No
Rito Escocês Antigo e Aceito, o ofício de Orador é aquele cujo titular pode
exercer a mesma função, mas que vai muito mais para além dela. O Orador não se
limita à invocação do Grande Arquiteto do Universo. Aliás, em bom rigor, nem
sequer é esse o principal escopo deste ofício.
O
Orador é o oficial da Loja encarregue de tirar as conclusões de qualquer
debate. A discussão de qualquer assunto é levada a cabo segundo regras
destinadas a permitir um debate sério, sereno e esclarecedor, em que cada um
expõe a sua idéia e os motivos dela, mais do que rebater as idéias expressas
pelos demais.
Em
reunião de Loja, procura-se que todos os membros se expressem pela positiva,
isto é, afirmem as suas idéias, não pela negativa, limitando-se a criticar as
opções dos demais.
A
forma como decorre o debate numa Loja maçônica já a mencionei no texto Decidir
em Loja. E já aí referi que "No final, um oficial da Loja, o Orador,
extrai as conclusões do debate, isto é, resume as posições expostas, os
argumentos apresentados, podendo ou não opinar sobre se existiu consenso ou
sobre a decisão que aconselha seja tomada.
A função do Orador, porém, vai muito mais longe do que a sua intervenção para tirar as conclusões do debate. O Orador é, no clássico esquema da separação de poderes que Montesquieu nos legou, o representante do Poder Judicial na Loja.
A função do Orador, porém, vai muito mais longe do que a sua intervenção para tirar as conclusões do debate. O Orador é, no clássico esquema da separação de poderes que Montesquieu nos legou, o representante do Poder Judicial na Loja.
É ele
que deve especialmente zelar e velar pelo estrito cumprimento dos Landmarks,
usos e costumes maçônicos e pelo cumprimento das normas regulamentares, seja
emanadas da Potência em que a Loja está subordinada.
É a ele que cabe advertir os demais quando se
lhe afigure que quaisquer destas normas está a ser na não cumprida ou em vias
disso, em ordem a prevenir a indesejada violação. É a ele que, havendo infração
suficientemente grave para justificar punição, cabe instruir o respectivo
processo.
É o
Orador o único Oficial da Loja que tem a prerrogativa de poder interromper o
Venerável Mestre, que à sua opinião se deve submeter, quando emitida em relação
à aplicação ou interpretação de normas maçônicas.
O Orador da Loja zela e vela, em resumo, pela Regularidade da prática maçônica da Loja e de todos os seus obreiros. É, por isso, um ofício particularmente importante, que deve ser exercido por um maçom experiente, se possível um antigo Venerável Mestre.
O Orador da Loja zela e vela, em resumo, pela Regularidade da prática maçônica da Loja e de todos os seus obreiros. É, por isso, um ofício particularmente importante, que deve ser exercido por um maçom experiente, se possível um antigo Venerável Mestre.
Mas, reconhecendo-se embora
a importância deste ofício, deve-se ter presente que o seu titular não deve
interferir na gestão da Loja. Tal compete especificamente às Luzes da Loja e,
em particular, ao seu Venerável Mestre. Daí o paralelo que acima efetuei com a
doutrina da separação de poderes. Daí a conveniência de o ofício ser exercido
por mão e mente experientes.
Ao
Orador cabe prevenir infrações e excessos de poder. Deve, por isso, saber
reconhecer perfeitamente os limites da sua própria função, sem, no entanto,
deixar de exercê-la. Como em tudo o mais em Maçonaria, equilíbrio é a palavra
chave.
Marcelo
Bezerra
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