Nos
textos anteriores, procurei dar uma noção sistematizada das várias vertentes do
que se convencionou chamar de segredo maçônico e que eu designo por segredo maçônico
exotérico, já que tudo aquilo a que respeita pode facilmente ser transmitido e
apreendido.
Procurei também indicar as razões da preservação de segredo sobre
essas matérias. Mas, em minha opinião, o verdadeiro segredo maçônico vai muito
além da discrição sobre identidades, modos de reconhecimento, rituais, cerimônias
e trabalhos efetuados.
Em minha
opinião, o verdadeiro segredo maçônico, o que importa, o que releva, existe,
não porque os maçons o queiram preservar, mas porque não o conseguem revelar.
Porque é insuscetível de plena transmissão. Chamo-lhe segredo maçônico
esotérico. Também há quem o refira como a Palavra Perdida. Em bom
rigor, nem sequer é exclusivo dos maçons. A Maçonaria ensina e pratica apenas
um dos métodos para a ele se poder aceder. Outros porventura haverá, desde a
vertente mística à que privilegia a meditação ou a busca do equilíbrio
perfeito.
Talvez, como muitas vezes sucede, quem melhor conseguiu mostrar o que é o verdadeiro segredo maçônico, tenha sido um Poeta, no caso, o grande Fernando Pessoa, neste fantástico poema.
É realmente incomunicável. E obviamente não tenho a prosápia de desmentir o Poeta. Mas posso tentar apontar a sua natureza, indicar a direção em que cada um deve olhar sugerir o rumo da busca.
O verdadeiro segredo maçônico, aquilo a que muitos chamam de Palavra Sagrada ou, muito simplesmente, de Luz, é aquilo que o maçom aprende através do contacto com seus Irmãos, do convívio e busca de entendimento dos elementos simbólicos que a maçonaria profusamente coloca à disposição dos seus elementos, do método de análise, de trabalho, de esforço, de meditação, de extenuada conquista, passo a passo, degrau a degrau, patamar a patamar, sobre si próprio, a pulso desbastando suas imperfeições, despojando-se do interesse sobre toda a ganga material que obnubila os nossos espíritos, indo-se cada vez mais longe em épica viagem, com começo e fim no fundo de si mesmo e aí descobrindo a resposta que procura.
Esta busca, esta viagem, esta procura, tem um começo e um fim, mas nem um nem outro serão porventura os esperados. O começo será sempre depois do meio dia, a hora a que os maçons iniciam os seus trabalhos, quando cada um está efetivamente apto a começar a trilhar o caminho sem marcos, bordas ou fronteiras, que conduzirá não sabe onde. O fim, esse, tem hora marcada, aquela a que os maçons pousam as suas ferramentas, a meia noite. Como em muito do que tem valor, tão importante é o resultado como o trabalho para obtê-lo, tão atraente é o destino, como o caminho que a ele conduz. E muito raramente o caminho mais curto entre o ponto de partida e o de chegada será uma reta...
Em bom rigor, duvido mesmo que haja apenas um verdadeiro segredo maçônico, um único segredo esotérico. Nesta altura do meu entendimento, propendo a considerar que cada maçom atinge a sua própria Luz - a deste com mais brilho, a daquele mais baça, a daquele outro, qual bruxuleante chama de longínqua vela, mal se vendo -, cada maçom encontra e resgata a sua própria e individual Palavra Perdida - a de um bela e cristalina, a de outro sonora e estentória, a de um terceiro suave e quase inaudível murmúrio.
Cada um encontra o que procura e o que trabalha e se esforça por encontrar. Cada um encontra Segredos, Luzes, Palavras diferentes ao longo da sua busca. Porque esta nunca termina. Cada resposta encontrada dá origem a novas perguntas, nascidas de mais lúcida compreensão, em perpétua evolução e aprofundamento de compreensão.
Talvez, como muitas vezes sucede, quem melhor conseguiu mostrar o que é o verdadeiro segredo maçônico, tenha sido um Poeta, no caso, o grande Fernando Pessoa, neste fantástico poema.
É realmente incomunicável. E obviamente não tenho a prosápia de desmentir o Poeta. Mas posso tentar apontar a sua natureza, indicar a direção em que cada um deve olhar sugerir o rumo da busca.
O verdadeiro segredo maçônico, aquilo a que muitos chamam de Palavra Sagrada ou, muito simplesmente, de Luz, é aquilo que o maçom aprende através do contacto com seus Irmãos, do convívio e busca de entendimento dos elementos simbólicos que a maçonaria profusamente coloca à disposição dos seus elementos, do método de análise, de trabalho, de esforço, de meditação, de extenuada conquista, passo a passo, degrau a degrau, patamar a patamar, sobre si próprio, a pulso desbastando suas imperfeições, despojando-se do interesse sobre toda a ganga material que obnubila os nossos espíritos, indo-se cada vez mais longe em épica viagem, com começo e fim no fundo de si mesmo e aí descobrindo a resposta que procura.
Esta busca, esta viagem, esta procura, tem um começo e um fim, mas nem um nem outro serão porventura os esperados. O começo será sempre depois do meio dia, a hora a que os maçons iniciam os seus trabalhos, quando cada um está efetivamente apto a começar a trilhar o caminho sem marcos, bordas ou fronteiras, que conduzirá não sabe onde. O fim, esse, tem hora marcada, aquela a que os maçons pousam as suas ferramentas, a meia noite. Como em muito do que tem valor, tão importante é o resultado como o trabalho para obtê-lo, tão atraente é o destino, como o caminho que a ele conduz. E muito raramente o caminho mais curto entre o ponto de partida e o de chegada será uma reta...
