“O benevolente
propósito da Instituição Maçônica é de alargar a esfera da felicidade social e
de promover a felicidade da raça humana” (George
Washington)
Iniciação Maçônica -
O primeiro contato do
Candidato com a Maçonaria se estabelece através da Cerimônia esotérica da
Iniciação. Por si só, este fato demonstra a fundamental diferença existente
entre a Ordem Maçônica e as demais sociedades, quer religiosas, quer sociais,
do mundo profano no recrutamento de seus associados.
E na verdade, a
Iniciação Maçônica não é uma simples recepção de novo membro e sua apresentação
aos demais. É, ao contrário, a execução de um cerimonial impressionante
composto de vários Ritos iniciáticos, através do qual se objetiva despertar no
Candidato a percepção de um mundo novo.
Transposto os umbrais
de um Templo Maçônico, abre-se para o Neófito um caminho desconhecido que o
levará, sem dúvida alguma, a viver uma existência diferente. É como se nascesse
de novo.
Diferenças fundamentais
- A Maçonaria não é
uma sociedade política, como alguns pensam, nem uma associação de beneficência,
como outros supõem. E, efetivamente, a beneficência e a filantropia de nenhuma
forma constituem a finalidade específica da Maçonaria, sendo apenas as consequências
naturais das doutrinas que ensina. O
objetivo de uma Loja Maçônica consiste principalmente no aprimoramento moral e
intelectual de seus Obreiros.
Empolgados pelas
teorias científicas, políticas e sociais que sacodem o mundo profano, desconhecendo
ou fazendo caso omisso de ser a Maçonaria, antes de tudo, uma sociedade iniciática.
Há os que pretendem transformá-la em força atuante no cenário político e social
do país, seja através de manifestações políticas, seja por meio de grandes
empreendimentos sociais ou filantrópicos. Isso quando não pensam em convertê-la
em associação similar aos Rotary, Lions, etc., sociedades fundadas por Maçons
para a prática da caridade com o auxílio de Profanos, e às quais a Maçonaria
serviu de modelo.
Os usos e costumes
trazidos até nós pela tradição formam, no entanto, a inconfundível fisionomia
da Maçonaria, e no dia em que for abolida, ela deixará de ser uma ordem
iniciática, para cair no nível de tantas e tantas sociedades filantrópicas que
proliferam no mundo profano.
Porém, a mais notável
diferença entre tais sociedades, indiscutivelmente beneméritas, e a Maçonaria,
é que aquelas não se preocupam tanto com o comportamento moral de seus membros
como esta, cujo programa fundamental é de elevar Templos à virtude e de cavar
masmorras ao vício. E de fato, tal é a principal tarefa de um Maçom, tarefa
recomendada pelos Rituais.
Política –
No que se refere à
política, embora outrora, no Brasil, as sociedades secretas políticas
interessadas na independência do País, se convertessem posteriormente em Lojas
Maçônicas, trata-se de uma atividade que não pode ser exercida pela Ordem, como
associação maçônica; no entanto, todo Maçom, individualmente, pode atuar na
política por ser um direito impostergável de todo cidadão. O Maçom pode ser
político e deve exercer os seus deveres políticos, a Ordem não. A associação é
obrigada a manter a mais rigorosa equidistância entre os vários partidos, a fim
de manter a harmonia em seus quadros, que se compõem de seguidores de todos os
partidos políticos reconhecidos. Por esta razão, é rigorosamente proibido falar
de política em uma Loja Maçônica.
Objetivos –
Que pretende, pois, a
Maçonaria ao Iniciar Candidatos? Exatamente o que todas as sociedades secretas
iniciáticas da Antiguidade pretenderam: transformar Profanos em Iniciados.
Tanto os mistérios antigos, como os mistérios cristãos, eram escolas cujos discípulos
se empenhavam com todas as suas forças ao seu próprio desenvolvimento, mas não
em benefício de seus próprios interesses; buscavam tornarem-se melhores visando
tão-somente o benefício de seus semelhantes. Viam no seu próprio
desenvolvimento moral e intelectual a primeira condição para que pudessem
trabalhar para os outros.
Solidariedade maçônica -
Embora a Maçonaria não
seja de nenhum modo uma sociedade de beneficência nem de socorros mútuos, como
muitos erradamente pensam o espírito de solidariedade, não obstante, não está
alheio ao Maçom; deve, ao contrário, fazer parte de sua própria natureza e
condição de Maçom...
