O MAÇOM E O ALFAIATE




Um homem recebeu a notícia de que seria iniciado Maçom.
Ficou tão eufórico que quase não se conteve.

Serei um grande homem agora - disse a um amigo - e preciso de roupas
novas, imediatamente. Serão roupas que façam jus à minha nova posição
na sociedade e em minha vida.

- Conheço um alfaiate perfeito para você - replicou o amigo - é um
velho sábio que sabe dar a cada cliente o corte perfeito. Vou lhe dar
o endereço.

E o novo futuro Maçom foi ao alfaiate, que cuidadosamente tirou suas medidas.

Depois de guardar a fita métrica, o sábio alfaiate disse:

Há mais uma informação que preciso saber. Há quanto tempo o senhor é Maçom?

- Ora, o que isso tem a ver com a medida do meu balandrau? -
perguntou o cliente surpreso.

- Não posso fazê-lo sem obter esta informação, senhor.

É que um Maçom recém-iniciado fica tão deslumbrado que mantém a cabeça altiva, ergue o nariz e estufa o peito.

Assim sendo, tenho que fazer a parte da frente maior que a de trás.

Anos mais tarde, quando está ocupado com o seu trabalho e os
transtornos advindos da experiência o tornam sensato, olha adiante
para ver o que vem em sua direção e o que precisa ser feito a seguir,
aí então eu costuro o balandrau de modo que a parte da frente e a de
trás tenham o mesmo comprimento.

E mais tarde, depois que está curvado pelos anos de trabalho cansativo
e pela humildade adquirida através de uma vida de esforços, então faço
o balandrau de modo que as costas fiquem mais longas que a frente.

Portanto, tenho que saber a quanto tempo o senhor foi iniciado para
que a roupa lhe assente apropriadamente.

O novo futuro Maçom saiu da alfaiataria pensando menos no balandrau e
mais no motivo que levou seu amigo a mandá-lo procurar aquele sábio
alfaiate.

Adaptação de “O mandarim e o alfaiate” de  William J. Bennett 

A PERDA DO SENTIDO E DO SAGRADO



O início da Maçonaria é um dos assuntos mais polêmicos entre os estudiosos. Bem fazem os que detestam o estudo. Ficam por aí olhando para a gigantesca estrutura da Ordem como gafanhotos num arvoredo seco, aguardando uma presa ou algum tipo de alimento. O ofício de pesquisar é árduo. Há os que julgam os estudiosos como pessoas presas ao passado: anacrônicas e aplaudindo o passado

Dizem que temos de nos preocupar com o presente. E haja paciência e estômago para encarar os fatos que aí estão "abrilhantando" o presente! A publicidade feita por quem não é maçom, e atitudes isoladas de quem não deveria estar entre nós, maculam os princípios da Ordem que, de secreta passou a discreta; e de discreta caiu em mãos indiscretas.

Nunca é demais insistir no fato histórico de que os pedreiros da Idade Média já compunham uma organização de ofício e eram organizados em guildas. Há documentos que enfatizam a antiguidade de seu oficio e sua importância na formação das bases religiosas, morais e sociais.
Quando dizemos pedreiros, estamos nos referindo exatamente aos indivíduos que trabalham em obras de pedra e cal, profissionais de alvenaria ou alvanéis.

Não eram pessoas importantes. Muitos eram analfabetos, não tinham conta bancária nem cartão de crédito. Andavam a pé. Trabalhavam do alvorecer ao anoitecer. Gente simples, homens que podiam viajar de um lugar para outro sem terem que beijar a mão do senhor feudal ou do arcebispo. Mesmo assim, a profissão de pedreiro era vista com respeito e desconfiança. Aqueles sujeitos tinham segredos e, por outro lado, as pessoas precisavam confiar nos cálculos secretos do arco e da abóbada para viverem sob pedras amontoadas, sem a apreensão de que uma delas, ou todas, lhes caíssem na cabeça.

Viajando por toda parte, livres, tornaram-se conhecidos como pedreiros livres - freemasons em inglês ou franc-maçon, em francês. Estabeleceram relação, técnicas e práticas de trabalho sempre mantidas em segredo. Ou fechavam o bico, ou perdiam as regalias e a liberdade.

Tinham um tipo de cerimônia para marcar a iniciação de novos membros na arte do arco e da abóbada. O servente (aprendiz) jurava não revelar nada do que via ou ouvia em seu aprendizado. Todas as técnicas (operativas) deviam permanecer hermeticamente guardadas para garantirem a sobrevivência da profissão.

Depois, quando os aceitos (filósofos, revolucionários e rosacruzes) entraram na história, sofisticaram essas cerimônias e criaram rituais de acordo com o pensamento filosófico da época. Assim, mesmo de má vontade, obtiveram a aquiescência dos nobres e da igreja.

A Maçonaria, tal como é conhecida hoje, surgiu na Escócia. Só posteriormente ela se difundiu pela a Inglaterra. É exatamente neste ponto que se enganam e se enrolam os autonomeados "estudiosos de rituais". Os textos originais estão escritos em linguagem arcaica, repletos de termos em desuso e conotações vinculadas aos padrões culturais da época. Haja estudo de História, Filologia e Antropologia para decifrá-los. Quem caminha ao pé da letra acaba enfiando o pé nas letras, eis a verdade. (No Brasil o problema é mais grave, pois todo mundo se julga no direito de alterar rituais, suprimir frases da tradição e incluir procedimentos oriundos das religiões e do sincretismo.) 

A Escócia foi um dos refúgios dos Templários após os acontecimentos de 18 de Março de 1314. Outro refúgio foi Portugal. A contribuição daqueles construtores forneceu os ingredientes fundamentais para a criação da Maçonaria moderna. Mesmo assim, o milagre só ocorreu na passagem do século XVI para o XVII, na Escócia.

Quando os pedreiros ingleses pegaram a carruagem andando, reeditaram, com a ajuda dos ilustres da Royal Academy, os Antigos Deveres. Eram protestantes e deram ênfase à moralidade, incluindo símbolos tirados dos cânones da Geometria e da história bíblica do Templo de Salomão. A introdução dos elementos judaicos foi decisiva.

