O título deste artigo
encerra em si uma dualidade proposital. Por um lado, pode ser tomado como
irônico, pois faz uma alusão à forma sensacionalista como a maçonaria
repetidamente é tratada por grande parte dos meios de comunicação de massa –
como ‘misteriosa’, cheia de segredos e símbolos estranhos. Entretanto, a
maçonaria de fato encerra em sua filosofia antigos mistérios, revelados apenas
aos seus membros.
Por incrível que pareça, em pleno ano de 2010, muita gente ainda não faz ideia do que é a maçonaria, a despeito das toneladas de informação sobre essa instituição que circulam nas livrarias e, em maior volume ainda, na internet. Muitos acham que ela é uma sociedade secreta, embora funcione em prédios nas principais avenidas das cidades e tenha personalidade jurídica constituída normalmente, como qualquer outra organização.
Por incrível que pareça, em pleno ano de 2010, muita gente ainda não faz ideia do que é a maçonaria, a despeito das toneladas de informação sobre essa instituição que circulam nas livrarias e, em maior volume ainda, na internet. Muitos acham que ela é uma sociedade secreta, embora funcione em prédios nas principais avenidas das cidades e tenha personalidade jurídica constituída normalmente, como qualquer outra organização.
Outros acreditam em
toda aquela bobagem de satanismo, gerada por uma combinação perigosa de falta
de informação e intolerância. A maçonaria segue então com seu estereótipo
misterioso para a maioria da população, atmosfera reforçada notadamente pelo
caráter privativo de suas reuniões, que acontecem literalmente a portas
fechadas.
Mas que mistérios serão esses que a maçonaria supostamente esconde das massas? Para entendermos melhor, faz-se mister uma compreensão mais profunda da palavra ‘mistérios’. O dicionário Michaelis lista vários significados para este vocábulo. A maioria é relacionada com ’segredo’ ou ‘algo de difícil compreensão’. Outras conotações surgem dentro do escopo religioso, especialmente o cristão. Mas a mera significação não é suficiente para entender a magnitude do conceito maçônico deste termo. Para isto, vamos pedir ajuda à filosofia, em particular, à filosofia do mundo antigo, que é a origem de muitos dos conceitos usados e estudados na maçonaria até hoje.
No antigo Egito e Grécia, sábios criavam centros de instrução onde candidatos que quisessem participar deveriam provar seu merecimento antes de serem admitidos. Este processo para o acesso chamava-se iniciação, e os centros chamavam-se escolas de mistérios. O faraó Akhenaton, que iniciou seu reinado no Egito por volta do ano 1.364 a.C., e Pitágoras, filósofo e matemático grego nascido em 570 a.C., foram exemplos de pensadores que fundaram tais escolas. Os ensinamentos eram repassados em um ambiente privativo, longe dos olhos e ouvidos das massas, e versavam sobre ciências (matemática, astronomia, etc), artes, música e ainda religião e espiritualidade. O próprio Cristo mantinha um círculo interno de discípulos – os doze apóstolos – a quem ensinava sua doutrina com maior profundidade. Quando falava para as massas, Jesus usava uma linguagem mais simples, em forma de parábolas, para facilitar o entendimento. Disse Ele: “Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas” (Mateus 7:6), em uma clara referência de que nem tudo é para todos.
Hoje em dia, muitos dos conhecimentos destes antigos grupos continuam sendo ensinados, mas os locais não são mais ocultos. A antiga sabedoria dos iniciados deu origem a muitas das disciplinas comumente ministradas nos colégios e universidades. Graças às escolas de mistérios, a ciência se desenvolveu mesmo nos períodos mais negros da história, e chegou a um nível de complexidade que, certamente, para os antigos seria visto como, no mínimo, surpreendente – talvez até inimaginável.
Portanto, concluímos que os mistérios mencionados no simbolismo maçônico são um corpo de ensinamentos, repassados aos seus membros de forma tradicionalmente inspirada nos antigos métodos das escolas de mistérios. É certo que há uma corrente dentro da maçonaria que defende que essas escolas eram, na verdade, a própria maçonaria em sua forma primitiva; entretanto, estas suposições carecem de comprovações históricas e a maioria dos autores modernos tende a concordar que a maçonaria, na verdade, herdou o método antigo, tornando-se depositária de sua sabedoria.
Mas se a explicação da origem desses mistérios é simples assim, por que a maçonaria não permite então que qualquer pessoa adentre seus templos e compartilhe desse conhecimento? Qual o sentido das portas fechadas, dos rituais e dos símbolos desenhados nas fachadas de seus prédios e vestes de seus membros?
