O SIGNIFICADO DAS SIGLAS S.’.S.’.S.’. E S.’.F.’.U.’. NA MAÇONARIA


Duas siglas, com significações diferentes, que merecem um estudo especial, diante das constantes demonstrações de dúvidas, não apenas quanto às respectivas significações, mas quanto ao uso correto de cada uma e, face à quantidade crescente de informações sobre o tema, torna-se interessante buscar-se um aprofundamento no assunto, visando, desta forma, não expor-se a situações vexatórias diante daqueles que dominam o conhecimento da origem e dos Ritos a que se subordinam.
De conformidade com informações dadas por Maçons mais antigos, grande parcela dos erros cometidos em relação a estas Siglas ou formas abreviadas, é atribuída aos Secretários das Lojas, alguns dos quais, durante a leitura do expediente, das pranchas recebidas com essas abreviaturas, por desconhecerem a sua exata significação, pronunciavam, de forma rápida, em relação aos três “S” (S.’.S.’.S.’.), o seguinte: *saúde, saúde, saúde*ou, ainda, *salve, salve, salve* formas que causavam indignação àqueles que conheciam a representação exata das ditas letras.

Segundo José Wilson Ferreira Sobrinho, em sua obra Legislação Maçônica, publicada pela Editora Maçônica “A TROLHA” Ltda., foge à lógica que algum Maçom possa valer-se da repetição, por três vezes seguidas, de um mesmo termo de significação repetitiva, em que pese como dizia o saudoso Castellani, os modismos e achismos que se instalaram na Maçonaria, para corresponder a uma saudação, a um cumprimento relativo à maneira de intróitos vocativos epistolares. Destarte, não há que se conceber válidas qualquer das traduções supra destacadas, isto é; *saúde, saúde, saúde* ou *salve, salve, salve* e, no entanto, há escritores e dicionaristas maçônicos, que aprovam a tradução ou a significação de *S.’.S.’.S.’.* como sendo *saúde, saúde, saúde*, a exemplo de Joaquim Gervásio de Figueiredo, à p. 486, do Dicionário de Maçonaria, editado em São Paulo, pela Editora Pensamento.

Ainda, na conformidade com José Wilson Ferreira Sobrinho, dedicando-se o devido respeito a essa opinião do dicionarista, não é recomendável aceitar-se tal concepção, por não corresponder a uma saudação epistolar maçônica, mas simplesmente vulgar, e talvez criada por aqueles secretários de que falamos, para encontrar satisfação, ainda que aparente, da significação dos três “S”.
O dicionarista, no item 2 (dois), da explicação dicionaria, refere-se ao grau 28 (vinte e oito) dos Graus Filosóficos, do Cavaleiro do Sol, que é uma homenagem ao Sol, infundidor de calor da alma e da luz da inteligência, imagem tangível da divindade.

Esta imagem do Sol ocupa o centro de um triângulo inscrito em um círculo, contendo em cada ângulo um “S”. Portanto, três “S”. Estes “S”, significam, respectivamente, *Stella, Sedet e Soli* e, também, *Sciencia, Sabedoria, Santidade* (idem, ibidem) sendo que a primeira pode ser considerada pela seguinte tradução: “Da terra, a estrela está sempre presente” e maçonicamente ela pode ser interpretada como se enquanto o homem permanece na realidade material (terra) deve alçar-se na direção do espiritual (estrela) ou para referir que existe um elo entre o homem, representando a terra e a esfera metafísica, representando a estrela. Mas estes três “S”, nada tem, pois, a ver com a forma abreviada S.’.S.’.S.’., já que estes são uma saudação vocativa e não verbal, enquanto as três letras “S” nos ângulos do triângulo, corresponde, uma delas, ao verbo SEDERE, utilizado na forma verbal SEDET, que inviabilizaria a saudação epistolar, por não ser vocativa e, ainda, por ser uma importação dos altos Graus e que não se compatibiliza com os Graus Simbólicos.

Infere-se, deste modo, que a significação das três letras “S”, tem sido desviada, pela maioria dos Maçons, da sua verdadeira significação. Nem é *saúde, saúde, saúde* e nem *salve, salve, salve.* No julgamento de que a tradução das letras S.’.S.’.S.’. tem sido, deturpada, desfigurada, modificada, deformada, descaracterizada, etc., pela, pasmem vocês, maioria dos Irmãos de todos os ritos que a usam, que as traduzem, interpretam, manifestam e as exprimem por “saúde, saúde, saúde” e outros que as demonstram, explanam, vertem e entendem por “salve, salve, salve”, cumpre-nos referir que a significação real, não corresponde a nem uma e nem outra das formas acima apresentadas.

