Enquanto criança alimentava a ideia de que a
Maçonaria constituía algo exemplar, digno de pessoas com caráter e postura
diferenciadas, que lutavam por ideias e ideais sublimes, presentes em momentos
históricos e importantes de nosso Brasil e do Mundo. Dei continuidade a esta
“curiosidade” ainda na minha juventude e como adulto, mantinha o pensamento em
um dia me fazer merecedor de integrar esta plêiade de homens incomuns.
Para minha felicidade ao constituir-me homem nesta
fase adulta de minha vida, pude então sair do período de “curiosidade” para a
vivência maçônica, onde, após conviver com pessoas que já a integravam fui
aceito e iniciado na Ordem. Iniciava-se aí a minha outra fase infantil. Uma
infância maçônica, onde a beleza dos templos, o rigor ritualístico, suas
tradições, costumes e ideais agora realmente vivenciados me fascinavam. Os
ensinamentos que adquiria a cada dia sobre: moral, ética, família e tantos
outros a cada reunião mostravam-me que estava diante de valores que fariam
diferença em minha vida.
Como em todos os lugares onde temos pessoas que
pensam de formas diferentes e expressam, nem sempre de maneira adequada, o
resultado de suas meditações, pude observar que muitos maçons viviam a
questionar a atuação da maçonaria nos dias atuais, pois, tendo a Ordem
participado dos momentos relevantes da transformação da sociedade, hoje estaria
“adormecida” diante de tantos atentados a liberdade, a igualdade e a
fraternidade.
Confesso que por um período me abateu certa
tristeza e dúvida, afinal de contas, homens de mais idade, experiência e
vivência maçônica, os Mestres, a todo instante demonstravam seu descontentamento
e emitiam opiniões como: “A Maçonaria de hoje não é mais como a maçonaria de
antigamente” e iniciavam “embates” desnecessários dentro das Lojas.
Frustrado, comecei a pensar que talvez tivesse
chegado atrasado e ventilei a possibilidade de não mais perder meu tempo em
algo que teria perdido a sua essência.
Minha sábia mãezinha, vendo minha tristeza ao
retorno de cada reunião então me aconselhou a ter mais paciência e tolerância,
observar as atitudes de outros e por inspiração e fé no Grande Arquiteto do
Universo, fui ter com os mesmos homens que me inspiraram a vontade de
iniciar-me na Maçonaria.
Mais uma vez estava eu contando com a proteção do
Senhor que tudo criou e nada abandona e pude ouvir muitas explicações que me
levaram a aceitar minha condição de Aprendiz e que ainda estaria tirando
conclusões precipitadas dando ouvido às palavras daqueles que não trabalham
para o progresso da humanidade e nem da maçonaria como deveriam.
Pude observar atento que normalmente os Maçons que
muito questionam a Maçonaria atual, se esquecem de que na verdade a Maçonaria
somos nós: maçons.
Que nos templos aprendemos a beleza ritualística, que nos
serve de amparo a concentração para a absorção dos ensinamentos maçônicos, mas,
que é fora dos templos que realmente construímos o progresso, a evolução da
Maçonaria e os seus frutos revelam-se para a sociedade e ainda mais, que acima
de tudo, iniciamos esta construção em nossas casas, junto às nossas famílias e,
principalmente, na,educação de nossos filhos, que observam nossas atitudes.
Entendi ainda mais que isso: que embora a Maçonaria
possua a perfeição em seus ensinamentos, nós homens, somos imperfeitos e,
muitas vezes, erramos; temos de aprender a corrigir nossos defeitos,
reconhecendo-nos seres em evolução, e aí sim, buscar ações dignas de tudo que
aprendemos. Valeu-me aí outro sábio ensinamento: “Reconhece o verdadeiro homem
de bem pelos esforços que emprega para domar suas más inclinações”.
Havia então formado a minha opinião, que com o
tempo pude observar ser herdada dos maçons que realmente trabalham a cada dia
na formação de uma sociedade mais justa: Não há mais abolição de escravatura a
ser empenhada pela Ordem, nem o decretar da independência do Brasil, mas ainda
tempos a abolição da fome, da influência das drogas e a independência de cada
semelhante que sobrevive sob o domínio do mais rico, do mais poderoso.
Estes males, dentre outros, estão na frente de
batalha da Maçonaria contemporânea e devem ser combatidos com o mesmo esmero e
dedicação dos notáveis maçons dos tempos passados.
Certamente algo mudou. Com o passar o tempo, a
sociedade em sua evolução natural desenvolveu progressos no campo das ciências
e da medicina, mas também o fez no campo dos vícios e dos malefícios,
obrigando-nos como maçons a nos posicionar frente a estas novas lutas e a este
novo tempo.
Concluo, após este período inicial de aprendizado,
que a Maçonaria é realmente a instituição que permitirá construirmos uma
sociedade justa e perfeita, porém, devemos acrescentar o tempo como fator preponderante
à nossa vocação progressista, para que não corramos o risco de estagnados e
inoperantes, além de ficarmos parados observando o trem da história seguir,
desestimularmos os que chegam à Ordem Maçônica com afirmações que não são
verdadeiras, cobrar de nossos Irmãos atitudes de “homens perfeitos”, enquanto
sabemos que certamente nossos papéis ao encontrar as imperfeições é o de
dedicar fraternalmente para a liberdade daqueles que se escravizam nelas.
Para aqueles que escolheram reclamar no lugar de
lutar, falar qualquer coisa no lugar de investigar e aprender devemos sempre
lembrar: A Maçonaria somos nós, nossas atitudes e nossas ações. Nossos ideais
sublimes devem ser colocados em prática e nossos aprendizes estimulados e
motivados a cada momento. Ela assim permanecerá, como se mantém há séculos,
sobrevivendo ao tempo e aos caprichos do homem.
Richardson Fernando Marcolino - ARLS Moral e
Sabedoria Nº 151 - Goiânia/GO - Jurisdicionada a GLEG – Grande Loja Maçônica do
Estado de Goiás
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