MAÇONARIA DESRESPEITA A C.L.T. - HUMOR PARA DESCONTRAIR


Tenham cuidado  ao contratar novos  obreiros

Perguntas ao Ir.'. Orador

1º) A CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), no seu Art. 58, com base no que determina o Art. 7º, item XIII, da Constituição Federal -
 fixa em 8 (oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro) horas semanais, a duração normal do trabalho. 
Assim sendo, porquê a Maçonaria obriga seus Obreiros a trabalhar desde o meio-dia até a meia-noite?? 

2º) Se a
 Legislação Brasileira e o Estatuto da Criança e do Adolescente proíbem o trabalho do menor de 14 (quatorze) anos, como a Maçonaria 
permite em suas Lojas Obreiros com menos de 4 (quatro) anos???...

3º) As
 Normas Regulamentadoras de Saúde e Medicina do Trabalho obrigam, quando o trabalho exigir, o uso do EPI - Equipamento de Proteção Individual 
-. Porquê, então, a Maçonaria permite que Obreiros trabalhem quebrando pedras usando apenas um aventalzinho, sem óculos, máscaras e outros equipamentos de proteção???....

4º) A Maçonaria paga
 Adicional de Insalubridade pelo trabalho realizado após as 22:00 horas?

5º) Como a Maçonaria, não tendo
 representação de Classe (Sindicato), estabelece, sem a intervenção da CUT, CGT ou Força Sindical e fora dos períodos legais estabelecidos, 
porcentual de reajuste para determinar o Aumento de Salário de seus Obreiros???. ...

6º) Porquê a Maçonaria
 permite um Grande Arquiteto na direção de seus trabalhos que, ao que se saiba,
 não possui registro do CREA (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura) ???...

7º)
 O AGAPE, servido aos Iirs.'.é 
computado como Salario in natura?

9º)
 Qual é o Sindicato que assiste os Iirs.'., com 
mais de 1 ano de Lloja, em caso de desligamento?

9º) Como pode o V.'.M.'.
 aceitar a manifestação dos obreiros de que estão satisfeitos, apenas com uma batida da mão no avental? Por acaso é pego
 recibo ou alguma declaração escrita?

10º) - A Escada de Jacó, a exemplo das Colunas,possui certificação do INMETRO?

Perguntas baseadas em trabalho elaborado por "John Gotheyra" e publicado na página 19 da revista Cultural Maçônica "Engenho e Arte", nº. 1, de outubro de 1998.

Complementação feita pelo Ir.'. Roberto de Barros Pimentel.'., da A.R.L.S. Acacia de Avaré nº 590, G.L.E.S.P..






OS MAÇONS E A MAÇONARIA - HUMANISMO E GLOBALIZAÇÃO



Ao longo destas quase duas décadas decorridas sobre a minha Iniciação, e que se seguiram a outras quase duas décadas de aproximação aos valores do Humanismo, da Liberdade de Pensamento e de uma crescente consciência social e de cidadania, tenho vindo a sedimentar alguns valores, alguns princípios que, na minha modesta opinião, são fundamento, fundação e significado do fato de se ser Franco-Maçom.

Ser-se Maçom, significa, antes de tudo, ser-se reconhecido como tal pelos restantes Maçons. Não se trata de um atributo a que se acede com "cunhas", pelo pagamento de cotas ou pela assinatura livre de uma condição. Não é o mesmo que se ser sócio de um clube ou membro de uma associação. Para se ser Maçom, é condição sine qua non, o ser-se reconhecido inter-paris.

O processo que conduz à possibilidade de o ser, passa por uma série de provações - os contactos, as sindicâncias, os interrogatórios, a exposição nos "passos perdidos" - e por um até iniciático. Este começa por assentar numa descida ao limbo, ao útero, à escuridão primordial, como uma semente que passa a germinar no silêncio e nas trevas do subsolo, seguindo-se-lhe uma gradual ascensão, por ação dos restantes elementos tradicionais - a água, o ar e o fogo -, os pais, os companheiros e o amigo, no sentido da LUZ. O dar a Luz ou vir à Luz é apenas o início de algo, que o porvir irá ou não determinar. Quantas sementes lançamos a terra e nela apodrecem sem ver a Luz. Quantas germinam, para logo padecer às agruras do clima, sem nunca virem a frutificar.

Vejamos. A verdadeira iniciação não é o momento da "tomada da Luz" nem o da aclamação pelos Irmãos presentes, que representam ali todos os Irmãos Maçons do Universo. A verdadeira Iniciação estou em crer, é toda a vida futura após aquele momento iniciático.


Por mais que pareça ser um lugar comum, continuo a acreditar e a afirmar que serei sempre um eterno Aprendiz! A Iniciação leia-se, ignição, é apenas a abertura, o prelúdio de todo um devir iniciático, que envolve um solene e profundo até de responsabilização perante todos os outros, os presentes, os ausentes, os antecessores e aqueles que nos virão a suceder. Assumimos, nesse momento mágico, a responsabilidade de trabalhar, com preserve rança e entrega totais, no sentido do nosso aperfeiçoamento espiritual: o tal trabalho simbólico sobre a pedra bruta.

É em Loja que nos entregamos a esse Trabalho. É a Loja que nos guia, nos acolhe, nos incita, nos transmite os hábitos, a técnicas, os preceitos e fundamentos teóricos da ARTE. Essa transmissão é-nos feita ou dada através do método que a Tradição nos ensinou: o RITUAL. É na sistemática e repetida prática do Ritual que interiorizamos e nos confrontamos com a simbólica, os valores e os signos que conformam a Arte Real. A Abertura dos Trabalhos, a Cadeia de União e o Encerramento dos Trabalhos, juntamente com a decoração do Templo, contêm em si mesmos, em qualquer dos três Graus Simbólicos, em qualquer Rito, todo o acervo de informação de que o Aprendiz precisa para prosseguir o seu infindável processo de Iniciação. Podem e devem ser debatidas pranchas simbólicas e filosóficas no período da Ordem do Dia, debater-se questões administrativas, profanas ou conjunturais na Palavra a Bem da Ordem, mas é na prática efetiva do Ritual que se centra o trabalho sobre a pedra bruta, ou seja, o verdadeiro trabalho maçônico.

Perdoem-me a analogia de cordel, mas tendo a crer que a Loja é como um meio de transporte (chamemos-lhe autocarro), que pára em diversas estações, transportando passageiros de diversas origens para diversos destinos, segundo regras comumente aceites e por todos partilhadas. Em linguagem profana coeva diria que cada um desses autocarros, desenhados segundo determinado modelo (Rito), preparados para determinados tipos de viagem (Rito), e conduzidos por uma determinada tripulação (Luzes), por razões logísticas e culturais faz parte de uma frota (Obediência) que, conjuntamente com a globalidade das frotas (Obediências) conforma aquilo a que chamamos um sistema de transportes (a Maçonaria Universal). Todas nos assentam mesmo objetivo, todas procuram participar na construção de um Mundo mais humano, mais livre, mais fraterno, mais justo, mais ilustrado.

 (Algumas frotas, contudo, só transportam passageiros de um determinado sexo, outras de determinada cor, outras procuram transportar o maior número possível de passageiros, outras, ainda, dão preferência a determinados credos ou oferecem e exigem tipos diferenciados de serviço. Trata-se de outra Pedra Bruta a trabalhar, conjuntamente, por todos os Pedreiros verdadeiramente Livres e de bons costumes. Estou plenamente convencido que lá chegaremos, mais cedo ou mais tarde. Como é óbvio, a Obra está longe de estar concluída!).

Não acredito na existência de um "novo Humanismo". O Humanismo foi, é e será sempre o mesmo objetivo a atingir e assenta redondamente no nosso sistema de valores. Os meios e sistemas de organização política e social ao nosso alcance em cada momento histórico, geográfico e cultural é que poderão variar, mas o conceito de Humanismo será sempre o mesmo: a liberdade de opinião, a liberdade de escolha, o respeito do Homem pelo seu semelhante e pela Natureza, o respeito pela opinião e pela diferença, o sentimento de cooperação e de interajuda, a noção cada vez mais presente de que habitamos todos sob um mesmo texto, vão-se construindo, à medida que a História e a Ciência nos desvelam o mundo nas suas diversas dimensões. O Homem foi, é e será sempre, uma espécie em construção, sob pena da sua total diluição no abismo da amnésia cósmica.

O mundo atual revela-nos a globalização, a generalização da informação, a possibilidade de um sistemático estado heterotópico no habitar, no ser, no existir. Alguns de nós somos meros transeuntes apressados num mundo virtual (tele móveis, aeroportos, supermercados, fast-food, televisão, Internet, etc.), outros, optamos por ser viajantes atentos de um mundo real - não dispenso ir à janela do meu quarto, quando acordo ou chego a casa; de confraternizar à mesa, com amigos ou familiares, com freqüência, ou de sistematicamente participar nas sessões da minha Loja, não faltando nunca ao ágape que se lhes segue, com os meus Irmãos.

