BORLAS E AS ‘VIRTUDES
CARDEAIS’
“Tudo na Maçonaria tem
história e autenticidade, que muitos maçons não querem conhecer, por ignorância
ou por lamentável sectarismo”. (Theobaldo Varoli Filho)
A borla consiste na
reunião de um conjunto de fios em números variáveis, presos por um nó. As
borlas são na verdade uma arte de “passamanaria”, - o trabalho com passamanes.
Uma arte que se ocupa de bordados ou transados de fios em roupas, tecidos,
cortinados ou borlas. Estas servem para complementar um enfeite e geralmente,
como parte final de um cordão que vem atado ou preso a uma peça de
vestuário.
A origem das Borlas é
remota. Reis, poderosos, sacerdotes, as usavam em suas vestes; em 1660 foram
implantadas nos uniformes militares franceses.
As borlas traduzem o
“Poder”e em certas partes, este uso prossegue, como terminais em cordões atados
à cintura ou em chapéus. De tal modo, temos o Barrete (Barrete Frígio) usado na
Turquia Antiga, como distinção entre os vulgos e os poderosos. Durante a época
do fascismo, na Itália, os militantes, usavam um “barrete negro”, de cuja
calota pendia um cordão que terminava em borla.
Vemos borlas em
estandartes, vários escudos ou brasões de cidades, e nas armas dos clérigos,
especialmente do cardinalato e dos papas. Na realeza é centralização do poder
que se espalha alcançando os súditos. A borla passou a ser usada nas
universidades, para ornar tanto o capelo, como as faixas, simbolizando a
libertação da ignorância, e o poder passou a ser emanado do diploma.
Os cortinados nas casas
ricas ou nos palácios têm os seus cordões terminados em borlas de todo tipo,
simplesmente como adereço e demonstração de poderio econômico.
Dentro dos Templos
Maçônicos a “Corda de 81 nós” (ou houppe dentelée), que contorna a parte
interior e superior do Templo antes da “Abóbada Celeste”, tem a finalidade de
simbolizar a união do maçons. Seus oitenta e um laços duplos (que devem ser
apertados e não frouxos), recordam o entrelaçamento, com elos de uma mesma
corrente, das mãos formadas na “Cadeia de União”.
Protegendo, além de
“conectar” e de “ligar”, os símbolos e emblemas que aparecem desenhados no
quadro, o que é considerado como um espaço sacralizado, e, portanto,
inviolável. Nesse sentido, a ideia de “proteção” está incluída no simbolismo
dos nós e das ligaduras, que por suas respectivas formas relembram o traçado
dos dédalus e labirintos iniciáticos.
Esquadrinhando o atavismo
da operatividade, quando nossos irmãos não só cercavam como determinavam a
posição correta dos templos ou catedrais, que sempre, e de forma invariável,
estavam orientados segundo as direções do espaço assinaladas pelos quatro
pontos cardeais, exatamente iguais á Loja.
Ao mesmo tempo reforçavam o canteiro
de obras com as estacas e, em cada uma destas, a corda era entrelaçada. Detemos
aí a origem da “Corda de 81 Nós”. Hoje, na Maçonaria Especulativa, todo
obreiro, como coluna, faz referência a uma estaca. Ligados cada qual pela corda
de nós.
O algarismo 81 é o
quadrado de 9, que por sua vez é o quadrado de 3, número perfeito e de grande
importância mística para as ancestrais civilizações. Três foram os filhos de
Noé, três os varões que apareceram a Abraão, três os dias de jejum dos judeus
desterrados, três as negações de Pedro, três as virtudes teologais (Fé,
Esperança e Caridade); além disso, as tríades divinas sempre existiram na
maioria das religiões:
. Sumérios – Shamash,
Sin e Ichtar:
. Egípcios – Osíris,
Íris e Hórus;
. Hindus – Brahma,
Vishnu e Shiva;
. Taoismo – yang, ying e
Tao;
. Trindade Católica
romana – Pai, Filho e Espírito Santo;
. Da Constituição do Ser
– Espírito, Alma e Corpo;
. Do hermetimo – Archêo,
Azoth e Hylo;
. Da Cabala Hebraica –
Kether(Coroa), Chokmah(Sabedoria) e Binah(Inteligência);
. Do Budismo –
Buda(Iluminado), Dhama(lei), e Sanga( Assembléia de Fiéis);
. Da Trimurti indiana –
Brahma, Vishnu, e Shiva; Sat, Chit, e Ânanda;
O nó central deve estar
sobre o Trono de Salomão, representa a Unidade, não como forma de medida, mas
sim como fonte Criadora e indivisível. “O Todo”. O restante dos nós
distribuídos com quarenta nós ao sul e quarenta nós ao norte. Pois, 40 como o
numeral simbólico da Penitência e da Expectativa: a duração do dilúvio (Gênesis,
7:4); quarenta dias passou Moisés no Sinai( Êxodo, 34:28); foram os dias de
jejum de Jesus no deserto(Mateus, 4:2); quarenta dias o Grande Mestre ficou na
Terra após a Ressurreição(Atos dos Apóstolos, 1:3).
Essa Corda absorveria as
tensões nervosas (elétricas) dos irmãos, descarregando-as através dos fios das
duas borlas pendentes. Detém-se que, dentre outros “efeitos esotéricos”, a
corda retém a energia que emana de todos os Obreiros presentes, bem como da
distribuição da Energia de cima para baixo e de fora para dentro. Os nós
funcionando como acumuladores de energia.
Cada borla é formada de
um “botão” recoberto de fios, formando uma franja que desce ao piso. O botão
modula e concentra as “forças” e os fios descarregam em direção ao solo a
energia. Funcionando como “fios terra”.
Essas borlas deveriam
ser amparadas pelos Diáconos, sustentando-as em suas mãos, quando da formação
do triângulo, junto com o Mestre de Cerimônias, protegendo o Oficiante, no momento
da abertura do Livro da Lei.
Os rituais do REAA
instruem que as quatro borlas representam as quatro Virtudes Cardeais:
. TEMPERANÇA
. JUSTIÇA
. FORTALEZA
. PRUDÊNCIA
Helio P. Leite
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