Fábula árabe conta a história de rico mercador daquelas terras, possuidor de muitos tesouros, camelos, cavalos, escravos e concubinas, que atravessava regularmente o deserto à frente de longas caravanas para exercer o seu mister de troca de mercadorias – tecidos, azeite, vinhos, frutas e outros artigos do gosto das gentes de lá.
Além de enfrentar diariamente, em suas jornadas, as ardentes temperaturas do deserto, durante o dia, e a seca frialdade das noites saarianas, os cuidados com a sua carga, seu pessoal e seus animais, uma coisa mais o preocupava: a sua segurança pessoal. Daí, que tinha forte escolta, comandada por homem valente de sua plena confiança.
Quando, certa noite, a caravana sofreu um assalto, repelido após breve refrega, foi Hassid, o comandante da escolta e seu guarda pessoal, que lhe salvou a vida, expondo-se, embora, a um golpe traiçoeiro do bandido, que o feriu gravemente e não ao seu senhor.
Em homenagem ao heroísmo do seu defensor, o rico comerciante mandou grafar o seu feito em grandes letras sobre enorme bloco de granito, que foi colocado em cima de elevado rochedo, cujo texto podia ser lido a longa distancia por viajantes que por ali passassem.
Tempos depois, eis que, certa madrugada, a caravana do rico mercador é novamente assaltada, agora por bandidos mascarados, cujo chefe o atacou diretamente. No combate, a espada do rico mercador arrancou a mascara do bandoleiro e... surpresa dolorosa! Era Hassid, o eis comandante de sua escolta, que lhe havia salvo a vida anteriormente.
Novamente o rico mercador determinou que sobre as areias da mais elevada duna fosse escrito o episódio, ressaltando que aquele que lhe savara a vida agora contra ela atentara.
Indagado por que mandara registrar o primeiro episódio em bloco de granito e por que motivo o segundo episódio foi registrado sobre as areias de uma duna, o rico mercador enfatizou que, os grandes feitos devem ser perpetuados como o fizera no bloco de granito para servir como exemplo dignificante e os atos condenáveis devem ser apagados da memória, assim como a mensagem escrita na areia, que o vento se encarregou de apagá-la para sempre.
Até hoje, os sábios árabes mostram a atitude do rico mercador como modelo de grandeza d’alma, de indulgência, de condescendência. Pois, como justificou seu ato o rico mercador, as boas ações devem ficar na memória do povo para sempre e a lembrança de ações odiosas devem ser levadas pelo vento ou enterradas na areia do deserto.
17 de fevereiro de 2012
Marcos José da Silva
Grão-Mestre Geral – GOB-BR
Grão-Mestre Geral – GOB-BR
Uma mensagem muito valiosa e assertiva pra se seguir com retidão em direção ao Grande Arquiteto Do Universo
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