Houve um tempo em que, transgredir - condição única para o progresso -, significava, como em Lewis Carroll, passar para o outro lado do espelho. Hoje, a grande maioria da população urbana dita civilizada vive do outro lado do espelho, na net, nos programas de televisão, nos espaços virtuais que o mundo contemporâneo tem vindo a engendrar em catadupa.


Estou convencido de que transgredir, hoje - atitude revolucionária como sempre -, significa manter a lucidez suficiente para ver, olhar, sentir, ouvir, tocar, degustar, cheirar tudo aquilo que é sensível e real, nos envolve e enriquece, nos faz pensar e agir, conjuntamente com pessoas reais (Cadeia de União), em práticas objetivos e materiais (o Ritual) que nos transportem para o onírico mundo dos hábitos, dos saberes e dos sabores, que nos devolvam os reais prazeres do corpo e da mente, em equilíbrio, numa consciente e profícua atitude de atuação e mudança: como poderei eu sentir-me bem comigo mesmo se tenho consciência do sofrimento e da dor dos meus Irmãos? Sendo que estes são, no sentido lato, toda a Humanidade Sofredora que me antecedeu, me acompanha e me sucederá através do tempo e do espaço.

Assim, em jeito de remate, gostaria de vos dizer, meus Irmãos, do mais fundo das minhas convicções e saberes, que o papel dos Franco-Maçons e da Maçonaria na construção do Humanismo, na consumação dos Valores, dos quais destaco como mais importante de todos o da Felicidade Universal, é o do persistente, sistemático e consciente trabalho sobre a pedra bruta que cada um de nós é, através de um profícuo trabalho Ritual em Loja, para que, nos diversos momentos e sítios em que somos, vivemos e átomos, possamos contribuir serena e seguramente para a construção coletiva do Templo do Homem.


Luis C.'.
M.'.M.'., R.'.L.'. de S. João Convergência, GOL


POR QUE AS JÓIAS DEVEM SER MÓVEIS?


A Fraternidade constitui a relação existente entre irmãos, sendo que, da mesma forma, a Maçonaria constitui a grande relação entre todos os maçons.

Uma vez que relações fraternais pressupõem a inexistência de barreiras discriminatórias, é necessário que exista Igualdade para que os maçons possam ser denominados Irmãos. Portanto, sendo a Fraternidade um predicado fundamental da Maçonaria, também o é a Igualdade.

Igualdade significa não diferenciação, sendo que, sob o aspecto maçônico, significa a não-diferenciação entre os Irmãos. Considera-se, pois, que os maçons podem ser considerados iguais quando entre eles inexiste qualquer diferenciação em termos de condições de tratamento e oportunidades.

Na Maçonaria, as oportunidades apresentam-se das mais variadas formas, sendo que uma delas é a de exercer papéis ritualísticos dentro da oficina, maçonicamente denominados “Cargos em Loja”. Eis aí a importância da rotatividade dos cargos em uma Loja Maçônica, de forma a oferecer oportunidades para o exercício de todas as funções ritualísticas da oficina. Isto contribui tanto para a formação do maçom, ao oportunizar a participação efetiva nas atividades da Loja, renovando-a e favorecendo o senso de igualdade e, conseqüentemente, a formação de uma egrégora harmônica.

Uma Loja que, na medida do possível e progressivamente, dá a todos os Irmãos do quadro a oportunidade de exercer todos os cargos é efetivamente uma Loja de iguais. Logo, uma Loja de iguais é também uma Loja de homens livres, já que liberdade e igualdade são termos intrinsecamente dependentes. É impossível ser livre sem ser igual, pois a desigualdade cria barreiras intransponíveis entre os seres humanos, gerando cadeias de dependência entre eles e, conseqüentemente, cerceando-lhes a liberdade.

Assim, sabiamente, criou-se o termo “Jóias Móveis”, que faz referência ao aspecto rotativo dos cargos que governam uma Loja Maçônica. Se as Jóias são móveis, quer dizer que ninguém pode perpetuar-se no poder, o que consoa com o fato de ser a Maçonaria uma sociedade de iguais.

Isto indica que ninguém na Maçonaria pode ser governo, mas sim estar no governo, sendo que, imediatamente após o exercício de seu mandato, deve retornar à condição comum, oferecendo aos demais Irmãos a mesma oportunidade que lhe fora oferecida. Sob este aspecto, a Maçonaria não admite reeleições, embora os regulamentos das instituições nem sempre sigam este sábio desígnio da tradição iniciática, que nos ensina que aquele que despontou no Oriente como o Sol da Sabedoria, deve retornar ao Ocidente para humildemente guardar a porta do templo.

A Potência Maçônica – seja ela uma Grande Loja ou um Grande Oriente – é, no sentido exato do termo, uma grande Loja Maçônica que congrega um conjunto maior de Irmãos. Ela existe porque é inviável na prática reunir todos os Irmãos de vários Orientes e Lojas em uma só oficina. Desta forma, eles reúnem-se em várias oficinas e estas, por sua vez, congregam-se em uma Grande Loja ou Grande Oriente.

A Grande Loja ou Grande Oriente, por sua vez, também possuem suas Jóias Móveis, representadas pelos cargos de Grão-Mestre, Primeiro e Segundo Grandes Vigilantes.

Evidentemente não é possível que tais cargos sejam exercidos por todos os Irmãos da Grande Loja, tanto pelo número de Irmãos existentes, quanto pelas qualificações exigidas pelo cargo. No entanto, dado ser improvável inexistir uma quantidade razoável de Irmãos qualificados ao exercício do Grão-Mestrado e das Grandes Vigilâncias, é ainda menos admissível que haja reeleição para estes cargos.

A renovação é um fator não só importante como também fundamental para o exercício da Maçonaria. Reeleições para o exercício de cargos, independentemente de serem legalmente viáveis, não são apenas indesejáveis como também ferem os princípios de igualdade e humildade inclusos nos ensinamentos de nossa Ordem. Do contrário, corremos o risco de fazer brotar em nosso seio os despotismos contra os quais sempre lutamos.

É mister fazer da Maçonaria-instituição um reflexo mais perfeito possível da Maçonaria enquanto ordem iniciática tradicional.



Murilo Juchem,
A.'.M.'., A.'.R.'.L.'.S.'.
Hermanubis nº 34, Porto Alegre - RS - Brasil.


O PRUMO E O NÍVEL


A Maçonaria Simbólica, ao menos no Rito Escocês Antigo e Aceito, define como jóias dos cargos de 1º e 2º VVig.'., o Nível e o Prumo.

Sob o ponto de vista operativo, com o Nível é possível verificar se uma superfície está livre de arestas, pois, a planificação do alicerce de uma obra é fundamental para sua correta sustentação.

O Prumo permite aferir a retidão de uma parede que está sendo construída, de forma a garantir sua estabilidade.

Na Maçonaria, os homens são considerados iguais perante as leis naturais e sociais, sendo que, simbolicamente, é através do Nível que esta igualdade é verificada.

É somente através da igualdade, proporcionada pela tolerância e pela aplicação das leis morais, que a fraternidade torna-se possível de ser alcançada. Em suma, o papel do Nível é controlar a força criadora do homem, direcionando sua vontade para propósitos úteis.

Simbolicamente, o Prumo possibilita verificar a correta fundamentação do crescimento intelectual, trazendo o conhecimento necessário para possibilitar a aplicação precisa da força através da razão, denotando a profundidade exigida para nossas observações e estudos, de forma a garantir a estabilidade da obra.

Em suma, o papel do Prumo é controlar a intelectualidade do homem, fundamentando-a à luz da razão.

A horizontalidade do Nível e a verticalidade do Prumo, são unidas através de um ponto, o que determina o ângulo retos.

Desta união surge o Esquadro, jóia do V.'. M.'., instrumento que representa o equilíbrio entre a vontade e a razão, descrevendo aí o papel da Sabedoria, o de aferir a retidão.



Murilo Juchem,
A.'.M.'., A.'.R.'.L.'.S.'.
Hermanubis nº 34, Porto Alegre - RS - Brasil.


LOJA MAÇÔNICA


Não quero mais uma Loja Maçônica.

Quero uma Loja que seja um estado de espírito.

Quero um centro de solidariedade, onde todos sofram as aflições de cada um e comemorem o justo regozijo de cada um.

Quero um templo azul, ungido pelo orvalho de Hermon, onde cada irmão possa chorar quando quiser e possa sorrir com os olhos, o coração franqueado à compreensão e a razão predisposta ao diálogo.

Quero ver todos os meus irmãos, todos os dias, ouvir idéias e críticas às minhas idéias.

