DO ATRIO


Antes de iniciarmos o estudo direcionado do tema ora abordado, vejamos a seguir os vários aspectos da palavra átrio.

Do latim atrium, designa o vestíbulo que, nos palácios e outros edifícios, vai da entrada principal à escadaria; pátio; pórtico. Na arqueologia, é a peça principal que comanda a distribuição da habitação romana tradicional, iluminada por uma abertura quadrada (o complúvio) no arco da cobertura, ou ainda, a antecâmara fechada por pórticos colunados nas basílicas paleocristãs, acessível aos incrédulos e aos catecúmenos. 

Na medicina, é o andar inferior da caixa timpânica, bem como termo utilizado para uma das duas cavidades situadas na parte superior do coração, acima dos ventrículos, com os quais se comunicam pelos orifícios atrioventriculares e auriculoventriculares. Na seara religiosa, a qual a seguir daremos maior destaque, é o nome dado ao conjunto de pátios concêntricos que circundavam o santuário no Templo de Jerusalém.

Pois bem. Ao adentrarmos na análise maçônica a que se propõe a presente peça de arquitetura, não podemos nos furtar a um retrospecto histórico-religioso do que vem a ser o Átrio.

Após enviar a Moisés, no Monte Sinai, os Mandamentos Sagrados em tábuas de pedra, ordenou o Senhor que Lhe construísse a Arca da Aliança (Êxodo 25: 10-16), para que ali fossem seladas as referidas tábuas, bem como o Tabernáculo (Êxodo 26), como Tenda da Consagração utilizada de maneira provisória para que ali fosse preservada a Arca e para que os Sacerdotes reunissem o povo de Israel até que chegassem à terra prometida, Canaã.

O Santuário foi dividido por um véu, ou cortina, pendente em duas câmaras. A primeira câmara, chamada Lugar Santo, contendo a Mesa, o Candelabro e o Altar do Incenso, onde somente os Sacerdotes tinham acesso. E a segunda câmara, chamada Santo dos Santos, na qual ficava a Arca da Aliança e à qual somente tinha acesso o Sumo Sacerdote e por uma única vez ao ano, no Dia da Expiação (Levítico 16: 29).

Era o Tabernáculo cercado por um Átrio (Êxodo 27: 9-19), este cercado por uma cerca, cuja moldura era feita de acácia coberta por prata e descansava numa base de bronze. Cortinas de linho cobriam essa moldura de fora. Elas eram penduradas em ganchos de prata de uma vara de prata. A entrada, na face leste do Átrio, era coberta por cortinas bordadas com cores, as cores azul, roxa e escarlate.

Tempos depois da chegada do povo hebreu à Terra Prometida, surge a figura do rei Davi, que sucedeu a Saul e, após inúmeras batalhas em Canaã conquistou Jerusalém, transformando-a na capital definitiva da nação israelita. Incumbiu, pois, o Senhor a Davi a construção de um Templo definitivo, em substituição ao Tabernáculo.

No entanto, por causa das guerras com que o envolveram seus inimigos, coube a Salomão, seu filho, a efetiva edificação do templo em nome do Senhor (Reis 5: 5). Temos, então, a expressão Átrio para designar genericamente os três grandes recintos do Templo de Salomão.

O primeiro era No Átrio dos Gentios, onde era permitida a entrada de qualquer um que fosse orar.

O segundo era o Átrio de Israel, onde somente os hebreus podiam penetrar (depois de haverem sido purificados) e o terceiro era o Átrio dos Sacerdotes, onde se erguia o altar dos holocaustos e os sacerdotes exerciam os seus mistérios.

Nesse esteio, concluímos que átrio é todo aquele recinto que antecede um templo, ideia essa adotada por nossa sublime instituição, percebida claramente em nosso Ritual, segundo o qual chama-se Átrio o recinto que precede o Templo, local onde os IIr.’. se revestem de suas insígnias e paramentos; é onde o M∴de CCer.’. organiza o cortejo para a entrada do Templo.

É, portanto, o local de transição entre o mundo profano e o maçônico, pois é neste lugar que os IIr.’. devem se recolher e se concentrar, em silêncio, antes de ingressar no Templo.

No átrio, o maçom deve meditar e promover uma auto-análise, reparar-se para a busca do propósito de aperfeiçoamento, mergulhar em um oceano de tranquilidade, deixando de para trás as energias

e pensamentos negativos, os dissabores, as angústias e os problemas do cotidiano, abrindo seu coração para a fraternidade aos IIr.’.. Tal meditação deve ser inclusive, um exercício regular de auto-avaliação, pois é, também, o nosso corpo um templo do Senhor.
Assim, cada ir.’. transmitirá vibrações benéficas aos demais e em uníssono direcionamos nosso pensamento ao G.’.A.’.D.’.U.’. para que dirija nossos passos.

 Dessa forma, qualquer perturbação a essa introspecção imediatamente anterior ao início dos trabalhos pode comprometê-los por completo, na medida em que desarmonizando o espírito de ao menos um dos IIr.’., pode-se desarmonizar, também, toda a sessão.

Bibliografia:
- Livro da Lei - Bíblia Sagrada;
- Ritual 1º Grau – Ap.’. M.’. – REAA;
- Rizzardo da Camino – Simbolismo do Primeiro Gral – Aprendiz;
- M. J. Outeiro Pinto – Do Meio Dia à Meia Noite – Compêndios Maçônicos do 1º Grau.
- Dicionário Maçônico.
- Grande Enciclopédia – Larousse Cultural.
Rio de Janeiro, 20 de Julho de 2011.
Marcos Vinicius Costa Rodrigues – CIM: 263.179
Ap.’. M.’.

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