O homem pensa e a mente cria. Então, os símbolos
nascem. O símbolo comunica, o subconsciente decodifica e entende. Então, o
homem engrandece.
Símbolo é um objeto que, devido sua forma,
representa, em determinado contexto, alguma coisa abstrata ou ausente. Pode ser
também um elemento descritivo ou narrativo suscetível de dupla interpretação,
associada ao plano quer das idéias, quer ao plano real. Na Maçonaria, o Símbolo
é algo que devidamente interpretado serve para que se chegue a um determinado
tipo de conhecimento.
Todos os símbolos que, hoje, usamos, são usados em
todas as nossas lojas, em todo o mundo, e têm sido continuamente usados durante
centenas de anos. Eles têm significação exata, usos definidos, e em alguns
casos, aplica-se ao mecanismo das coisas de maneira tal, que nenhum outro
símbolo, linha ou diagrama poderia, possivelmente, fazer.
Esses símbolos originaram-se dos antigos filósofos
da Ordem, e é interessante notar a razão para a sua adoção.
Pense se quiser, nos dias em que a linguagem era
muito limitada. Apenas uns poucos sinais eram conhecidos ou usados para
representar o pensamento. Sem o uso de um alfabeto, os antigos não podiam
recorrer a outro método que não o de traçar sinais ou símbolos que traduzissem,
em poucos traços, um pensamento ou idéia completa. Os símbolos que adotaram
foram, então, escolhidos e compostos de acordo com a idéia de exprimir, simples
e claramente, de maneira secreta, as idéias que tivessem de ser registradas e
preservadas.
Quase tudo que a Maçonaria nos ensina, é feito
através de Símbolos.
Em outras palavras, os Símbolos são usados pela
Maçonaria Simbólica, para melhor noção de suas instruções que muito elevam
moral e espiritualmente seus Obreiros.
Os Símbolos podem ser considerados como secretos
pelos profanos, sendo somente interpretados filosófica e esotericamente pelos
iniciados que receberam instruções a respeito, tornando-se desta forma secretos
para os profanos que, vendo os escritos maçônicos, não lhes consegue dar o
sentido de filosófico, mas sim apenas o significado de suas figuras, por ser o
sistema velado da Maçonaria de passar seus conhecimentos éticos e esotéricos
aos Iniciados.
Neste ponto, cabe esclarecer que tudo que se refere
a Símbolos pode, via de regra, representar pontos de vista de interpretações
pessoais. Aqui, as considerações expostas não têm, jamais, a finalidade de
criar polêmicas ou de ser a verdade absoluta.
Tem isto sim, a finalidade de fixar nosso ponto de
vista, respeitando, aceitando e acatando todas as demais interpretações. Pois,
não cabe, por não ser coerente, nenhuma discussão quanto às colocações
definidas em qualquer estudo simbólico, até porque, a interpretação de um
Símbolo, por envolver características individuais e graus de cultura, as quais
variam de pessoa para pessoa, produz sempre formas distintas de entendimento e
discernimento de um mesmo Símbolo.
Melhor dizendo, o conhecimento da verdade é como a
luz pura que ao atravessar um cristal prismático se decompõe nas cores
primárias. Cada indivíduo, sob a influência de uma determinada cor, vislumbrará
a luz de forma diferente de outro sob a influência de outra cor; um dirá que a
luz é vermelha, outro dirá que a luz é amarela, ambos embora corretos, contudo,
cada qual conhece apenas uma parte do todo, daquilo que é verdadeiro.
Da mesma forma a interpretação dos Símbolos depende
da posição relativa do indivíduo e do momento que ele está vivendo, sendo ele
um ser único, lerá de forma única a mensagem oculta que se quer revelar.
Sendo cada indivíduo um ser único e que, como já
afirmado, o Símbolo permite várias interpretações, infere-se daí que cada um
terá uma visão única do significado do Símbolo, e que, ainda mais, dependendo
da sua vivência, cada indivíduo poderá emitir uma interpretação totalmente diferente
da anterior, fundamentado no seu conhecimento relativo no tempo e do momento
psicológico que está vivendo, contudo, não menos verdadeira. Em resumo, cada
Símbolo pode ser interpretado de infinitas maneiras.
Antes de passarmos à análise dos principais
Símbolos Maçônicos queremos deixar a seguinte mensagem: Os Irmãos que deixam de
lado e que se obstinam a não estudar o simbolismo, não percebem que estão
negando, ao mesmo tempo, o caráter filosófico da Franco-Maçonaria, e que desse
modo, privam-na de sua virtude essencial.
Vejamos, portanto, agora as interpretações mais
comuns que se pretendem dar a alguns dos Símbolos da Maçonaria:
PAVIMENTO MOSAICO
O retângulo formado por pedras pretas e brancas
está para o templo maçônico assim como labirinto está para as catedrais
Góticas. Simboliza a divindade do globo e das raças, reunidas pela Maçonaria.
As suas proporções estão intimamente ligadas ao
número de ouro e, como tal, simbolizam a perfeição das relações estabelecidas
entre o céu e a terra.
