O INÍCIO DE UMA NOVA VIDA


Agora, que estou prestes a alcançar meu primeiro aniversário de minha iniciação, tenho indagado meu coração se valeu à pena ingressar na instituição maçônica.
Em primeiro lugar é priori, para mim, fazer um exame de consciência para verificar o que eu era antes de ser iniciado e o que sou hoje.

E esse exame é realmente necessário, uma vez que ao entrar na câmara de reflexão eu estava nas proximidades de meus trinta e oito anos de idade, sendo os últimos quinze anos já residindo nesta cidade. A qual constitui minha nova família.


Sabia, portanto, o que eu ia fazer e me perguntava qual a razão de não ter ingressado antes na sublime instituição, pois nada acontece por acaso. Hoje tenho consciência de que foi melhor que acontecesse da maneira como aconteceu. Depois de um ano, dou um excepcional valor no fato de que a iniciação começa com a entrada do candidato na câmara de reflexão.

Antes de tudo, a câmara de reflexão surgiu diante de meus olhos como um lugar assombroso, hoje tenho ela como algo de extraordinário valor simbólico. Em meu entender, nada existe de mais importante na simbologia maçônica do que a câmara de reflexão. É ali que se inicia a vida maçônica. É ali, que o iniciado passa pela primeira prova a da terra e só depois de passar por essa prova é que se desenrolará toda a vida maçônica do candidato.

Em meu entender, quando o candidato é introduzido naquele recinto deve-se-lhe alertar para que preste bastante atenção, observando tudo o que ali se encontra. Isso fará com que, quando lhe for perguntado sobre o que observou ou pensou quando estava na câmara de reflexão,ele, certamente terá o que dizer e não ficará atônito sem saber o que responder. Sem dúvida alguma é ali, na câmara de reflexão, que o ato iniciático tem seu inicio.

Na ocasião, muita coisa me passou despercebido porque não pude manter intacta a atenção, por não saber por que me colocaram ali naquele lugar, por não saber o que ia acontecer comigo. Tudo era dúvida. Tudo era surpresa, vindas do desconhecido. 

São tantas as inscrições distribuídas por aquelas paredes negras, são tantos objetos postos diante de nós, que uma confusão enorme se estabelece em nosso espírito.

Não sabe o que se pensar. Existe sim, a certeza que algo de novo começa a acontecer. Ali naquela escura caverna nada há que não se revista de grande seriedade. Se a caveira e a ampulheta nos põem diante dos olhos a lembrança de que a vida passa e que a morte chega, o galo nos traz à lembrança que ele é o verdadeiro relógio a marcar os minutos do início de um novo dia. 

Passado este tempo desde minha iniciação pude ver que cresceu em mim a certeza de que o galo ali está como símbolo de despertar de uma nova consciência de vida, e muito mais que isto, o início de uma nova vida, uma espécie de ressurreição com vistas a um aprimoramento tanto intelectual quanto espiritual.

E logo meu pensamento se voltou para outro ângulo da verdade: estava sendo introduzido em algo que não podia ainda atinar o que seria mais com certeza de que esse algo era muito importante.

Um copo d’água, um pedaço de pão, nada nos sugere?

O enxofre, este nos lembra a alquimia, lembra-nos a “tria prima” de Paracelso. Imediatamente nos vem à mente o trio fundamental, quando se juntam o mercúrio e o sal.


E aquelas letras brancas, enfeitando o negro da parede “V.I.T.R.I.O.L.” Quando direcionei o olhar sobre elas não consegui atinar seu significado. Qual a razão de elas ali estarem se era possível que eu pudesse alcançar sua significação naquele momento. Jamais me passou pela mente que aquelas letras fossem as iniciais das palavras que compõem uma frase latina do mais alto significado filosófico. É de meu entender que, talvez, na iniciação, nada exista que supere a seriedade e, mesmo, a grandiosidade da câmara de reflexão.

Nada enxergando com meus olhos vendados, pude voltar meus pensamentos para meu interior. Muitas coisas passam pela nossa mente e vemos a lembrança do passado. Nem tudo do nosso passado pode ser revelado. Quantos erros, quantas ações que nos envergonham... Mas há também aquelas ações de que nos orgulhamos. Se, no passado, teve momentos de alegria, de felicidade até, momentos houve de tristezas e de lágrimas.

Tinham-me pedido uma série de documentos que provasse minha honestidade. É claro que tais documentos mostraram que eu era um homem direito, sem acertos de contas com a justiça. Mas e meu interior? Quantos acertos de conta tive que fazer comigo mesmo...