Estas três polêmicas (porque alguns assim as fazem) letrinhas, significam abreviadamente, a princípio, as três colunas de sustentação do Templo Maçônico, que assim se escreviam no antigo e maravilhoso Latim, as quais, em ordem alfabética teriam a seguinte disposição: *SALUS, SAPIENTIA, STABILITAS.* Contudo, considerando a hierarquia a que as colunas representativas dos sustentáculos da Loja estão subordinadas, tais palavras da expressão latina, passaram a ser traduzidas, na significação dos S.’.S.’.S.’., na seguinte ordem: *SAPIENTIA, SALUS, STABILITAS.* *SABEDORIA, SAÚDE, ESTABILIDADE*. O que podemos entender como correspondentes de cada uma dessas palavras?:

Por SAPIENTIA, entendemos agnação, ciência, cognição, compreensão, conhecença, conhecimento, consciência, cultura, domínio, educação, entendimento, equilíbrio, erudição, estudo, experiência, gnose, ilustração, informação, instrução, luz, juízo, percepção, proficiência, razão, reflexão, saber e sensatez e tantos outros vocábulos que traduzem a extensão do quanto se espera daquele que representa a coluna da Sabedoria, isto é: o Venerável Mestre.

Por SALUS, entendemos bem-estar, disposição, energia, higidez, resistência, robustez, saúde, vitalidade e mais algumas acepções que consubstanciam a Força, ou seja: o Primeiro Vigilante.

Por STABILITAS, entendemos, no aspecto de moral, calma, constância, continuidade, duração, equilíbrio, estabilidade, firmeza, fixidez, harmonia, imobilidade, impassibilidade, imperturbabilidade, imutabilidade, invariabilidade, manutenção, permanência, preservação, segurança, serenidade, solidez, subsistência e tranquilidade, requisitos que caracterizam a Beleza, isto é: o Segundo Vigilante.

Daí, infere-se que em um Templo, inteira e adequadamente composto, vemos, por essa razão, as três colunas de Minerva, Hércules e Vênus, que correspondem, respectivamente à Sabedoria, à Força e à Beleza, ou SAPIENTIA, SALUS e STABILITAS e, finalmente, aos Venerável Mestre, Primeiro e Segundo Vigilantes, representados por *S.’.S.’.S.’.*.

Como eu pratico o R.’.E.’.A.’.A.’., resta-me lembrar a todos os Maçons que também o praticam, que estas palavras são apostas no início dos Documentos Maçônicos e são pronunciadas, com vigor, ao se encerrar a Cadeia de União, respeitando, na Cadeia de União, a ordem Latina, isto é: Saúde (SALUS), Sabedoria (SAPIENTIA) e Segurança (STABILITAS).

Registre-se, outrossim, ao contrário de muitos Maçons que por desconhecerem os ritos existentes e suas origens, usam de forma errônea as palavras *S.’.F.’.U.’.*, que significam SAÚDE, FORÇA e UNIÃO, as quais nunca pertenceram e não pertencem ao R.’.E.’.A.’.A.’. e sim ao Rito de Emulação (York) e, portanto, jamais devem ser usadas e pronunciadas no Rito Escocês Antigo e Aceito e os que assim o fazem, expõem-se ao ridículo perante outros que têm o conhecimento da origem e do rito a que elas pertencem.
Autor: Reinaldo Kazuo Shishido


A FILOSOFIA DENTRO DA MAÇONARIA



O que é isso tudo?

Essa foi uma pergunta que eu me fiz muitas vezes durante minha iniciação.
É uma pergunta que você, sem dúvida, também fez a si mesmo, e por ela todos somos moldados até o fim do Terceiro Grau.

A linguagem do ritual, imponente e bonito como ele geralmente é, é para a maioria de nós um discurso “misterioso”; e as instruções e a ritualística são igualmente confusas para o neófito. Por isso é que fazemos a pergunta, “O que é isso tudo?”.

Depois de nos tornarmos familiarizados com o ritual e ter aprendido alguma coisa de seu significado, descobrimos que a própria Fraternidade, como um todo, e não apenas uma parte ou detalhe mais misterioso, é algo quase demasiado complexo para se entender.

