MAÇONARIA COMO TERAPIA!


 

A Maçonaria é uma universidade e, para nossa felicidade, estamos sob a égide de um significativo número de Irmãos que se dedica ao estudo, pesquisa e desenvolvimento de questões relacionadas a sua história, filosofia, liturgia, ritualística e outras questões mais acadêmicas.

É uma forma de pensar e agir!

Embora conhecendo e cumprindo a necessidade de ler e estudar os irmãos acima, o aspecto exclusivamente humano da Instituição é meu alvo preferido.

É uma outra forma de pensar e agir!

Por sincronicidade ou coincidência significativa, dois fatos, logicamente subsequentes, motivaram-me a tentar escrever algumas linhas sobre este tema que é, para mim, ao mesmo tempo, intrigante e desafiador: “Maçonaria como Terapia!”

Mesmo sabendo que correria vários tipos de riscos no desenvolvimento do texto e, especialmente, na sua interpretação, decidi tentar!

O primeiro fato é técnico: com frequência cada vez maior, publicações médicas têm abordado as relações biopsicossociais de várias enfermidades.

Mesmo sendo um assunto relativamente antigo na medicina, cada vez mais deparamo-nos com abordagens com maiores cuidados metodológicos e, por consequência, mostrando melhores e mais confiáveis evidências científicas.

Três publicações recentes voltaram a chamar a minha atenção:

“Um alarme sobre o impacto devastador da epidemia de solidão e isolamento social nos Estados Unidos” [1];

Outra, com um título lembrando romance estilizado, porém, igualmente preocupante: “O coração solitário é um coração partido”, onde, inclusive, os autores alertam para a necessidade de desenvolver um “modelo biopsicossocial da doença cardiovascular” [3];

Por fim, “Solidão e risco de Doença de Parkinson” [4].

Existem inúmeras outras publicações que navegam nestas águas turvas e revoltas.

O segundo fato, tipicamente humano e, portanto, o grande motivador, foi quando um paciente de 85 anos, viúvo, que acompanho há algum tempo, externando as suas preocupações e angústias sobre a sua percepção de isolamento social, apesar do apoio e carinho dos seus filhos, despediu-se, após uma boa conversa sobre o assunto, com a frase “Doutor, como é bom ter amigos”!

Chocou-me e emocionou-me!

E as publicações citadas passaram, novamente, a ocupar maior relevância na minha atenção.

Onde estamos e para onde vamos?

Neste ponto, é importante elucidar alguns conceitos retirados propositalmente das publicações citadas, mas que se pode obter em várias outras fontes:

Conexão social: abrange as interações, relacionamentos, papéis e senso de conexão que indivíduos, comunidades ou sociedade podem experimentar; engloba os índices de isolamento social e de solidão [1][2].

Como alerta, é aceitável afirmar que o papel da conexão social na biologia aparece cedo e continua ao longo da vida, contribuindo, seja para o risco, seja para a proteção contra doenças [1].

Isolamento social é uma medida objetiva que descreve a ausência de contatos e relações sociais. É medida pela quantidade de interações sociais [1][2].

A Solidão engloba o sentimento subjetivo de estar sozinho; decorre da discrepância dos níveis desejados e percebidos de um indivíduo nas relações interpessoais. Está mais associada à qualidade dos relacionamentos [1][2].

Na publicação do “US Department of Health and Human Services” [1][2], são sugeridos seis pilares para melhorar a conexão social (tradução simples):

Fortalecer a infraestrutura social nas comunidades;

Promulgar políticas públicas que favoreçam estas conexões;

Mobilização do setor da saúde nesta direção;

Estimular o uso de tecnologia apropriada (inclusão digital);

Buscar o aprofundamento dos nossos conhecimentos sobre o tema;

Incentivar uma cultura de conexão social.

E é nesta última coluna, jónica talvez, onde poderíamos focar os nossos esforços e atenção, incentivando práticas quotidianas que pudessem influenciar significativamente os nossos relacionamentos intra e extra institucional.

A “espécie humana é social por natureza. Os seres humanos não só precisam da presença de outros, mas dependem de relacionamentos sociais significativos para desenvolverem uma vida adulta saudável. Como indivíduos, esforçamo-nos para pertencer a uma família, a um grupo de pares, a uma comunidade. Estas interações sociais com família, amigos, vizinhos ou colegas são primordiais para o nosso bem-estar” [2].

Afinal, os sistemas biológicos não costumam operar de forma independente e assim, estudos têm associado a solidão com maior risco de doenças neurodegenerativas [4].

Evidências mostram que este risco está presente em grupos demográficos distintos, independentemente de outros fatores proeminentes como, p. ex., depressão e genética [4].

A solidão seria, pois, um determinante psicossocial substancial, tanto para a saúde, como para a doença [4].

Sempre é bom recordar o magnífico trabalho “Harvard Study of Adult Development” que iniciou em Boston em 1938 [8][9], portanto, há aproximadamente 85 anos.

Constitui-se assim, no estudo científico mais longo já realizado sobre a felicidade e que gerou uma conclusão importante, mas relativamente simples:

“os participantes mais felizes tiveram em comum dois grandes fatores ao longo destes 85 anos de acompanhamento: cuidavam da saúde e construíam fortes laços com outras pessoas” [8][9].

Afinal, como diz a Dra. Ana Cláudia [5]: “Amigo, amigo mesmo, é aquela pessoa para quem ligaríamos a qualquer hora para pedir: ‘Por favor, não estou bem; leve-me ao hospital’. Todos deveríamos investir no projeto de ter pelo menos um nome – e em ser essa pessoa para alguém”.

Todos estes poucos argumentos elencados, foram com o intuito de fazer-me parecer científico, afastando-me um pouco da tendência purista ou mesmo pueril do texto.

Já sabemos o valor de ter amigos e que a Maçonaria, com lucro, proporciona esta oportunidade!

Sabemos que o nosso cérebro necessita ser continuamente estimulado para “driblar as doenças que corroem a lucidez” [5]. E a Maçonaria, como lembrado nos parágrafos iniciais, é mestre nisto!