Em oposição à maçonaria inglesa – azul- nitidamente monarquista e teísta (que admite a existência de um deus pessoal, causa do mundo) se opuseram alguns movimentos na França -  maçonaria vermelha, republicana e deísta. Rejeitavam toda espécie de revelação divina e a autoridade de qualquer igreja aceitando, todavia, a existência de um Ser Superior destituído de atributos antropomórficos e que poderia ou não ter “participado” da criação do Universo.

As tradições do antigo Egito, contudo, foram sempre colocadas de lado. Todos aqueles deuses e deusas com cara de bicho cheiravam a magia e bruxaria para os protestantes ingleses; e estupidez segundo a ótica dos iluministas franceses.

Mas, a raiz do conhecimento secreto, em todas as Ordens iniciáticas, está nos Mistérios Egípcios. É bom nos acostumarmos com essa ideia para convivermos com a transformação que deverão ocorrer nos próximos anos relativamente à recuperação do sentido perdido da Iniciação e do Sagrado.

José Maurício Guimarães

PORQUE EU ESTAVA NAS TREVAS E DESEJAVA A LUZ



Aquela segunda tarde de Outubro estava amena, no ar brilhavam já as cores do Outono e embora não sabendo por onde, tinha me proposto iniciar a minha prancha de aprendiz.
A minha mulher chegou à casa muito depois da hora de almoço, apresentava um ar cansado e triste. Perguntei pelo que tinha, respondeu que as noticias sobre um familiar não eram as melhores.
Depois de comer qualquer coisa, resolvemos dar um passeio à beira mar, o paredão que une a praia de S. João a Cascais é um velho amigo, muitas vezes ouviu as nossas histórias. Saímos de casa. Ao chegar à praia de S. João descemos até a areia, escolhemos um sítio seco, senta-mo-nos.
Aquela foi sempre a minha praia, ali dei os meus primeiros mergulhos, ali vivi dias de férias convivendo com amigos, ali estava com a Con:.. O areal estava praticamente deserto, um homem e uma mulher passeavam os seus cães, soprava uma ligeira brisa que nos trazia o aroma intenso de algas que a maré baixa esqueceu. Conversávamos sobre os acontecimentos desse dia, recordamos o passado, prevíamos o futuro. O mar, lugar de nascimentos, transformações e renascimentos também nos escutava, tocava o céu infinito nos limites do horizonte.
À direita o Sol ainda brilhava, conseguindo a custo que o seu esplendor atravessa se alguma nuvem mais atrevida. Pela esquerda, por detrás de uma falésia, surgia agora a Lua em quarto crescente, reflexo da irradiação solar e da sombra da terra.
Só falta a luz! Exclamei, lembrando a abertura dos trabalhos em loja quando o V.M. após um golpe de malhete diz "Meus Irmãos, já não estamos no mundo profano, deixamos os nossos metais à porta do Templo! Cultivemos a Fraternidade nos nossos corações e que os nossos olhares se voltem para a Luz!".
A voz da Con:. surpreendeu-me "O que disseste?" perguntou. "Só falta a Luz!" - respondi. Percebi que não tinha ficado esclarecida, "Recordas-te da sessão de Grande Loja realizada no solstício de Junho para comemorar o 7.º aniversario da Grande Loja?" perguntei e esclareci "Quando entraste, na parede em frente, o Oriente, estavam três símbolos, o Sol, a Lua e o Delta luminoso. Também aqui estão presentes o Sol e a Lua, faltando o Delta luminoso a que chamei Luz e enfim, aqui não estamos virados para oriente".
Sentia que estava a construir o meu Templo interior, lembrei a Câmara de Reflexão onde às palavras "Vigilância e Perseverança" e a fórmula hermética "V.I.T.R.I.O.L." (desce ao interior da terra e, perseverando na retidão, poderás encontrar a pedra oculta) seriam o princípio da resposta à pergunta presente no Catecismo do grau de aprendiz do Rito Escocês Antigo e Aceite "Porque procuraste tornar-te Maçom?" ao que é respondido "Porque eu estava nas trevas e desejava a LUZ".

Recordei a cerimônia de iniciação onde fiquei intrigado pelo fato de ver desenhado um retângulo cuja largura e comprimento estão numa relação de 1:1.618 (o n.º de ouro) e no entanto, haver apenas três colunetas em outros tantos vértices.
Sentado, olhava o horizonte mas naquela praia, não havia limites, nem céu, nem mar, nem areia, a minha loja ia do oriente ao ocidente, do sul ao norte, do zênite ao nadir, o meu templo era UNIVERSAL. Assim, me foi dado a conhecer a UNIDADE, símbolo do Deus único.
Entrara no espaço sagrado pelo Ocidente, entre duas colunas uma a sul a outra a norte, uma masculina a outra feminina, uma vermelha a outra preta, uma cria a outra sustenta, a coluna sul de João Evangelista, do fogo do apocalipse, do 2.º Vigilante, a coluna norte de João Baptista, do batismo pela água, do 1.º Vigilante, os seus capitéis estavam adornados com romãs.
No oriente, frente a cada uma das colunas sul e norte, estava respectivamente o Sol, elemento masculino, ativa, foco de onde emana o pensamento abstrato, fonte de verdades que o homem descobre quando se concentra sobre si mesmo e a Lua, elemento feminino, passivo, representando a intuição necessária para compreender o pensamento abstrato.
A loja assentava sobre um piso mosaico composto por lajes brancas e pretas revelando o dualismo Bem e Mal, Luz e Trevas, Espírito e Matéria, Dia e Noite. Assim, me foi dado a conhecer o BINÁRIO, resultado da divisão artificial da unidade pela razão humana. Desta forma, a unidade é repartida entre dois extremos em oposição aos quais só as palavras prestam certa aparência de realidade.
Um extremo existe apenas porque existe o outro. Pergunta o Catecismo de aprendiz "Que concluis dai?" ao que é respondido "Que o ser, a realidade e a verdade têm como símbolo o n.º três. É necessário devolver o binário à unidade por meio do n.º três." Assim, me foi dado a conhecer o TERNÁRIO, onde se realiza a passagem da dualidade da oposição à universalidade.
Três é um símbolo de clareza, de inteligência e de compreensão: é o número da LUZ. É por este motivo que tem uma importância excepcional para os Maçons.
No catecismo o Venerável pergunta "Como foste introduzido na loja?" ao que se responde "Batendo fortemente 3 vezes.", "Qual o significado disso?" pergunta de novo o Venerável "Três palavras das escrituras: Bate e ela se abrirá (a porta do templo). Procura e acharás (a verdade). Pede e receberás (a luz)".

