O Aprendiz, após a sua
Iniciação, não tem apenas de se integrar na Loja. Essa integração, se bem que
necessária, é apenas instrumental da sua atividade maçônica.
O Aprendiz, logo na sua
Iniciação e imediatamente após a mesma, é confrontado com uma panóplia de
símbolos variada, complexa e de grande quantidade. Uma das vertentes
importantes do método maçônico é o estudo e conhecimento dos símbolos, o
esforço da compreensão e apreensão do seu significado.
Aprender a lidar com a linguagem
simbólica, a determinar os significados representados pelos inúmeros símbolos
com que a Maçonaria trabalha é, sem dúvida, uma vertente importante dos
esforços que são pedidos ao Aprendiz.
É uma vertente tão mais
importante quanto ninguém deve “ensinar” o significado de qualquer símbolo ao
Aprendiz. Quando muito, cada um pode informá-lo do significado que ele dá a um
determinado símbolo. Mas nunca poderá legitimamente dizer ao Aprendiz que esse
é o significado correto, que esse é o significado que o Aprendiz deve adotar.
O Aprendiz pode adotar o
significado que o seu interlocutor lhe transmitiu ser a sua interpretação, mas
apenas se concordar com ele. Se atribuir acriticamente a um símbolo um
significado apenas porque alguém lhe disse entendê-lo assim, está a agir
preguiçosamente, não está a trilhar bem o seu caminho.
Não quer isto dizer que o
Aprendiz não deva, não possa, atribuir a determinado símbolo o mesmo específico
significado que outro ou outros lhe atribuem. Aliás, diversos símbolos são
generalizadamente vistos da mesma maneira pela generalidade dos maçons.
Mas cada um deve meditar sobre o
símbolo, procurar entender o que significa, por ele próprio. Pode – não há mal
nenhum nisso! – ouvir a opinião de outros, aperceber-se que significado ou
significados outros lhe dão. Ao fazê-lo, está a beneficiar do trabalho
anteriormente realizado por seus Irmãos e é também para isso que serve a
Maçonaria, é também essa a riqueza do método maçônico. Mas deve, é imperioso
que o faça analisar, refletir sobre o que lhe é dito, verificar se concorda ou
discorda, em quê, em que medida e por que. e então extrair ele próprio a sua
conclusão e adaptá-la como a que entende correta.
Pode ser igual à dos seus
Irmãos; pode ser semelhante, mas levemente diferente; ou pode ser muito ou
completamente diferente. Não importa! Ninguém lhe dirá ninguém lhe pode
legitimamente dizer, que está errado. É a sua interpretação, a que resultou do
seu trabalho, da sua análise, é a interpretação correta para ele. E tanto
basta! E se porventura mais tarde, com nova análise, com os mesmos ou outros
ou mais elementos, vier a modificar a sua interpretação, tudo bem também!
Isso corresponde a evolução do
seu pensamento, que ninguém tem o direito ou legitimidade para contestar!
Ainda que beneficiando da
sinergia do grupo, da ajuda do grupo, das contribuições do grupo, o trabalho do
maçom é sempre individual e solitário! E também, inegavelmente, difícil. É todo
um novo alfabeto que, mais do que aprender, o Aprendiz maçom está a criar e a
aprender a criar!
Não é, ainda, porém, esse o
principal trabalho do Aprendiz maçon. É um trabalho importante, é sobre ele que
deverá, há seu tempo, mostrar a sua evolução, mas ainda assim é apenas um
trabalho instrumental.
O verdadeiro trabalho do
Aprendiz é, afinal, o de se aperfeiçoar a ele próprio. Incessantemente.
Incansavelmente. Interminavelmente. Ou melhor, só terminando no exato momento
em que deixa esta dimensão do Universo e passa ao Oriente Eterno.
O verdadeiro trabalho do Aprendiz é trabalhar a sua
pedra bruta e dar-lhe, pacientemente, diligentemente, a regular forma cúbica
que harmoniosamente se integre na grande construção universal projetada pelo
Grande Arquiteto do Universo!
A pedra bruta a aparelhar é ele
próprio, as asperezas a retirar são as suas muitas imperfeições, os seus
defeitos, os seus deméritos, a forma a trabalhar e a tornar regular e
harmoniosa é o seu caráter.
Este trabalho nunca está
concluído. Por mais lisa que esteja a sua pedra, por mais regular e harmoniosa
que esteja a sua forma, nunca está perfeita, pode e deve sempre aprimorá-la,
alisá-la ainda um pouco mais, dar-lhe ainda melhor proporção.
Este trabalho é o verdadeiro, o
importante, o essencial trabalho do Aprendiz maçom e é-o para toda a sua vida.
É, portanto, também o trabalho do Companheiro e do Mestre maçon. Por isso o
Mestre maçom que seja realmente digno dessa qualidade só se pode considerar,
ainda e sempre, um Aprendiz e continuar, prosseguir, com perseverança, o
sempiterno trabalho de se aperfeiçoar, de trabalhar a pedra bruta, que por
muito cúbica que esteja, deverá sempre ver como bruta em relação ao que deve estar
ao que ele pode que esteja ao que deve aspirar que seja esperando que, chegada
a hora, algum préstimo tenha.
O verdadeiro trabalho do
Aprendiz é, tão só, o trabalho de ontem, de hoje e de sempre, do maçom,
qualquer que seja o seu grau e qualidade: melhorar. melhorar e, depois disso,
melhorar ainda! Tudo o resto é apenas instrumental!
Rui Bandeira
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