Ainda com meus olhos vendados e com aquele pé descalço, não era fácil meu caminhar, pelas diversas viagens da qual eu era submetido. Mas era conduzido por um futuro irmão, que a cada novo passo me tornava mais confiante, e o certo que eu viria depois que tudo aquilo tinha uma razão de ser.

O caminhar pela estrada da filosofia maçônica não é fácil. É necessário ter muita força de vontade. É preciso estudar, é preciso estar atento às palavras dos mestres, a fim de que nada passe despercebido ao nosso interesse de crescer tanto espiritual quanto moralmente. O desbaste da pedra bruta tem que ser feito com muita atenção. Porque o nosso maior inimigo é o nosso próprio ego.

A iniciação tem o sentido exato do radical da palavra. É preciso começar, é um nascer de novo, um renascer de esperanças novas, em busca da grande verdade.

Para ser um iniciado, nós devemos ser livres e de bons costumes. Livre, sim, porque muitos homens são escravos de si próprios, sem força para abandonarem seus vícios, sem a visão de suas próprias fraquezas, amarrados a uma vaidade tola, esquecidos de que tudo passa e só a virtude é digna de morar na alma do homem.

A maçonaria está atenta a tudo a que possa prejudicar o desempenho do homem iniciado sobre a terra. Para ser iniciado, o indivíduo precisa provar que age corretamente no dia-a-dia de sua vida no mundo profano.

Temos ainda que nos lembrar de algo também muito importante é que, quando nos apresentamos para passar pelas provas iniciáticas, nós somos despojados de todos os metais.


Alguns chegam a afirmar que os metais são impuros, daí que o neófito não pode portá-los durante a cerimônia de iniciação. É certo que vários e muitos são os motivos e as razões que levaram a sublime instituição a adotar esse tipo de rigorosa proibição. Talvez seja para alertar o iniciado que ele deve dominar a si mesmo quando aparecerem desejos de enriquecimento fácil. Pode ainda simbolizar o abandono de toda e qualquer paixão, de toda e qualquer superstição.

E quando recebemos a LUZ? Ai passamos a ocupar o topo da coluna do norte, onde a claridade é quase inexistente. Ai começa nossa caminhada maçônica, procurando limpar o nosso interior de todas as arestas grandes ou pequenas, ao mesmo tempo devemos procurar ativar as belezas das virtudes que devemos possuir.

O aprendiz é comparado a uma pedra bruta, isso é aquela pedra que não pode, por suas asperezas, fazer parte de uma construção de primeira grandeza. Existe nesta alegoria um fundo de verdade, pois nós devemos trabalhar em nós mesmo, com constância, sem esmorecimento, voltando-nos para nosso interior. Ai podemos observar toda força existente no lema adotado por Sócrates: Conhece-te a ti mesmo.

A maçonaria é uma escola, assim, para que o aprendiz-maçom possa alcançar aquele estágio, onde se encontram os verdadeiros e autênticos maçons, além do desbaste da pedra bruta, nessa luta por uma melhoria espiritual, temos que crescer também em sabedoria. Para isso recebemos o ritual onde assimilamos os conhecimentos da sabedoria maçônica. Além dos rituais, devemos estar atento ás explicações dos mestres, captando deles todos os ensinamentos.

A iniciação não significa apenas “introdução de um novo elemento na maçonaria”. Iniciação significa muito mais. Se o novo maçom não tiver presente o verdadeiro sentido do ato iniciático comete um sério engano. O verdadeiro e justo significado maçônico da iniciação é mudança. 

Mudança no sentido moral e ético. Sobretudo, é bom lembrar que ser maçom é procurar ser melhor em todos os sentidos: moral, intelectual e espiritual.
Quem cumpre o que prometeu no altar dos juramentos, quem cumpre suas obrigações profanas e maçônicas, é fiel com relação à própria família, é fiel para com a maçonaria e, é fiel ao Grande Arquiteto do Universo.

Agora a quase um ano de minha iniciação, depois de ter muito estudado, há de concluir que valeu e muito a pena ter iniciado nesta ordem, da qual me orgulho de fazer parte. E, é certo, que continuarei estudando ainda mais, e continuarei a desbastar a “pedra bruta” não só em beneficio próprio, mas, sobretudo, para a grandeza cada vez maior da nossa sublime instituição, que é a maçonaria.

Fica aqui meus sinceros agradecimentos a todos obreiros dessa oficina, pela acolhida e o carinho a mim dispensado.

T.’.F.’.A.’. 
Ir.’. Alexsandro Luiz de Castro
A.R.L.S. “Verdade e Justiça” Nº 3.829-GOEMG-GOB
Or.’. Visconde do Rio Branco-MG.
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