Na coluna Norte, a coluna dos aprendizes, escuto o anuncio do 2.º vigilante informando que o Venerável Mestre vai abrir os trabalhos no primeiro grau. Uma vez mais me preparo para iniciar a viagem que desejo me conduza mais próximo da Luz. Coloco-me de pé e à ordem como aprendi a fazer quando fui iniciado "Antes ter a garganta cortada do que revelar os segredos que me foram confiados".
A Luz da coluneta situada a sudeste é acesa. "Que a sabedoria presida à construção do nosso edifício".
A Luz da coluneta situada a noroeste é acesa. "Que a força o complete". A Luz da coluneta situada a sudoeste é acesa. "Que a beleza o decore".
Os três grandes pilares que sustentam a loja, representados simbolicamente pelo Venerável Mestre e pelos dois Vigilantes, a sabedoria preside, a força completa e a beleza decora o trabalho construtivo de cada Maçon.
Depois de descoberto o quadro de Aprendiz, dispõem se sobre o altar dos juramentos as Três Grandes Luzes, o volume da lei sagrada aberto no evangelho de S. João, colocando por cima o compasso e depois o esquadro, de modo que este cubra as duas pontas do compasso.
Seguidamente ouvem se três baterias de três golpes de malhete dados respectivamente pelo Venerável Mestre, pelo 1.º Vigilante e pelo 2.º Vigilante.
O Venerável Mestre declara abertos os trabalhos da loja e executa se o sinal de saudação, triplo nas sessões solenes, uma bateria simples de três golpes, tripla nas sessões solenes e faz se uma aclamação tripla com a palavra "HUZZE!".
Perto da quarta coluneta encontra-se a Pedra Bruta, símbolo das imperfeições do espírito e do coração que o Maçom deverá corrigir.
Para tal ação deverá socorrer-se de duas ferramentas o Malho e o Cinzel.
Este é o trabalho a executar em loja, transformar a pedra bruta em pedra cúbica."A Pedra Cúbica é a obra que constitui o objetivo de cada Maçom: a sua própria perfeição moral e intelectual, e a sua contribuição ao aperfeiçoamento moral e intelectual do ser humano".
A quarta coluneta situada no ângulo noroeste, representa o Maçom sob a forma de uma pedra bruta e a sua ausência lembra-lhe que este a deverá trabalhar para atingir o nível das outras três e deverá construí-la com a sabedoria, a força e a beleza.
Uma vez mais fico de pé e à ordem, o Venerável Mestre prepara-se para encerrar os trabalhos, "Que a Luz que alumiou os nossos trabalhos continue a brilhar em nós para que possamos concluir no exterior a obra iniciada neste Templo, mas que ela não fique exposta aos olhares dos profanos!"
A chama da coluneta da sabedoria é apagada "Que a paz reine sobre a terra!".

A chama da coluneta da força é apagada "Que o amor reine entre os homens!". A chama da coluneta da beleza é apagada "Que a alegria permaneça nos corações".
Cobre se o Quadro da Loja e ouvem-se três baterias de três golpes de malhete dados respectivamente pelo Venerável Mestre, pelo 1.º Vigilante e pelo 2.º Vigilante.
O Venerável Mestre declara encerrados os trabalhos e sobre o altar dos juramentos são retirados de cima do Livro da Lei Sagrada o esquadro e o compasso, que se colocam junto ao Livro que é fechado.
Executa-se o sinal de saudação, triplo nas sessões solenes, uma bateria simples de três golpes, tripla nas sessões solenes e faz-se uma aclamação tripla com a palavra "HUZZA!".
A quarta coluneta representa cada Maçom que deverá continuar no exterior a obra iniciada no Templo e ser reflexo das outras três colunetas, a paz, o amor e a alegria.
Tal como o Sol e Lua representam princípios opostos, ativos, passivo, homem, mulher que se complementam, também eu naquele momento me sentia uno com a minha mulher que nesse momento se deitava sobre a areia e reclinava a sua cabeça no meu colo. Senti que o simbolismo do ternário também se podia aplicar ao filho que ela gerava, e esse pensamento encheu-me de alegria.
O ternário observa se ainda nas insígnias dos três dignitários da loja. O esquadro que usa o mestre venerável compõem-se de uma linha horizontal e de uma linha vertical, ou seja o nível, insígnia do 1.º vigilante e a perpendicular, insígnia do 2.º vigilante. O esquadro concilia portanto o antagonismo do nível, que alude à igualdade, e a perpendicular que nos solicita a elevar-nos tão alto quanto possível, isto é, a aperfeiçoarmo-nos. O esquadro é portanto o emblema do Direito e da Justiça.
O ternário tem por emblema essencial o Delta luminoso, símbolo por si da Luz. O triângulo representa o ser abstrato, aquilo que existe necessariamente, que não pode deixar de existir. O Pai, o Filho e o Espírito Santo. A Sabedoria, a Força e a Beleza. A Paz, o Amor, e a Alegria. O Espírito, a Alma e o Corpo. O Venerável Mestre, o 1.º Vigilante e o 2.º Vigilante. O Mestre, o Companheiro e o Aprendiz.
No centro, o olho da inteligência ou do princípio consciente, diria da omnipresença, da omnisciência e da omnipotência.
O Venerável Mestre pergunta ao Aprendiz "Que idade tens?", "Três Anos" responde, "Que significa essa resposta?" insiste o Venerável Mestre "Informar se da idade maçônica de um irmão equivale a perguntar qual é o seu grau. O aprendiz Maçom tem três anos porque deve ser iniciado nos mistérios dos três primeiros números".
"A que horas os Maçons abrem e encerram os seus trabalhos?" pergunta o Venerável Mestre ao Aprendiz "Alegoricamente os trabalhos abrem se ao meio dia e encerram à meia noite", "Que significam essas horas convencionais" pergunta de novo o Venerável Mestre "Elas indicam que o homem atinge a metade da sua carreira, o meio dia da sua vida antes de se tornar útil aos semelhantes, mas que, a partir dali, até à sua derradeira hora, ele deverá trabalhar sem desfalecimento para o bem comum".
Recordava a interpretação que dei as estas duas perguntas quando as percebi pela primeira vez. A hora de construção do Templo e o local onde se realiza são relativos, no momento em que me coloco à ordem, sacralizo o tempo e o espaço, o meu Templo é Universal, não tem princípio, nem fim, não tem hora, nem local definidos, por isso, abro e encerro os trabalhos sempre à mesma hora, no zênite e no nadir. Quantas vezes desde então me tinha colocado à ordem.
Recordava também uma prancha que nos foi oferecida pelo Irmão J:. C:. N:., onde em determinado instante referiu que o segredo maçônico era único, porque cada irmão tinha o seu, porque a Luz se revelava de formas diferentes e em diferentes momentos e por isso era um segredo e por isso era intransmissível e da necessidade da frequência aos trabalhos porque assim, através da repetição do rito, ficávamos mais perto da Luz e eventualmente mais facilmente a reconheceríamos. Como estas palavras me pareciam agora bonitas e carregadas de sabedoria.
Somos filhos da Luz, somos filhos das Estrelas, somos filhos de Deus, somos em Deus, Deus é em nós, Deus é espírito, somos de Deus.
"Que significa essa Luz?" perguntou o Venerável Mestre "O conhecimento e a virtude que conduzem ao Grande Arquiteto do Universo" respondeu o Aprendiz.
Decididamente BATO, tenazmente PROCURO, humildemente PEÇO.
Miguel R:. - A:. M:. - R:.L:.M:.A:.D:.