Quero divergir e assim convergir no mesmo ideal.

Não quero apenas mais uma Loja maçônica.

Quero uma Loja livre, que ajude a libertar.

Quero uma Loja igual, onde todos realmente se igualem.

Quero uma assembléia onde se possa debater com a liberdade e a simpatia que estão ausentes no mundo profano.

Quero uma oficina onde todos aprendam juntos a compreender os desígnios do grande Arquiteto do Universo.

Não desejo apenas uma Loja onde sempre prevaleça a vontade de alguns.

Quero uma Loja onde a maioria respeite as convicções da minoria, onde se cultive a fraternidade, sinônimo de amor, sem condições e perdão sem restrições.

Quero uma Loja dedicada à construção de um templo diverso do templo profano: um templo mais amigo, mais piedoso e, sobretudo, mais justo.

Não desejo uma Loja de elite, insensível e presunçosa.

Quero uma pequena comunidade, onde todos sejam líderes de suas próprias crenças, onde cada irmão perdoe os defeitos alheios na mesma medida em que lhe são desculpados os próprios senões.

Não desejo uma Loja, onde todos cumprem seus deveres somente porque a lei o exige.

Quero uma Loja de cargos simbólicos, onde não haja apenas contribuintes, onde todos venham pelo puro prazer de vir, uma Loja que faça parte da vida de cada um, do credo de cada um, do modo de ser de cada um.

Não desejo uma Loja de maçons perfeitos.

Quero que o Grande Arquiteto do Universo nos livre dos homens perfeitos. Eles nunca erram, porque jamais acertam. Eles nunca odeiam, porque jamais amam.

Quero uma Loja de maçons que mereçam a caridade que fazem a si próprios e ao próximo, porque ninguém é uma pedra polida.

Não desejo uma Loja completa.

Quero uma Loja onde não haja erros e acertos, mas que se procure em cada vocábulo emitido, o quanto de amor transmite.

Quero uma Loja onde haja equívocos, contradições e até mesmo ilusões.

Quero uma opção de aprimoramento espiritual.

Não quero uma Loja de homens ricos.

Quero uma Loja onde ninguém se eleve senão pelo trabalho, onde ninguém se acomode, onde todos sejam eternos insatisfeitos.

Quero uma Loja onde o segredo não precise ser jurado e continue segredo.

Quero uma oficina humana e crística.

Não o Cristo lenda do cristianismo, que só compreendeu quando o crucificou, mas dos aflitos e dos andarilhos.

Não quero apenas mais uma Loja Maçônica.

Quero uma Loja de pequenas dimensões e grandes obras, onde, um dia, possa fazer do meu filho, meu irmão.


Waldo Fazzio Junior
M.´.M.´., ARLS JUSTIÇA E LEALDADE N. 1908, Lins - SP, Brasil

SER APRENDIZ


Ser Aprendiz Maçom é receber um convite de um amigo, responder questionários durante sindicâncias, sofrer angustiosamente o comunicado de aprovação para seu ingresso na maçonaria.

Ser Ap. M. é vestir seu terno preto, chegar a um local estranho, cheio de pessoas desconhecidas, e, logo na entrada, ter vendado a sua visão, ser despojado de todos os seus metais, ter despido o lado esquerdo do seu peito, sua perna até joelho e seu pé; ser colocado sozinho com seus pensamentos, paixões, vaidades e vícios.

Ser Ap. M. é esperar um longo período, quase uma eternidade, e subitamente ser colocado em um cômodo pequeno, conhecido como câmara de reflexão, cheio de objetos e inscrições sugestivas, com um questionário e um testamento a ser preenchido pelas suas mãos, realizando a sua primeira viagem.

Ser Ap. M. é ser guiado com olhos vendados, semi nu e sem metais por um estranho que bate em uma porta e pede sua entrada, é ser interrogado sobre seus deveres com Deus, para consigo e para com a humanidade.

Ser Ap. M. é humildemente, confiando em seu guia, viajar por mais três vezes, a primeira e mais difícil aprendendo a vencer os obstáculos, a segunda ser batizado pela água e a terceira ser batizado pelo fogo. É provar o doce e o amargor, é ser colocada à prova toda a sua vontade de ser realmente um M.. É doar seu próprio sangue a causa sagrada da maçonaria.

Ser Ap. M. é joelhar e jurar silêncio sobre o que escutar, jurar não escrever, gravar ou formar nenhum sinal que possa revelar a palavra sagrada, jurar sua união eterna com a fraternidade, comprometendo-se a ajudar seus irmãos a qualquer momento. É ser digno de receber a luz, é nascer para a vida maçônica.

Ser Ap. M. é consagrar-se com palavras e ter acima da sua cabeça a Espada Flamejante, sendo tocada por três vezes pelo V. M.. É ser recebido por pessoas antes desconhecidas, e agora, seus verdadeiros irmãos, dispostos a ajudá-lo. É aprender a dar os primeiros golpes para o desbaste da pedra bruta e receber a verdadeira veste maçônica, o avental.

Ser Ap. M. é aprender o sinal da ordem, o sinal gutural, o aperto de mão com os devidos toques, a palavra sagrada, a semestral e a de convivência. É aprender andar no Templo, sempre do ocidente para o oriente, do norte para sul sempre saudando o Delta, quando de sua passagem pelo Equador.

Ser Ap. M. é entrar na sala dos passos perdidos, passar pelo átrio e, após entrar no templo, sempre com seu avental com a abeta voltada para cima, sentar-se no topo da coluna do norte e observar o templo com sua  forma de quadrilongo, com o chão quadriculado, a entrada no ocidente tendo acima da porta a chama votiva, rodeado pela corda de 81 nós, as colunas zodiacais, sua abóboda celeste, com suas constelações, as colunas de bronze com a esfera celeste e as 3 romãs ( mostrando pela sua divisão interna, os bens produzidos pela influência das estações, representando as LL. e os MM., espalhados pela superfície da Terra e ainda assim, constituindo uma e mesma família ) , observar os 4 degraus que levam ao oriente ( Força, Trabalho, Ciência e Virtude ), e acima do trono do V. M. o delta luminoso sempre ladeado pelo sol e pela lua, o altar dos perfumes defronte ao altar do V. M., o altar dos juramentos com seus paramentos  ( o livro da lei sagrada, representando o Código da Moral, o compasso, sempre com as pontas ocultas sob o esquadro : que só se mostram unidos em loja representando a medida justa que deve presidir todas as nossas ações ), ladeado por 3 castiçais ( sabedoria : para orientar-nos no caminho da vida, força : para nos animar e sustentar em todas as dificuldades e beleza : para adornar as nossas ações, nosso caráter e nosso espírito ), os ornamentos ( o pavimento mosaico, representando a fraternidade; a estrela flamejante, representando a caridade e a orla dentada, representando o amor).

Ser Ap. M. é observar o altar que o V. M. tem assento,colocado sempre no Oriente sob o dossel e sobre 3 degraus ( Pureza, Luz e Verdade), ladeado por 2 cadeiras : para o ex - V. M. à esquerda, e para a maior autoridade presente à direita, com o candelabro à frente, ainda no oriente e ao norte, o altar do orador, ao sul, o altar do secretário. No ocidente e a esquerda da coluna B e sobre 2 degraus o altar do 10 vigilante, a pedra bruta, o maço e o cinzel,e, a esquerda da coluna J e no meio, sob a Estrela Flamejante com a letra G no centro, e sobre 1 degrau, o altar do 20 vigilante, com pedra cúbica, ambos com os seus candelabros.

Observar também, logo após a coluna do norte, a direita do orador e por fora da balaustrada, o altar do tesoureiro e simetricamente a esquerda o altar do chanceler. No meio dia ( sul ), ao norte e no oriente os bancos colocados longitudinalmente em linha paralelas, onde ficam os aprendizes no norte, os companheiros ao sul e os mestres nas cadeiras da primeira fila.

Ser Ap. M. é começar a conhecer o Rito Escocês Antigo e Aceito, visitar outras lojas, conhecer outros MM. fora de sua loja, é assistir uma iniciação e compreender o que está passando com o neófito, é assistir a uma filiação e vislumbrar a felicidade do Irmão.

Ser Ap. M. é receber ensinamentos, conceitos e experiências de seus irmãos, é estudar para alcançar progressos na maçonaria. É começar a utilizar seus instrumentos de trabalho : a  régua  de 24 P. P. para planear suas atitudes, representando a sabedoria; o maço para aplicar toda a energia, representando a força e o cinzel para polir seus vícios, vaidades e paixões, representando a beleza. É compreender que todos começam sua vida na maçonaria como a Pedra Bruta e deve determinar suas ações, aplicar toda sua energia e ver todas as suas faculdades, desenvolvendo-as, educando-as e temperando-as para lavrar a pedra bruta, tornando-se uma Pedra Polida ou Cúbica, ou seja, dominando a si mesmo, aperfeiçoando-se moralmente e espiritualmente.