Com o passar do tempo o maçom fica tão acostumado com o ambiente da Loja que ele se esquece de sua primeira sensação de estranheza, mas mesmo assim ele ouve de tempos em tempos coisas sobre antiguidade, a universalidade e a profundidade da Maçonaria; ouve conversas sobre o seu lugar na história e no mundo, e isso o faz sentir que, apesar de toda sua familiaridade com a Loja, ele pouco sabe sobre a Fraternidade Maçônica na sua totalidade.

O que é a Maçonaria?
O que é que está tentando fazer?
Como veio a ser?
Quais são os seus ensinamentos centrais e permanentes?

É para responder a estas perguntas — e essas perguntas passam pela mente de quase todos os Maçons, porém ele pode ficar indiferente a elas — que a filosofia da Maçonaria existe. Para entender “O que é isso tudo”, no seu conjunto, e não em partes, devemos aprender sobre a filosofia de nossos mistérios.

O indivíduo que ingressa na Maçonaria torna-se herdeiro de uma rica tradição; a iniciação que lhe permite o acesso aos mistérios não é algo que o capacitará em um dia, e ele vai aprender pouco se nenhuma tentativa fizer de se aprofundar em seus ensinamentos.

Ele deve aprender um pouco da história da Maçonaria; de suas realizações nas grandes nações; dos seus professores excelentes, e o que eles têm ensinado; de suas ideias, princípios, espírito.

A Iniciação por si só não confere esse conhecimento (e não poderia): o próprio iniciado deve se esforçar para compreender as riquezas inesgotáveis da Ordem. Ele deve descobrir os propósitos maiores da Fraternidade a que pertence.

Não há uma interpretação pronta para o que é Maçonaria. O irmão recém-iniciado não encontra à sua espera um ritual leia-e-aprenda. Ele deve pensar o que é a Maçonaria por si mesmo.

Mas pensar o que é Maçonaria por si mesmo não é tarefa fácil. Isso requer que o neófito a veja por suas próprias perspectivas; que se conheçam os principais contornos da sua história; que se saiba como ela realmente é, e o que está fazendo; e entender como ela foi entendida pelos seus próprios pelos seus membros em seus primórdios.

Não é fácil de fazer isso sem orientação e ajuda, e é para dar esta orientação e ajuda que esta série foi escrita. Há ainda outra razão para o estudo da filosofia, ou, como nós aqui preferimos dizer, os ensinamentos da Maçonaria. Nossa Fraternidade é uma organização mundial com Grandes Lojas praticamente em todas as nações.

Para sustentar, gerenciar e promover tal sociedade custa ao mundo somas incalculáveis de dinheiro e esforço humano.

Como pode a Maçonaria justificar sua existência?
 O que fazer para reembolsar o mundo com seus próprios recursos?

De uma forma ou de outra, essas perguntas são feitas a quase todos os membros, e cada membro deve estar pronto para dar uma resposta verdadeira e adequada. Mas para dar tal resposta exige-se que ele tenha entendido os grandes princípios e estar familiarizado com os contornos das realizações do Craft, e isso novamente é um dos propósitos do nosso filosofar sobre a Maçonaria.

Como podemos chegar a uma filosofia da Maçonaria?
Como podemos aprender a interpretação autêntica dos ensinamentos da Maçonaria?
Qual é o método pelo qual aquele que não é nem um estudioso geral, nem um especialista maçônico pode ganhar alguma compreensão abrangente da Maçonaria como foi dito nos parágrafos anteriores?
Em suma, como pode um homem “chegar a ela”?

Uma forma de “chegar a ela” é ler uma ou duas boas histórias maçônicas. Não há necessidade de entrar em detalhes ou ler sobre as várias questões colaterais de interesse meramente histórico; isso é para o estudante profissional.

Essa leitura e apenas para obter a tendência geral da história e para capturar os eventos pendentes; para saber o que a Maçonaria tem realmente realizado no mundo e receber um insight sobre seus propósitos e princípios; para, como qualquer outra organização, ver revelado seu espírito através de suas ações.

A partir de um conhecimento do que a Ordem tem sido e o que ela fez no passado pode-se facilmente compreender a sua própria natureza presente e princípios, e entender porque Maçonaria nunca teve necessidade de romper com o seu próprio passado!