Sabemos que a solidão é um fator de risco comparável a uma enfermidade e que pode encurtar, consideravelmente, a esperança de vida [7].

Conhecemos também, o papel da solidão no agravamento do medo deste entardecer biológico; e é este medo que age como uma raiz numa colónia clonal, gerando ou agravando todos os fatores de risco tradicionais: obesidade, diabetes, hipertensão, fumo, alcoolismo, depressão, etc. [7].

Mas tudo isto pode ter um alívio! Pode ser minorado!

O ato simples e fraterno de um abraço que nos traz a incrível sensação de nos sentirmos incluídos, de pertencimento ao ambiente onde vivemos, pode fazer milagre!

A frase egoísta “salve-se quem puder” é uma falácia e participar é a única opção para melhorarmos a nossa própria expectativa de vida; e não só em quantidade, mas igualmente em qualidade, ou seja, dar vida aos nossos anos de vida [7].

Sim, podemos viver muito, mas de companhia, não de solidão [7].

Sabemos enfim, que a busca da felicidade, mesmo que o seu significado filosófico possa ser discutido, não é afinal, tão difícil de se obter como mostra o estudo de Harvard [8][9]:

“o que melhor garante a nossa saúde física e mental são as relações pessoais. Quem criou laços fortes com outros seres humanos viveu mais e melhor”.

Mas se sabemos tanto – e temos muito mais a aprender, porque não beiramos sempre os 100% de frequência nas nossas reuniões?

Para qualquer mal que nos aflija usamos medicamentos apenas ocasionalmente?

Dificuldades? Frente a qualquer arrelia, lembremo-nos da Maçonaria como remédio e, entendamos que nenhum remédio é totalmente doce e saboroso!

Ia finalizar, mas lembrei-me do paciente motivador e decidi, com o risco de continuar pueril e desafiar o cepticismo, propor que convidemos para as nossas festivas e ágapes, pessoas dos nossos relacionamentos – ou simples conhecimento – que mantenham qualquer grau de solidão, mesmo que não tenham qualquer vínculo com a Instituição.

Quanta fraternidade e filantropia existe nesta ação?

E questionou-me um Irmão: e se ele gostar e quiser vir com frequência?

Ora, não deverá ser o etarismo [6] um fator de impedimento para iniciá-lo nos augustos mistérios!

Todo sonho é permitido e como dizia um poeta local, Lindolfo Bell [10]: “Menor que meu sonho não posso ser”.

E na música “Prelúdio”, Raul Seixas foi pontual:

“Sonho que se sonha só
É só um sonho que se sonha só
Mas sonho que se sonha junto é realidade”.

Walter Roque Teixeira, M:. M:. – CIM 184.372 – ARBLS Palmeira da Paz nº 2121, Oriente de Blumenau – GOB/SC – GOB

Referências

[1] US Department of Health and Human Services. (2023). New Surgeon General Advisory Raises Alarm about the Devastating Impact of the Epidemic of Loneliness and Isolation in the United States: https://www.hhs.gov/sites/default/files/surgeon-general-social-connection-advisory.pdf.

[2] Wajngarten, Mauricio: A nefasta ‘epidemia de solidão e isolamento social’: onde estamos e para onde vamos – Medscape – 7 de novembro de 2023.

[3] Kai G et al. A.: Lonely Heart is a Broken Heart: It is Time for a Biopsychosocial Cardiovascular Disease Model. Eur Heart J. 2023;44(28):2592-2594.

[4] Terracciano, Antonio: Loneliness and Risk of Parkinson Disease. JAMA Neurology November 2023 Volume 80, Number 11.

[5] Arantes, Ana Claudia Quintana: Pra vida toda valer a pena: pequeno manual para envelhecer com alegria. – 1. ed. – Rio de Janeiro: Sextante, 2021.

[6] Teixeira, WR: Maçonaria, Etarismo e Jovencentrismo – uma meditação e uma tese! https://www.freemason.pt/maconaria-etarismo-e-jovencentrismo-uma-meditacao-e-uma-tese/.

[7] Presmann, Carlos, Doutor Professor de la Cátedra de Semiologia – Hospital Nacional de Clínicas – Universidad Nacional de Córdoba/Argentina – La Geriatrización de la Clínica: https://www.intramed.net/.

[8] Harvard Study of Adult Development: https://www.adultdevelopmentstudy.org/.

[9] Waldinger, Robert: What makes a good life? Lessons from the longest study on happiness (TED): https://www.youtube.com/watch?v=8KkKuTCFvzI&t=1s.

[10] Bell, Lindolfo: https://lindolfbell.com.br/o-poeta.

 

COMPORTAMENTO DO NOVO VENERÁVEL MESTRE


 

Mesmo experimentando incompreensões e dificuldades, o Venerável Mestre é amigo de todos, como um sol que se irradia a todos que o recebem.

Por mais que você sofra de perfeccionismo, todos nós temos defeitos. Afinal, somos seres humanos. O erro é não os admitir e, pior, não tentar corrigi-los.

O cargo de Venerável é temporário, e o exercício dignifica seu ocupante, por ter sido escolhido entre seus pares para a distinção de representá-los e conduzi-los à continuidade da Loja, visto, pois, como iluminado para a direção dos trabalhos, e tudo fará com sabedoria precisa para a orientação dos obreiros do quadro.

Poderá até ser impecável no quesito administrativo, mas deverá evitar esbarrar em problemas como: falta de tato nas relações com os obreiros; acomodação; individualismo e até ausência de ética.

Na essência, o Venerável Mestre é um coordenador, um instrumento gerador de frequência, de vibração, um modelo organizador, mediador, aglutinador, preceptor, e não um mandante, decisor, chefe ou ditador, mesmo porque lhe cabe manter a união do grupo, a harmonia do todo, o exemplo da conduta maçônica.