Mas que mistérios serão esses que a maçonaria supostamente esconde das massas? Para entendermos melhor, faz-se mister uma compreensão mais profunda da palavra ‘mistérios’. O dicionário Michaelis lista vários significados para este vocábulo. A maioria é relacionada com ’segredo’ ou ‘algo de difícil compreensão’. Outras conotações surgem dentro do escopo religioso, especialmente o cristão. Mas a mera significação não é suficiente para entender a magnitude do conceito maçônico deste termo. Para isto, vamos pedir ajuda à filosofia, em particular, à filosofia do mundo antigo, que é a origem de muitos dos conceitos usados e estudados na maçonaria até hoje.
No antigo Egito e Grécia, sábios criavam centros de instrução onde candidatos que quisessem participar deveriam provar seu merecimento antes de serem admitidos. Este processo para o acesso chamava-se iniciação, e os centros chamavam-se escolas de mistérios. O faraó Akhenaton, que iniciou seu reinado no Egito por volta do ano 1.364 a.C., e Pitágoras, filósofo e matemático grego nascido em 570 a.C., foram exemplos de pensadores que fundaram tais escolas. Os ensinamentos eram repassados em um ambiente privativo, longe dos olhos e ouvidos das massas, e versavam sobre ciências (matemática, astronomia, etc), artes, música e ainda religião e espiritualidade. O próprio Cristo mantinha um círculo interno de discípulos – os doze apóstolos – a quem ensinava sua doutrina com maior profundidade. Quando falava para as massas, Jesus usava uma linguagem mais simples, em forma de parábolas, para facilitar o entendimento. Disse Ele: “Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas” (Mateus 7:6), em uma clara referência de que nem tudo é para todos.
Hoje em dia, muitos dos conhecimentos destes antigos grupos continuam sendo ensinados, mas os locais não são mais ocultos. A antiga sabedoria dos iniciados deu origem a muitas das disciplinas comumente ministradas nos colégios e universidades. Graças às escolas de mistérios, a ciência se desenvolveu mesmo nos períodos mais negros da história, e chegou a um nível de complexidade que, certamente, para os antigos seria visto como, no mínimo, surpreendente – talvez até inimaginável.
Portanto, concluímos que os mistérios mencionados no simbolismo maçônico são um corpo de ensinamentos, repassados aos seus membros de forma tradicionalmente inspirada nos antigos métodos das escolas de mistérios. É certo que há uma corrente dentro da maçonaria que defende que essas escolas eram, na verdade, a própria maçonaria em sua forma primitiva; entretanto, estas suposições carecem de comprovações históricas e a maioria dos autores modernos tende a concordar que a maçonaria, na verdade, herdou o método antigo, tornando-se depositária de sua sabedoria.
Mas se a explicação da origem desses mistérios é simples assim, por que a maçonaria não permite então que qualquer pessoa adentre seus templos e compartilhe desse conhecimento? Qual o sentido das portas fechadas, dos rituais e dos símbolos desenhados nas fachadas de seus prédios e vestes de seus membros?
A resposta é, novamente, a tradição. Os maçons formam um grupo muito
antigo, cuja origem histórica deu-se em uma época tumultuada e confusa da
humanidade – a idade média. Nessa época, as monarquias, geralmente aliadas ao
clero, não estavam dispostas a dividir seu poder de influência com mais
ninguém. Assim, a perseguição a grupos considerados subversivos tornou-se uma obsessão,
resultando no assassinato de centenas de milhares de pessoas.
A chamada ‘caça as
bruxas’ era um mecanismo de controle pelo medo, e a religião, através da
manipulação dos conceitos das Sagradas Escrituras, exercia um domínio da
sociedade extremamente eficaz. Some-se isso ao fato de a maioria do povo não
saber ler nem escrever, e pronto: estava formado o panorama perfeito para a
instalação de uma tirania. Os maçons e outros grupos de pensadores, como os rosa-cruzes,
tiveram que ocultar seus conhecimentos e manter suas opiniões em segredo –
nessa época, as ordens iniciáticas eram mesmo sociedades secretas, cuja
sobrevivência dependia do grau de invisibilidade que eram capazes de manter na
sociedade dominada pelo poder virtualmente ilimitado dos déspotas políticos e
religiosos.
Hoje a maçonaria não tem mais a necessidade de ocultar suas atividades. Aliás, na grande maioria dos países que substituíram os regimes absolutistas pela democracia, os maçons estavam entre as fileiras dos responsáveis por tais mudanças. Acontece que, sendo a ordem maçônica uma instituição que preza muito por sua própria história, mantém ainda sua tradição herdada das escolas de mistérios, onde o candidato a tornar-se maçom e ser recebido em uma loja deve provar ser merecedor de tal aceitação.