Ser Ap. M. é conhecer as jóias fixas da loja :a prancheta, representando o mestre guiando os aprendizes; a pedra bruta e a pedra polida cúbica . É conhecer as jóias móveis : o esquadro representando o estatuto da ordem e decorando o V. M.; o nível representando a igualdade social e decorando o 10 vigilante e o prumo representando a retidão do maçom e decorando o 20 vigilante.

Ser Ap. M. é honrar e venerar o G.A.D.U., ter a honra de saber guardar o segredo, preferindo ter a sua G. C. a revelar nossos mistérios, é estudar para vencer a ignorância, é aprender a combater o fanatismo e a superstição. É ser solidário aos irmãos que respeitam suas responsabilidades morais, sociais e de honra, em tudo que for justo e perfeito. É educar-se para corrigir seus defeitos e ser tolerante com as crenças religiosas e políticas de cada um.

Ser Ap. M. é aprender o simbolismo dos números, sendo que o número 1 significa a unidade se tiver efeito sobe ele o número 2, senão representa o todo; o número 2 significa a dúvida, a divisão, o desequilíbrio. O antagonismo do número 2 cessa quando se acrescenta mais uma unidade, formando o número 3, que representa a unidade da vida e as 3 qualidades indispensáveis do  maçom : vontade, amor ou sabedoria e inteligência.

Ser Ap. M. é aprender a marcha ritualística, mesmo que ainda arrastando o pé direito, demonstrar retidão decisão e discernimento, estar sempre disposto a galgar os 14 degraus da escada de Jacó e alcançar a estrela de sete pontas, ou seja, o último estágio da evolução maçônica simbólica, o Mestre.

Ser Ap. M. é ser homem livre e de bons costumes, e após receber a luz, poder caminhar sozinho no templo e, embora auxiliado pelos conselhos dos IIr. e pela experiência dos MM. sentir-se responsável por si mesmo e saber que seus pensamentos, palavras e atitudes devem representar sempre a consciência de seu juramento ao ingressar no Templo, e, após trabalhar simbolicamente por três anos do meio dia à meia noite, humildemente, solicitar o seu primeiro aumento de salário. os.


Fábio Teddy Moreira,
C.'.M.'., A.'.R.'.L.'.S.'. Ordem e Progresso 133 - Brasil, Minas Gerais, Belo Horizonte.


OS GRAUS MAÇÔNICOS NO R.'.E.'.A.'.A.'.


O maçom, após ter estudado os mistérios dos graus simbólicos, tem a possibilidade de estudar os mistérios filosóficos dos altos graus, comumente chamados de graus filosóficos; mas nem todos são verdadeiramente filosóficos, como veremos mais adiante.

Mas qual é a razão de ser dos graus maçônicos?

Considerando que a maçonaria é uma ciência, ela abrange todas as ciências que constituem a base comum das religiões, das artes e da filosofia de todos os povos do mundo, desde os tempos mais primitivos.
Portanto, um dos principais objetivos da Maçonaria é o estudo, através da pesquisa da Verdade, no intuito de dar continuidade à instituição, sendo que as atividades sociais, filantrópicas, administrativas, e litúrgicas são instrumentos utilizados pela Maçonaria para motivar e vitalizar as Lojas.

A maçonaria adota um método iniciático em suas doutrinas, baseado em símbolos, que gradualmente vão dando um desenvolvimento pessoal ao maçom, na medida em que ele se dispõe ao estudo. Logo, o método de ensino iniciático necessita ser conhecido através de vários degraus, representados na Escada de Jacó.

Considerando que um dos principais objetivos da Maçonaria é o estudo utilizando-se de um ensino iniciático que progride a cada grau, podemos afirmar que o objetivo do estudo dividido em graus é fazer com que o maçom adquira, "passo a passo", os ensinamentos da doutrina maçônica.

Na verdade, não se ensina maçonaria ao maçom, cada qual precisa buscar a informação, interiorizando-a através da meditação, para aos poucos adquirir o seu próprio conhecimento. São os graus maçônicos que oportunizam ao maçom transformar-se numa pedra cúbica, a ser utilizada na construção do templo ideal da humanidade, o templo da virtude.

Quais são os Tipos de Loja e os Graus maçônicos concedidos em cada um no R.'.E.'.A.'.A.'.?

Lembramos que os graus simbólicos, de Aprendiz e de Companheiro, são de origem operativa e estão diretamente ligados aos ensinamentos da moral e ao desbaste da Pedra Bruta, utilizando-se das ferramentas associadas à construção do templo da virtude. Os demais graus estudam a essência esotérica, contendo doutrinas que serão aprofundadas sempre mais à medida que avançam as instruções nos graus superiores.

Os graus simbólicos são chamados de graus universais por serem comuns a todos os Ritos. Porém, nos seus altos graus, cada Rito tem a sua própria nomenclatura. Os altos graus do R.'.E.'.A.'.A.'. são orientados e administrados pelo Supremo Conselho, sendo agrupados em séries, onde cada qual tem o seu um objetivo, que deverão ser atingidos através da iniciação.
TIPO DE LOJA TIPOS DE GRAUS CONCEDIDOS
Loja Simbólica
Graus Simbólicos
1º ao 3º
Loja De Perfeição
Graus Inefáveis
4º ao 14º
Loja Capitular
Graus Capitulares
15º ao 18º
Conselho Kadosh
Graus Filosóficos
19º ao 30º
Consistório
Graus Administrativos
31º e 32º
Supremo Conselho
Grau Administrativo
33º

Bibliografia: "Instruções para Lojas de Perfeição", de Nicola Aslan
Pedro Juchem,
M.'.M.'. - Loja Venâncio Aires II, nº 2369, GOB RS , Or.'. Venâncio Aires, RS, Brasil.


OS FRANCO-MAÇONS E A SOCIEDADE PROFANA


Uma das questões que, recorrentemente, ouço colocar por parte de Mestres Franco-Maçons recentemente iniciados, refere-se à participação da Maçonaria na sociedade profana. Existe uma urgência, facilmente entendível, por parte dos nossos novos membros, no sentido de uma visibilidade da Maçonaria perante o sucedâneo de acontecimentos que o quotidiano nos vai transmitindo, bem como perante uma certa vertigem de afirmação dos nossos valores no exterior da Nobre e Augusta Ordem Maçônica.

É claro que entendo perfeitamente esta "urgência", já que, quer os partidos políticos, quer a(s) igreja(s), através do(s) seu(s) Papa(s) o fazem, como velocípedes escorrendo sobre mel.

Permito-me, contudo, questionar esta posição, obviamente empenhada e correto, mas não numa perspectiva Maçônica. Vejamos. Um Maçom é reconhecido pelos seus Irmãos. Não pela sua Obediência, não pela sua Loja, mas apenas pelos "seus Irmãos". Nisto reside, a meu ver, a essência da Franco-Maçonaria Universal. São os meus Irmãos que me reconhecem e não uma qualquer Obediência, mais ou menos "papista", mais ou menos "institucional".

Por outro lado, iniciado numa Loja Justa e Perfeita, qualquer Maçom se deve situar no seu seio, não de modo "obediente", mas na plena consciência dos seus deveres e dos objetivo do seu trabalho: o trabalho sobre a pedra bruta, que nada mais é do que o seu aperfeiçoamento espiritual e, por conseguinte, o seu aperfeiçoamento como Homem, cidadão, agente e motor imediato e mediático na comunidade profana. Um Franco-Maçom é pela própria natureza do ato iniciático que o instituiu, um filantropo, naturalmente solidário com todos os seres humanos e com todas as manifestações da natureza e, como tal, um participante instrutor, um cidadão lúcido e atuante.

Não se trata, assim, de verter a Maçonaria sobre uma atuação no mundo (profano), mas, antes de mais, da criação de Maçons que, por serem já autores nesse mesmo palco, buscam o seu aperfeiçoamento, que constituirá subseqüente aperfeiçoamento da sociedade que freqüentam e na qual influem. A sua conduta no ecossistema que habitam e no qual agem, será obviamente a melhor forma de intervenção.

É claro que os Maçons podem e devem ser interventores, nomeadamente nos hiatos criados pela sociedade profana, interagindo com eles, obturando os vazios que os poderes políticos e econômicos vão esquecendo. Foi necessária a criação de escolas quando o Estado as ignorava. Foi necessária a criação de faróis de valores, sempre que a "res" pública os ignorou. Num estado de direito atual como o nosso, caber-nos-á mais lembrar o que criar. Isto é, já não faz sentido à criação de instituições como o Internato de S. João ou a Sociedade Promotora de Escolas, em pleno Século XXI, em que os cidadãos estão conscientes dos seus deveres e direitos nesta esfera. Fará, contudo, sentido, a participação dos Maçons nestas competências do Estado e das restantes instituições, bem como a determinação de objetivo sistemáticos a cumprir por parte das instâncias, públicas ou privadas que, para tal, estão orientadas.

