Um dos temas mais difícil e controvertido de toda
doutrina maçônica, podemos afirmar, é o Instituto dos Landmarks, onde sabemos
apenas, com certeza, que seus preceitos são imutáveis e devem ser cumpridos,
embora muitos questionem.
Seus postulados ou princípios são aplicados a todas as
atividades e ritos pelos órgãos diretivos por serem inalteráveis.
Com efeito, a expressão “Landmarks”, tem significado, ao pé
da letra, na língua inglesa, de ” marcação de terra” ( land=terra e mark,marca
para limites entre duas ou mais áreas de terra).
Foi inspirada essa nomenclatura no Velho Testamento –
Provérbios, 22 e 23/ 28 e 10: “Não removas os antigos limites que teus pais
fizeram” e “não removas os antigos limites nem entre nos campos dos órfãos”.
Deuteronômios, 19,14: “não tomarás nem mudarás os limites do teu próximo que os
antigos estabeleceram na tua propriedade”.
O sentido é, portanto, figurado, e enuncia regras genéricas
de âmbito substancial e espiritual para a Sublime Ordem em qualquer ponto do
planeta Terra com o propósito de unidade administrativa, fraterna e êxito
através dos séculos.
Podemos conceituá-lo, pois, como sendo um conjunto de
princípios imutáveis e inalteráveis do sistema para manter a unidade de
essência e espírito da ORDEM de caráter imperativo para sua perpetuidade
universal.
A consciência maçônica já consagrou com o passar dos
séculos, a necessidade de observá-los, ainda que contestados, pois sem essas
prescrições, a Maçonaria que é universal, perderia a coesão estrutural e
espiritual, expondo-se a diversidade de diretrizes, gerando uma verdadeira
Torre de Babel.
Podemos admitir o trato mesmo da sobrevivência da
Instituição, conclusão que nos leva a crença de que se cuida de uma verdadeira
Super-Constituição do mundo maçônico.
Todos os modelos constitucionais das diversas Obediências
devem se amoldar a essas normas, sob pena de isolamento e não reconhecimento
pelas suas congêneres.
Seriam out Law!
A necessidade da unidade moral, fraternal e espiritual da Sociedade Operativa gerou esse sentimento de disciplina universal, alcançando também a parte administrativa impondo rumos que tomou nome de Landmarks.
A necessidade da unidade moral, fraternal e espiritual da Sociedade Operativa gerou esse sentimento de disciplina universal, alcançando também a parte administrativa impondo rumos que tomou nome de Landmarks.
A Instituição Universal teria mesmo de ser una em sua
substância, podendo variar apenas na parte formal, como os diversos ritos
existentes, mas sempre conservando toda a essência que a fez surgir e prosperar
até nossos dias.
São os dogmas maçônicos, não se devendo questioná-los.
Todavia, uma parcela maçônica critica, não raras vezes com
bastante ênfase, o sistema dos Landmarks, e até refuta cada regra do conjunto
de Albert Galletin Mackey (25), demonstrando o desacerto no seu entender.
(Remetemos o leitor interessado a “Dogmas e Preconceitos Maçônicos” – Breno
Trautwein – págs. 37 e seguintes – Ed. “A Trolha” – 1ª. edição-1997).
Igualmente, Marius Lepage (“História e Doutrina da
Franco-Maçonaria”- pág.107 -Ed. Pensamento ), também emite comentários e até
relata um fato para ilustrar seu pensar sobre a matéria : “Isso me faz lembrar
uma pequena história pessoal. Em 1938, eu viajava de automóvel pela Áustria,
pouco tempo depois da Anschluss ( anexação pela Alemanha ). Ora, estabelecia-se
então a mudança da direção dos carros da esquerda para a direita. Em toda
parte, mesmo nos lugares mais discretos, encontravam-se folhetos explicando, em
dez itens as vantagens de dirigir pela direita. Os nove primeiros itens eram
exclusivamente técnicos. O décimo estava redigido assim: “Dirigirás o carro
pela direita porque o führer mandou.” Eis aí um tipo de landmark em estado puro!
(grifo nosso).
Os especialistas também divergem sobre o surgimento do
vocábulo “Landmark”, porém a maioria vai encontrá-lo em 1720, no Regulamento
Geral coligido por George Payne e acolhido depois pela Constituição Maçônica do
Bispo James Anderson de 17 de janeiro de 1723.
