SINDICÂNCIA E A VIDA PREGRESSA DO CANDIDATO




A considerável rotina dos trabalhos maçônicos destaca-se um, com enfoque especial, em cuja atividade o Maçom se desenvolve tanto no interior do Templo como no desenrolar do nosso dia-a-dia: são as complicadas e obrigatórias Sindicâncias. O que quer dizer sindicância? É um conjunto de atos por meio dos quais se colhe e realiza, reunindo informações, inquirições, investigações, em cumprimento aos dispositivos legais por autoridade própria a fim de confirmar provas. Sobre determinado fato repositório.
O que representa maior valor é a qualidade, e não a quantidade. Num Clube de Futebol, em um Sindicato de Classe ou um Partido Político, claro é que a campanha de “MAIS UM”, seja válida e necessária, porque é o “NÚMERO” o que mais importa, enquanto que na Maçonaria, onde os princípios e finalidades são outros bem diferentes, devem ser processos para admissão de “MAIS UM”, bem criteriosos, visto que seu objetivo que representa maior valor no setor maçônico é a qualidade, não a quantidade de Candidatos.
Muitas das vezes essa seleção sempre bem procurada não é conseguida, pois ninguém tem estrela na testa, e podemos nos enganar na nossa indicação. Não funciona nesta questão a máxima de que, o que não serve para mim, não serve para o outro, o que importa mesmo é a apuração bem feita pelos Mestres Sindicantes. Há ainda mais um ponto a considerar: os Mestres que não apreciam devido valor a enorme importância da semelhante missão, ou que não estão dispostos a servir a Loja com uma informação consciente, completa e exata, é preferível que não aceite o encargo de Sindicante. Sim, devem rejeitar, porque uma Sindicância deve ser isenta de qualquer resquício de protecionismo, sem nenhum índice optativo, traçado com o objetivo de iluminar os que irão tomar parte na votação que dela advir.

FATOS QUE O VENERÁVEL MESTRE DEVE CONSIDERAR

Ao indicar os Sindicantes, o Venerável Mestre não deverá se preocupar com a comodidade do Sindicante. Ele não deverá indicar o sindicante meramente porque é vizinho ou trabalha junto ou nas proximidades do Candidato, ter em vista que nem todos os Maçons são especializados ou peritos no trabalho de inquirir, o Venerável Mestre, quando possível, deve indicar aqueles mais experientes pelo fato de o Irmão ser ritualista, talentoso ou grande instrutor não significa que é bom interlocutor.
No momento em que o Venerável Mestre coloca nas mãos de um Mestre uma Sindicância, está colocando todo o prestígio da Loja nas mãos daquele Irmão, do fiel cumprimento e da obrigação depende em grande parte o futuro e prosperidade da Oficina. O conhecimento discreto e alheio ao trabalho dos três Sindicantes de fazer chegar às informações com as respostas às mãos do Venerável Mestre, através da Bolsa de Informações, será à base de toda sistemática do sucesso, é de bom alvitre que o Venerável mestre lembre aos inquiridores que nenhum trabalho maçônico é mais importante do que essa investigação rigorosa, imparcial e sem preconceitos, daqueles que procuram ser admitidos em nossos quadros; que como parte dos sindicantes eles estão na linha de frente da defesa da Maçonaria contra os inimigos externos, bem como contra aqueles que por índole indiferente possam estar inclinados a trazer a desonra entre os Maçons.
O Venerável Mestre deve advertir enfaticamente o Sindicante para que, após uma rigorosa e cuidadosa investigação, e após exaurir todas as fontes de informações, se existirem dúvidas sobre a qualificação do Candidato, o Sindicante deverá sempre, sem mudança ou hesitação, resolver suas dúvidas a favor da Maçonaria e da Loja, e não a favor do Candidato. Nenhum homem tem o direito de se tornar Maçom se não for convidado; isto é um privilégio comandado pela votação na urna.
O QUE CADA SINDICANTE PODE E O QUE NÃO PODE FAZER
Recebendo a indicação, o Sindicante deverá ter em mente que ele poderá estar investigando um candidato que poderá se tornar um dia o Venerável de sua ou de outra Loja, alguém que talvez vá se tornar alta Dignidade da Fraternidade ou mesmo um Grão-Mestre, também, um faltoso às reuniões, e que aceitará os princípios e preceitos da Maçonaria vivendo sua vida futura com espírito de Fraternidade, ou talvez um irresponsável nas suas ações. “O HOMEM QUE ENTRAR PARA A MAÇONARIA E QUE A MAÇONARIA NÃO ENTRAR NO SEU CORAÇÃO” provavelmente nunca chegará a ser Maçom.

