Precisamos
fazer e construir maçonaria. Para tanto, é necessário falar sobre e da
maçonaria. Parece difícil, mas é possível, é só querer.
A sublimação da maçonaria se estende pelos meandros da
necessidade individual com proselitismos açambarcados pela vaidade. No mundo
cristão, a diversidades de rótulos e procedimentos, desde os adoradores aos
mais tementes de um deus criado à própria conveniência, descortinam-se em curto
prazo, cruéis rivalidades fundamentalistas.
E, não pensem os diletos irmãos estarmos livres de uma
estreita correlação ao fenômeno, pois, a maçonaria abraçou este movimento com
características próprias. Talvez pela extravagância, não estamos em condições
mais desagradáveis, apesar das partições vinculadas, exclusivamente, à fome do
poder, ansiedade indomável elaborada pela farda proporcionada pelos poderes
ilusórios. Ilusórios, mas que satisfazem um desejo incontido de realização do
próprio ego.
Ao se permitirem a pluralidade de ritos, não se pensou na
displasia e suas consequências quando, como se já não bastassem os aventais
lantejoulados, ainda a absurda procura do rito melhor, mais religioso, puro,
prático, tudo que se possa imaginar para diferenciar e julgar quem é mais quem.
Quem é o mais belo.
Ao invés de se procurar a consolidação, o fortalecimento,
procura-se o mais prático sem levar em conta que nem sempre, o prático é o
correto. Já somos possuídos pelo terror incauto do tratamento “irmão”, quando
surgem os que agregam o título “amado”, isto é, a hipocrisia fomentadora
da falência dos princípios que, pelo menos, deveriam predominar na instituição.
Sem falar na maratona dos graus.
Não nos damos conta porque a vaidade é dominadora absoluta
obrigando o maçom pensar com o estômago e o cérebro, uma caixa de comandos.
Como evidencia Frei Betto, passamos a desconhecer o que seja a alteridade, isto
é, “ser capaz de apreender o outro na plenitude da sua dignidade, dos seus
direitos e, sobretudo, da sua diferença. Quanto menos alteridade existe nas
relações pessoais e sociais, mais conflitos ocorrem.”
A maçonaria dissociou-se da realidade, não mais interessa
transpor as paredes de um templo porque ali há satisfação de poder, luxúria e
vaidade. São comensais de frases feitas que satisfaçam egos personalizados pelo
narcisismo.
Houvera-me preconizado um ideal em minha iniciação, em
1977, que “ao Aprendiz Maçom, foi deflagrada não uma batalha, mas uma nova
forma de comportamento, através da virtude de que nada mais é, o galgar passos
cultivando a arte, que o levará de um caos inicial, ao conhecimento profundo do
significado de sua existência, ao amor, à paz e ao estágio de um homem de bem,
combatendo a ignorância, a tirania, os preconceitos e os erros.”
Mas o maçom parece desconhecer o que se passa no coração. Individualizou-se, oportunizou-se às conveniências de seu campo de domínio. Suas ações parecem desconhecer o triunvirato do comportamento ideal em um meio, quando a censura ética obriga, antes de qualquer ação, perguntar-se a si mesmo diante de uma triangulação perfeita, ou seja, em cada vértice, as expressões: eu quero (?) – eu posso (?) – eu devo (?).
Provavelmente fácil seria quando, assim pincelando na
última crônica de Frei Betto: “Todos os místicos, de Pitágoras a Buda, de
Plotino a João da Cruz, de Teresa de Ávila a Thomas Merton, buscaram
ansiosamente isto que uma pessoa apaixonada bem conhece: experimentar o coração
ser ocupado por Outro que o incendeie e
arrebate. Esta é a mais promissora das “viagens”. E tem nome: amor.”
Pedro Moacyr Mendes de Campos
Florianópolis, SC
Florianópolis, SC
Nenhum comentário:
Postar um comentário
É livre a postagem de comentários, os mesmos estarão sujeitos a moderação.
Procurem sempre se identificarem.