OS INIMIGOS DA LUZ



Dizem que o poeta alemão J. W. von Goethe, no leito de morte, reuniu o que lhe restavam de forças para pronunciar suas últimas palavras, que ficariam para a posteridade: “Luz, quero luz!” Perdoem-me a imprecisão histórica quando escrevo “dizem” mas de imprecisões a História está repleta, malgrado o esforço de homens sérios e comprometidos com a honestidade dos fatos.

Também em Maçonaria as imprecisões históricas avultam e não é tarefa fácil separar o joio do trigo. Entretanto, cabe ao Maçom à compreensão e o entendimento da Ordem a qual pertence, tornando-se um eterno buscador da Verdade. A Verdade é, filosoficamente, contestável, mas nem por isso desprovida de existência real.

Buscar a Verdade é um impulso instintivo do Homem e mesmo que não a busque conscientemente, será guiado por forças da sua mente inconsciente – que Jung chamou de “tendências instintivas” – que se manifestará nos sonhos como fantasias reveladas através de imagens simbólicas. É imperioso sair do mundo das sombras - tão bem simbolizado por Platão no “Mito da caverna” – e ir ao encontro da Luz.

Assim nos encontrávamos na Cam.˙. de Ref.˙. . Imersos na escuridão, batíamos profanamente à porta do Templo consagrado ao G.˙.A.˙.D.˙.U.˙., na esperança de sermos admitidos nos AAug.˙. MMist.˙. . Buscávamos a Luz.

O primeiro ato da Criação Divina, o “Fiat Lux”, mostra-nos que a Luz precede a existência do mundo das formas; é a origem comum a todas as coisas. Não podemos deixar de fazer a relação entre o texto do Gênesis: 1, 1-3 com a revolucionária Teoria Geral da Relatividade, enunciada pelo gênio Albert Einstein, em 1905: E=M.C² (energia é igual a massa vezes velocidade da luz ao quadrado). Grosso modo, seria o mesmo que dizer que matéria é energia coagulada. Afinal, tanto a Religião quanto a Ciência chegaram à conclusão de que tudo é Luz.

Simbolicamente, a Luz representa o conhecimento; a revelação dos mistérios das Leis Divinas; a sabedoria imanente; a libertação das amarras da ignorância pela compreensão de quem somos, de onde viemos e para onde vamos.

Na cerimônia de Iniciação, pede-se a Luz para o neófito e a Luz lhe é dada. A partir de então, o neófito passa à condição de Iniciado e cabe-lhe envidar todos os esforços para se melhorar. A jornada começa com o desbaste das arestas morais, num esforço para vencer suas paixões inferiores, lapidando-se paciente e diuturnamente com o concurso da vontade firme e da inteligência, representados pelo cinzel e pelo maço.

Nesse esforço, cumpre-lhe trabalhar sem descanso para livrar-se das suas imperfeições. É uma tarefa individual, porém, não prescinde da colaboração dos IIr.˙. que o ajudam com lições, conselhos e orientações lastreados em suas experiências e vivências maçônicas. Essa ajuda faz parte do processo de aprendizagem, concretizando um dos nossos mais sublimes preceitos: a Fraternidade.

Tudo que devemos aprender, e fazer, encontram-se no Ritual de Aprendiz, dizem-nos os Mestres mais experientes. É verdade. Está tudo no Ritual e basta uma reflexão profunda com o sincero interesse em adquirir instrução. Tomemos um exemplo:

O Ven.˙. M.˙. pergunta ao Ir.˙. 1° Vig.˙. , na abertura ritualística:
“— Para que nos reunimos aqui, Ir.˙. 1° Vig.˙.?
— Para combater o despotismo, a ignorância, os preconceitos e os erros. Para glorificar a Verdade e a Justiça; para promover o bem-estar da Pátria e da Humanidade, levantando templos à Virtude e cavando masmorras ao vício”.

Vamos refletir sobre cada frase.

Combater o despotismo – Pela definição do Dicionário Houaiss, despotismo é “o poder isolado, arbitrário e absoluto de um déspota.” O déspota, ainda na definição do Houaiss significa “que ou quem age tiranicamente, embora não detenha o poder absoluto”. O despotismo deve ser combatido onde quer que este se encontre: dentro ou fora do Templo.