Hoje a maçonaria não tem mais a necessidade de ocultar suas atividades. Aliás, na grande maioria dos países que substituíram os regimes absolutistas pela democracia, os maçons estavam entre as fileiras dos responsáveis por tais mudanças. Acontece que, sendo a ordem maçônica uma instituição que preza muito por sua própria história, mantém ainda sua tradição herdada das escolas de mistérios, onde o candidato a tornar-se maçom e ser recebido em uma loja deve provar ser merecedor de tal aceitação.
Mas iniciação hoje
adquiriu um caráter simbólico, e já não repete os penosos sacrifícios da
antiguidade. Para se ter uma ideia, na já mencionada Escola Pitagórica, o
recém-admitido não poderia proferir uma só palavra por cinco anos. Cinco anos
no mais absoluto silêncio! Práticas como essa ficaram para trás, e a ordem
nunca esteve tão aberta como atualmente.
Praticamente toda loja
maçônica conta com uma página na internet, onde divulga textos e fotos de suas
atividades. Muitos maçons fazem questão de salientar sua condição, ostentando
anéis, pingentes ou broches com emblemas. E aquele que demonstrar interesse em
entrar, tem toda a liberdade de conversar com um maçom conhecido e declarar seu
propósito de fazer parte da ordem.
É válido ressaltar
que, apesar de práticas mais radicais terem sido deixadas de lado, o processo
de admissão ainda é bastante rigoroso, pelo simples fato de que, para a
maçonaria, o importante não é a quantidade de membros e sim a qualidade destes.
Depois de uma conversa explicativa inicial, sindicâncias e entrevistas são
conduzidas por maçons experientes, no intuito de avaliar o grau de interesse
verdadeiro, bem como as qualidades de um ‘homem livre e de bons costumes’, além
da crença em um Ser Supremo – prerrogativa obrigatória para a concretização da
afiliação.
Tendo desenvolvido uma filosofia e método próprios de instrução ao longo dos anos, a maçonaria tem mantido seu caráter simbólico e iniciático através dos séculos. A beleza de ensinar e aprender através de alegorias são algo que, atualmente, só pode ser vivenciado no interior de uma loja maçônica. A história da ordem e sua sabedoria estão encerradas em seus rituais e suas lendas, que são passadas de maçom para maçom, da maneira antiga – por via oral. No interior de templos ornados com símbolos arcanos, homens que se tratam uns aos outros como irmãos buscam lapidar seus espíritos. Os pedreiros de hoje erguem edifícios simbólicos, cujos tijolos são as virtudes humanas, solidificadas em nossas atitudes diárias com a argamassa do estudo diligente e da perseverança no trabalho.
Muita coisa já foi desvelada, em livros e revistas abertos ao público, até mesmo propositalmente, para permitir que o preconceito dê lugar à compreensão nas mentes das pessoas. Mesmo o interior dos templos pode ser visitado com certa frequência por não membros nas sessões públicas. Mas ainda há verdades ocultas para serem vislumbradas.
Tendo desenvolvido uma filosofia e método próprios de instrução ao longo dos anos, a maçonaria tem mantido seu caráter simbólico e iniciático através dos séculos. A beleza de ensinar e aprender através de alegorias são algo que, atualmente, só pode ser vivenciado no interior de uma loja maçônica. A história da ordem e sua sabedoria estão encerradas em seus rituais e suas lendas, que são passadas de maçom para maçom, da maneira antiga – por via oral. No interior de templos ornados com símbolos arcanos, homens que se tratam uns aos outros como irmãos buscam lapidar seus espíritos. Os pedreiros de hoje erguem edifícios simbólicos, cujos tijolos são as virtudes humanas, solidificadas em nossas atitudes diárias com a argamassa do estudo diligente e da perseverança no trabalho.
Muita coisa já foi desvelada, em livros e revistas abertos ao público, até mesmo propositalmente, para permitir que o preconceito dê lugar à compreensão nas mentes das pessoas. Mesmo o interior dos templos pode ser visitado com certa frequência por não membros nas sessões públicas. Mas ainda há verdades ocultas para serem vislumbradas.
Porém, ao contrário do
que o senso comum imagina, elas não estão escondidas por códigos, escritas em
livros ou desenhadas em símbolos; a descoberta do verdadeiro segredo da
maçonaria acontece mesmo é no silêncio do coração de cada maçom, de acordo com
sua própria evolução mental e espiritual, com desdobramentos que influenciam
sua vida e as vidas das pessoas que o cercam – e isso é, verdadeiramente, o
grande mistério da ordem.
Eduardo Neves - M.·.M.·.
neveseduardo@gmail.com
SITE: http://antigasabedoria.blogspot.com
Eduardo Neves - M.·.M.·.
neveseduardo@gmail.com
SITE: http://antigasabedoria.blogspot.com
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