COMPORTAMENTO E ATUAÇÃO COMO MESTRE MAÇOM:



Como Mestre esse tipo de maçom desencoraja a livre e sadia investigação dos fatos, de modo a fazer com que os Aprendizes e Companheiros assumam como verdadeiras suas ridículas superstições. Por ser um zero intelectual, costuma tratá-los como crianças, apregoando-lhes pseudociências, anedotas místicas pueris, e bobagens de fácil assimilação. Só recebem o seu aplauso os trabalhos que estiverem floreados com as quimeras com as quais está de acordo. 

Ao mesmo tempo opõe-se aos Mestres que se esforçam para ministrar-lhes ensinamentos maçônicos úteis. Sua estupidez ele a demonstra quando é questionado a respeito das doutrinas que tenta propagar em loja. Quando não as ignora por completo, como é de praxe, conhece-as muito superficialmente, limitando-se apenas a repetir chavões surrados assoprados em seu ouvido por outros visionários tão ou mais ingênuos do que ele. Com frequência, e às vezes sem se dar conta do desrespeito com que o faz, o maçom supersticioso costuma inserir seus irmãos no âmbito de suas fantasias místicas particulares, negando esse mesmo direito aos outros quando está em seu poder fazê-lo.

Como orador, ou mesmo quando pede a palavra nas reuniões, é quase sempre para arengar uma impostura que absorveu sem exame ou uma frase feita colhida em algum dos “livros” que enumeramos há pouco. 

Como Venerável, recorre com frequência ao expediente arbitrário da censura para defender da destruição uma fábula qualquer que cultiva no cérebro, ou mesmo para silenciar um irmão que tente incinerá-la com a tocha da razão. Por fim, o maçom supersticioso tem carinho especial pelas “verdades reveladas” que, a rigor, nada mais são do que anedotas destituídas de sentido impressas em papel pintado, transmitidas em sonho por criaturas do além a um número seleto e reduzido de bárbaros que supostamente viveram nos primórdios da civilização.

Esse amor é de certa forma compreensível porque, primeiro, essas “verdades” são brechas que facilitam o enxerto de imposturas (de fabricação própria ou de terceiros) em nossas alegorias e manuais de instrução; segundo porque os rituais de alguns “altos graus”, que ele assume como maçônicos, acham-se repletos delas, de forma velada ou explícita, o que pode encorajar o seu “instinto reformador” a torná-los ainda mais fraudulentos do que já são, se estiver em seu poder fazê-lo, tal como muitas vezes ocorreu no passado; terceiro porque elas permitem-no transformar a Maçonaria, pelo menos em sua imaginação, em uma espécie de local de culto particular, em apêndice de alguma religião que o frustra ou frustrou.

Quando se compara os rituais modernos com os originais ou mesmo os atuais em circulação–, nota-se de imediato a enorme quantidade de invencionices grosseiras que foram sendo introduzidas ao longo dos anos por impostores como Cagliostro, Saint-Martin, Fessler, Willermoz e outros, de modo a adequá-los às suas personalidades excêntricas. 

Não é demais sublinhar aqui que essas “verdades reveladas”, que se esfarelam facilmente quando recebem o bafejo de um raciocínio bem aplicado, durante séculos foram empregadas para atrasar a marcha da Ciência, cobrir o planeta de místicos e monges inúteis; escravizar a humanidade; derramar rios de sangue e lágrimas; encher o mundo de órfãos e viúvas, inventar instrumentos de tortura e dor; destruir civilizações inteiras, acender as chamas da perseguição; encarcerar cientistas, investigadores, poetas e filósofos honestos (muitos maçons); promover guerras; atiçar levantes sangrentos; semear o ódio e fazer milhares de vítimas por toda parte. 

PREJUÍZOS À MAÇONARIA: 

Essa fé que ordena-nos crer cegamente no que nos dizem, que não permite o emprego da razão, é a fé do ignorante; ou do estúpido que se converte em fácil instrumento dos demais. O homem que não estuda o que não compreende, que aceita sem exame o que lhe dizem, degenera sua condição, igualando-se ao bruto. (Ritual do Grau 18o – Cavaleiro Rosa Cruz – Rito Escocês Antigo e Aceito)

A fé no desconhecido é patrimônio da ignorância. (Ritual do Grau 19o – Grande Pontífice – Rito Escocês Antigo e Aceito)

O maçom supersticioso difere-se do obscurantista religioso apenas na arte da dissimulação e no que diz respeito aos seus objetos de culto. Ambos são inimigos da liberdade de expressão e amigos da censura e da arbitrariedade: o primeiro no íntimo e o segundo de forma manifesta. No resto, são iguais em quase tudo.