A Maçonaria de hoje não nega a Maçonaria de ontem. Seu caráter resulta claramente da sua própria história como uma montanha se destaca acima de uma névoa; e que sempre tem sido, pelo menos em um grande caminho – é agora, e sem dúvida sempre será.

Esta mesma história constrói-se incessantemente, sempre renovando e formando-se. Acontece no dia-a-dia, e o processo mantém-se aberto a todos, pois, afinal de contas, não há muito que se esconder sobre a vida rica e incansável da Fraternidade; na verdade, esta vida está constantemente revelando-se em todos os lugares.

Grandes Lojas publicam seus Anais; homens que exercem as funções ativas de escritórios maçônicos fazem relatórios dos seus funcionamentos; estudiosos do Craft escreverem artigos e publicam livros; Oradores maçônicos entregar incontáveis discursos; conferências maçônicas especiais, qualquer que seja a sua natureza, publicam os temas discutidos; a maioria dos eventos mais importantes está presente nos jornais diários; há dezenas e dezenas de jornais maçônicos, boletins e jornais, semanais, mensais e bimestrais, e há muitas bibliotecas, clubes de estudo e de sociedades científicas em todos os lugares se esforçando com zelo incansável para tornar claro aos membros e profanos “o que é tudo isso.”

Assim, verifica-se que para aprender isso por si mesmo não é necessário que uma definição de Maçonaria ouvida por um irmão seja o fim da linha; ele pode (e deve) pesquisar sobre o tema, ouvir outros irmãos, e ler um pouco, e, assim, formar suas próprias conclusões.

Para saber quais são esses ensinamentos não é necessário nenhum talento raro, nenhum “conhecimento interno”, mas apenas um pouco de esforço, um pouco de tempo.
Para o neófito do mundo maçônico parece muito confuso, é tudo tão multifacetado, tão longínquo, tão misterioso; mas isso, afinal de contas, não precisa assustá-lo e impedi-lo de uma tentativa de entender esse mundo com uma visão abrangente, e perceber que toda a Maçonaria gira em torno de algumas grandes ideias.

Compreender essas ideias por sua vez, é o que torna mais familiar para um Maçom palavras tais como “Fraternidade”, “Igualdade”, “Tolerância”, etc., etc., de modo que o mais jovem Aprendiz não precisa ter nenhuma dificuldade no seu entendimento.

Se ele chegar a elas, e se ele aprende a compreendê-las como maçons devem entendê-las, elas vão ajudá-lo muito para conquistar essa visão abrangente e inclusive do que chamamos de filosofia da Maçonaria. Nada foi dito ainda dos grandes mestres da Maçonaria.

No passado havia Anderson, Oliver, Preston, Hutchinson, etc .; depois vieram os filósofos da meia-idade, Pyke, Krause, Mackey, Drummond, Parvin, Gould, Speth, Crawley, e outros; e em nossos dias Waite, Pound, Newton, etc., etc.

Nas obras desses homens a Maçonaria se tornara luminosa e inteligível, de modo que podemos ler e compreender o que dizem. Além disso, o maçom deve estudar as leituras e instruções incorporadas ao ritual de todos os ritos e graus, sendo estes instrumentos interpretativos uma parte do próprio Craft. 

Nenhum deles é infalível, mas mesmo quando se afastam do significado original de nossos símbolos são sempre valiosos em revelar as ideias e os ideais das pessoas de que se originaram e que deles fizeram uso.

Isto é para mostrar por que devemos nos esforçar para fazer da nossa própria mente uma filosofia da Maçonaria, e de quantas maneiras pode-se chegar a essa filosofia.

Mas cuidado. O estudo da filosofia da Maçonaria não é o estudo da filosofia maçônica; o estudante maçônico como tal, pode vir a ter pouco interesse em Platão e Aristóteles, no neoplatonismo, misticismo, Escolástica, racionalismo, idealismo, pragmatismo, Naturalismo, etc.

Na Maçonaria há sinais de cada um desses e de outros sistemas filosóficos principais, sem dúvida, mas não existe essa coisa de filosofia maçônica, da mesma forma que não existe religião maçônica.

Falamos de uma filosofia da Maçonaria no mesmo sentido que falamos de uma filosofia de governo, ou da indústria, ou arte, ou ciência.

Queremos dizer que se estuda a Maçonaria, da mesma forma ampla, esclarecida, inclusiva e crítica, da mesma forma em que um economista estuda a política de um governo ou um astrônomo estuda as estrelas.

