A ORIGEM DA PALAVRA IRMÃO



“O maior cargo em maçonaria é o de verdadeiro Irmão.”

Curioso, no entanto, é que ao sermos reconhecidos como
Irmãos, o outro abre o sorriso e os braços, como se fosse um
velho conhecido.

Esse é um sentimento de irmandade, é muitas vezes, mais
forte que entre Irmãos de sangue.

Meu Irmão, se eu me esquecer de você, nunca se esqueça
de mim! Conte comigo. Eu conto consigo.

Fraterno é aquilo que se refere ou pertence ao irmão, frater,
em latim… Fraterno: do latim fraternu, declinação de
fraternus, fraterno, relativo ou pertencente a irmão, frater, em
latim, com o significado adicional de afetuoso, ou cordial,
amigável, como se supõe que seja o convívio entre irmãos.
Frater veio do grego phrater, ambos radicados no sânscrito
bhratar, origem também do gótico brothar, do inglês brother e
do alemão Bruder. 

Em português, irmã formouse de irmão,
mas em outras línguas a palavra está radicada também no
sânscrito svásar, que deu sister, em inglês, Schwester, em
alemão, syster, no sueco, sestrá, no russo, éor, no grego,
hermano no espanhol, soror no latim.

No português, sóror é título para irmãs, freiras professas,
madres, cujo masculino pode ser irmão, embora o mais usado seja frei. 

Quando os falantes da gíria atual dizem bróder, do inglês brother, sem o
saberem pronunciam uma palavra semelhante ao sânscrito
bhratar, mãe de todas estas formas para irmão.

…Por associação de idéias, passou a significar afetuoso, como
tende a ser o relacionamento entre irmãos.

Os membros da Maçonaria, unidos pelo Amor Fraternal,
qualquer que seja o seu grau, dão–se o tratamento de “Irmão”.
É o título que geralmente se dão, mutuamente, os religiosos
de uma mesma Ordem e de um mesmo convento e também os
membros de uma mesma associação.

Esse tratamento existe em todas as sociedades iniciáticas e
nas confrarias, em que o seu significado é a condição
adquirida com a participação de um mesmo ideal baseado na
amizade. É o tratamento que se davam entre si os maçons
operativos.

A origem do cordial tratamento de “Irmão” afirma que esse
tratamento foi adotado, e nunca mais olvidado pelos maçons,
desde os tempos de Abraão, o velho patriarca bíblico. Reza a
história que estando ele e sua mulher Sara no Egito, lá
ensinavam as 7 ciências liberais (gramática, lógica e dialética,
matemática, geometria astronomia e música), e contou entre
os seus discípulos com um de nome Euclides. 

Tão inteligente que não demorou nada em tornar-se mestre nas mesmas
ciências, ficando por isso bastante afamado como ilustre
personagem.

Então Euclides, a par com suas aulas estabeleceu regras de
conduta para o discipulado; em primeiro lugar cada um
deveria ser fiel ao Rei e ao país de nascimento; em segundo
lugar, cumpria-lhes amarem-se uns aos outros e serem leais e
dedicados mutuamente.

Para que seus alunos não descuidassem dessas últimas obrigações, 
ele sugeriu a eles que se dessem, reciprocamente, o tratamento de
 “Irmãos” ou “Companheiros”.

Aprovando inteiramente esse costume da escola de Euclides, a
Maçonaria resolveu sugeri-lo aos seus iniciados, que o
receberam com todo agrado, sem nenhuma restrição,
passando a ser uma norma obrigatória nos diversos Corpos da
Ordem.

De fato, traduz uma maneira de proceder muito afetiva e
agradável a todos os corações dos que militam em nossos
Templos. Assim passaram os Iniciados ao uso desse
tratamento em todas as horas, quer no mundo profano, quer
no maçônico.

O Poema Regius, que data do ano de 1390, aconselha os
operários a não se tratarem de outra forma senão de “meu
caro Irmão”. Por isso o tratamento de Irmão dado por um
maçom a outro, significa reconhecimento fraternal, como
pertencente à mesma família.

Os maçons são Irmãos por terem recebido a mesma Iniciação,
os mesmos modos de reconhecimento e foram instruídos no
mesmo sistema de moralidade. Além da amizade fraternal que
deve uni-los, os maçons consideram-se Irmãos por serem,
simbolicamente, filhos da mesma mãe, a Mãe-Terra,
representada pela deusa egípcia Ísis, viúva de Osíris, o Sol, e a
mãe de Hórus.

Assim os maçons são, também, simbolicamente, Irmãos de
Hórus e se autodenominam Filhos da Viúva.

Durante a Iniciação ao recipiendário, seus novos Irmãos
juram protegê-lo sempre que for preciso. A partir daquele
momento, todos que a ele se referem o tratam como Irmão. Os
filhos de seus novos Irmãos passam a tratá-lo como “Tio” e as
esposas de seus Irmãos passam a ser sua “Cunhada”. Forma-se
nesse momento um elo firme entre o novo membro da Ordem
e a família maçônica.

A Maçonaria não reconhece qualquer distinção entre raças,
crenças, condições financeiras ou sociais entre seus obreiros.
Há séculos vem a Sublime Instituição oferecendo a
oportunidade aos homens de se encontrarem e colherem os
frutos do prazer de conviver sempre em paz, em união e
concórdia, como amigos desinteressados, dentro de um
espírito coletivo voltado à prática do bem, guiados por rígidos
princípios morais, sem desavenças e dissensões.

Os membros de nossa Ordem aprendem a destruir a
ignorância em si mesma e nos outros; a ser corajoso contra
suas próprias fraquezas, lutar contra seus próprios vícios e
também contra a injustiça alheia.