Em bom rigor, duvido mesmo que haja apenas um verdadeiro segredo maçônico, um único segredo esotérico. Nesta altura do meu entendimento, propendo a considerar que cada maçom atinge a sua própria Luz - a deste com mais brilho, a daquele mais baça, a daquele outro, qual bruxuleante chama de longínqua vela, mal se vendo -, cada maçom encontra e resgata a sua própria e individual Palavra Perdida - a de um bela e cristalina, a de outro sonora e estentória, a de um terceiro suave e quase inaudível murmúrio.
Cada um encontra o que procura e o que trabalha e se esforça por encontrar. Cada um encontra Segredos, Luzes, Palavras diferentes ao longo da sua busca. Porque esta nunca termina. Cada resposta encontrada dá origem a novas perguntas, nascidas de mais lúcida compreensão, em perpétua evolução e aprofundamento de compreensão.
É por
isso que tenho para mim que eu não posso, não consigo, não sei partilhar a
minha Palavra, com mais ninguém, nem sequer com o meu mais chegado
Irmão. Não só porque não consigo descrevê-la em toda a sua extensão e
complexidade, como porque o mero enunciar do ponto do caminho em que me
encontro me abre novos horizontes de busca, para lá dos quais nem sequer sei se
não terei de pôr em causa e de reformular tudo ou parte do que me levou a
percorrer esse preciso caminho, quer ainda porque cada viagem, mesmo a do meu
mais chegado Irmão, seguiu rumos diversos dos meus, levando a linguagens
distintas, a conceitos diferentes, a complexas variantes.
Cada um, penso-o agora - no preciso instante em que isto escrevo -, em cada momento encontra diferente Palavra, vê diversa Luz, preserva variado Segredo, porque cada um viaja para destinos diferentes: cada um viaja até ao fundo de si mesmo e cada um é todo um Universo diferente do parceiro do lado.
Nessa viagem, nesse trabalho, nessa busca, cada um procura coisa diversa. Eu só posso definir o que neste momento busco. Já me reconciliei - há muito! - com a finitude da vida neste plano de existência, já abandonei, por estulta e estéril, a busca do imenso por que, a mim nunca me interessou particularmente interrogar-me sobre o cósmico como.
Cada um, penso-o agora - no preciso instante em que isto escrevo -, em cada momento encontra diferente Palavra, vê diversa Luz, preserva variado Segredo, porque cada um viaja para destinos diferentes: cada um viaja até ao fundo de si mesmo e cada um é todo um Universo diferente do parceiro do lado.
Nessa viagem, nesse trabalho, nessa busca, cada um procura coisa diversa. Eu só posso definir o que neste momento busco. Já me reconciliei - há muito! - com a finitude da vida neste plano de existência, já abandonei, por estulta e estéril, a busca do imenso por que, a mim nunca me interessou particularmente interrogar-me sobre o cósmico como.
Por
agora, desde há muito e não sei até quando, concentro-me na busca do sentido da
Vida e da Criação. Tenho uma idéia rude e imprecisa desse sentido. Busco o
melhor ângulo para obter mais Luz. Espero que consiga obter o Brilho suficiente
para, através do sentido da Criação, entrever o Criador... E tudo isto eu - neste
momento - busco, em fantástica viagem, sem outro veículo que não eu
próprio, não consumindo outro combustível senão tudo aquilo de que me
interiormente despojo, sem outro destino e caminho senão o fundo de mim mesmo.
Porque é
o conhecimento de mim mesmo, em todas as complexas vertentes que condicionam o
meu Eu que me habilitará a conhecer o Outro, o Mundo e
quem o criou e por que e para quê e como. Eu sou a pergunta, a pergunta sem
resposta, a pergunta buscando a resposta e, simultaneamente, a resposta contida
na própria pergunta, que me levará a nova pergunta, que gerará nova resposta,
em contínuo alargar de horizontes, que espero me permita entrever o que está
para além do horizonte e contém todos os horizontes...
Algo já encontrei, algo já me ilumina, algo já consigo balbuciar. Mas não tenho ilusões: ainda não sei ler nem escrever, sei apenas soletrar...
Confuso, não é? Pois é! Eu bem avisei que o segredo maçônico esotérico é aquele que existe porque não se consegue transmitir... O Poeta bem o soube...
Rui Bandeira
Algo já encontrei, algo já me ilumina, algo já consigo balbuciar. Mas não tenho ilusões: ainda não sei ler nem escrever, sei apenas soletrar...
Confuso, não é? Pois é! Eu bem avisei que o segredo maçônico esotérico é aquele que existe porque não se consegue transmitir... O Poeta bem o soube...
Rui Bandeira
Simplismente um belissimo trabalho que confesso sou fã dessa pagina. Obrigado por tão belas palavras que com permição gostaria de replicalas em minhya loja. um forte T.'.F.'.A.'. Agnaldo R Mathias
ResponderExcluirloja ARLS Fraternidae Pasense n 366 oriente de Passos MG
potencia GLMMG
Email; agnaldo1745@gmail.com