DESINTERESSE: Desinteressados são os que não vão atrás de soluções para os problemas. Presos à rotina, eles não buscam novos desafios. Para não ficar na acomodação, o Venerável deve trabalhar, como se a Loja fosse uma empresa de sua propriedade, assumindo os riscos e se responsabilizando pelo que resultar, certo ou errado.

Muitos Irmãos que passaram pelo trono, contam que é preferível o ocupante de um cargo que erra a aquele que nada faz, que não “veste a camisa”, que é omisso.

INDIVIDUALISMO: O dirigente da Loja não deve ter a ideia errônea de que só a informação é suficientemente poderosa para o bom desempenho das atividades.

O que importa é o espírito de equipe. Chama os Irmãos pelo nome, presta atenção e não começa outra pauta sem concluir a que está em discussão.

A questão da estrutura muito rígida está desaparecendo. A hierarquização orgânica é necessária para a distribuição de deveres e responsabilidades, proporcionais e limitadas à importância dos cargos. Uma Loja não é um quartel onde prevalece a hierarquia sobre a democracia. Hoje a Loja trabalha por planejamento e precisa de um time coeso para bem administrá-la.

Sempre que possível é bom repartir com os irmãos assuntos que tenham despertado interesse e que tenham, de alguma forma, pertinência com a vida da Oficina em particular ou maçônica em geral. O titular de um cargo da administração da Loja que não tiver o perfil de colaborador deve ser substituído de imediato.

Para corrigir essa falha, fica mais fácil sermos conscientes, enxergarmos que sempre precisamos de ajuda espontânea e consciente. Desenvolve-se uma visão de conjunto, assimilando as atividades de forma mais ampla e realista. Aprende-se, acima de tudo, a respeitar o outro.

FALHA DE COMUNICAÇÃO: Ninguém sabe o que calado quer! Como dizia Chacrinha, “quem não se comunica se trumbica”. O Venerável pode ser extremamente competente, mas, se não souber se expressar, como vai mostrar seus resultados? O poder da oratória inclui também o marketing pessoal e a negociação. Vale tudo para se aperfeiçoar, estudar, informar-se, ler, não fazer nada de improviso para poder falar com convicção sobre qualquer tema.

FORMAS PROCEDIMENTAIS: Embora não seja muito frequente, ocasiões existem no dia a dia, especificamente em Sessões de Câmara do Meio, que reclamam intervenção rápida e fundamentada do Venerável, diante de uma situação de anormalidade, por fatos inesperados.

Às vezes, surgem discussões ásperas, não havendo condições de os Trabalhos prosseguirem. De nada resultará o dirigente fazer valer a sua autoridade e se pôr a golpear com o “malhete”. Deve acabar com as disputas rapidamente. Um dos tributos do Venerável eficiente é a habilidade de ser pacificador, de ser o catalisador da reconciliação.

O que deve fazer o Venerável?

Usar do meio ao seu alcance. Comandará o “de pé e a ordem”. E pedirá a “exclamação” e a “bateria”.

Esses “sons” neutralizarão as vibrações contrárias e a serenidade voltará a reinar.

Poderá acontecer, se houver a necessidade, para benefício dos próprios Trabalhos, contornar alguma “crise”, seja da Loja em si, seja de um membro do Quadro, que o Venerável se veja obrigado a lançar mão de outros remédios para que os resultados se façam sentir.

Se as formas procedimentais não surtirem o resultado desejado, então não haverá como deixar de utilizar o recurso jurídico maçônico posto à disposição do Venerável: suspender os Trabalhos ou levantar a Sessão.

SINDICÂNCIA MAÇÔNICA: A Maçonaria, assim como outras instituições profanas, utiliza a sindicância como instrumento de coleta de dados relevantes sobre um Profano proposto à iniciação maçônica. Trata-se, portanto, de um procedimento sério, que, não raro, é desvirtuado pela falta de perfeito cuidado do Venerável e de compreensão, dos sindicantes, quanto à sua correta extensão maçônica.

Não obstante, convém não confundir a sindicância maçônica com a sindicância profana, uma vez que, apesar dos inúmeros pontos de contato, elas têm algo diferente: a sindicância maçônica tem por escopo maior oferecer dados à Loja sobre o profano proposto à iniciação, a fim de que ela possa deliberar sobre o pedido, acolhendo-o ou rejeitando-o.

Os sindicantes deverão investigar cuidadosamente e com o máximo critério, toda a vida passada e presente do Candidato, principalmente quanto às suas qualidades morais, sociais e econômico-financeiras

- O Venerável nomeará particularmente três Mestres para realizarem, independentemente, a sindicância, trabalho esse que não poderá ser recusado, salvo por razões de impedimentos justificáveis.

- Portanto, para que se tenha uma atuação satisfatória dos sindicantes é necessário que a designação recaia em mestres qualificados para o trabalho. É aconselhável indicar sindicantes que estejam próximos do candidato em relação à profissão, idade, estado civil, cultura e etc. um médico conhece melhor pormenores da profissão de um colega do que um militar, industrial ou fazendeiro, e vice-versa. Supondo-se que essa qualificação exista, pode-se assegurar que a atuação dos sindicantes deverá ser norteada pelos critérios seguintes:

- Seriedade – Exaustividade: O relatório deverá abranger o suficiente para fornecer as informações que realmente interessam à Loja.

- Imparcialidade – Criticidade: O relatório deverá conter, de modo fundamentado, a visão do sindicante no que diz respeito com a possibilidade de o Profano afinar-se com a filosofia maçônica. Nunca esquecendo que os valores espirituais e morais são mais importantes porque, sendo perenes, sobrevivem à existência material.

Um mestre recém-Exaltado ainda não tem traquejo maçônico suficiente e muitas vezes não tem mesmo conhecimento adequado, para ser sindicante. Poderá ser autor de desatinos danosos para o Profano e para a Maçonaria.

Talvez esteja na hora de as Lojas iniciarem a responsabilização daqueles sindicantes desidiosos, autores de sindicâncias maçônicas que merecem essa qualificação. Isso deveria acontecer todas as vezes que se puder provar que os sindicantes, de caso pensado, fizeram sindicâncias imperfeitas para favorecer ou prejudicar o Profano proposto à Iniciação.

