INTRODUÇÃO
A palavra foi a forma com a qual a sociedade
conseguiu encontrar a melhor forma de se comunicar. Articulando as mesmas
transformamos nossos pensamentos em palavras que podem virar ações. Toda
palavra tem poder, para o bem ou para o mal. Já dizia o provérbio chinês: “Há três coisas que nunca voltam atrás: a
flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida.”.
A Maçonaria por sua vez utiliza-se da Palavra em inúmeras
ocasiões: encontramos a Palavra Semestral, a de Reconhecimento, a de Ordem, a
Misteriosa, e muitas outras. Neste trabalho falarei sobre a Palavra de Passe do
grau de companheiro, a PALAVRA DE PASSE é a Senha de reconhecimento entre os
maçons, para que estes sejam reconhecidos dentro dos seus graus.
DESENVOLVIMENTO
A Palavra de Passe do Grau de Companheiro foi
retirada das Sagradas Escrituras, mais propriamente do Velho Testamento, Livro
dos Juízes – Cap. 12 e foi adotada pela maçonaria tanto pela sua origem quanto
pelo seu significado simbólico.
Nas Escrituras Sagradas, a versão brasileira vem
escrita como “chibolete”, originariamente escrito SCHIBBOLETH, havendo outras
formas, shibbolet, chibolett, cibolet, mas o valor da palavra esta em sua
pronuncia e não na forma escrita, pois em italiano, por exemplo, o ch tem o som
de q e seria então quibolete, o que acabaria com sua função.
Aqui está o
excerto relevante do livro de Juízes. O relato completo está no capítulo 12,
versículos 1-15.
4
- Depois ajuntou Jefté todos os homens
de Gileade, e combateu contra Efraim, e os homens de Gileade feriram a Efraim,
porque estes disseram-lhe: vós gileaditas sois fugitivos de Efraim no meio dos
efraimitas, e entre os manassitas.
5
- E tomaram os gileaditas as passagens
do rio Jordão diante dos efraimitas: e assim foi que, quando qualquer um daqueles que
eram efraimitas escapava e dizia: Deixa-me passar! Os homens de Gileade,
diziam-lhe:
És tu efraimita ? E dizendo ele: Não;
6
- Então lhe diziam: Dize agora Shibboleth, porem eles respodiam: Sibbolet: por
que não poderia moldura para pronunciá-lo direito. Então eles o levavam e assim
os matavam as passagens do Jordão, e caíram, naquele tempo quarenta e dois mil
efraimitas.
O motivo desta desavença teria surgido do fato de
não serem convidados os Efraimitas, de participarem do conflito contra os
filhos de Amon, lembrando que os vencedores, nesta época, costumavam levar os
ricos despojos de guerra dos vencidos.
Jefté, vitorioso no combate resolveu para garantir
a total derrota dos Efraimitas, guardar as passagens do rio Jordão, por onde
tentariam os fugitivos retornarem a suas terras.
A semelhança entre os povos daquela região
dificultava esta vigilância, foi então que, Jefté utilizando-se da variação
linguística, armou um meio de acabar de uma vez por todas com o exército de
Efraim. Assim sendo, todos que por ali passavam eram imediatamente indagados a
repetirem uma palavra.
A palavra escolhida foi SCHIBOLETH, pois os
Efraimitas pronunciavam a consoante S, num som mais sibilado, saindo então
SIBOLET, dessa feita, os Efraimitas prejudicados por sua diferença de
pronúncia, ao repetirem a palavra, eram então rapidamente identificados e
degolados.
Como a palavra SHIBOLETH resultou em uma senha
segura, o rei Salomão a utilizou posteriormente com palavra de passe aos Companheiros.
O significado da palavra assim como sua grafia
possui variações conforme as fontes pesquisadas, a tradução, Espiga de Trigo ou
também “corrente das águas”. Conforme outras interpretações, o
significado passa a ser “A Senda” ou “O Caminho”.
De acordo com Jorge Adoum, “Um caminho, do qual não
pode e nem deve afastar-se, porque é o Caminho do Serviço e da Superação”.
Rizzardo da Camino fundamenta suas teorias também
na relação da Palavra com a Espiga de Trigo, fazendo ainda uma correlação com
“Corrente de Água”.
Onde o Trigo, que sempre foi tido como um grão
sagrado representa desde a fecundidade até seu crescimento, onde o Aprendiz
vence e se transforma em Companheiro, quando se encontra e estabelece no plano
elevado, para amadurecer e, por sua vez, frutificar.
O Trigo tem a faculdade de permanecer
indefinidamente íntegro, como existem exemplos de grãos encontrados em túmulos
de faraós, que depois cinco ou seis milênios, apos serem plantados e
umedecidos, germinaram e produziram fruto.
Já a “Corrente de Água”, seu simbolismo está
relacionado em ser a água um dos principais elementos da Natureza, indispensável
à vida, uma função da maçonaria a sociedade.
CONCLUSÃO
Devemos saber falar a palavra certa no momento
certo e do modo certo. Às vezes a palavra mais forte é o silêncio. Muitas vezes
falamos demais, falamos o que não sabemos, falamos para a pessoa errada, no
momento errado e da forma errada.
Na condição de maçom escutar e silenciar são artes
que precisamos aprender e exercitar para podermos evoluir no aprendizado
Maçônico, afinal o silêncio vem sendo praticado á vários séculos na Maçonaria.
ARLS Cedros do Líbano N° 1688 –
Oriente de Miguel Pereira/RJ
Companheiro: Fernando Britto
Barboza
BIBLIOGRAFIA
ADOUM, Jorge – GRAU DO COMPANHEIRO E SEUS MISTÉRIOS –
Esta é a Maçonaria. Ed. PENSAMENTO, 15.ª Edição, São Paulo, 1998.
CAMINO, Rizzardo de – SIMBOLISMO DO SEGUNDO GRAU –
Companheiro. Ed. MADRAS – São Paulo, 1998.
BÍBLIA SAGRADA – VELHO TESTAMENTO