A ignorância – é a causa de vários males que afligem a Humanidade. Ignorância é viver imerso em sombras, desconhecendo as Leis Morais que governam a todos, favorecendo a harmonia geral.

O estudo sério e metódico é uma das formas mais eficazes de combatê-la. Erra demasiadamente o Maçom que não é dado ao estudo, à pesquisa e à inquirição da Verdade.

A Maçonaria não revela seus segredos àqueles que cultivam, com zelo, a preguiça mental e abdicam do sagrado direito de pensar por si próprios.

Os preconceitos e os erros – Imaginemos os preconceitos e os erros como filhos diletos da Ignorância, donde retiram o seu alimento e o sustento para crescerem fortes. Desde que se combata a Ignorância, exterminando-a, condenam-se os preconceitos e os erros a morrerem de inanição.

Glorificar a Verdade e a Justiça – Ao compreender a Verdade e a Justiça como atributos Divinos, torna-se dever do Maçom glorificá-las, nunca esquecendo de aplicá-las no convívio com os seus semelhantes. Quem combate a ignorância com as luzes da Sabedoria conhece a Verdade; quem conhece a Verdade é Justo. Tal é a perfeição do ensinamento.

Promover o bem-estar da Pátria e da Humanidade – Todo conhecimento adquirido só tem sentido, se compartilhado. Age maçonicamente quem é consciente de seu papel como cidadão brasileiro e como cidadão do mundo, fazendo todo esforço para melhorar a existência, contribuindo para a Obra da Luz.

Levantando templos à Virtude – É trabalho de construção. Nós, Maçons, somos construtores sociais e a nossa obra maior consiste na edificação das virtudes em nós mesmos.

Cavando masmorras ao vício – Ao mesmo tempo que erigimos nosso Templo Interior, para a glória do G.˙.A.˙.D.˙.U.˙., suplantamos os vícios de que somos portadores, dominando-os e torturando-os até a extinção.

Eis o porque de nos reunirmos em Loja aberta.

Quem agir com despotismo querendo impor a sua vontade, cerceando a liberdade e as iniciativas benfazejas dos IIrm.˙.

Quem desejar manter-se e manter os IIrm.˙. na ignorância, descuidando ou desmerecendo as iniciativas que promovam o estudo e a prática da Sagrada Maçonaria...

Quem, por misoneísmo, rechaçar as ações inovadoras e as ideias progressistas apenas para manter uma tradição obsoleta ou ostatus quo...

Quem esquecer que a Verdade e a Justiça são atributos do G.˙.A.˙.D.˙.U.˙. e delas fizer pouco caso, disseminando a mentira e promovendo injustiças...

Quem não se comprometer com o bem-estar de seus IIrm.˙., da sua família, da sua cidade, do seu país e do mundo...

Quem persistir nos vícios e desregramentos morais e tornar-se um estorvo no caminho dos IIrm.˙. que buscam melhorar-se, envolvendo-o em intrigas, calúnias e difamações, atacando-os em suas ausências e maquinando para vê-los cair...

Quem assim proceder, a despeito de ser Iniciado, não é Maçom. É um simulacro de homem; é um espectro danado que nos espreita.

É mais um inimigo da Luz.

Por Ir.·. Paulo Moura
Or.˙. Teresina, 10 de dezembro de 2009 E.˙.V.˙.

MAÇONARIA - SONHO OU ILUSÃO



Observamos muitos irmãos escritores maçônicos exigirem da Maçonaria uma posição de agente de transformação da sociedade. Acreditamos que seja um grande equivoco esperar hoje que a Maçonaria atue de forma revolucionária, ou de qualquer outra forma que resulte em transformação social significativa.

A Maçonaria real, enquanto instituição civil atua no sentido da conservação do estado de direito. O melhor é dizer que a Maçonaria, enquanto instituição universal espera que os seus filiados conservem o estado de direito da sociedade em que ela se hospeda. 

Raramente a Maçonaria atua diretamente; quase sempre age através da ação dos seus membros. Raramente também, o Grão Mestre de uma potência se manifesta sobre questões políticas conjunturais.

Recentemente, pudemos observar que tímidas indicações de que o maçom deve votar em maçom, se mostraram desastrosas, e esperamos que não mais aconteçam. O lado positivo destas indicações foi a demonstração de que o maçom deve votar como qualquer cidadão comum, conforme suas convicções políticas e/ou seus interesses.

A maçonaria opera efetivamente no cidadão e, assim, indiretamente na sociedade. Ela opera no cidadão a partir do momento da sua iniciação maçônica, e atua dando-lhe uma oportunidade de caminhar na direção da Luz. Mas a iniciação maçônica é apenas um primeiro passo dos sete necessários à plena iniciação.

A iniciação maçônica propicia as condições para um encontro com o luminoso, mas não possui autoridade para exigir este encontro. Daí porque tanto são os irmãos que estão entre nós sem verdadeiramente serem obreiros na Luz. Muitos reclamam, imploram e rogam por uma Maçonaria ilusória. E muitas vezes declaram solenemente que estão na eminência de perder uma ilusão.

É o melhor que lhes podem acontecer. A Maçonaria não pode ser vista como uma ilusão, mas como um sonho, e entre uma ilusão e um sonho há uma grande diferença. Um sonho é um projeto que você trabalha de forma solidária com os demais irmãos para que ele se realize. Uma ilusão é um mundo em que você habita sozinho.

De um sonho você espera a realização de um mundo melhor para todos; de uma ilusão você vive a reclamar de um mundo melhor feito pelos outros para o seu usufruto.

É bom lembrarmos que a Maçonaria real somos todos nós. E em sendo todos nós, ela não se manifesta de uma forma única; ela também se manifesta diferentemente em cada Oficina. E o conjunto das Oficinas reunidas em um oriente possui a face da classe social de origem dos obreiros que as constituem.

Por exemplo, o Grande Oriente da Inglaterra possui a face da burguesia inglesa abastada. No Grande Oriente da Paraíba a Maçonaria possui a face da classe média baixa, muito mais próxima dos pobres do que dos abastados. Os valores contidos nos nossos troncos de beneficência ou de solidariedade são retratos da nossa face; com eles nada socialmente significativo pode ser feito.