De modo geral, o pavimento mosaico representa o
mundo manifesto, tecido de luz e sombra, alternando-se e equilibrando-se, como
o “Yin e o Yang”.
ABLUÇÃO
Simboliza a limpeza moral; retirada das impurezas.
COLUNAS J E B
As duas colunas situadas à entrada do templo maçônico
representam os limites do mundo criado, da vida e da morte, dos eternos opostos
que se tentam equilibrar. É através desta alegoria que todos os maçons tentam
se aperfeiçoar, lembrando que devemos nos situar no pilar médio, onde a
sabedoria se alia ao entendimento, onde os níveis de compaixão se temperam pela
justiça, onde o intelecto se associa à emoção para que a alma coletiva
resplandeça grandiosamente.
Jachin e Boaz (Booz) são, também, os nomes das duas
colunas de bronze erigidas à entrada do templo de Salomão. Boaz –
Latim Bíblico, origem hebraica – significa “grande alegria, alvoroço” ou
“Nele há força”, “rapidez”. Personagem Bíblica, antepassado do Rei Davi
pai de Salomão; homem bondoso redentor de Rute. “Boaz casou com Rute, geraram
Obede, Obede gerou Jessé, Jessé gerou Davi, Davi gerou Salomão” (Rute 4,
1-10).
Jachin – Deus dê firmeza “Ele erguerá”, Benjamita
descendente da Shimhi, Sacerdote levita do tempo de Davi.
ÁGUA
Símbolo da purificação, do renascimento. Na C.’. de
Rr.’. significa o alimento do Espírito.
ESQUADRO E COMPASSO
O compasso é símbolo do espírito, do éter, do
pensamento humano, da sabedoria. É pelo Compasso que se traça o círculo, forma
perfeita e Divina.
O esquadro formado pelas perpendiculares, união da
linha vertical com a linha horizontal, é o símbolo da retidão e também da ação
do homem sobre si mesmo. Significa que devemos regular a nossa conduta e as
nossas ações pela linha e pela régua Maçônicas. O Esquadro, capaz de traçar o
quadrado, símbolo de “Malkut” o reino terreno, representa o corpo material.
O Esquadro unido ao Compasso representa a
totalidade do Universo; o espírito unido ao corpo.
No simbolismo construtivo dos Mestres Maçons
operativos por volta do Século XII, o quadrado unido ao círculo (abóbada),
caracterizavam as catedrais Góticas que representavam a luz ilimitada e Divina
no mundo físico.
AMPULHETA
Símbolo do tempo. Simboliza a efemeridade da vida.
SOL E A LUA
Símbolo da vontade cíclica que rege o Universo, o
sol representa a luz e a energia vivificante. Nascendo ao Oriente, marca o
local da verdadeira realidade existencial, o “Oriente Eterno”, local de
perfeição para onde todos de certa forma caminhamos. Repousando no Ocidente,
marca a morte para a existência divina, no reino físico palpável de onde
provimos.
O sol em seu Zênite é o centro do Céu, como o
coração é o centro do ser, representando a luz espiritual, o conhecimento
intuitivo, a inteligência Cósmica. Era respeitando esta simbologia que os
maçons operativos orientavam as naves principais das catedrais Góticas, nas
quais, vindo do reino dos mortos, o homem caminhava em direção ao redentor que
resplandecia no Oriente.
Se o Sol é o princípio ativo, masculino e
arquétipo, a Lua é a versátil sabedoria que, orientada pelo entendimento,
navega sem forma no receptáculo solar. Refletindo os raios do sol, lembra-nos
que a noite (morte) não é eterna, pois o sol vivificante continua a brilhar.
Aliando-se à vontade cíclica do sol nas leis dos corpos a nível macro cósmico,
a lua rege os ciclos micro cósmicos ou biológicos, sendo o símbolo da
transformação e do crescimento individual. O ciclo lunar simboliza a morte
simbólica do profano que depois de vislumbrar a luz conhece a nova existência
maçônica que o fará crescer e resplandecer.
O Sol e a Lua: “Osíris e Isis”, “Yin e Yang”, o
“Homem e a Mulher”, duas faces da mesma moeda e como tal nunca poderão ser
dissociados.
AR - VIAGEM
Lembra que o homem é como o ar, sujeito a variações
e obstáculos. Meio sutil, entre o céu e a terra.
FOGO
Um dos símbolos da divindade. Simboliza a
depuração, o conhecimento. “Igne natura renovatur integra – INRI- ou seja, A
natureza inteira é renovada pelo fogo”.
O TEMPLO
O Templo é um reflexo do mundo divino. A sua
arquitetura, fruto da conjunção de diversos fatores sociológicos, históricos e
simbólico-iniciáticos, tenta envolver o homem nos mistérios da Criação.
Sendo divino, algo inatingível, complexo e
imensurável, para se ter acesso aos conhecimentos do verdadeiro templo celeste,
é necessário realizar em si mesmo – viver em espírito – a sua reconstrução e a
sua defesa. Como tal, depois da morte simbólica, dilacerante e corrosiva, o
maçom renasce do nada e, pedra sobre pedra, constrói o seu refúgio, o seu
templo sagrado, onde no silêncio da sua existência, comunga com os mais
elevados valores maçônicos: a luta pela Liberdade, pela Igualdade, pela
Fraternidade, pela Justiça e pelo Progresso.