CONCLUSÃO:

Considerando a diversidade de aptidões para a compreensão da parte filosófica da Maçonaria, é necessário admirar a sua moral antes de tudo – mas praticá-la.

Os que não se limitam em apenas extasiar-se diante da moral maçônica, que a praticam e a transformam no sentido mais abrangente, na regra de proceder a que obedecem, são os verdadeiros maçons, ou melhor, os Veneráveis que a Loja precisa.

Os princípios que a Maçonaria revela passam a ter por meta, em sua venerabilidade, a conquista ou manutenção de valores morais e espirituais, fundamentados nos ensinos dos Rituais.

Saberá que não conseguirá uma alteração imediata de comportamento do conjunto por força dos hábitos (usos e costumes), mas trabalhará, a partir daí, no sentido da busca permanente da renovação de sua Oficina, caracterizada pela conquista de novos e melhores hábitos e só iniciarão homens realmente “livres e de bons costumes”.

Por isso é que se diz: “Reconhece-se a Loja pelo Venerável que a dirige”. Ou, ainda: “Reconhece-se o verdadeiro Venerável pela transformação moral e pelos esforços que emprega par domar as inclinações deturpadas ou más de sua Oficina”.

 

Ir José Aparecido dos Santos

Loja Justiça n° 2 – Maringá PR

 

TRANSMITIR OS CONHECIMENTOS DE UM GRAU SUPERIOR A UM GRAU INFERIOR?


 

Uma vez perguntou-me um Aprendiz Franco-Maçom:

“Por que não devemos transmitir os conhecimentos adquiridos de um Grau superior aos subsequentes graus abaixo deste?”

Respondi:

– Desde imemoráveis tempos, pelos Antigos Costumes, a Maçonaria respeita os seus lindeiros, marcos, limites, que os são intransponíveis: os Landmarks! Além do Juramento solenemente realizado por todos nós.

É preciso que cada Irmão, por mérito e denodo próprios; por esforço de trabalho e estudos e em cumprimento com os seus interstícios e exigências adstritas, possam estar devidamente preparados para receberem o seu merecido “Aumento de Salário” ou promoção maçônica, assim como o era realizado aos pedreiros construtores do Templo de Salomão: Aprendizes, Companheiros e Mestres.

Do ponto de vista dos Landmaks, os nossos Lindeiros Maçônicos, das mais conhecidas compilações de Landmarks, o mais conhecido por nós, o compilado pelo Ir. Albert Gallatin Mackey, em “Text-Book of Masonic Jurisprudence“, 1859, apresenta-nos, (dos 25 Landmarks compilados), o Landmark de número 23°, que trata da “conservação secreta dos conhecimentos recebidos“, e, sabemos nós todos que os Landmarks são “Nolumus leges mutari“, portanto, irrevogáveis e imutáveis.

Pelo prisma da nossa Constituição GOB (Grande Oriente do Brasil), por exemplo, também cita, em Dos Deveres do Maçom, Cap. II, no Artigo 27, inciso VII: “Não revelar, de forma alguma, qualquer assunto que implique quebra de sigilo maçônico“, assim como também descrevem-se nos os Solenes Juramentos de nossos Ritos Maçônicos, em que nos comprometemos como homens honrados, livres e de bons costumes, a cumprir fielmente, pronunciados nas nossas Iniciações, Passagens e Elevações constantes nos nossos Rituais Maçónicos, à Luz do L. das SS. EE. sob o E. e o C. .

Logo, de modo conciso, estes são os porquês explicativos das preservações dos conhecimentos recebidos num Grau ou Nível Maçônico Superior a outro menor – (preservações sigilosas que não são só os de SS., TT. e PP., mas também a guarda dos CCobr., Ensinamentos e Instruções do Grau), rigorosa e circunspectamente, indicando preservação e sublime prova contínua da Palavra de um Franco-Maçom e da sua Honra.

É preciso atentar para o conceito, importância e prática de nossos Costumes, Leis e Juramentos Maçônicos, e em especial, para o cultivo da CIRCUNSPECÇÃO MAÇÔNICA que, não raro parece, estar um pouco olvidada nos últimos tempos…, mas que se constitui uma das mais relevantes Colunas de Virtude de uma Franco-Maçom: A Circunspecção Maçónica!

Alexandre Fortes, 33º – CIM 285969 – ARLS Cícero Veloso n° 4543 – GOB-PI

Referências

Text-Book of Masonic Jurisprudence. Albert Gallatin Mackey.

Constituição do GOB.

 

PALAVRA SEMESTRAL


 

A Palavra Semestral originou-se na gloriosa França, mais precisamente no dia três de julho de 1777, naqueles brumosos tempos em que os nossos Ilr.'. eram compelidos a lançar mão de todas as precauções para não terem suas cabeças roladas do cadafalso sob o golpe da guilhotina.

Aconteceu doze anos antes da queda da Bastilha, isto é, há 223 anos passados. Nesta época a franco maçonaria já havia alcançado certa segurança e estruturação em suas ordens depois de tenebrosos períodos de horrores e perseguições inquisitoriais.

O nosso Pod.·. Grão-Mestre de então, do Grande Oriente da França, plenamente convencido por longa experiência, achou estar na hora da Ordem defender-se dos falsos MMaç.'. e concluiu pela necessidade de instituir a Pai.'. Semestral com mudança regular nos dias de solstício.

A partir de então não mais aconteceriam os trucidamentos e o extermínio de obreiros e de ordens, apanhados de surpresa pelas forças das trevas por delação de falsos MMaç.·.

Foi assim que deixou de existir a Ordem dos Templários, embora tivesse ficado assegurada a continuidade da doutrina por transmissão do Gr.'. Mestre e por designação do seu sucessor antes de morrer.