Seria uma coisa abençoada se um maior número de nossos membros deixasse de lado os assuntos administrativos e, muitas vezes mesquinhos de sua própria Loja, a fim de olhar com mais frequência para esses princípios profundos e sábios que estão para nossa Fraternidade assim como as leis da natureza estão para o universo.

Autor: H. L. Haywood - Tradução: Luiz M Viegas
Fonte: http://www.deldebbio.com.br/grandes e simples ideias d

O OBJETIVO DO ESTUDO NA MAÇONARIA



É correto dizer que o grande problema diante de nós é o da pedagogia da Maçonaria. Isso significa que o ensino dos fatos sobre um grande movimento histórico baseado na teoria de que a verdadeira felicidade do homem só pode ser alcançada pela união de todos em uma democracia alicerçada no espírito da fraternidade, onde cada um não seja apenas o guardião de seu irmão, mas também seu defensor, seu porto seguro, seu auxílio, seu incentivador, seu ombro amigo, seu inspirador e seu exemplo de amor ao próximo e a si mesmo. 
Tudo isso se ensina através do imaginário e das alegorias da Maçonaria, e de seu simbolismo místico. Não devemos nos perder na busca por algo sombrio, em teorias abstratas perdidas dentro de perspectivas obscuras, confusas, nebulosas e insignificantes; devemos sim estar próximos e nos dedicarmos aos verdadeiros valores humanos.
Princípios devem existir para estarem realmente inseridos nas vidas das pessoas, se não for assim não farão diferença alguma. Nosso estudo deve aliar teoria e prática, com o estudante realmente utilizando-se de seu aprendizado e compartilhando os valores adquiridos, senão nossos esforços serão em vão.
Também não podemos deixar de mostrar que são os pensamentos que importa que sejam eles que controlam a conduta dos homens; que, se seus pensamentos não são bons, o seu comportamento também não pode ser. 
O que precisamos é fazer com que os pensamentos certos sejam claramente formulados, imbuídos de amor, e profundamente gravados no subconsciente, de modo que eles irão inevitavelmente se expressar em nossos atos no dia-a-dia de nossas vidas.
A meu ver, essa é a missão da Maçonaria: a construção desses grandes pensamentos na mente dos homens, transformando-os em atos cotidianos, com a certeza de que eles devem predominar governar e prevalecer para os homens viverem juntos em paz e harmonia, e desfrutarem da verdadeira felicidade.
Como fazer isso é a grande questão. Como fazer a Ordem sentir que essas ideias não são abstrações vazias, mas reais, poderosas, vivas, atuais e sólidas – essa é a grande tarefa a se realizar. 
Precisamos compreender juntos os fatos sobre a Maçonaria: o que ela realizou no passado que a faz viver até os dia de hoje por seus próprios méritos? 
Como ela tem, durante sua existência, auxiliado o homem? 
Então precisamos colocá-los juntos em uma história de tal forma que ela vá capturar a atenção e manter o interesse do aluno. A capacidade de fazer coisas interessantes, para atiçar uma busca por mais “luz”, é o segredo de todo ensino. 
Você não pode abrir a cabeça de um estudante e colocar o conhecimento ali dentro, mas você pode incentivá-lo a estudar e aprender por si mesmo, e essa será sua vitória. Já temos a vantagem do grande poder de atração de nossos “segredos” e “mistérios”. 
Temos de mostrar aos iniciados o quão pouco sabem, quantos mistérios fascinantes ainda precisam ser explorados, investigados, analisados e estudados, para enfim poderem ser compreendidos.
Pergunte por que ele ainda permanece na Ordem. Ela o ajudou? Em caso afirmativo, como e de que maneira? Faça uma série de perguntas socráticas a ele; faça-o pensar! Se ela o auxiliou em algo, de alguma forma, sem dúvida, ela poderá fazer mais. 
Há mais lá, se ele souber procurar: “buscai e achareis.” Não é fácil ensinar os homens a observar o mundo ao seu redor, muito menos é ensinar-lhes a arte do discernimento espiritual. Mas é possível. Pode ser ensinado, pode ser desenvolvido, pode-se fazer essa habilidade florescer. 
Muito de nossa pedagogia moderna não é nada mais do que um árido, mecânico e vazio processo. Nossas crianças são instruídas a decorar, imitar, copiar, para seguir “o costume”, e não são nunca preparadas para pensar.
Tal procedimento acaba por formar adultos incapazes de formular pensamentos simples, mas originais, não sendo capazes de fazer uma avaliação crítica do que ocorre ao seu redor; e muitos são os que em loja praticam a ritualística de forma errada, por que os Mestres “mais antigos” lhe “ensinaram” que assim é “o uso e o costume” daquela oficina.
Devemos preparar nossos novos maçons, incentivando-os a se dedicarem aos estudos e à pesquisa sobre a Ordem. Devemos incentivá-los a trabalhar sua mente, a construir seu templo espiritual, mas também o intelectual. Devemos incentivá-los a serem originais.
Devemos incentivá-los a pensar!
Autor: Hon. Louis Block, Past Grand Master, Iowa.
Tradução: Luiz Marcelo Viegas
Fonte:
The Builder Magazine
Volume I, Número 4, abril-1915