GALO
Simboliza Vigilância.
ENXOFRE
Simboliza o Espírito.
ESCADA
Simboliza a dificuldade de vencer, a subida em
direção do conhecimento. Ponte entre o céu e a terra. A Escada de Jacó é
símbolo de ligação do Iniciado com o GADU, através da subida na escada
iniciática. Simboliza, ainda, o caminho tortuoso e difícil que o iniciado deve
enfrentar para atingir a luz.
DELTA LUMINOSO
Triângulo luminoso, símbolo da força que se expande
eternamente. A sua base (lado oposto ao vértice superior) representa duração e
os seus lados que se unem no vértice oposto à base, a luz e as trevas.
O Olho Que Tudo Vê, traçado no centro do Delta,
representa a nível físico o sol que ilumina e anima a vida; no meio astral ou
intermédio representa o Logos, o Verbo, o Princípio Criador; no plano
espiritual ou divino representa o Grande Arquiteto do Universo.
Na tradição islâmica, o olho “Ayn” representa uma
essência. Na tradição mística semita, encontramos uma analogia interessante na
caracterização do Nada ilimitado, ou seja no olho luminoso e ilimitado que
caracteriza o divino inatingível “Ayn Sof Aur”.
MALHETE
Símbolo maior da autoridade, é o instrumento usado
pelo Venerável Mestre e pelos Vigilantes. Simboliza a força, a vontade de ação
e sua realização.
PEDRA BRUTA E A PEDRA CÚBICA
Na tradição, a pedra ocupa um lugar de destaque na
comparação com a alma.
A Pedra Bruta é o interior imperfeito que o Maçom
deve procurar corrigir. Através da iniciação, da experiência de existência, no
confronto com seus vícios, vacilando no caminho da vida, acumulando sabedoria,
cultivando valores morais, o Maçom vai se esculpindo, modelando-se até se
transformar numa Pedra Angular, “a pirâmide sobre o cubo” símbolo do templo
interior e espiritual que se construiu com muito suor e trabalho sob a égide do
Esquadro e do Compasso.
É esta a Opus Magnum dos alquimistas, a via pela
qual a vil matéria se transmuta em pedra filosofal.
AVENTAL
Caracterizando as verdadeiras vestes do iniciado, o
Avental simboliza o trabalho maçônico, a busca constante da impecabilidade em
cada ato do Maçom que talha, molda e lavra o seu imo das asperezas dos defeitos
e vícios. Simboliza o corpo físico, o invólucro material que tem de revestir o
espírito para participar da grande obra da construção social Universal.
É de pele branca para os Aprendizes e Companheiros,
e orlado de vermelho para Mestres, nas Grandes Lojas Estaduais o Avental de
Mestre é orlado de azul, alem de conter três rosetas azuis formando um
triângulo no seu “corpo”.
GADU
Personificação do Princípio Criador. É o Aleph de
Luís Borges, ponto inicial que tudo contém. É o Vishavkarma hindu, o arquiteto
celeste. É Adonai para os hebreus, Alah para o islam, o Deus dos Cristãos. É o
sentimento máximo que se exprime pelo divino e se apresenta a todos os homens
sob a forma do amor. É a expressão do belo que admiramos em nosso redor.
É o vislumbrar da felicidade sem dogmas nem
amarras. É o “Ayn Sof Aur” do esoterismo Judaico que se nos apresenta sob a
forma de uma coroa luminosa que tudo contém. É o Nirvana. É a Natureza....
OS TRÊS PONTOS
Símbolo com várias interpretações, aliás,
conciliáveis: luz, trevas e tempo; passado, presente e futuro; sabedoria, força
e beleza; nascimento, vida e morte; liberdade, igualdade e fraternidade.
Formando um triângulo, sintetiza a tri-unidade do ser vivo: corpo, espírito e
alma.
Simboliza as três fases da grande Obra Alquímica,
“putrefação, conjunção e perfeição” onde o vil se torna esplendoroso, onde o
homem se transmuta em ouro.
ROMÃ
Símbolo da fecundidade, da prosperidade, a romã
representando-se aberta, demonstra que no seu interior residem centenas de
sementes, símbolos das diferentes tribos terrenas que estão unidas pela mesma
essência criadora.
Os Sacerdotes de deméter, em Eléusis, coroavam-se
de romãzeiras durante a celebração dos grandes mistérios.
O templo de Salomão era ornamentado por
quatrocentas romãs que em duas fileiras cobriam os dois capitéis esféricos que
estavam sobre as suas duas Colunas vestibulares.
Embora se haja exposto interpretações e comentários
a respeito dos Símbolos, devo dizer que, a nós Maçons interessa buscar em cada
Símbolo o seu sentido maçônico, aquele sentido que pode nos levar ao
aperfeiçoamento moral e ético, que nos ajude a enxergar as irregularidades da
pedra bruta que somos.
[1] Extraído do livro "A
Maçonaria Para Neófitos" de autoria de Luiz Carlos Silva.
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