Com a institucionalização da Palavra Semestral a Maçonaria estaria assim protegida para dar continuidade à sua grandiosa missão junto aos destinos da civilização, como agente de mudança para o bem social segundo os postulados de liberdade e fraternidade.

Para dar cumprimento ao seu desiderato a Maçonaria modernizou-se e sua linha teórico doutrinária sofreu aprofundamento em seu conteúdo filosófico.

Decorridos mais de duzentos anos a Palavra Semestral tem percorrido e por certo continuará a percorrer lojas e maçons como prática de transmissão pelo Ven.'. Mestre, no interior do Templo, de lábio a ouvido, atingindo a caducidade a cada seis meses.

Não raro batem à porta do Templo IIr.'. ainda não familiarizados com as nossas sábias Doutrinas. Ficam escandalizados quando impedidos de tomarem parte nos trabalhos por desconhecerem a Pal.' . Sem.'. em vigor e mesmo a anterior.

Os que assim procedem estão laborando em erro. Maçom regular é aquele que sempre sabe a Pai.'. Sem.'. em vigor.

Para possui -Ia ele deve comparecer aos TRrb.'. pelo menos uma vez em seis meses Impossibilitado de cumprir essa obrigação ele deverá dirigir-se-ão Ven.'. Mestre ou a algum outro lrm.· . para extremar o motivo da sua ausência.

Conclui-se que a Pai.'. Sem.'. encerra um poder superior ao da Carteira de Identidade Maç.'. Esta, identifica o Ir.'., a sua loja e o Gr.'. que possui.

Se contiver o visto do Ven.'. Mestre dentro do prazo de seis meses o seu portador é dispensado da trolha e geralmente é admitido em qualquer loja que haja por bem visitar.

Entretanto, se ele não portar a Cart.'. no momento, mas souber fornecer a Pal.'. Sem.'. em vigor, será normalmente acolhido em qualquer corporação Maç.'. que esteja Justa e Perf.' ..

A Pal.'. Sem.'. em vigor em nossa jurisdição é especialmente conhecida pelos nossos Ven.'. Mestres.

Eles sabem a quem devem transmiti-la.

É mister que seja dispensada a devida importância à Pala.'. Sem.' ..

Hoje, felizmente, o maçom não sofre mais o perigo da delação, da prisão, da tortura e morte.

A própria Maçonaria vem contribuindo para nova conceituação dos valores transcendentais do homem como ser livre para evoluir pelo próprio esforço, na medida em que contribui na evolução do seu irmão.

A Pal.'. Sem.', é a preciosa chave que possui o condão de abrir a porta do Templo da Sabedoria para aqueles que querem ver a Luz.

Fernando Oliveiros de Freitas (33.'.)

Delegado Litúrgico do Supremo Conselho

CÚl 3a, Zona Litúrgica – Santa Maria - RS,

 

SINDICÂNCIA! UMA AFRONTA À NOSSA INSTITUIÇÃO


 

INTRODUÇÃO – O trabalho fundamenta-se no importante processo da escolha do candidato com o desígnio de ingressar na Ordem Maçônica.

A MAÇONARIA – Também chamada de Franco-Maçonaria, pelos seus adeptos auto classificada como uma “sociedade fechada ou secreta”, agrega na sua longa existência uma coleção de definições:

É um belo sistema de moralidade velado em alegorias e ilustrado por símbolos.

É um sistema regular de moralidade, concebido numa tensão de interessantes alegorias, que desdobra as suas belezas ao requerente sincero e trabalhador [1].

No seu sentido mais amplo e abrangente, é um sistema de moralidade e ética social, é uma filosofia de vida, de carácter simples e fundamental, incorporando um humanitarismo amplo e, embora tratando a vida como uma experiência prática, subordina o material ao espiritual; é moral, mas não farisaica; exige sanidade em vez de santidade; é tolerante, mas não indiferente; busca a verdade, mas não define a verdade; incentiva os seus adeptos a pensar, mas não lhes diz o que pensar [2].

É, pois, um sistema e uma escola, não só de moral como de Filosofia social e espiritual, reveladas por alegorias e ensinadas por símbolos, guiando os seus adeptos à prática e ao aperfeiçoamento dos mais elevados deveres do homem cidadão, patriota e soldado [3].

e etc.

Segundo o Pequeno Dicionário Enciclopédico Koogan Larousse (RJ): sindicância (s. f. Inquérito, investigação). Sequenciando temos o sindicante (adj. Que faz sindicância; encarregado de sindicar, ou seja, o que coleta informações).

Sindicância ainda pode ser um conjunto de atos por meio dos quais são reunidas informações, inquirições, investigações, em cumprimento dos dispositivos legais.

Na Maçonaria a citada palavra impregna status essenciais à estrutura organizacional de uma Loja Maçônica. Proporciona a sindicância como privilégio de ser o caminho legal para que “alguém” venha ser um Maçom.

Partindo desta premissa, a tríade de irmãos indicados pelo Venerável Mestre deve ter bastante “experiencias”, para sindicar um candidato – assumem uma grande e real, responsabilidade quando sindicante -, até por perceber “que pode ser ELE o seu irmão”.

Nesta fase os irmãos devem investigar o candidato levando em conta as normas e instruções definidas pela Loja Maçônica e a sua Potência. É prudente que no diálogo com o mesmo procurem avaliar predicados outros tais como: vivência em grupo social, comportamento em família e outros mais.

Concluindo o ciclo da sindicância sempre devemos ter em mente de que “ELA” deve ser bem-feita – pois contrariando estes raciocínios: da não excelência do pleito supra referendado – teremos sérios perigos para a célula Loja Maçónica e a Maçonaria no geral.

INICIAÇÃO (evento) – de um candidato na execução em curso da sua evolução, principia a certeza de que está internalizando a emoção de um momento único – transluzindo para aos demais irmãos momentos de alegrias e satisfações.

Logo, centrado neste evento, o clima da reunião necessita de uma execução exemplar, atentando-se, contudo, para a não existência dos excessos.