Julgando-se acima da lei, nosso personagem não compreende que para que a “Fraternidade dos Maçons Livres e Aceitos” continue merecendo assim ser denominada e funcionando, é mister que seus membros guardem para si suas fantasias e crenças particulares, bem como respeitem outras formas de fé e maneiras de pensar, tal como mandam os nossos regulamentos. Teimoso, intolerante e insolente, ele chega às vezes ao extremo de agir como um velho decrépito, não importando a sua idade e o ridículo que o seu comportamento suscita.

Em qualquer esfera da vida, ante um fato novo e incontestável, uma descoberta científica que lança por terra uma quimera que fermenta em seu cérebro, ele passa a odiar o fato e, sobretudo quem o descobriu. Na Maçonaria, procede de modo idêntico: mesmo estando demonstrada a incompatibilidade de suas concepções com a realidade, com a história e filosofia maçônicas, continua a defendê-las com unhas e dentes, caso creia nelas. De maneira alguma se curva às evidências e aos fatos, que falam mais alto do que qualquer opinião.

Os Landmarques 19, 20 e 21, que estabelecem, respectivamente, a obrigatoriedade do maçom crer em um “princípio criador”, crer em uma vida futura, e crer nas verdades reveladas em algum “Livro da Lei”, parecem ser os únicos regulamentos que o nosso maçom costuma obedecer, ou melhor, supõe-se que o faça, pois não há como saber no quê ele realmente crê na intimidade, sobretudo se for um hipócrita. E hipocrisia é o que não falta no meio religioso.(***)

Além do mais, como são bastante vagos nesses três pontos, esses landmarks obsoletos que por estarem em frontal contradição com a liberdade de pensamento há muito tempo já deveriam ter sido suprimidos, podem ser interpretados de inúmeras maneiras e, por isso mesmo, serem empregados para impor o arbítrio a um irmão que professa uma crença incomum (ou nenhuma), censurar concepções a respeito da vida além-túmulo diferentes das que estão na moda, criticar o que alguns entendem como “revelação” e, ainda, anatematizar grupos religiosos minoritários que manifestem suas crenças particulares, ainda que de maneira honesta.

Tente o leitor afirmar, por exemplo, que crê em um deus diferente do judaico-cristão e observe o semblante de desaprovação do maçom em exame! Melhor ainda, diga com ar de seriedade que crê nos deuses indianos (Brahma, Ganesha, Xiva etc.) e veja o como o seu rosto se retorce! Teste a tolerância que ele diz praticar rejeitando a Bíblia como “Livro da Lei” e exigindo a sua substituição pelo Alcorão! Questione os dogmas e os sofismas que ele apregoa em loja dirigindo-lhe uma pergunta bem simples: com que autoridade você afirma isso? Peça pelas credenciais dos impostores cujas doutrinas abraçou e observe o seu tartamudear!

(***) É mais fácil fazermos passar um camelo pelo buraco de uma agulha do que encontrarmos um crente que já se deu o trabalho de estudar o livro sagrado do credo que abraçou (ou que lhe foi imposto), usado geralmente como enfeite em prateleiras. 

Com raras exceções e em inúmeros particulares, todo maçom supersticioso é um ser nocivo à Maçonaria, não importando que seja um cidadão de boa índole e honesto. Sua mentalidade irracional, sua intolerância, sua mediocridade, seu desprezo pela Filosofia, seus incontroláveis impulsos proselitistas, terminam por afugentar irmãos sóbrios e esclarecidos, causando um prejuízo incalculável à nossa instituição. Por serem incapazes de conviver em harmonia com a diversidade, estes maçons buscam a companhia somente daqueles que creem nos mesmos devaneios místicos; que padecem dos mesmos preconceitos e desordens psicológicas.

Com o tempo passam a constituir grupelhos de gente hipócrita e insuportável, excluindo de suas relações irmãos que cultivam valores com os quais não estão habituados, sobretudo aqueles que utilizam a Razão como guia e a Filosofia como farol nos caminhos da vida. Depois, fundam lojas não para trabalharem em prol da sociedade, da nação, da família, e de si mesmos, mas para entupirem-se de crendices e falsidades, prostituírem os objetivos da nossa Veneranda Instituição, e imbecilizarem-se mutuamente.

 Ir.´. Ricardo Vidal

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