Quero com isto dizer que o Grande Oriente Lusitano não deve nem precisa ter, por exemplo, escolas, mas sim professores Maçons aptos a nelas intervir no sentido dos nossos valores. Çá, par exemple!

É na "conduta social dos Maçons", mais do que na capacidade organizativa da Obediência, que deve residir o nosso Trabalho. E este, só pode ser formado e informado por um cada vez maior rigor na nossa formação, ou seja, no sistemático trabalho sobre a pedra bruta que o Ritual de Loja significa e encarna.

Mais importante do que a urgência e a "vertigem" de querer ver trabalho desenvolvido pela Obediência e pela Loja, é o rigor do desempenho do Trabalho de cada Respeitável Loja, no sentido da formação dos seus Obreiros. É preferível um bom punhado de Maçons de formação especulativa do que um ou dois maus Maçons supostamente operativos! Todo o Franco-Maçom instruído numa Loja rigorosa nos seus trabalhos se tornará um Maçom. Verdadeiramente operativo na sua ação e inserção no mundo Profano.

Porque nos encontramos em ano de eleições para o Grão-Mestrado e porque este é um assunto sensível na nossa como em todas as outras Obediências, gostaria de deixar aqui bem clara a minha opinião sobre o assunto:
1. Um Grão-Mestre não é e não poderá nunca ser um Papa ou um líder de opinião, sob pena de contribuir para o esvaziamento do sentido livre pensador da Maçonaria e dos Maçons;
2. A Franco-Maçonaria ou uma Obediência não deve nunca emitir opiniões ou liderar ações. Competem aos Franco-Maçons, como cidadãos, esse papel;
3. A Maçonaria ou as Obediências não devem, nunca, tomar iniciativas filantrópicas, solidárias, ou instrutivas junto da sociedade Profana. Isso é competência exclusiva dos cidadãos, preferencialmente Maçons;
4. É competência das Obediências, dos seus Grão-Mestres e demais luzes velar pelo regular funcionamento das Lojas, para que estas se constituam em verdadeiras instituições formativas de cidadãos aptos a distinguir-se, no mundo profano, pelo seu exemplo, pela sua ética pela sua profícua ação sócio-profissional.
Não é a Maçonaria que interage com a sociedade profana: são os Maçons que o fazem e devem fazer. Isto para mim é muito claro. A Maçonaria é, ou deverá ser uma ESCOLA, no verdadeiro, legítimo e último sentido do vocábulo!

Luis C.'.
M.'.M.'., R.'.L.'. de S. João Convergência, GOL

O SIMBOLISMO DOS INSTRUMENTOS DE TRABALHO DO AP.'. M.'.



Os instrumentos de trabalho do AP.'.M.'. – a Régua de 24 PP.'., o Cinzel e o Maço – representam as três grandes forças da consciência humana: conhecer, sentir e querer; ciência, emoção e atividade; experiência, sentimento e força (GOMG, 2004).

Simbolicamente, a Régua de 24 PP.'. representa o conhecimento, a ciência, a experiência, ou seja, a SABEDORIA, a primeira das Três Colunas Sagradas do Templo. Com ela o AP.'.M.'. deve medir suas ações, permitindo-lhe ter consciência do valor e da utilidade de suas idéias e atitudes. Quando o ser humano age sem planejar, sem pensar sobre as conseqüências de seus atos, já inicia seu trabalho de forma errada, sem noção do que quer fazer e aonde quer chegar. O AP.'.M.'., no seu caminhar de constante busca pelo progresso na Grande Obra, deve sempre pensar e avaliar sobre suas ações, tanto materiais quanto espirituais, conhecendo o valor e o impacto de cada uma delas perante a sociedade em que vive e seus semelhantes. Isto é sabedoria maçônica. Segundo o nosso Ritual, “sabedoria é prudência, e só é prudente o que sabe medir” (GOMG, 2004).

O Cinzel, simbolicamente, representa o sentir, a emoção, ou seja, a BELEZA, a segunda das Três Colunas Sagradas do Templo. Com ele o AP.'.M.'. modela seu espírito e sua alma, conforme os planos traçados pela Régua de 24 PP.'.. O Cinzel representa a execução do que foi planejado, conforme as qualidades morais, sentimentos e virtude de cada Maçom, permitindo-lhe agir com foco e determinação na busca do resultado traçado.

Por último, o Maço representa o querer, a atividade, ou seja, a FORÇA da ação do AP.'.M.'. em sua obra, sendo esta a terceira das Três Colunas Sagradas do Templo. Traduz a energia, a impulsão no ato de aplicar o Cinzel conforme o plano traçado pela Régua de 24 PP.'., ou de maneira simbólica, representa a força colocada na execução dos planos e obras traçadas pelo AP.'..

Interessante notar que sempre em minha vida profana procurei trabalhar com planejamento, sem saber que estava me utilizando do conceito simbólico do instrumento da Régua de 24 PP.'.; sempre procurei aplicar todas as minhas energias, concentração e força de vontade na execução daquilo que tinha planejado, sem saber que estava me utilizando dos conceitos do Maço e do Cinzel. Quando me iniciei como Maçom e recebi de meus IIr.'. os três instrumentos de trabalho do Aprendiz (1ª instrução), procurei estudá-los e entender a sua aplicabilidade. Fiquei admirado com a sincronia e o poder das funcionalidades de cada instrumento. A diferença, porém, entre o que eu fazia (ou achava que fazia) e o que hoje posso realizar está no fato de que a aplicação dos instrumentos de trabalho do AP.'.M.'. podem e devem ser utilizados para toda e qualquer obra, a todo momento, em todas as circunstâncias. A busca da perfeição deve ser vista como uma missão de vida, e estes instrumentos se constituem na base, no sustentáculo das obras de todo Maçom.

Apesar de, inconscientemente, sempre ter utilizado os conceitos da Régua de 24 PP.'., do Maço e do Cinzel, não tinha exata compreensão de sua importância e de sua força. Como Maçom, posso hoje perceber sua potencialidade e sua aplicabilidade para o trabalho que irei desenvolver no meu caminhar de constante busca pelo progresso na Grande Obra.

Esta é a diferença que faz toda a diferença; é o que caracteriza um verdadeiro Maçom!


Frederico Cesar Mafra Pereira, M.M.
ARLS Ordem E Progresso – N.133 – Belo Horizonte (MG) - Brasil

BIBLIOGRAFIA:
  • GOMG – Grande Oriente de Minas Gerais. Ritual e Instruções de Aprendiz-Maçon do Rito Escocês Antigo e Aceito. 1ª edição. Belo Horizonte: Grande Oriente de Minas Gerais, 2004.




O ENSINAMENTO DA MAÇONARIA - A VISÃO DA ARTE REAL


SIMBOLISMO — LINGUAGEM UNIVERSAL
Todo o Simbolismo autêntico reside na verdadeira natureza das coisas e é a concreta realidade fundada em reais analogias. Efetivamente, o Simbolismo tem o seu fundamento na natureza dos seres e das coisas, estando em conformidade com as leis dessa natureza; e como as leis da Natureza são a expressão e interiorização da Vontade divina, podemos deste modo, dizer que o Simbolismo é de caráter não humano e o seu princípio remonta a mais longe e mais alto do que a humanidade.

Ou seja, o verdadeiro Simbolismo não é inventado pelo homem: encontra-se na própria Natureza, que é ela também símbolo de realidades transcendentes. A Natureza é realmente símbolo da realidade sobrenatural e esta correspondência constitui o verdadeiro fundamento do Simbolismo — toda a coisa manifestada é símbolo em relação a uma realidade superior.

Por esse motivo, podemos dizer igualmente que os fenômenos naturais derivam de princípios superiores e são os seus símbolos, tirando deles a sua realidade.

Essencialmente, o Simbolismo, a linguagem metafísica por excelência, é a utilização de formas ou de imagens constituídas como signos de idéias ou de coisas supersensíveis. Nesse sentido, um símbolo é um suporte de meditação necessário porque aquilo que é imperceptível ao olhar ou ao ouvido só pode ser tomado, não em si próprio, mas, através de relações de semelhança. Linguagem universal e universalmente inteligível, na qual as mais altas verdades foram sempre exprimidas, o Simbolismo pode ser definido como a representação de uma realidade num certo nível de referência por outra realidade correspondente num outro nível de referência.