Pondo fim, com a iniciação conclusa: colocamos na Ordem Maçônica um Aprendiz Maçom (novato) … cheio de perspectivas e ao mesmo tempo com insegurança do proceder.

Sobrepondo cabe-me alertar: que neste estágio o Aprendiz Maçom torna-se vulnerável, por ser considerado presa fácil aos chamados goteiras e irmãos irregulares que surge do nada, sem que percebamos.

São factos preocupantes que ameaçam a nossa Maçonaria. Mesmo compreendendo que muitos não oferecem nenhum risco aos nossos mistérios, devemos ter uma atenção cuidadosa, pois correm sérios riscos de serem divulgados vulgarmente por alguém ou mesmo pela sua família, que participava conosco das atividades maçônicas.

Como exemplo: podemos citar Cunhadas e Sobrinhos, a quem nunca foram dadas explicações, porque o seu “Mando / Pai”, foi excluído da Maçonaria e passaram a ter verdadeira aversão, que acaba sendo gratuita, pela Maçonaria.

Esta célere ameaça, acontece porque praticaram algo contra os princípios da Ordem Maçônica ou (contra aos seus próprios), ou porque apenas, certificaram-se de que aqui não é o ambiente que pensavam ser e foram desligados ou placetados.

Se foram excluídos por questões de ordem moral, ou de desrespeito às Leis da Maçonaria e são inconformados com a decisão da Loja Maçônica, muito embora tenham o amplo direito, assegurado por lei, de defesa e não o fizeram, trazem grandes imponderações para a Ordem Maçônica; se a exclusão aconteceu, apenas por fatos simples, como sendo de indolência a inadimplência, esses são inócuos.

Atualmente, há outros que realmente não são confiáveis no aspecto de informações, de divulgação dos nossos mistérios, da falta de respeito para conosco, para com as nossas cunhadas, enfim, para com a família maçónica geralmente trata-se de ser imoral, de vida profissional e particular duvidosas. São relatos que não só preocupa, como deve ser vigiado, ainda mais quando estiver ingerindo bebidas alcoólicas.

O interessante: se é que podemos assim dizer, é que, muitas vezes, quem mais usufrui, quem mais tira proveito é esse a quem chamamos de “Mau Maçom” (termo que nem deveria existir entre nós), porque está sempre envolvido em problemas e sempre que recorre à Maçonaria é prontamente atendido. Resolvido o seu problema, retorna à vida de antes, sem ligar para a ajuda recebida.

Portanto, focado no relato acima delineado descrevo dois tópicos essenciais sobre sindicância.

A conjuntura desagradável de anormalidade de diversos irmãos, que, por motivo ignorado, se encontram ausentes dos quadros das Lojas Maçónicas.

Necessitamos afinal, estagnar e trabalhar as condições que causa aos irmãos ativos embaraço, quando não sabemos explicar, convincentemente, para os recém chegados os motivos que ocasionaram esses obreiros estarem irregulares, se de facto os instruímos que só existe …

“Um culto de amor ao próximo, uma constante prática de fraternidade, toda Loja deve ser um reino de harmonia, devemos ter confiança cega e absoluta no irmão, o modelo de um futuro mundo de paz, justiça e igualdade universal”.

Nesta complexidade: a luz do conhecimento, reporto a três perguntas que se faz necessário conhecer:

Saber dos irmãos irregulares: o que dizem da Maçonaria, ou dos irmãos que as dirigem?

Como reportam as suas opiniões em público, em relação à Maçonaria?

Aferem serem injustiçados pela Maçonaria ou por irmãos que a compõem.

São, pois, indagações que inquietam, que preocupam. Um comentário inconveniente e tendencioso de um Maçom, sobre a Maçonaria em público, causa prejuízos irreparáveis e irremediáveis.

Então partimos para a grande pergunta:

Como atingir os princípios morais e os objetivos da Maçonaria, se os integrantes não são suficientemente escolhidos para tal?

Logo, ficamos entre o dever de indicar e indicar bem, sob pena de vermos a Ordem Maçônica em decadência. É fato que em alguns casos, nem os nossos irmãos consanguíneos servem para ser nossos irmãos maçons!

O ponto ideal para evitar o processo de irregularidades, germina da excelência da “sindicância” com rigor.

Questões simples, no entanto, partem da importância de sermos criteriosos e voluntários. Apropriando-se de minúcias corretamente, a curto prazo, teremos corrigido as desistências crescentes e / ou da admissão de candidatos que nada têm a ver com a Ordem Maçônica nos seus princípios, ou que vieram, apenas, matar a curiosidade.

Embora, carecemos entender que para averiguar bem, não é necessário passar longo período com a sindicância nas nossas mãos, recorrendo de tempo para vigiar o suposto candidato. O coerente é aproximarmo-nos, conversarmos com o mesmo, em família, no seu trabalho, buscando informações dos seus superiores, com os seus amigos, vizinhos e possíveis inimigos, cartórios de protestos de letras, etc.

Aliás, para tudo isto prover eficácia, é preciso que tenha o seu padrinho feito uma pré-sindicância detalhando os seus vícios, virtudes, defeitos, generosidade, atividades (sombrio e embriagado, caso tome bebidas alcoólicas), personalidade (se arrogante, nervoso e irascível), do seu apego com valores materiais, da sua coerência e hostilidade etc.

Aconselha-se que se faça um trabalho consciente, com responsabilidade, honestidade e, sobretudo com hombridade, deixando o julgamento para a Loja Maçônica.

Devemos sempre visualizar e fixar nas nossas mentes de que estamos buscando um “cidadão”, que após ser iniciado (tornado Maçom) será nosso irmão e de outros milhares espalhados pela superfície da Terra.

Conclusão

É importante que conheçamos atentamente os” candidatos” que ora propomos iniciar na nossa Ordem Maçônica. Precisamos que sejamos fortes e conscientes na decisão da escolha de um suposto profano, ainda mais, se um dentre esses for um parente ou amigo (próximo) e que na sua sã consciência de sindicante, reconheça que o escolhido, não satisfatoriamente, preencha os quesitos que a Ordem Maçônica nos determina.