SOIS MESMO MAÇOM? TENHO DÚVIDAS!




Ser um iniciado não significa ser um maçom, há quem passe uma vida inteira na maçonaria sem conseguir ser um maçom.
Ser iniciado, na maçonaria, é assumir o dever de procurar dimensionar e viver uma nova situação social mais humana e progressista, que leve o planeta a uma melhor condição de vida, ser justo e perfeito na condução desse dever, estando todo o tempo voltado para sua lapidação interior e para o melhor aperfeiçoamento do ser humano universal.
Estar na maçonaria, ser um iniciado, é de imediato absorver e se adequar as seguintes condições básicas:
1. ser honesto
2. ser sincero
3. ser fiel
4. ser patriota
5. ser justo
6. ser trabalhador
7. ser organizado
8. ser estudioso
9. ser um líder
Isso é ser um iniciado, é condição primária para estar na maçonaria. Ser maçom é outra coisa.
Ser maçom envolve, além disso, tudo, uma condição espiritual e filosófica aonde ainda vem-se a somar:
10. ser fraterno
11. ser tolerante
12. ser apaziguador
13. ser caridoso
14. ser humilde
15. ser compreensivo
16. ser generoso
17. ser educado
18. ser justo
19. ser verdadeiro
20. ser um bom exemplo
Esses 20 ingredientes juntos, misturados em proporção social adequada, é que formam a argamassa que molda os verdadeiros maçons.
O maçom verdadeiro é um ser humano especial diferenciado das outras pessoas, com o dever de melhorar e modificar a humanidade através de seu bom exemplo.
O maçom verdadeiro tem que ser virtuoso e obstinado em sua missão de melhorar o mundo através da melhoria do ser humano e não deve nunca, por convicção, desistir ou se afastar desse objetivo.
 Vamos ver sobre você que me lê agora e que está como membro integrante das hostes maçônicas. Farei algumas perguntas terríveis a se responder, vamos lá:
- já mentiu de forma caluniosa sobre algum irmão?
- já quebrou a palavra empenhada a algum irmão?
- já conspirou contra algum irmão ou contra a sua Loja, seu Oriente?
- já ajudou o irmão ou a Loja ou a maçonaria em interesse próprio?
- já enganou algum irmão de forma matreira e/ou maliciosa?
- já boicotou o trabalho de algum irmão ou da sua Loja?
- já foi perdulário com seu irmão ou com sua Loja?
- já colocou a mão vazia no saco de beneficência tendo metais na carteira?
- já prejulgou seu irmão, sua Loja ou seu Oriente?
- Já ficou de olho nos bens do irmão, de forma invejosa?
- Já ficou com desejos profanos nas cunhadas e sobrinhas?
- Já comentou algo sigiloso em Loja, para outros ouvidos proibidos?
- Já deu golpes em irmãos, em nome da maçonaria?
- Já abraçou irmãos, de forma hipócrita e sem vontade?
- Já visitou uma Loja por obrigação e sem a maior vontade de estar lá?
- Já deixou de perdoar um irmão, que errou e se retratou?
- Já mentiu para a cunhada, dizendo que iria à Loja e foi para outros lugares?
- Já teve preconceito com outro irmão, devido a cor do avental ou rito praticado?
- Já indicou profanos na Ordem, por interesse pessoal?
Se eu nominar mais coisas teremos "n" páginas. Ficamos com essas por enquanto!
Maçom é mais que Iniciado, como já mencionei antes, maçom é uma condição espiritual e filosófica, onde a pureza da sua alma, das suas atitudes e dos seus sentimentos, são condições primordiais para sua existência como maçom e para a existência da verdadeira maçonaria. Maçonaria é código de postura.
Após a leitura desse texto, reflita sobre o conteúdo de sua vida maçônica: quem foi você esse tempo todo?
O que está sendo você nesse momento?
Tenho dito!