O Simbolismo é uma ciência exata e faz parte da Ciência Sagrada. A meditação dos símbolos assume caráter de autêntico ritual. E enquanto elementos dos próprios ritos, os símbolos, por causa do seu caráter não humano, são suportes de uma influência espiritual — aliás, transportam em si mesmas influências cuja ação é susceptível de despertar diretamente a faculdade intuitiva naqueles que neles meditam segundo o modo adequado. Na realidade, todo o Simbolismo produz (e é esse o seu fim), naquele que medita com as aptidões e disposições requeridas, efeitos rigorosamente comparáveis com os dos ritos, desde que haja transmissão iniciativa regular.

É por isso que o símbolo, como figuração gráfica, é uma fixação do gesto ritual e o seu traçado deve efetuar regularmente, em relação com a ciência do gesto, o que lhe confere todas as características do ritual.

Cada símbolo tem uma pluralidade de sentidos que se harmonizam e se completam. Desse modo, o fato de se encararem dois aspectos contrários num símbolo é absolutamente legítimo — a consideração de um desses aspectos não exclui o outro, visto que cada um deles é igualmente verdadeiro de acordo com certa relação. O que mostra bem que os dois aspectos não se excluem e são susceptíveis de serem encarados simultaneamente é o fato de eles poderem encontrar-se reunidos numa mesma figuração simbólica complexa. Assim, o Simbolismo tradicional não se presta a qualquer sistematização porque deve responder a numerosos pontos de vista, abrindo possibilidades ilimitadas de concepção.

Podemos ainda acrescentar que a origem do Simbolismo se confunde com a origem dos tempos, se é que não mesmo além dos tempos, visto que estes só compreendem um modo especial de manifestação. E a Tradição incorpora-se nos símbolos que se transmitiram de idade em idade, sem que se lhes possa atribuir qualquer origem histórica.
INICIAÇÃO: SEGUNDO NASCIMENTO
É importante salientar que a Iniciação só se torna necessária a partir de certo período de existência da Humanidade, precisamente quando começa a sua degenerescência neste ciclo (já não nos encontramos na época primordial, em que todos os homens possuíam normal e espontaneamente o estado hoje ligado a um alto grau de Iniciação) — mas tudo o que ela comporta constituía já uma parte superior da Tradição primordial.

Outra questão importante: uma organização iniciativa autêntica está sempre ligada com o Centro espiritual do qual provém a Tradição. É essa ligação que constitui a sua filiação regular, através de uma cadeia iniciática que parte do Centro.

Iniciação deriva de «initium», entrada e começo, entrada num caminho ou começo de uma nova existência. A Iniciação é, assim, um verdadeiro segundo nascimento e uma regeneração.

Segundo nascimento porque abre ao Ser outro mundo diferente daquele em que exerce a atividade da sua modalidade corporal; regeneração, porque restabelece o Ser nas prerrogativas que eram naturais e normais nas primeiras Idades da Humanidade e porque deverá conduzir à restauração do estado primordial.

Para que o profano se torne iniciado deverá morrer e nascer de novo. Morrer para o mundo profano e nascer no mundo da Iniciação, da Luz. E a importância da morte iniciática é tal que podemos mesmo considerá-la mais real do que a morte do corpo, visto que o profano que morre não se torna iniciado por esse fato. Aliás, todas as tradições insistem na diferença essencial que existe entre os estados póstumos do Ser, conforme se trata de um profano ou de um iniciado.

Dentro do processo iniciático devemos ainda considerar a segunda morte, aquela que permite efetuar o terceiro nascimento, a «ressurreição em corpo glorioso». Se o segundo nascimento efetuar uma regeneração psíquica, então o terceiro nascimento é a passagem efetiva da ordem psíquica à espiritual.

O que se passa durante a primeira fase da Iniciação? Apenas a transmissão de uma influência espiritual, que o neófito não sente, visto que ela está ainda num estado potencial e não desenvolvido — é o que se chama a Iniciação «virtual», a qual, na maior parte dos casos, assim permanece sempre, devido às condições cíclicas que ditam, na maior parte dos casos, a insuficiência de qualificação do iniciado e a própria degenerescência das organizações iniciáticas que ainda subsistem.

Essa influência espiritual será assim uma espécie de semente lançada no terreno, que poderá ter ou não condições de fertilidade para fazê-la germinar e dar origem ao desenvolvimento espiritual de uma nova planta – neófito significa exatamente nova planta.

Depois de transmitida essa influência, o neófito segue todo o processo da instrução iniciática, conjunto de meios postos em ação que contribuem para tornar efetiva a Iniciação virtual. Essa instrução terá de ser acompanhada e orientada por um guia espiritual, um mestre. Na Maçonaria o mestre não está presente na pessoa de um indivíduo, mas antes na de toda a comunidade iniciática que recebeu e rodeia agora o novo iniciado. Trata-se, portanto, de um trabalho coletivo, sobre o qual age certa presença espiritual. Recordemos as palavras de Yeshua ben Yosef: «Quando dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles». Daí que o trabalho da organização iniciática deva sempre fazer-se em nome do princípio espiritual de que procede.

Para que uma organização possa transmitir a influência espiritual de que falamos é necessário que seja efetivamente a sua legítima depositária e, portanto, que a sua filiação na Tradição seja autêntica, regular. Por isso, quando se trata de organizações pseudo-iniciáticas, reconstituições puramente hipotéticas ou imaginárias de formas tradicionais desaparecidas ou ainda invenções puras e simples a transmissão da influência espiritual é impossível, inexistente, e a Iniciação também.

Tudo se passa de acordo com leis rígidas e inflexíveis, de origem não humana, e, por exemplo, mesmo quando se trata de uma organização autenticamente iniciática, os seus membros não têm qualquer poder para lhe mudarem as formas ou para alterá-las no que têm de mais essencial — o que não exclui, no entanto, a adaptação às circunstâncias próprias de cada momento cíclico, as quais se impõem aos indivíduos, mais do que derivam da sua vontade. Logo, uma organização iniciática não pode incorporar nos seus ritos elementos que foi pedir emprestado a outras formas tradicionais diferentes daquela segundo a qual é regularmente constituída.
VIAGENS E INFLUÊNCIA ESPIRITUAL
A Iniciação decorre por fases, sob a forma de provas que exprimem, no fundo, a necessidade de se ultrapassar o medo para se chegar ao conhecimento, o qual, quando for alcançado, tornará o medo impossível.

As provas iniciáticas são ritos preparatórios da Iniciação e tomam normalmente a forma de viagens simbólicas que conduzem o Ser das Trevas para a Luz, purificando-o no decorrer da jornada simbólica, tal como na Alquimia (onde também se fala da conquista da Luz divina).

As viagens entram em relação com os diferentes elementos, remetendo o ser ao estado de simplicidade, convertendo-o em matéria-prima, em caos que aguarda a Luz para que a perfeição primordial se refaça. As fases da Iniciação, tais como as da Grande Obra Hermética (que é realmente uma das suas expressões simbólicas), reproduzem as do próprio processo cosmogónico. As aptidões ou possibilidades da natureza individual são a matéria-prima e para que esse caos possa começar a tomar forma e a organizar-se é necessário que lhe seja comunicada uma vibração inicial (o Fiat lux) pelas potências espirituais que o Berechit - בראשית - Génesis designa por Elohim- . Ora, do ponto de vista iniciático, essa iluminação é precisamente constituída pela transmissão da influência espiritual — daí vem às expressões «dar» e «receber» a luz.

O transmissor é aquele que confere a Iniciação e não age como Indivíduo, mas sim como suporte da influência, como anel da cadeia iniciática. Também não pode agir em seu próprio nome, mas sim em nome da organização à qual está ligado e da qual detém os poderes (o que explica que a eficácia do rito seja independente do valor do indivíduo como tal e que, mesmo quando só há iniciados virtuais numa organização, esta permaneça capaz de continuar a transmitir a influência de que é depositária — recordemo-nos da fábula do burro carregado de relíquias.

Uma das cenas principais do drama iniciático, que, aliás, de certa maneira, o precede, é a da «descida aos infernos» efetuada na câmara de reflexões, durante a qual o Ser se purifica, esgotando todas as suas possibilidades inferiores. Essa descida será, assim, uma espécie de recapitulação dos estados precedentes, através da qual as possibilidades do estado profano são esgotadas, a fim de que, a parir de então, o Ser possa desenvolver livremente as possibilidades de ordem superior que traz em si.
PEQUENOS E GRANDES MISTÉRIOS
Podemos dividir a Iniciação em duas fases principais, distintas, mas complementares: os Pequenos e os Grandes Mistérios (ou os «Mistérios Menores e Maiores).

Os Pequenos Mistérios, que dizem respeito ao «Paraíso terrestre», têm por fim restaurar o estado primordial, o do homem verdadeiro, estabelecido no «Meio Invariável» e escapando à roda cósmica. Compreende tudo o que se relaciona com o desenvolvimento das possibilidades do estado humano e tem como conclusão a restauração do estado primordial, a realização horizontal, obtida através do segundo nascimento, autêntica regeneração psíquica que permite o conhecimento das leis do devir.