Percebe-se que em determinados processos (propostas) de indicação de candidatos levedados as Lojas Maçônicas pelos “padrinhos” sofrem uma abissal incoerência -, quando o sindicante o procura para um diálogo, consegue captar o desconhecimento parcial do sindicado ao atinar que “ele”: nem sabe o porquê realmente deseja ser aceito na Ordem Maçônica. Carecemos de desenvolver um sistema melhorado para realização das sindicâncias na Maçonaria.

Então, delibero aqui afirmar que se sofismarmos aos parâmetros supramencionados estaremos decidindo pelo lado emocional, deixando o fundamental. E, pondo certamente em risco a Maçonaria Universal, sujeitando-se ainda, a trazer para o seu meio uma “Ovelha Negra”

José Amâncio de Lima, M:. I:.

Notas

[1] PRESTON, William. Illustration of Masonry. New York: Masonic Publishing and Manufacturing Co., 1867. P.37.

[2] Coil’s Masonic Encyclopedia (COIL, Henry Wilson; BROWN, William Moseley. New York: Ed. Macoy 1961 p. 159

[3] BEHRING, Mário. Ritual do Grau de Aprendiz-Maçom. RJ: Typographia DELTA, 1928, p.9

Bibliografia

FORATO, Denílson [Arquivo de Palestra – Sindicância “Joio / Trigo”]

KENNYO, Ismail. Ordem sobre o caos. Editora no Esquadro. Brasília. 2020.páginas 300

HOUAIS, Antônio. Pequeno Dicionário Enciclopédico Koogan Larousse. RJ. Páginas 1635

Revistas Maçônicas “A TROLHA”.

Materiais outros do Autor

 

PARA QUE ou POR QUÊ? (Ser Maçom)


 

O que o levou a aceitar o convite de se tornar um Maçom?

As respostas mais comuns são: Fantasia, Investimento e Inspiração. De fato, poderíamos usar outras palavras mais palatáveis, mas, no fundo, é isso mesmo.

Fantasia é uma obra criada pela imaginação, e creio que todos nós fomos acometidos por um devaneio quando convidados. Os “fantasiosos”, com o tempo, dividem-se em dois grupos: os que vivem em invencionices (Adão e muitos outros famosos eram Maçons) – a turma dos devaneios e utopias de poder e ação – que permaneceram entre nós, acusando-nos de descrentes.

A outra turma, com o tempo, estará de QP, pois o choque da realidade com o sonho, no desvario caprichoso, resultará sempre na quimera, na desilusão.

Quanto ao Investimento, divide-se, também, em dois grupos. Os “Investidores não materiais” estão à procura do conhecimento, do aprendizado e se dão bem. Já a turma do Networking, ainda na Câmara de Reflexão, questiona a frase: “Não esperes receber nenhuma recompensa material da Maçonaria”. Não compreenderam a diferença entre Irmãos e Parceiros.

A Inspiração vem das pessoas, das histórias, dos propósitos e, sobretudo, das ações. Todavia, como Maçons, devemos entender que a inspiração é uma via de mão dupla. Com o tempo, compreendemos que muito mais importante do que conhecer as instruções é consubstanciar-se a elas. Do ponto de vista etimológico, a palavra inspiração traduz a ideia de “soprar em”.

Depois desse preâmbulo, o qual espero tenha sido refletivo e nos remetido ao princípio da jornada, é hora de procurarmos as respostas ao “Para que ser Maçom” e “Por que ser Maçom”.

Pois bem! Aqui nos encontramos! Anos após a iniciação, cargos desempenhados e graus conquistados para que e por quê?

É DE SUMA IMPORTÂNCIA QUE TODOS NÓS FAÇAMOS ESSE QUESTIONAMENTO.

Dois mil e vinte e quatro se avizinha. Portanto, novas missões e novos objetivos devem nos nortear, a fim de que tenhamos um propósito maior e nada egocêntrico na Maçonaria. Dessa forma, encontraremos, de forma natural, a relação entre o Maçom e a Maçonaria.

PARA QUE SER MAÇOM?
PARA SERVIR AOS PROPÓSITOS DA MAÇONARIA!

POR QUE SER MAÇOM?
PORQUE OS PROPÓSITOS DA MAÇONARIA ME ENSINAM A SERVIR!

Afinal, qual é o propósito maior da Maçonaria? Tornar feliz a Humanidade!

Mas onde começa a Humanidade? Dentro de nós mesmos!

QUE SEJAMOS INSPIRADOS E INSPIRADORES EM 2024!

Neste ­17° ano de compartilhamento de instruções maçônicas e provocações para o enlevo moral e ético dos Irmãos, permanecemos no nosso propósito maior de disponibilizar uma curta reflexão a ser discutida em Loja. O Ritual não pode ser delapidado. A Ritualística deve ser seguida integralmente. O Quarto-de-hora-de-estudo é fundamental em uma sessão Justa e Perfeita.

Fraternalmente

Sérgio Quirino
Grão-Mestre - GLMMG 2021/2024

 

O VISITANTE E O RITUAL


 

Apesar de ser um tema um pouco polémico, e por isso é certo de que alguns Irmãos discordarão do aqui exposto, a sua abordagem é importante para a promoção da reflexão e do debate entre os Irmãos.

Existem três forças que, apesar de distintas, estão relacionadas: a regra legal, que é imposta; a regra social, que é respeitada; e a educação, maçônicamente, chamada de “bons costumes”, que leva o cidadão a respeitar a regra social e a obedecer à regra legal.

No Japão há uma antiga tradição de tirar os sapatos para entrar em casa. Se estiver no Japão e visitar a casa de um japonês, é claro que se tira os sapatos. Não é por não ser japonês que desrespeitaria tal regra social. Da mesma maneira, um japonês, ao visitar o Ocidente, não tira os sapatos em todo o lugar em que entra, pois respeita as convenções sociais locais.