Ao contemplar o lugar a onde se celebra a sessão maçônica é possível entender porque o Irmão Guilherme prefere chamá-lo de Loja e não de Templo.

Há três anos, um pequeno grupo de missionários mórmons chegou ao bairro do Centenário, na cidade de Campina Grande, e alugou um pequeno imóvel. Hoje está erigido um edifício que ocupa toda uma quadra. Este sim, certamente, o irmão Guilherme poderia nos permitir chamá-lo de Templo.

Foi construído com as doações dos pobres convertidos daquele bairro. Lá, a maioria das casas é colada, mas, ninguém reclamou de tão grande contradição. Dificilmente iremos encontrar algum maçom morando nestas condições: casas coladas, gritos de vizinhos, etc.

O que nos falta? Transformar a sociedade? Transformar a Maçonaria? Ou cada um de nós buscarmos completar a plena iniciação?

Para responder a estas questões, propomos ver a Ordem como uma instituição que objetiva auxiliar os seus obreiros no projeto pessoal de serem melhores hoje do que foram ontem, pela via iniciática.

A Ordem trabalhando sobre o pedaço de universo que está sob a responsabilidade de cada obreiro, e cada obreiro tendo a responsabilidade de ser um lugar onde a Paz, a Ordem habita. Sendo que neste projeto, a primeira missão é estabelecer a paz interior, pois, não havendo paz interior não haverá paz exterior.

Se você é uma pessoa dividida, na qual as partes que lhe compõem estão em conflito, como poderá promover a paz exterior? Como pretender construir uma sociedade justa e perfeita se os obreiros são seres divididos e em conflitos interiores?

A missão que propomos para a maçonaria é de contribuir para colocar a paz no interior de cada obreiro (desbastar a pedra bruta, construção do Templo Interior, recolocar a Ordem no obreiro) e assim fazendo estará contribuindo efetivamente para colocar a Ordem no Universo.

Parece uma ideia estranha, mas quando um obreiro se esforça para recolocar a ordem em si mesmo, em seus pensamentos, em suas emoções, no seu corpo, ele efetivamente está contribuído para recolocar a Ordem no mundo, para estabelecer o Reino da Paz anunciado pelos profetas. Lembremos que na construção de um Templo, nossas pequenas ações estão ligadas àquelas de todos os demais irmãos, e que, através de nossos sonhos comuns, de nossas ações comuns, um mundo melhor é possível. A possibilidade de um mundo melhor hoje, agora, neste instante, não é uma ilusão.

Hiran de Melo.

A (VERDADEIRA) PRIMEIRA GRANDE LOJA



Com a difusão do cristianismo por toda a Alemanha e a exigência de que bispos romanos erguessem catedrais, os colégios Maçônicos na Alemanha prosperaram. Geralmente designado como Steinmetzen ou Canteiros, estas fraternidades maçônicas levantaram igrejas e catedrais por toda a Europa continental.
A sociedade de canteiros tinha dentro de si uma grande variedade de classes e ocupações. Estas incluíam Steinmaurer ou assentadores de pedras, Steinhauer ou cortadores de pedra, bem como Steinmetzen, uma palavra derivada de Stein ou pedra e Metzen, um derivado da palavra Metzel ou entalhador, uma arte mais detalhada e refinada que os cortadores de pedras. A construção de Bauhütten ou lojas situadas junto às igrejas em construção serviu como estúdio de projeto, local de trabalho e quarto de dormir.
Um dos mais antigos registros de lojas maçônicas se encontra na cidade alemã de Hirschau (agora Hirsau) no atual estado de Baden-Württenberg. As lojas Maçônicas instituídas na cidade de Hirschau no final do século 11 trabalhavam sob a ordem beneditina da Alemanha, e foram as primeiras a estabelecer o estilo gótico de arquitetura.