Quanto aos Grandes Mistérios, dizem respeito à realização vertical, dos estados supra-humanos, conduzindo o Ser do estado primordial à libertação final, à Identidade Suprema, conseguida pelo terceiro nascimento (precedido pela segunda morte, a morte para o Cosmos).

Sublinhe-se que a essência e as finalidades da Iniciação são sempre as mesmas por toda a parte e ao longo dos séculos. Só as modalidades é que diferem, por adaptação aos tempos e aos lugares.

Mistério é uma palavra grega que, no sentido original, se liga diretamente com a idéia de silêncio, designando o inexprimível. No seu sentido mais imediato e exterior, o Mistério é aquilo de que se não deve falar, sobre o qual convém guardar silêncio ou que é proibido fazer conhecer no exterior; num segundo sentido, menos imediato, o Mistério designa o que se deve receber em silêncio; finalmente, num terceiro sentido, mais profundo, é o inexprimível, o que se pode apenas contemplar em silêncio, impossível de exprimir por palavras.

Convém ainda assinalar o parentesco existente entre as palavras Mito e Mistério, que possuem a mesma raiz grega.
UM SEGREDO INCOMUNICÁVEL
O segredo iniciático não está ligado a um sectarismo ou a um não querer dizer, mas antes a um não poder dizer, além do dever de se evitar que a inevitável incompreensão do profano vá alterar ou profanar o ensinamento. Visto que a doutrina maçônica, na sua verdade, consiste numa Arte acionadas pelas forças superiores, em estados superiores de consciência, não humanos, é então natural declarar que o segredo da Grande Obra não pode transmitir-se, mas é o privilégio dos iniciados que, sobre a base das suas próprias experiências, podem somente eles compreender o que se esconde atrás da gíria e do simbolismo maçônico.

A lei do silêncio (que aquele que tem ouvidos os abra e ouça; que aquele que tem boca a mantenha fechada), sempre foi observada escrupulosamente pelos Maçons autênticos, tradicionais. E não se pense que no caso da Maçonaria estava ou esta em causa apenas a sua qualidade de sociedade secreta (aliás, uma qualidade bastante variável ao longo da sua história, e nunca se podem identificar sociedades secretas com organizações iniciáticas) — de fato, o segredo encontra-se intimamente ligado com a transmissão da Iniciação de Mestre para discípulo (Aprendiz) e nada mais.

Tudo o que se ligava com a técnica operativa e com o segredo da Ordem não podia ser exposto abertamente nos rituais impressos, fazia parte da transmissão iniciática. E se este silêncio impressiona ainda muito dos nossos contemporâneos, podemos afirmar que o silêncio que se impunha aos iniciados, e que tem razões bem mais importantes do que a simples prudência, nunca se impôs tão fortemente como nas condições atuais. Esta afirmação vem, naturalmente, contrariar a idéia, posta a circular pelos maiores «ocultistas», de que são chegados os tempos em que certos segredos devem ser revelados e divulgados.

Só modernamente, e devido à degenerescência que fez cair a Maçonaria em questões políticas, se quis assimilar o segredo iniciático aos ideais políticos de liberdade e de igualdade.

Mas o verdadeiro segredo iniciático é apenas o «incomunicável» e só a Iniciação pode dar acesso ao seu conhecimento. O segredo exterior é elemento secundário e acidental, e o seu valor é somente de símbolo em relação ao autêntico segredo que é interior. E se a organização iniciática é secreta, isso não resulta de algo de artificial ou de arbitrário — a organização fecha-se sobre si própria contra a degenerescência.

O segredo é de tal natureza que as palavras não o podem exprimir, é inacessível e inatingível — só os ritos e os símbolos o podem quanto muito, sugerir. O que o iniciado deve forçosamente adquirir, porque ninguém, nem nada de exterior a ele lho podem comunicar, é a posse efetiva do segredo iniciático.
MISTICISMO E INICIAÇÃO
Na habitual confusão dos textos elaborados pelos autores recentes da «nova era», Misticismo e Iniciação aparecem muitas vezes como se fossem sinônimos.

Mas a Iniciação, pela sua própria natureza, é incompatível com o Misticismo. Ao contrário deste, na Iniciação é ao indivíduo que pertence à iniciativa da realização, perseguida metodicamente, sob controlo rigoroso e constante, chegando a ultrapassar as possibilidades do indivíduo como tal.

A própria comunicação com os estados superiores é apenas um ponto de partida e não um fim em si — o que se pretende é realizar em si próprio um estado supra-individual. Podemos dizer que as perspectivas iniciática e mística têm em comum o domínio da espiritualidade e a ordem metafísica ou a teológica; uma direção idêntica (o Princípio divino); e uma concepção escatológica semelhante quanto à marcha da História e à conclusão do Universo. Em compensação, diferem ambas quanto ao objetivo final e à associação de um elemento sentimental ao Misticismo; enquanto o caráter da doutrina iniciática postula a favor de um conhecimento central, o da Tradição única e Invariável, o Misticismo responde a outras motivações.

Por outro lado, ao contrário do Misticismo, a Iniciação, ao utilizar os ritos, recorre a um método — aliás, método e doutrina são inseparáveis na via iniciática.

Mas é realmente o próprio jogo de palavras a fazer entre Iniciação e iniciativa que nos permite compreender melhor a separação existente entre Misticismo (que não visa suprimir a dualidade fenomenal e existencial, e que pertence mais ao domínio psíquico, conservando um caráter de perfeita passividade) e a Iniciação (de natureza eminentemente ativa, feita de disciplina e de ascese ritual, exercendo-se com base no conhecimento simbólico e conduzindo o ser à realização de todas as suas potencialidades).
ENSINO PROFANO E ENSINO INICIÁTICO
A principal diferença que existe entre o ensino profano e o ensino iniciático reside neste simples ponto: ao contrário do profano, para o iniciado não tem qualquer valor o que aprende exteriormente — a sua aprendizagem é toda ela interior, descobrindo e desenvolvendo as suas possibilidades mais profundas, que são despertadas (é esse o verdadeiro significado da «reminiscência» platônica).

Assim, a Iniciação não é um estado psicológico nem místico, é mais profunda do que isso: implica um conhecimento êxito e uma técnica precisa, onde não têm cabimento o sentimentalismo e a imaginação. Porque todo o conhecimento iniciático resulta da comunicação, estabelecida conscientemente, com estados superiores e é a essa comunicação que dizem respeito termos como inspiração e revelação.

A Iniciação implica a existência de uma elite, constituída por aqueles que estão aptos a receberem esse ensino especial (lembremo-nos que todos são chamados mas poucos serão os escolhidos como disse Yeshua ben Yosef). Portanto a constituição da elite é inconciliável com o ideal democrático do ensino igual distribuído a todos (que, no entanto, são desigualmente dotados). A instrução obrigatória do ensino profano conduz em linha Rita à uniformidade do Reino da Quantidade, enquanto a Iniciação implica, pelo contrário, o triunfo da Qualidade.

Será necessário sublinhar, também, que o ensino profano põe a memória no lugar da inteligência; exige a acumulação de conhecimentos, e não a sua assimilação; aplica-se, sobretudo ao estudo de coisas que não exigem compreensão; substitui as idéias por simples fato; toma a erudição como uma ciência autêntica; consagra o triunfo do «espírito científico» (ou seja, da ciência dos ignorantes), faz-se passar pelo que realmente não é nem pode ser e é isso que o torna realmente nefasto.
A MISSÃO DA MAÇONARIA: REALIZAR O PLANO DO GADU
Qual é a missão da Maçonaria?

Trata-se, como se viu, de uma organização de caráter iniciático, o fim da Maçonaria só pode ser o da própria Iniciação — entrada numa via de plena realização da totalidade das possibilidades do Ser começa de nova existência já num estado supra-individual.

Aqui o trabalho coletivo assume lugar preponderante. E a própria coletividade da organização que desempenha o papel de «guru» (mestre espiritual), sob a ação de uma «presença» espiritual — precisamente a do Grande Arquiteto do Universo – IHVH.

Portanto, dentro de um conceito iniciático, devemos dizer que todo o Ser tende, conscientemente ou não, a realizar em si mesmo o plano do Grande Arquiteto do Universo, da Vontade Suprema, e a concorrer para a realização total do mesmo plano, o qual constitui apenas a universalização da sua própria realização pessoal.

Reportando-nos apenas à Maçonaria antiga, «operativa», verificamos que o fim da realização do artífice era a «maestria», a posse perfeita da sua arte, coincidindo com o estado de verdadeira liberdade e veracidade interiores. A participação consciente no plano do GADU revela-se na síntese de todas as proporções do templo, coordenando as aspirações de todos os que participam nessa obra cósmica.

