além de purificador é o símbolo da descida do Espírito sobre a matéria.

Estaremos aptos a nos submeter à terrível prova do batismo do heroísmo, do mártir, oferecemos o nosso fluido vital (sangue). Então, poderemos receber o selo da fé e da caridade em nosso peito. Devemos procurar auxiliar e socorrer os necessitados, os miseráveis e deserdados da fortuna, não podemos ser vaidosos e fazer doações com orgulho, humilhando a quem recebe as nossas dádivas, sentimos a angústia em nosso coração diante da impossibilidade de socorrer os miseráveis e necessitados.

Com a prática da caridade, juramos fidelidade ao dever, e retiramos a venda material que nos cobria os olhos, podemos finalmente ver a luz. Somos consagrados e nos tornamos justos e perfeitos. Nascemos de novo, cumprimos o que disse o Divino Mestre Jesus: “O REINO DE DEUS ESTÁ DENTRO DE VÓS”

Pedro Neves .’. M.’. I.’. 33.’. MRA

Membro Efetivo da Cadeira 001 – Patrono: Arlindo dos Santos
da Academia Maçônica de Letras do Brasil – Arcádia Belo Horizonte
Preceptor da Suprema Ordem Civil e Militar dos Cavaleiros Templários

A CABALA, A MAÇONARIA E OS CARGOS EM LOJA


Cabala ou Kabala, do hebraico Kabbalah – tradição oral -com o significado literal de RECEBER é a sabedoria oculta dos judeus muito estudada na Idade Média, pelos rabinos. Em outra versão a palavra Cabala tem origem no vocábulo hebraico “kibbel”, significando lição, tradição, ensino

Considerada um sistema filosófico-religioso judaico de origem medieval, sendo que, no entanto, integra elementos que remontam ao início da era cristã, reportando ainda a época dos patriarcas bíblicos, sendo que de acordo com a tradição hebraica, os ensinamentos da Cabala começaram a ser transmitida de forma oral.

Foi por Enoque um patriarca bíblico, que a transmitiu aos seus descendentes, e posteriormente, Moisés, para evitar que esses ensinamentos se perdessem, comunicou-os aos setenta anciãos escolhidos por ele, sendo que daí para frente o foi de forma escrita.

Mas esses ensinamentos, ao serem escritos, o foi de uma maneira simbólica, para dificultar a compreensão do homem comum, mas tão somente dos iniciados. Dois são os livros fundamentais da Cabala: O SeferYetsirah, ou Livro da Criação, e o Zohar, ou Livro dos Esplendores.

Ela surgiu, na sua forma atual, por volta do século XII.

Ela compreende preceitos práticos, especulações de natureza mística, esotérica e taumatúrgica, informando que nosso universo é uma emanação divina, sendo utilizada para a interpretação e esclarecimento dos significados ocultos do Antigo Testamento,

O segredo da Cabala é relacionar e comparar palavras e números da Torá (Antigo Testamento) de uma maneira detalhada e clara, sendo que sua origem está no SeferIetsirá, ou Livro da Criação, obra de autoria e data incerta. A obra em questão explica que Deus criou o Universo usando as 22 letras do alfabeto hebraico. “O Gênese já dizia que o verbo divino foi o instrumento da Criação: Deus disse ‘Haja luz’, e houve luz, assim foi criada a Terra.

De acordo com a Cabala, há uma Bíblia que pode ser lida por qualquer pessoa leiga e outra que só pode ser entendida pelos estudiosos e pelos iniciados. É nesta última interpretação que está oculta a verdadeira sabedoria, que foi transmitida oralmente de acordo com a tradição oral a Abraão e confirmada a Moises no Monte Sinai.

Assim, de acordo com a Cabala, cada símbolo, letra, número, tem um significado literal e outro oculto, somente conhecido dos iniciados e estudiosos.

No estudo da Cabala, podemos ver a chamada Árvore da Vida, que é um desenho considerado mágico e também filosófico que indica como Deus construiu o universo físico e espiritual através de suas emanações. Como o próprio nome diz, ela tem a forma de uma árvore, projetando dez ramos ou galhos, conhecido como Sephirots, podendo elas serem interpretadas como energias criadoras ou emanações, como se fossem estados de consciência, a indicar a evolução do homem.

 Essas dez emanações, que podem ser entendidas como sendo os atributos da divindade,  são a Coroa, (Kether), a Sabedoria (Chokhmah), a Inteligência (Binah) a Grandeza (Hesed), a Justiça (Gueburah), a Beleza (Tifheret), a Eternidade (Nethsat), a Glória (Hod), o Fundamentos (Yesod) , o Reino (Malcuth), podem ser consideradas a inteligência pura, que se manifesta em cada fase do universo, podendo também ser considerada a representação cósmica da criação.

Desta maneira, nosso simbolismo concorda com o que a Cabala tem de primordial, sendo que iremos demonstrar a relação da Árvore da Vida, com os cargos em loja, como veremos a seguir, e de acordo com as várias interpretações existentes:

Venerábel.Mestre (Kether) –  Coroa ou Unidade

Orador (Binah) -   Sabedoria

Secretário (Hokmah) Inteligência ou Compreensão

Tesoureiro (Geburat) Justiça ou Julgamento ou ainda Rigor

Chanceler (Hesed)Grandeza ou Misericórdia

Mestre de Cerimônias (Tiphaeret) - Beleza

1º Vigilante (Hod)– Glória ou Esplendor ou ainda também pode ser Vitória Firmeza, de acordo com nossos rituais

2º Vigilante (Netzah) Eternidade ou Ordem, ou ainda Esplendor

Experto ou Mestre Harmonia (Yesod) Fundamentos ou Fundação ou ainda ao Experto como guarda das tradições

Guarda do Templo (Malkut) Reino ou Mundo Profano

O Livro da Lei, na Árvore da Vida, corresponde a Daath.

Sua presença mais evidente se dá no REAA, sendo que o Templo e as colocações dos cargos e altar seguem a famosa Árvore da Vida.

Antigamente, antes das diversas mudanças das várias obediências no REAA, o trono do 2º Vigilante ficava no lado ocidental da Coluna do Sul, paralelo ao trono do 1º Vigilante. Hoje o 2º Vigilante foi para centro da Coluna do Sul, como podemos observar. Essa influência ocorreu devido aos templos ingleses e ao Rito de York. 

A Maçonaria brasileira, por total desconhecimento, realizou com o passar dos tempos diversas alterações em seus templos do REAA, desfigurando totalmente a Árvore da Vida pela influência de outros Ritos e Rituais.

Dermivaldo Collinett
MM da ARLS Rui Barbosa 46 – GLMG – Or. de São Lourenço

BIBLIOGRAFIA
Dicionário de Maçonaria – Joaquim Gervásio de Figueiredo
Escola no esquadro: O que é cabala e qual sua verdadeira relação com a maçonaria? Kennyo Ismail
2008.

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