 Denilson Forato 

A VIRTUDE E A MAÇONARIA




“O que entendeis por virtude?” ( pergunta de Apolo aos discípulos de Elêusis, Séc VI a.C.) 1- A virtude para os Gregos Virtude na Grécia Clássica era a Areté, um termo que significa a excelência, o máximo, o melhor, a força e o vigor, o esplendor ou o sublime.

Ser virtuoso equivalia a ser o modelo ideal de cidadão no contexto da pólis.

A vida boa, a vida digna e justa que os gregos deveriam almejar e cultuar era a opção dos melhores, ou seja, dos daqueles coroados pelas virtudes. Sócrates afirmava que virtude era a prática da excelência. Já Aristóteles dizia que a virtude são práticas ou hábitos que nos levam para o bem. A dúvida que surge, nesta colocação, é como definir com clareza o que seria uma vida boa.

Qual seria o perfil de homem que os gregos antigos consideravam como exemplo a ser seguido? Os gregos acreditavam que o mundo era perfeito. Tudo que existe teria uma finalidade, um sentido e uma missão a cumprir. Isso ocorreria para todos os entes e para os infinitos fenômenos da natureza.

Como a chuva, os bodes e as acácias, cada elemento teria sua razão de existir e comporia o universo regido por uma lógica, que eles chamavam de logos, que seria uma espécie de “princípio criador”.

Este ente original teria orquestrado um projeto arquitetônico belo e harmônico, onde tudo obrigatoriamente deveria funcionar de forma justa. O traçado do mundo, feito por este arquiteto supremo, era uma obra de arte – e como toda obra de arte não haveria um traço, uma letra, um tijolo ou pedra colocada aleatoriamente na planta. Tudo tinha que estar onde exatamente devia estar. Uma peça que não se encaixasse no desenho da prancheta seria uma hybris, equivalente a um simulacro ou uma aberração.

Assim, não há opção de vida alternativa – ou de alterar o seu destino – aos fenômenos naturais, como um rio que flui para o mar ou como um terremoto que abre a terra, ou para os animais, como um bode que nasce-pasta-reproduz e morre.

Dentre todas as criações existentes, haveria apenas uma que teria o potencial de viver fora de seu objetivo primordial traçado a priori pelo arquiteto criador: o homem. 

O ser humano teria condições de navegar contra a sua natureza. Isto ocorre quando a pessoa desconhece seus verdadeiros talentos, ou quando apesar de descobri-los não os exerce na plenitude. Portanto, o primeiro degrau da escada para a jornada em busca da vida virtuosa refere-se ao emblemático processo denominado de autoconhecimento – gnouti sauthon em grego.

 Todos tem que se auto-analisar. Como afirmava Sócrates, “uma vida não avaliada não merece ser vivida”. Os talentos foram dados para que cada ser humano possa desempenhar sua função no grande projeto arquitetônico do universo. Não foram aptidões agregadas por acaso, dizia o mestre de Platão.

Para o ethos grego, portanto, a vida boa é aquela vivida de acordo com o exercício pleno das aptidões naturais que o logos concedeu a cada cidadão. Esta seria a forma virtuosa de viver: descubra para que você veio ao mundo, e realize com força e vigor o seu destino, seja ele qual for. Se um homem não descobre para que serve, ou se apesar de saber não tem força moral para exercer estes dons com excelência, estaria no caminho do vício.

O vício, para os gregos, é a vida exercida fora do planejado. Como exemplos desta condição não ideal, imagine Mozart como um comerciante, Van Gogh como um pastor ou Pelé como um funcionário público. Seriam casos exemplares de hybris, ou de virtudes degeneradas.

O que chama a atenção nesta perspectiva grega da virtude é que não importa o tipo de talentos que o indivíduo possui. Não interessa se ele os usa para as chamadas boas ações ou para ações nem tão boas assim, quando analisadas pelos critérios de certo e errado dos inúmeros códigos de ética mais atuais.

Os virtuosos, devidamente funcionais na máquina universal, Para os gregos somente os talentosos e que exercem suas aptidões na plenitude poderiam dirigir com excelência os destinos da polis. Assim, o ideal da vida grega ou a prática do bem se refletiria na boa condução dos negócios das cidades, condição esta exclusiva aos virtuosos.

