DO APRENDIZ AO VENERÁVEL........OU A QUEM POSSA INTERESSAR



Hoje, 02 de julho de 2004, mais de 02 meses se passaram desde a minha iniciação. Foram dias de estudo, de busca, e principalmente observações, onde procurei captar cada gesto, cada comportamento, cada modo de agir, de meus irmãos Aprendizes, Companheiros, Mestres, Veneráveis e das poucas autoridades maçônicas que tive a oportunidade de conhecer. De cada um extraí um pouco.
E foi das ações positivas e negativas dos irmãos, maçons que são, e mesmo diante da pouca aprendizagem sobre a doutrina maçônica , me atrevi a escrever esta peça de arquitetura.
Descobri meus irmãos, que todo aprendizado deve ser ministrado no recinto fechado do templo, longe dos olhos profanos, da multidão, dos que não consegue compreender os nobres ensinamentos. E neste sentido falou Zaratustra:
“Quando, pela primeira vez, estive com os homens, cometi a grande estultícia de dirigir-me a praça pública. E como me dirigia a todos, não falava a ninguém; mas apreendi outra verdade, e isto apreendi comigo...
Em praça pública ninguém acredita em homem superior. Em praça pública o populacho diz! Não acreditamos em homem superior, somos todos iguais.”
Aprendi meus irmãos, que devemos ter boa vontade para compreendermos os ensinamentos ministrados, que devemos dedicar uma parte de nosso tempo ao estudo filosófico, a combater a ignorância profana, preparando-se para tornar um homem melhor, livrando-nos dos vícios da matéria que: a tudo vê, mas em nada crê.
A realidade desta verdade confirma-se na máxima do filosofo romano Epicteto, que nos diz:
“Um médico visita um enfermo e lhe diz: tens febre; abstém-te por hoje de tomar qualquer alimento, não bebas mais que água. O enfermo dá-lhe crédito, agradece-lhe e paga-lhe. Um filósofo diz a um ignorante: os teus desejos são desenfreados, os teus temores são baixos e servis, professas falsas crenças. O ignorante enfurece-se e sente-se ferido no amor-próprio. De que nasce tal diferença? Ela nasce de que, o enfermo conhece o seu mal, o ignorante não.
Descobri meus irmãos, que o conceito de liberdade e tolerância, adquiri novos significados quando visto sob a ótica da doutrina maçônica; vejamos:
A liberdade para o profano é conceituada como a superação de uma situação negativa do individuo, por exemplo: liberdade da escravidão, da fome, da miséria, da ditadura, etc. 
No conceito maçônico, liberdade pressupõe não apenas a sua liberdade, mas também a liberdade alheia. A liberdade tem concepção positiva e dinâmica, significando ação e devolvendo a capacidade do homem de escolher e agir, livre e responsavelmente, com base em sua própria vontade, por exemplo: liberdade de fazer, de estudar, de pensar, etc. 
Estritamente conexo à liberdade está a tolerância, ou seja, o respeito à liberdade dos outros. A tolerância é que nos induz a respeitar o pensamento de outro homem, mesmo quando não concordamos com ele.
Esta tolerância é que permite ao maçom preservar a sua existência, com um modo de pensar próprio, com a negação de qualquer forma de integralismo, respeitando e permitindo que cada um mantenha suas próprias convicções.
Esta lição se fortalece quando a Maçonaria proclama textualmente:
“Não existe qualquer deus maçônico. O deus do maçom é o mesmo deus da religião que ele próprio professa.”
Ao conceituar liberdade e tolerância nestes moldes, os maçons se igualam, se consideram afins, e, portanto, irmãos.
Aprendi meus irmãos, que os maçons devem trabalhar incessantemente, com as armas que dispõe, pela nobre causa da felicidade humana.
lamenais em seu poema a luta nobre, nos mostra: 
“Jovem soldado aonde vais?
Vou combater por Deus nos altares da pátria.
Benditas sejam as tuas armas, jovem soldado!
Jovem soldado aonde vais?
Vou combater pela justiça, pela causa santa dos povos e pelos sagrados direitos dos homens.
Benditas sejam as tuas armas, jovem soldado!
Jovem soldado, aonde vais?
Vou combater para a libertação de meus irmãos de sofrimento e opressão, para o rompimento das cadeias que os prendem ao mundo.
Benditas sejam as tuas armas, jovem soldado!
Jovem soldado , aonde vais?
Vou combater contra os homens iníquos e em favor dos justos que os primeiros pisam com os seus pés; combater contra os amos em favor dos escravos, contra os tiranos em favor da liberdade.
Bendita sejam as tuas armas, jovem soldado!
Jovem soldado, aonde vais?
Vou lutar para que caiam por terra as barreiras que separam os povos, e as quais os impedem de abraçar-se num comum amor, filhos que são do mesmo pai.
Benditas sejam as tuas armas, jovem soldado!”
E por último meus irmãos, descobri que, do Aprendiz ao Venerável, para aceitar e repassar os nobres ensinamentos da doutrina maçônica é necessário muito bom senso, e este conceito foi buscar nas palavras do filosofo francês René Descartes, que nos ensina: 
“O bom senso é, dentre as coisa do universo, a mais bem dividida, pois cada qual julga estar tão bem dotado dele, que mesmo os mais difíceis de contentar-se em outras coisas não costumam desejar tê-lo mais do que já têm.”
E não é verossímil que todos se enganem a esse respeito; pelo contrário, isso evidencia que o poder de julgar e distinguir o verdadeiro do falso, isto é, o que se denomina bom senso ou a razão, é naturalmente igual em todos os homens.
A diversidade de nossas opiniões não provém do fato de uns serem mais racionais do que outros, mas tão somente em razão de conduzirmos o nosso pensamento por diferentes caminhos e não considerarmos as mesmas coisas.
Pois não basta ter o espírito bom: o essencial é aplicá-lo bem. As maiores almas são capazes dos maiores vícios, tanto como das maiores virtudes, e os que marcham muito devagar podem avançar muito mais seguindo sempre o caminho reto, do que os que correm e dele se distanciam.
Deveis sempre meus irmãos, procurar combater os vícios, mais sabeis também compreender e perdoar os que a eles sucumbem. Não importa em que grau esteja, a que cargo ocupa, lembrem sempre das palavras proferidas por fustel de coulanges: que diz: 
“qualquer que seja a forma de governo, monarquia, aristocracia ou democracia, há dias em que a razão governa, mas também os há outros em que a paixão sobrevém. Jamais constituição alguma suprimiu as fraquezas e as imperfeições da natureza humana.”
Campo Grande-MS, 02 de julho de 2004.
Osvaldo Pimenta de Abreu
Aprendiz de Maçom



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