Já na Inglaterra, as mãos do trânsito são invertidas: os carros movimentam-se pelo lado esquerdo da via, com o lado direito do carro voltado para o centro. Quando você vai para a Inglaterra, é evidente que você não teima e dirige como se estivesse no seu país. Assim como um inglês fora de Inglaterra, não dirige na contramão. Ele segue as regras legais.

Existem também instituições cujos regimentos exigem do homem o uso de fato e gravata. Poderia um pescador que nunca usou uma gravata exigir a sua entrada de calções e chinelos? E um índio que entra para as Forças Armadas, está dispensado do uso de uniforme devido à sua cultura?

Seja numa casa no Japão, numa rua de Londres, num Fórum de uma cidade, num quartel no meio da selva ou em qualquer outro lugar do mundo, as pessoas de bem respeitam as regras sociais e sujeitam-se às regras legais do local onde estão. Na Maçonaria, fraternidade de cidadãos exemplares, todos homens livres e de bons costumes, isto não deve ser diferente.

Porém, muitas vezes assistimos a simbologias e ritualísticas serem quebradas por visitantes crentes que devem seguir as regras das suas Lojas, e não da Loja que estão a visitar.

Uns não respeitam o modo de circulação do rito adotado pela Loja visitada, talvez com receio de estarem a ferir o que aprenderam nas suas próprias Lojas.

Outros, Mestres Maçons, insistem em utilizar todos os paramentos e acessórios maçônicos de um Mestre ao visitarem uma Loja no grau de Aprendiz de outros ritos, porque assim é feito no seu rito.

Estes últimos ignoram o fato de que na maioria dos ritos o uso do Chapéu numa Loja de Aprendiz é restrito ao Venerável Mestre, sendo representativo da sua autoridade e governo da Loja, simbolismo esse muito bem reforçado nas Instalações.

Quando, nestes casos, visitantes utilizam chapéu, estão a anular a representatividade da autoridade do Venerável Mestre anfitrião e, de certa forma, ferindo o simbolismo do rito visitado.

As regras, simbolismo e ritualística do seu rito alcançam somente as reuniões dele. Ao visitar Lojas de outros ritos, respeite as regras sociais e siga as regras legais dele.

Não importa se na sua Loja o certo é assim ou assado. Os “bons costumes”, a que todo o maçom deve observar, ditam que, na casa dos outros, “há que dançar conforme a música”.

Como muito bem ensina o ditado: “Quando em Roma, faça como os romanos”.

Kennyo Ismail

 

MAÇOM SEM LOJA?


 

Escutei a afirmação de um irmão:

– Não tenho tempo para frequentar os trabalhos da minha Loja, mas aqui fora, sou mais Maçom que muito irmão no templo…

Após refletir muito sobre a questão, emitimos a nossa opinião. Embora opinião pessoal, podemos afirmar que esta é bem coerente com o pensamento da instituição.

Acreditamos que a nossa Sublime Ordem torna possível a todos os seus adeptos, um terreno fértil para o estudo da verdade. Através da valorização do trabalho intelectual de cada irmão, por mais simples que seja, criamos o pano de fundo necessário ao autodesenvolvimento do Maçom.

Embora uma Loja proporcione este ambiente, esta não é a única organização que proporciona meios para atingir a valorização humana. Outros redutos, outras instituições do livre pensamento, trazem e oferecem aos seus seguidores, oportunidades para se alcançar o equilíbrio que, talvez, possamos chamar de felicidade.

Existem homens que não necessitam de outros e vivem solitários e, com introspecção, chegam ao Nirvana.

Outros procuram reunir-se, a fim de completar a sua crença religiosa, em sociedades desportivas, sociais, educativas, etc., e satisfazem as suas carências.

Existem ainda homens que, participando das atividades sociais de uma associação religiosa, se veem satisfeitos em todas as suas necessidades.

– Bem-aventurados.

Outros necessitam algo mais, e encontram na Maçonaria, refúgio para a sua livre manifestação, não sendo questionados na sua crença, religião, raça, classe social, no seu partido político, podendo estudar e manifestar-se livremente.

Existem refúgios de virtudes e de bons costumes, fora da maçonaria.

A maçonaria não possui o privilégio, nem pretende ser a única instituição capaz de trazer e dar ao homem a felicidade. Homens virtuosos existem e existiram em todos os tempos e lugares. Fora de um templo maçônico também se praticam as boas qualidades. Estaríamos praticando a soberba se assim não pensássemos.

O único dono da verdade é o G ADU.

Concluímos que fora do templo, praticamos as qualidades de um Maçom, ou seja, virtudes, que qualquer homem de bem, livre e de bons costumes, possui. Mas pode haver maçonaria sem os seus símbolos, sem o seu ensinamento esotérico e sem um templo para abrigar tudo isto? Não, certamente que não.

Ao se reunirem, os primeiros maçons especulativos e aceitos, nas tabernas inglesas, desenhavam a tábua da loja no piso e somente após está pronta, declaravam a loja aberta.

Sem aqueles símbolos não existia loja, não existia sessão, não existia a própria maçonaria.

Com estes dados acreditamos que, para praticarmos maçonaria, necessitamos obrigatoriamente de um templo maçónico aberto e em sessão.

Sem um templo não existe o Maçom.

Devido aos múltiplos afazeres do mundo moderno, das obrigações que nos envolvem, muitos irmãos não conseguem frequentar assiduamente os trabalhos da sua loja, mas existem momentos em que se torna imperiosa a sua presença. Momentos de afirmação da própria instituição, onde a ausência do irmão enfraquece e leva à morte a própria ordem.

Por exemplo: no dia em que se instala um novo Venerável Mestre; nos dias em que homenageamos São João nas datas dos solstícios; nas Assembleias Gerais; no início das atividades de cada ano; quando entregamos um irmão a subjetividade; nas iniciações, momento este que a ordem cresce e a presença de irmãos é fundamental.

Concluímos que fora do templo se praticam as qualidades do Maçom, mas “nunca” maçonaria. Maçonaria só no templo.

Roberto Raul Hübner Viola

 

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