A Maçonaria põe em
relevo, com um poder de lógica não alcançado por nenhuma outra doutrina, a
fraternidade e a solidariedade. A verdadeira superioridade consiste nas
qualidades adquiridas e se traduz principalmente por um sentimento profundo dos
nossos deveres para com os humildes e os deserdados deste mundo. Há obrigações
devidas por todo Maçom aos seus irmãos, que assim podemos resumir: assistir um
irmão em sua aflição ajudá-lo em suas virtuosas empresas, fazer votos para o
seu bem-estar, conservar os seus segredos, e defender a sua reputação tanto na
sua ausência como na sua presença. Em linguagem mais extensa:
1º - Quando as
necessidades de um irmão solicitarem o meu auxílio estarei sempre pronto para
prestar-lhe tal assistência, para salvá-lo da ruína, enquanto não for
prejudicial a mim ou às minhas relações, se achá-lo merecedor disso.
2º - A indolência não
será causa de minha hesitação, nem de minha indignação e não me farão desviar;
mas esquecendo qualquer consideração egoísta, serei sempre pronto para servir,
socorrer e ser benevolente para um companheiro em aflição, e mais
particularmente a um Maçom.
3º - Quando fizer
votos ao Deus Todo-Poderoso para o bem-estar de um Irmão, lembrá-lo-ei como se
fosse eu próprio; como as vozes das crianças e dos inocentes sobem para o Trono
da Graça, assim com toda certeza as súplicas de um coração fervoroso elevam-se
até as mansões da benção, tanto quanto as nossas preces são certamente
necessárias aos outros.
4º - Guardarei como se
fosse meu o segredo de um irmão a mim confiado como tal; como se traindo esta
confiança poderia fazer-lhe o maior dano que seria capaz de sofrer nesta vida
mortal; não somente isto, mas seria semelhante à vilania de um assassino, que
se embosca na escuridão a fim de apunhalar o seu adversário, quando desarmado e
não estando preparado para enfrentar um inimigo.
5º - Suportarei o
temperamento de um irmão em sua ausência como o faria em sua presença; se
estiver em meu poder, não insultaria injustamente, nem permitiria que outros o
fizessem.
O Irmão Plantagenet tem
muita razão quando diz que a solidariedade não constitui para o Maçom um ideal
ou uma finalidade. O Maçom deve encará-la apenas como uma disciplina, como algo
natural. É por este motivo que, em todas as reuniões maçônicas, percorre a
Oficina o Tronco de Solidariedade ou de Beneficência. Através dele, lembra-se o
Maçom o espírito de solidariedade, o qual, para ele, deve transformar-se em
hábito.
Assim, quando numa
circular, datada de 16 de outubro de 1861, o Ministro do Interior de Napoleão
III, Persigny, pretendeu considerar a Maçonaria como uma associação de
beneficência, assimilando-a as sociedades de São Vicente de Paulo, os Maçons
franceses protestaram, dirigindo ao Ministro as seguintes palavras: “Os nossos antepassados
há muitos séculos, reuniram-se sob ritos antigos, não para exercer a caridade,
mas para procurar a verdadeira luz... A caridade é uma consequência das nossas
doutrinas, e não a finalidade das nossas reuniões”.
Para muitos Maçons que
não distinguem a diferença entre as duas palavras, basta dizer que a caridade é
um favor que se presta, ao passo que a solidariedade é uma obrigação. A finalidade das Lojas,
de um lado, é facilitar a procura da Verdade e, do outro, é ensinar o duro e
penoso trabalho do desbaste da Pedra Bruta.
Contudo, o que há de
menos difícil é contribuir materialmente para o alívio dos infortúnios que
podem ser socorridos. A Maçonaria, desde os tempos mais remotos, impôs aos seus
adeptos a obrigação de assegurar a existência das viúvas e dos órfãos da
Confraria. O ancião impotente tampouco era abandonado; recebia cuidados
convenientes e sabia que funerais decentes lhes seriam reservados. Os Maçons
modernos não se quiseram subtrair a estes tradicionais e sagrados encargos;
assim toda Loja tem o seu tronco de beneficência, sem prejuízo de contribuições
à caixa de socorros e outras obras de caridade: orfanatos, asilos, etc.
Valdemar Sansão – M.'.
M.'.
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