São estimulados a praticarem um modo de vida que produza
um nível elevado em suas relações com seus Irmãos, aos quais
dedicam amizade sincera e devotada. São fiéis cumpridores de
todo dever cujo cumprimento lhes seja legalmente imposto ou
reclamado pela felicidade de sua Pátria, de sua Família e da
Humanidade.

Jamais abandonará sua prole, seus Irmãos e seus amigos, no
perigo, na aflição ou na perseguição. Sobre o coração do
maçom está o símbolo do amor, da amizade, da razão serena e
perseverante.

O que o distingue na vida profana é sua aversão à iniqüidade,
à injustiça, à vingança, à inveja e à ambição, sendo ele
constante em fazer o bem e em elogiar seus Irmãos.

O verdadeiro Irmão é aquele que interroga sua consciência
sobre seus próprios atos, pergunta a si mesmo se não violou a
lei da justiça, do amor e da caridade em sua maior pureza; se
não fez o mal e se fez todo o bem que podia; se não
menosprezou voluntariamente uma ocasião de ser útil; se
ninguém tem o que reclamar dele. E quando não tem uma
palavra que auxilie, procura não abrir a boca… (Se for falar,
cuida para que suas palavras sejam melhores que o seu
silêncio).

O Irmão, possuído do sentimento de caridade e de amor ao
próximo, faz o bem pelo bem, sem esperança de recompensa,
retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o
forte, e sacrifica sempre seu interesse à justiça.

Ele é bom, humano e benevolente para com todos; sem
preferência de raças nem de crenças; abraça o branco e o
preto (pois não é a cor; mas sim o talento e a virtude que faz
um homem elevarem-se por sobre os demais), o rico e o
pobre, o jovem e o velho, o sábio e o ignorante, o nobre e o
plebeu, porque vê Irmãos em todos os homens.

Porém, devemos observar que nem o rico, o príncipe ou o
sábio, devem “descer” para o nivelamento. Não descendo ao
nível deles, mas sim, ajudando-os a se levantarem e poderem
melhor enxergar o horizonte. É caminhando que se faz o
caminho. Pensando, agindo, sentindo, sofrendo, aprendendo e
corrigindo. Fazendo melhor em seguida. Se comprometendo a
sempre ensinar aos capazes, o que se aprendeu. Capacitando-os.
Perpetuando a GNOSE adquirida.

O verdadeiro Irmão não tem ódio, nem rancor, nem desejo de
vingança; compreendendo, nem condena. Portanto perdoa, e
anula as ofensas, e não se lembra senão dos benefícios que já
tenha recebido, porque sabe que com a mesma sábia
compreensão que deixou de condenar, assim será tratado
intimamente, na sua própria causa de compreensão, como réu
de sua consciência, quando essa lhe julgar.

Não se compraz em procurar os defeitos alheios, nem em
colocá-los em evidência. Se a necessidade a isso o obriga,
procura sempre motivar o bem que pode atenuar o mal.

Não se envaidece nem com a fortuna, nem com as vantagens
pessoais, porque sabe que tudo o que lhe foi dado apenas o
direito da posse, pertence ao mundo e por poder dessa força
natural, se desmerecido, tudo pode lhe ser retirado.

Se a ordem social colocou homens sob sua dependência, ele os
trata com bondade e benevolência, porque são seus iguais
perante o Grande Arquiteto do Universo; usa de sua
autoridade para erguer-lhes o moral e não para esmagá-los
com o seu orgulho; evita tudo o que poderia tornar sua
posição subalterna mais penosa.

O subordinado, por sua vez, compreende os deveres da sua
posição, e tem o escrúpulo em cumpri-los conscienciosamente.
O verdadeiro Irmão respeita em seus semelhantes todos os
direitos dados pelas leis da Natureza, como gostaria que os
seus fossem respeitados.

Aplicando os ensinamentos maçônicos, tanto no interior dos
Templos como no seio da sociedade profana, dentro de suas
possibilidades, colabora para a edificação do Templo da
civilização humana.

Afinal, se cultiva a liberdade, a igualdade e a fraternidade, tem
por obrigação, abrir mais os seus braços, entrelaçar seus
Irmãos e oferecer sua convivência fraterna, sua influência, seu
trabalho de auxílio, com harmonia, paz, concórdia e
fraternização, dentro e fora do Templo.

Enfim, o verdadeiro Irmão saberá fazer o Bem sem
ostentação, mas não sem utilidade para todos. Onde quer que
o pobre reclame o combate sem descanso aos exploradores
dos fracos, o auxílio e proteção à criança ou à mulher, o Irmão
é obrigado a fazer obra maçônica. É-lhe proibido fechar os
olhos aos deserdados da sorte.

Nossa Ordem precisa de Irmãos verdadeiros, aqueles que têm
orgulho de pertencerem à Sublime Instituição e estão
dispostos a sacrifícios pessoais em benefício dela.

O Grande Arquiteto do Universo, que é DEUS, ouve nossos
rogos e nos mostra o caminho que a Ele conduz; continua a
nos proporcionar a dádiva da aproximação de valorosos
Irmãos que nos socorrem em nossas dificuldades, se interessa
por nós, nos escrevem, telefonam para saber como estamos,
trocam e-mails e assim, não nos deixam experimentar a
depressão e a solidão.

Nossas Lojas Maçônicas são portos seguros, colos de mãe para
enxugamento das lágrimas e o consolo de nossas dores, num
ambiente de luz, paz e amor, pois é sublime reunir em seu
seio, católicos, evangélicos, espíritas, maometanos, israelitas,
budistas, e a todos dizer: “Aqui vossas disputas não
encontrarão eco. Aqui, não ofendereis a ninguém e ninguém
vos ofenderá.”

Antonio Ivan Silva Junior

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