Os instrumentos que servem ao artífice Maçom. para transformar a pedra bruta simbolizam os «instrumentos» divinos, identificam-se com os atributos divinos e é isso que nos explica o fato de que a transmissão iniciática, antigamente, aparecia estreitamente ligada à entrega dos instrumentos de profissão — o fio de prumo, o nível, o esquadro e o compasso são imagens dos arquétipos imutáveis que regem todas as fases da obra e, por vezes, o ritmo compassado do martelo afeiçoando a pedra combinava-se com a invocação, sonora ou interior, de um nome divino.



Joel Santos, M.’. M.’.
G.'.O.'.L.'., Lisboa

INSTRUÇÃO DE APRENDIZ PARTE 2



A partir do momento que alguém se torna Maçom, há de se conscientizar que haverá um caminho longo a percorrer. Pode-se dizer que é um caminho sem fim. Ao longo dessa caminhada há bons e maus momentos. Os bons deverão ser aproveitados como incentivo, e os maus não poderão ser motivo de esmorecimento e desistência da viagem iniciada. A linguagem, sempre empregada nas Lojas Maçônicas, diz que o Aprendiz Maçom é uma pedra bruta que deve talhar-se a si mesmo para se tornar uma pedra cúbica. É o início da sua jornada Maçônica.

O nutrimento elementar para a viagem é conhecido do Maçom desde de nossa primeira instrução recebida:  A régua de 24 polegadas, o maço e o cinzel. Com o progresso, nós Maçons vamos recebendo outros objetos, tais como o nível, o prumo, o esquadro, o compasso, a corda, o malhete e outros.

Os utensílios de trabalho, obviamente, são simbólicos. Todos os símbolos nos abrem as portas sob condição de não nos atermos apenas às definições morais. É em nossa 4a instrução, onde começamos a entender os significados de nossa jornada maçônica, do espírito Maçônico , que nos ensina, um comportamento original que não se encontra em nenhum outro grupo de homens. Se isso não for absorvido, não será um bom Maçom, livre e de Bons costumes.

O que é “ser livre e de bons costumes” na concepção maçônica?
Livre e de Bons Costumes implica que, apesar de todo homem ser livre na real acepção da palavra, pode estar preso a entraves sociais que o privem de parte de sua liberdade e o tornem escravo de suas próprias paixões e preconceitos. Assim é desse jugo que se deve libertar, mas, só o fará se for de Bons Costumes, ou seja, se já possuir preceitos éticos (virtudes) bem fundamentados em sua personalidade.

O ideal dos homens livres e de bons costumes, que nossa sublime Ordem nos ensina, mostra que a finalidade da Maçonaria é, desde épocas mais remotas, dedicar-se ao aprimoramento espiritual e moral da Humanidade, pugnando pelos direitos dos homens e, pela Justiça, pregando o amor fraterno, procurando congregar esforços para uma maior e mais perfeita compreensão entre os homens, a fim de que se estabeleçam os laços indissolúveis de uma verdadeira fraternidade, sem distinção de raças nem de crenças, condição indispensável para que haja realmente paz e compreensão entre os povos.

Livre, palavra derivada do latim, em sentido amplo quer significar tudo o que se mostra isento de qualquer condição, constrangimento, subordinação, dependência, encargo ou restrição.

A qualidade ou condição de livre, assim atribuído a qualquer coisa, importa na liberdade de ação a respeito da mesma, sem qualquer oposição, que não se funde em restrição de ordem legal e, principalmente moral. Em decorrência de ser livre, vem a liberdade, que é faculdade de se fazer ou não fazer o que se quer, de pensar como se entende, de ir e vir a qualquer parte, quando e como se queira, exercer qualquer atividade, tudo conforme a livre determinação da pessoa, quando não haja regra proibitiva para a prática do ato ou não se institua princípio restritivo ao exercício da atividade.

Bem verdade é que a maçonaria é uma escola de aperfeiçoamento moral, onde nós homens nos aprimoramos em benefício de nossos semelhantes, desenvolvendo qualidades que nos possibilitam ser, cada vez mais, úteis à coletividade. Não nos esqueçamos, porém, que, de uma pedra impura jamais conseguiremos fazer um brilhante, por maior que sejam nossos esforços.

O conceito maçônico de homem livre é diferente, é bem mais elevado do que o conceito jurídico. Para ser homem livre, não basta Ter liberdade de locomoção, para ir aqui ou ali. Goza de liberdade o homem que não é escravo de suas paixões , que não se deixa dominar pela torpeza dos seus instintos de fera humana.Não é homem livre, não desfruta da verdadeira liberdade, quem esta escravizado a vícios. Não é homem livre aquele que é dominado pelo jogo, que não consegue libertar-se de suas tentações. Não é homem livre, quem se enchafurda no vício, degrada-se, condena-se por si mesmo, sacrifica voluntariamente a sua liberdade, porque os seus baixos instintos se sobrepuseram às suas qualidade, anulando-as.

Maçom livre, é o que dispõe da necessária força moral para evitar todos os vícios que infamam, que desonram, que degradam. O supremo ideal de liberdade é livrar-se de todas as propensões para o mal, despojar-se de todas as tendências condenáveis, sair do caminho das sombras e seguir pela estrada que conduz à prática do bem, que aproxima o homem da perfeição intangível.

Sendo livre e por conseqüência, desfrutando de liberdade, o homem deve, sempre pautar sua vida pelos preceitos dos bons costumes, que é expressão, também derivada do latim e usada para designar o complexo de regras e princípios impostos pela moral, os quais traçam a norma de conduta dos indivíduos em suas relações domésticas e sociais, para que estas se articulem seguindo as elevadas finalidades da própria vida humana.

Os bons costumes, referem-se mais propriamente à honestidade das famílias, ao recato das pessoas e a dignidade ou decoro social.

A idéia e o sentido dos bons costumes não se afastam da idéia ou sentido de moral, pois, os princípios que os regulam são, inequivocamente, fundados nela.

O bom maçom, livre e de bons costumes, não confunde liberdade, que é direito sagrado, com abuso que é defeito, crê em Deus, ser supremo que nos orienta para o bem e nos desvia do mal. O bom maçom, livre e de bons costumes, é leal. Quem não é leal com os demais, é desleal consigo mesmo e trai os seus mais sagrados compromissos, cultiva a fraternidade, porque ela é a base fundamental da maçonaria, porque só pelo culto da fraternidade poderemos conseguir uma humanidade menos sofredora, recusa agradecimentos porque se satisfaz com o prazer de haver contribuído para amparar um semelhante.

O bom maçom, livre e de bons costumes, não se abate, jamais se desmanda, não se revolta com as derrotas, porque vencer ou perder são contingências da vida do homem, é nobre na vitória e sereno se vencido, porque sabe triunfar sobre os seus impulsos, dominando-os, pratica o bem porque sabe que é amparando o próximo, sentindo suas dores, que nos aperfeiçoamos.

O bom maçom, livre e de bons costumes, abomina o vício, porque este é o contrário da virtude, que ele deve cultivar, é amigo da família, porque ela é a base fundamental da humanidade. O mau chefe de família não tem qualidades morais para ser maçom, não humilha os fracos, os inferiores, porque é covardia, e a maçonaria não é abrigo de covardes, trata fraternalmente os demais para não trair os seus juramentos de fraternidade, não se desvia do caminho da moral, quem dele se afasta, incompatibiliza-se com os objetivos da maçonaria.

O bom maçom, o verdadeiro maçom, não se envaidece, não alardeia suas qualidades, não vê no auxílio ao semelhante um gesto excepcional, porque este é um dever de solidariedade humana, cuja prática constitui um prazer. Não promete senão o que pode cumprir. Uma promessa não cumprida pode provocar inimizade. Não odeia, o ódio destrói, só a amizade constrói.

Finalmente, o verdadeiro maçom, não investe contra a reputação de outro, porque tal fazer é trair os sentimentos de fraternidade. O maçom, o verdadeiro maçom, não tem apego aos cargos, porque isto é cultivar a vaidade, sentimento mesquinho, incompatível com a elevação dos sentimentos que o bom maçom deve cultivar.

Os vaidosos buscam posições em que se destaquem; os verdadeiros maçons buscam o trabalho em que façam destacar a maçonaria.

O valor da existência de um maçom é julgado pelos seus atos, pelo exercício do bem.


BIBLIOGRAFIA PESQUISADA
Ritual do Grau de Aprendiz Maçom
Dicionário Aurélio – 1999
Adaptação do Texto Original do Ir.•. Nery Saturnino - A.•.R.•.L.•.S.•. Amor e Fraternidade


Antonio Marcus de Melo Ferreira, A.'. M.'.
ARLS Evolução Gonçalense, 50, Rio de Janeiro - Brasil.


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