AS ARMAS DOS FRANCO- MAÇONS DA ALEMANHA
Já em 1149, as primeiras Zünftes alemãs ou sindicatos de pedreiros se desenvolveram em Magdeburg, Würzburg, Speyer e Straßburg. Em 1250, a primeira Grande Loja dos Maçons formou-se na cidade de Colônia (Köln), [i] Alemanha. A Grande Loja foi formada como parte do imenso empreendimento para erguer a catedral de Colônia.
O primeiro congresso maçônico ocorreu na cidade de Straßburg, na Alemanha no ano de 1275. Ela foi fundada pelo Grão Mestre Erwin von Steinbach. Este também foi o primeiro uso registrado do símbolo dos maçons, o compasso e o esquadro. Embora Straßburg fosse considerada a primeira Grande Loja de seu tempo, outras Grandes Lojas maçônicas já haviam sido fundadas em Viena, Berna e a acima mencionada de Colônia; estas foram chamadas Oberhütten ou grandes lojas. Diversos congressos maçônicos foram realizados na cidade de Straßburg, incluindo os anos 1498 e 1563. Nesta época, as primeiras Armas de Maçons registradas na Alemanha foram registradas representando quatro compassos posicionados em torno de um símbolo do sol pagão, e dispostos em forma de suástica ou roda solar ariana. As Armas Maçônicas da Alemanha também exibiam o nome de São João Evangelista, santo padroeiro dos maçons alemães.
A Oberhütte (Grande Loja) de Colônia, e seu grão-mestre, era considerada a cabeça das lojas maçônicas de toda a Alemanha do norte. O grão-mestre da Straßburg, na época uma cidade alemã, era chefe de Lojas Maçônicas de todo sul da Alemanha, Francônia, Baviera, Hesse e as principais áreas da França.
As Grandes Lojas de Maçons na Alemanha recebiam o apoio da Igreja e da Monarquia. O Imperador Maximiliano revisou o congresso maçônico de 1275 em Straßburg e proclamou a sua proteção ao ofício. Entre 1276 e 1281, Rudolf I de Habsburgo, um rei alemão, tornou-se membro da Bauhütte ou Loja de St. Stephan. O Rei Rudolf foi um dos primeiros não-operativos, também chamados membros livres ou especulativos de uma loja maçônica.
Os estatutos dos maçons na Europa foram revisados em 1459 pela Assembléia de Ratisbonne (Regensburg), a sede da Dieta Alemã, cuja revisão preliminar tinha ocorrido em Straßburg sete anos antes [ii]. As revisões descreviam a exigência de testar irmãos estrangeiros antes de sua aceitação nas lojas através de um método de saudação estabelecido (aparentemente internacional ou europeu).
A primeira assembleia geral de maçons na Europa ocorreu no ano de 1535, na cidade de Colônia, na Alemanha. Ali, o bispo de Colônia, Hermann V, reuniu 19 lojas maçônicas para estabelecer a Carta de Colônia, escrita em latim. As primeiras grandes lojas dos maçons estiveram presentes, o que era costume na época, e incluíam a Grande Loja de Colônia, Straßburg, Viena, Zurique e Magdeburg. A Grande Loja Mãe de Colônia, com o seu grande mestre era considerada a principal Grande Loja da Europa.
Após a invenção da imprensa, os maçons (Steinmetzen) da Alemanha, reuniram-se em Ratisbona em 1464 e imprimiram as primeiras Regras e Estatutos da Fraternidade de Cortadores de Pedra de Straßburg (Ordnung der Steinmetzen). Estes regulamentos foram aprovados e sancionados pelos Imperadores sucessivos, tais como Carlos V e Ferdinando.
O monge alemão Martinho Lutero e seu protesto contra as injustiças e hipocrisias da Igreja Católica em 1517 deram origem ao protestantismo. Isto liberalizou algumas das lojas maçônicas da época. A Catedral de Straßburg tornou-se Luterana em 1525 e muitas outras a seguiram.
Em 1563, os Decretos e Artigos da Fraternidade de Canteiros foram renovados na Loja Mãe em Straßburg no dia de S. Miguel. Estes regulamentos demonstram três elos importantes com a Maçonaria moderna. Em primeiro lugar, os aprendizes eram chamados de “livres” na conclusão do serviço a seu Mestre, o que sem dúvida é a origem da palavra Freemason  ou “franco-maçom”. Em segundo lugar, a natureza fraternal da loja era retratada em uma série de regulamentações, tais como o atendimento aos doentes, ou a prática de ensinar um irmão sem cobrar, nos termos do artigo 14. Em terceiro lugar, os maçons utilizavam um aperto de mão secreto como meio de identificação.
Dois artigos do regulamento indicando estes pontos são:
“NENHUM MESTRE ENSINARÁ UM COMPANHEIRO POR DINHEIRO”.
XIV. E nenhum artesão ou mestre aceitará dinheiro de um colega para mostrar ou ensinar-lhe qualquer coisa relacionada com maçonaria. Da mesma forma, nenhum vigilante ou companheiro mostrará ou instruirá qualquer um por dinheiro a talhar, conforme dito acima. Se, no entanto, alguém desejar instruir ou ensinar outro, ele pode muito bem fazê-lo, uma mão lavando a outra, ou por companheirismo, ou para assim servir ao seu mestre.
LIV. Em primeiro lugar, cada aprendiz quando tiver servido o seu tempo, e for declarado livre, prometerá à ordem, pela verdade e sua honra, ao invés de juramento, sob pena de perder o seu direito à prática da maçonaria, que ele não divulgará ou comunicará o aperto de mão e a saudação de pedreiro a ninguém, exceto àquele a quem ele pode justamente comunicá-las, e também que ele não escreverá coisa alguma sobre isso” [iii].
As regras de Straßburg estipulavam que a entrada na Fraternidade era por livre vontade e indicava claramente os três graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre na fraternidade maçônica alemã. Elas exigiram que se fizesse um juramento e que os pedreiros se reunissem em grupos chamados ‘Kappitel’ (Capítulo). As regras instruíam os maçons não ensinar Maçonaria a não-maçons.
Está claro que as lojas ou grandes lojas maçônicas alemãs existiam antes da formação da Grande Loja de Inglaterra em 1717. Assim como o uso de apertos de mão secretos, o uso do termo “livre” e sua aceitação de não-operativos. O uso de alegoria e simbolismo em camadas, que torna exclusivo o sistema maçônico fraternal, também era evidente nas lojas alemãs da época, conforme mostrado nas esculturas de pedra e estilos arquitetônicos das igrejas e mosteiros que eles construíram.
A partir da página Web www.klovekorn.com:
99º of Freemasonry apóia a teoria de que a semente da Maçonaria moderna, não estava ligada aos Cavaleiros Templários ou à maçonaria inglesa, mas originou-se com as instituições maçônicas da Alemanha, que por sua vez, tinham recebido os seus conhecimentos maçônicos de organizações maçônica mais antigas. Esta afirmação é suportada através de sete pontos principais de prova.
1.    Que o Manuscrito Régio, o mais antigo texto maçônico (reconhecido) sobrevivente na Grã-Bretanha, faz referência aos quatro mártires coroados, que estão inequivocamente relacionados com a lenda dos maçons sob o Sacro Império Romano de Nação Germânica, uma tradição maçônica que teve origem na Alemanha e não na Grã-Bretanha.
2.    A existência e o mais antigo uso registrado do esquadro e compasso ( sinal fraternal da Maçonaria) nas Armas dos Corpos Maçônicos Alemães.
3.    A existência de instituições maçônicas altamente organizadas (Steinmetzen) na Alemanha no século 13, tais como a Grande Loja (Oberhütte) de Straßburg e Köln, e diversas lojas maçônicas subordinadas, que não só trabalhavam em pedra, mas também incluíam ensinamentos alegóricos maçônicos dentro de suas guildas.
4.    A eleição de um Grão-Mestre dos Maçons no século 13 e a criação de graus de aprendizes, companheiros e mestres pedreiros na Alemanha no século 12 e anteriormente.
5.    O estabelecimento de Estatutos e Regras impressos da Ordem Maçônica na Alemanha antes da criação de estatutos maçônicos escritos na Grã-Bretanha.
6.    A inclusão de membros não-operativos (ou especulativos), tais como o Rei Rodolfo I em lojas maçônicas na Alemanha no século 13.
7.    A primeira exigência em grande escala registrada de que lojas maçônicas utilizassem um método secreto de saudação e de ‘aperto de mão’.
99º of Freemasonry também analisa o uso do compasso e esquadro como símbolos alegóricos morais de maçonaria em obras de arte dentro da cultura alemã do período, mais uma prova da filosofia maçônica dentro da cultura alemã e da Europa continental neste período.
Embora muitos maçons tenham sido condicionados a aceitar que as origens da Maçonaria partem da Inglaterra ou da Escócia, pois as grandes organizações maçônicas modernas atuais estão profundamente interligadas dentro desta área geográfica, o 99º of Freemasonry lança nova luz sobre a história maçônica, e insta, se não inspira os leitores a olhar para o continente europeu como a grande semente da Maçonaria.
 [I] Rebold, Emmanuel & Fletcher, Brennan J (Ed), História Geral da Maçonaria na Europa – com base em documentos antigos relativos a, e monumentos erguidos por esta fraternidade, desde a sua fundação no ano 715 aC até o presente momento, Cincinnati, publicado pela Geo. B Fessenden 1867, reimpressão por Kessinger Publishing EUA.
[Ii] Naudon, Paul, A História Secreta da Maçonaria – Suas Origens e Conexões com os Cavaleiros Templários. EUA. Traduzido por Jon Graham. Inner Traditions, Rochester, Vermont, Copyright 1991 de Editions Dervey, Tradução para Inglês- copyright 2005 por Inner Traditions International. Originalmente publicado em francês sob o título “Les origins de la Franc-Maçonnerie, Le sacre le métier, Paris. ISBN 1-59477-028-X, pag 6. pag 174.
[Iii] Gould, Robert Freke, A História da Maçonaria, suas antiguidades, símbolos, Constituições, Costumes, etc. Volume 1 T.C. & E. C. Jack, Grange Publishing Works, Edinburgh, pag. 122.