A virtude para os Cristãos A virtude para os cristãos tem outro significado. Agora a preocupação com a possibilidade de se conquistar uma vida boa e digna se refere a ter acesso à cidade de Deus. Os bons cristãos devem exercer alguns hábitos e práticas formuladas por Deus que ficaram conhecidas como virtudes teleológicas: fé, esperança e amor (caridade).

Por este prisma os talentos individuais nada representam em termos de se alcançar o ideal de vida. O que importa é a crença em Deus, a esperança de perspectivas melhores no futuro e o bem cuidar do próximo.

A virtude na Modernidade Em meados do século 18 uma nova figura surgia no esplendor das luzes pós Renascença: o homem moderno. A razão esclarecida passava a ser o timoneiro dos pensamentos, dos atos e das omissões dos doutos iluminados. Tudo que existia até então teria que passar pelo crivo da capacidade questionadora das mentes livres e conscientes. Este novo homem racional se reinventou enquanto “ente-no-mundo”.

Uma vez que passara a questionar todo e qualquer pensamento, este pensador exercia uma autonomia. Criou-se, assim, o sujeito, o indivíduo, o “”eu-senhor-de-si ou o ego condutor dos próprios destinos. Com imenso poder de devastação sobre as concepções anteriores do que seria uma postura virtuosa, a razão e o sujeito moderno ditavam quem tinha ou quem não tinha o direito de gozar uma vida reta.

A virtude grega e cristã perdia fôlego – o modelo agora era a vida calcada em uma espécie de virtude racional, exercida através do mote “Cogito Ergo Sum” cartesiano.

O novo ethos representava uma libertação de todas as formas de tutela ou de concepção metafísica: o homem como sujeito seria o suficiente para gerar todo sentido e todos os significados para a vida plena.

O homem, como figura subjetiva, não dependia mais de nenhuma instância superior a si para explicar ou justificar o universo, enquanto projeto arquitetônico ou enquanto obra divina. Tudo se resumiria ao indivíduo, completamente livre e por isso mesmo igual a todos que existem – os ideais de liberdade e de igualdade surgem com o homem moderno.

A virtude na Contemporaneidade Já na pós-modernidade a definição de virtude se altera. Com a derrocada dos valores modernos, devido à crise moral da ciência e da razão enquanto vertentes moduladoras da boa vida, algo novo aparece no horizonte dos caminhos do homem.

Com a explosão dos meios de comunicação de massa, somado ao incremento na industrialização e na produção de bens de consumo (a revolução industrial começou no século 18, mas seu apogeu ocorreu logo depois da II grande guerra), e tendo ainda a recente intensificação brutal da globalização de informações e de pessoas pelas conexões da internet, ser virtuoso na contemporaneidade equivale a ser um bom consumidor dos produtos – tangíveis e intangíveis – que o mercado oferece ininterruptamente.

Melhor explicando: o caminho da boa vida é o caminho do consumo. Esta é uma consequência lógica do sistema capitalista. E atrelado a este consumismo vem todo um estilo de vida de alta rotatividade, de relações fluidas – ou líquidas, como diz Bauman – de hedonismos fugazes e de aparentar uma felicidade abstrata e plastificada. Independentemente da forma como interpretamos o que seriam as virtudes ideais que todo cidadão “de bem” deve respeitar e praticar  trata-se de um conjunto de valores que determinam um condicionamento de comportamentos ou um adestramento das aptidões individuais que ocorre com raridade entre os homens.

Mais que isso, são metas ou objetivos transcendentais que a maioria das pessoas não vai conseguir atingir, por questões de limitações pessoais ou morais.

Em outras palavras: todos querem ser e se dizem muitas vezes virtuosos, mas na realidade isto não ocorre.

O ser humano, com raras exceções, exercem em sua vida privada e pública apenas uma interpretação caricata e bufona dos papéis virtuosos elencados ao longo das eras. Esta máscara “de bonzinho” que é tão fartamente utilizada é apelidada de “vício”.

O vício é a caricatura, o fake, o simulacro da virtude.  A sociedade nos diz “seja virtuoso”, mas se não for possível que seja pelo menos aparentemente virtuoso.

(*) Irmão Carlos Alberto Carvalho Pires, M.M.

ARLS. Acácia de Jaú 308 – Or.’. de Jaú SP

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