Cada sindicante, com certeza, terá muito a considerar em sua interlocutória. Até onde ele pode ir? Até que ponto pode ele se aprofundar no levantamento? Quais as questões são apropriadas para serem feitas? Quando é o momento satisfatório de parar sua tarefa? Não há respostas fáceis a estas perguntas. Mas o Sindicante deverá de alongar e se aprofundar o suficiente para satisfazer sem dúvida que o Candidato é merecedor de consideração para ser aceito como membro de sua Loja.
O Sindicante, talvez pressionado pelo tempo a fim de realizar tão árdua tarefa, não poderá sob qualquer circunstância, restringir seu sumaria mento contatando o proponente (padrinho) do Candidato, pedindo sua avaliação. Como o Proponente trouxe o Candidato, está subentendido que ele esta satisfeito. O Proponente entende que sabe o suficiente sobre o mesmo para recomendá-lo e estará confiante no Sindicante para obter um quadro completo de seu afilhado. Também há uma especulação nos bastidores maçônicos de que: quando o Candidato é convidado, admitido na condição de Aprendiz, se torna definida, ao iniciar na sua trajetória maçônica comete deslizes, a verdade é de ser responsabilidade individual imputada ao proponente (Padrinho), o que não espelha a verdade da especulação, a responsabilidade dos atos negativos recaem não só sobre o Venerável Mestre, como aos demais Mestres da Oficina, à exceção dos Aprendizes e Companheiros do Quadro.
Os Sindicantes não podem também, nos últimos minutos antes da entrega dos relatórios contatarem os outros Membros Sindicantes. Cada Sindicante deverá fazer sua própria Sindicância e relatório sigiloso, o que já explanamos na própria apresentação. Caso o Sindicante necessite de mais tempo, o Venerável Mestre lhes garantirá o tempo razoável necessitado. A Maçonaria não tem pressa e não trabalha com horário para receber Candidatos.
PROCEDIMENTOS FINAIS DOS SINDICANTES
a) Alertar o Candidato de toda responsabilidade afeta ao mesmo:
1) Taxa de Iniciação;
2) Indumentária (Terno preto – sapato preto – camisa branca, meias pretas, gravata preta); isto para Sessões orientadas. Outra cabe ao Padrinho orientar, para que no futuro o Neófito não destoe dos Usos e Costumes.
b) Estar atento a todo comportamento a ser seguido pelo Candidato, inclusive esclarecendo-o sobre tudo que possa ser falado a respeito de Maçonaria que lhe possa ser revelado.
c) Na maioria das vezes, o Irmão Sindicante usa telefone para entrevistar o (s) Candidato(s), porém, os assuntos pessoais de suma importância não podem ser por telefone, e sim tête-à-tête, ou seja, cara-a-cara, residência e trabalho, etc, etc.
d) Visita à esposa do Candidato. Se a esposa concorda com a entrada do cidadão, dê a continuidade ao trabalho; se não concorda, esqueça; porque, com raríssima exceção o Candidato consegue entrar para a Ordem. Pesquisar a situação conjugal do casal, se casado ou outra forma de relacionamento conjugal. Demais entrevista torna-se caráter obrigatório.
e) Que todo Irmão Mestre, quando convocado pelo Venerável Mestre, é obrigado a fazer a sindicância.
f) que existem mais dois Sindicantes, e nenhum dos três deve saber dos outros.
g) Que o retardamento de visita ao Candidato pode coincidir com outro, ou outros sindicantes, o que deve ser evitado, a fim de não haver atropelamento, prejuízo e desconfiança do Candidato.
h) A data de devolução das Sindicâncias deve ser cumprida à risca, para não prejudicar os trabalhos do Venerável Mestre e da Loja.
i) Muitas vezes, conforme a situação o exigir, pode o Venerável Mestre lançar pedidos a Irmãos de outras Lojas a fim de fazerem sindicâncias. Os Obreiros do Quadro não devem sentir melindrados, mesmo porque as Sindicâncias são de caráter reservado, e só são de conhecimento dos Irmãos, Venerável Mestre, Orador e Secretário.
j) As Obrigações e deveres dos Sindicantes constam dos Regulamentos das Potências que nos regem.
l) Aos Irmãos Sindicantes, recaem as responsabilidades de sindicar o Candidato a fim de que o mesmo, ao atingir o Grau de Mestre Maçom, possa reunir condições e predicados para conduzir as colunas e o destino de uma Loja.
Marcelo Kraüss

Um comentário:

  1. Concordo plenamente com suas instruções. Assunto primário e delicado que, muitas vezes,passam despercebidos pelo VM e IIr. Grato.

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