Tida e havida como uma
das mais sérias instituições do nosso mundo, de origem desconhecida, que vai
desde os primórdios do mundo, ou desde os tempos de Jesus Cristo, também tida
como fundada em 1717, a Maçonaria hoje em dia continua tendo uma aura de
secreta, de misticismo, de esoterismo, de uma crendice impar, que a torna
respeitada e, até odiada.
Neste trabalho,
porém, não quero abordar este lado da nossa Sub∴Inst∴ e sim abordar uma das coisas mais importantes, que é a
Iniciação de Profanos, no aspecto que tange a Câmara de Reflexões, local
sagrado onde o futuro irmão se concentra, medita, reflita sobre a fragilidade
humana, sobre o nosso futuro, enfim, sobre tudo aquilo que a Maçonaria quer que
ele reflita naquele momento solene e importante de sua vida.
A Câmara de
Reflexões, portanto, é o primeiro contato real que o postulante tem com a
Maçonaria. Para que melhor a compreendemos, se faz necessário conhecermos o
significado da palavra Iniciação etimologicamente. Derivada do latim
“initiare-initium” representa “inicio ou começo” derivada de “in tere” “ir
dentro ou ingressar”. Em outras palavras, Iniciação é a porta que nos conduz a
um novo estado moral ou espiritual a partir do qual se inicia ou começa uma
nova maneira de ser ou viver.
O símbolo
fundamental da Iniciação é a morte, como estado preliminar à nova vida. Para
tal, a Maçonaria nos oferece a Câmara de Reflexões. Afastada como é do Templo.
Constitui a prova da Terra, a primeira das quatro que simbolizam os elementos
da natureza. Com suas pretas paredes, figurando uma catacumba, cercada de
símbolos e de emblemas da morte, inscrições, um galo, um testamento entre
outros, revela-nos que cada símbolo, cada frase, tem sua própria explicação e importância
isolada, mas o conjunto é que nos oferecerá a idéia e a sensação de
transitoriedade e insignificância da vida.
Neste
local, somos levados a conceber novas ideias, introspectar, examinar e comparar
tudo o que nos cerca. Isolados do mundo exterior para concentrarmos no estado
intimo do mundo interior, aonde devemos dirigir nossos esforços para chegar à
Realidade. É o “gnothi seautón” dos iniciados gregos. É a formula hermética
V.I.T.R.I.0.L.; “Visita Interiora Terrae: Rectificando: Invenies Occultun
Lapidem” cuja a tradução literal é: “Visita o interior da Terra, retificando
encontrarás a pedra oculta”.
Significando
que devemos ingressar dentro da realidade do próprio mundo objetivo, não
contentando-nos apenas com o seu estudo ou exame puramente exterior: então,
retificando constantemente nosso ponto de vista, a nossa visão, e com os
esforços de nossa inteligência (como o demonstra a cuidadosa retidão dos três
passos da marcha do aprendiz), poderemos chegar ao uso do compasso junto com o
esquadro, isto é, o conhecimento da Verdade livre a Ilusão.
Em segundo
lugar, retificando-te significa, na verdade o “seguir em linha reta”, ou seja,
agir em si mesmo com profundidade. E é nesse momento de solidão, de encontro
consigo mesmo, de meditação diante do inusitado, do desconhecido, que o novo
homem retifica-se interiormente, deixando de lado todos os vícios de uma vida
anterior para adotar novos padrões de conduta moral. E ao fazer isso, mostra-se
para o novo homem a pedra oculta que há dentro de nós.
A visita a C∴ de R∴ é fundamental no
processo iniciático porque é no interior da terra, por ela representada, que o
profano morre para nascer um Maçom. A Câmara das Reflexões, na realidade,
relembra as cavernas das antigas iniciações, inclusive religiosas.
Como
qualquer iniciação, simboliza a morte material de alguém e o seu ressurgimento
em um plano mais elevado. O iniciando permanecia no interior de uma caverna da
qual em dado momento, saia por uma fenda ou orifício, como se estivesse
nascendo.
A Câmara
das Reflexões representa, ainda, o útero da mãe terra, de onde os filhos da
viúva nascem para uma nova vida. Esse conceito atual de masmorra foi
introduzido pelos franceses na metade do Século XIX, influenciados pela
revolução Francesa e por certo sentimento antimístico oriundo do iluminismo
francês, mas esses não podem desvirtuar a sua origem.
A passagem pela Câmara das Reflexões,
onde o profano, deixado a sós com ele mesmo, em ambiente decorado com diversas
alegorias que estão o tempo todo a demonstrar a fatalidade e brevidade da
matéria, permite claramente a reflexão da necessidade de estar sempre vigilante
e perseverante em seu aprimoramento espiritual, afinal a todo instante somos
lembrados que a morte física poderá se abater sobre nós.
Segundo o
poeta e orador romano Cícero “Quem não souber morrer bem, terá vivido mal, pois
quantas vezes morremos vitimas de nosso medo de morrer”.
Finalizando,
a Câmara de Reflexões da a oportunidade ao candidato de refletir sobre a vida
pregressa: e sentir o peso das quantas vezes que: por orgulho, ignorância,
apego à matéria, falta de sabedoria deixou de ajudar algum necessitado.
Pois
enquanto não conseguirmos dominar a materialidade existente em nós, o nosso
lado divino não fluirá. Porque o GADU nos criou para sermos divinos e
perfeitos, somente dominando a matéria à centelha divina existente nos levará
invariavelmente a buscar o sol do meio dia que irradia o TODO, o qual nos
originou a para o qual retornaremos.
E vocês meus IIr∴ que pensamentos vos
ocorreram quando estáveis no lugar sombrio de meditação, onde vos pediram que
escrevêsseis a vossa última vontade e o vosso testamento?
Nota: São
considerados elementos obrigatórios em uma C.’.d.’.R.’., segundo Ritual de
Aprendiz do REAA-GOB, a ampulheta, o esqueleto humano, o pão e a água.
Fonte: O
Templo Maçônico – Dario Velozzo
Pesquisa de vários autores –
Internet
Ritual de Aprendiz Maçom –
REAA-GOB-2001
Ir∴ Paulo Edgar Melo - MI
ARLS
Cedros do Líbano, 1688 – GOB-RJ