Nesse código foram fixados os princípios que já vigiam e
que deverão reger a vida maçônica na parte espiritual e substancial,
estabelecendo muitos enfoques que até hoje são seguidos.
Outras regras baseadas nos costumes foram consideradas
também Landmarks e dependendo de interpretações dos estudiosos do tema, variam
de 3 a 54 mandamentos.
Entretanto, parte significativa do sistema da Ordem
inclina-se em aceitar o ensinamento de Albert Galletin Mackey, que admite
somente 25 regras de todo conjunto.
Nessa doutrina de Albert Galletin Mackey vamos encontrar o
reconhecimento maçônico;
divisão dos graus simbólicos;
lenda do mestre
Hiram Abiff;
existência e prerrogativas do Grão- Mestrado;
reunião dos irmãos
em unidades maçônicas;
governo da loja por um Venerável Mestre e dois Vigilantes;
cobertura da loja; faculdade de representação de cada irmão
em reuniões da entidade;
direito recursal e visitação à outra congênere;
identificação do
visitante;
proibição de intervenção de uma unidade sobre a outra;
submissão do obreiro à legislação onde residir,
independentemente de filiação;
proibição de ingresso na Ordem de portadores de defeitos
físicos e mutilados e ainda de mulheres;
crença no GADU e vida eterna;
existência de um Livro da Lei;
igualdade para todos dentro da loja;
segredo da iniciação;
implantação da
Maçonaria Especulativa,
e, finalmente, “é o que afirma a inalterabilidade dos
anteriores, nada lhes podendo ser acrescido ou retirado, nenhuma modificação
podendo ser-lhes introduzida. Assim como de nossos antecessores os recebemos,
assim os devemos transmitir aos nossos sucessores”. NOLUMUS EST LEGES MUTARI!
Vemos, pois, que ainda não queiramos, faz-se necessário que
aceitemos esses mandamentos para a perpetuidade da Maçonaria que sempre foi
conservadora e defensora da Moral, Ética, Fraternidade, Bons Costumes e amor ao
GADU, além da crença da vida post-mortem.
Trata-se, assim, de um empreendimento axiomático que todo
maçom deve, pelo menos, refletir.
É de se admitir por força da lógica, a continuação perpétua
da Maçonaria, e, por via de conseqüência, a permanência na Instituição que nela
se deposita Fé.
Fé, não apenas, crença, confiança!
Somos então considerados “Filhos da Luz” e aptos a
ajudarmos aos nossos semelhantes independentemente de raça, sexo, religião,
credo político e outras diferenças que nos marcam.
Lembremo-nos que devemos ser tolerantes, especialmente com
nossa Entidade, e sem esse sistema ora em rápido exame, estaríamos ao longo
destes séculos sem direção uniforme, material e espiritual e então seria o caos
para todos os maçons.
O certo é que sem os “Landmarks” a Maçonaria já não mais
existiria e, se ainda existisse, teria caminhado para rumos imprevisíveis.
É, pois, nesse singelo cenário que apresentamos estas
considerações e sugerimos a todos os IIr que meditem com o coração limpo de
sempre e imparcialidade, sobre essa necessidade de continuarmos unidos,
fraternos, despidos de vaidade, tolerantes e lembrando-nos que tudo isso nos
levará à caminhada da nossa Sublime Ordem através dos séculos. E em sendo
assim, manteremos a mesma forma como a recebemos de nossos IIr.’. antecessores
e a transmitiremos às gerações futuras.
São esses os comentários que fazemos sobre os Landmark!
OBRAS
CONSULTADAS:
1.
Bíblia
2.
O Simbolismo da
Maçonaria- Albert G. Mackey – Ed. Universo dos Livros
3.
História e Doutrina da
Franco-Maçonaria – Marius Lapage – Ed. Pensamento
4.
Dicionário de
Maçonaria – Joaquim Gervásio de Figueredo – Ed. Pensamento
5.
A Franco Maçonaria
Simbólica e Iniciática – Jean Palou – Ed. Pensamento
6.
Dogmas e Princípios
Maçônicos – Breno Trautwein – Ed. A Trolha.
Enviado
pelo Ir.’. José Geraldo de Lucena Soares
ARLS “Fraternidade Judiciária” 3614 – GOSP – GOB
ARLS “Fraternidade Judiciária” 3614 – GOSP – GOB
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