AMADORISMO MAÇÔNICO - A QUESTÃO DA LEGITIMIDADE MAÇÔNICA



Saudações estimado Irmão,
começando um novo ano, alerto para o perigo do AMADORISMO MAÇÔNICO

Participo de alguns grupos de estudo maçônico e um tema sempre recorrente é a legitimidade, a espuriedade e o reconhecimento; confesso que isto me dá um desânimo tremendo.

Queridos Irmãos, todos os Maçons espalhados pela face da Terra são espúrios! Acha que joguei pesado? Não! Ser espúrio ou legítimo não é um personalismo do Maçom, mas uma condição apontada por um terceiro.

Veja bem: se sua Loja está jurisdicionada a uma Potência/Obediência e esta não tem um Tratado de Mútuo Reconhecimento com a Grande Loja do Grande Oriente de Marte, os marcianos iniciados nos Augustos Mistérios vos considerará espúrio e a questão é simples; esta condição muda alguma coisa em sua vida maçônica? Estas situações são tão interessantes que eu conheço um grande escritor maçônico, cuja página de trabalhos na internet ultrapassou 200.000 acessos e algumas Potências o consideram espúrio e nas Lojas seus textos são lidos, debatidos e trazem progressos para os Irmãos.

Nas discussões que tenho acompanhado, alguns Irmãos se manifestam dizendo que assim a Maçonaria vai acabar. Compreendam que quando Mário Behring saiu do Grande Oriente e começou a construir uma nova Potência, não havia coisa mais espúria para muitos Maçons Brasileiros do que as Grandes Lojas! E hoje estamos assim juntos e misturados, o que realmente põe em risco nossa Sublime Instituição é o AMADORISMO MAÇÔNICO.

As pessoas acham que a diferença entre profissionalismo e amadorismo está nos valores monetários que envolvem as partes, não é nada disso! O que difere o Profissional do Amador é a QUALIFICAÇÃO e é neste ponto que eu quero chegar.

O Irmão é um Maçom Profissional ou um Maçom Amador?

O que o Irmão pretende fazer para evoluir? 
Neste novo ano que hoje se inicia, o Irmão pretende ir para sua Loja como proprietário ou como estagiário?

Durante os trabalhos você vai fazer e acontecer ou simplesmente esperar que alguém lhe mande fazer alguma coisa?

Toda Loja deve ter uma Missão, um Objetivo uma Razão para se reunir e não pensem que isto é trabalho do Venerável Mestre; os Maçons são Bodes e não Carneirinhos! Em 2011 sua Loja fará aniversário; com certeza em junho/julho teremos Irmãos com necessidade de agasalhos; olha que coisa fantástica, em 2011 teremos o 21 de abril, o 7 de setembro, o 15 de novembro, o 20 de novembro e invariavelmente no final do ano as chuvas causarão estragos e o Irmão estará preparado para estes eventos?

Cada Irmão deve compreender que Maçonaria é coisa séria, que precisa do comprometimento dos seus Membros, que cada um bata no peito e diga: Não! Não! Não! Eu não menti em minhas promessas e não negarei minha missão! Eu não permitirei que a fraqueza domine meu espírito!

Nunca! Nunca pararei na senda do progresso e da perfeição, porque a Ordem e acima de tudo por ser eu um formador de opinião, um livre pensador, um homem justo e de bons costumes.

O que eu escrevi acima não vale só para as atividades maçônicas, 2011 pode ser o melhor ano de sua vida (profana e maçônica), desde que você se qualifique e se faça merecedor das graças do Grande Arquiteto do Universo; Ele nunca lhe mandará mais do que possa manejar. Antes de pensar em comprar um carro, qualifique-se como motorista.

Mais do que possuir um bem é de suma importância saber como usufruí-lo. Para que pensar em ir para a Europa se você desconhece os encantos de sua cidade?

Não creia no acaso, acredite no merecimento. Uma gema encontrada por um garimpeiro não é fruto de sorte ou bondade de Deus, até chegar a ela foi depreendido muito suor e muita atenção aos sinais que a Terra estava dando sobre que caminho seguir.

Rogo a Papai do Céu que em 2011 cubra você e toda sua família com fortes vibrações de Paz, Saúde, Prosperidade e MUITO TRABALHO.

Sérgio Quirino Guimarães
ARLS Presidente Roosevelt 025 - Segundas-feiras, Templo 801
Palácio Maçônico - Grande Loja - Belo Horizonte - Minas Gerais.

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