“O motor da mudança não é
tecnológico, mas humano. Assim, a organização do futuro deverá ser coerente com
a aspiração das pessoas por autorrespeito e autorrealização”. William
O’Brien.
Por que a evasão de maçons das Lojas?
Entre muitos fatores temos: grupelhos de dominação, reuniões má
elaboradas; criando uma rotina monótona, os parladores permanentes sem qualquer
mensagem, a falta de um objetivo para a Loja, ou para a potência, ou para a
Ordem; de um modo geral: a falta de uma administração efetiva e programada.
Se a Maçonaria fosse uma empresa, ela estaria falida, porquanto o seu
regime de Governo está mais para a monarquia absoluta, do que para uma
república democrática; pois os dirigentes, desde as lojas até os grão-mestres,
são de um modo geral prepotentes e incompetentes em matéria de planejamento
administrativo. São mais ditadores, do que os companheiros fraternais desta
romagem terrestre.
Outro aspecto a ser abordado é o ponto de vista do cliente maçônico.
O que eles buscam nas lojas e na fraternidade?
Seria somente o autorrespeito e a autorrealização? Ou haverá outras
causas?
Analisando a sociedade, no momento, notamos de um lado a busca do
hedonismo animalizado pela sensualidade, pela glutanoria, pela evasão dos
lugares de vivência para lugares exóticos; num falso prazer ótico, é a busca
incessante de sensações e emoções a fim de satisfazer o nosso primitivo cérebro
reptiliano. D’outro lado a procura da religião, também, dentro do primarismo
de satisfazer as necessidades materiais, e não as espirituais.
Infelizmente, as religiões abastardam-se num comércio de benesses
arrancadas de Deus a custa de pagamentos pecuniários, de magia evocativa ou
gestual, através da interferência de um representante celeste na Terra, e,
sobretudo, a resignação de viver na miséria e na dor, para poder ganhar o céu e
ficar estático pela eternidade, olhando e adorando o criador.
Logicamente, os clientes da Maçonaria não pertencem aos epicuristas
materialistas, mas ao grupo que procura uma nova perspectiva para suas
aspirações espirituais. Possivelmente, passaram pelo misticismo animista e
moralista, estão investigando uma outra forma de crença, para satisfazer-lhes a
racionalidade: um misticismo racional.
Num século de profundo egoísmo, gerando um individualismo selvagem; onde
não tem lugar para os afetos humanos.
Há somente o interesse em explorar o outro para o próprio benefício
econômico. Neste ambiente social de guerras de todos os tipos, os homens vão
atrás de uma paz, de compreensão, de comunhão com todos aqueles que têm as
mesmas aspirações.
Chegando as lojas, após a bela dramatização da iniciação; depois a
elevação; mais tarde a exaltação; se ele não for bastante desembaraçado e
curioso, passará a ser simples espectador de cenas que se repetem
monotonamente, sessões após sessões, sem qualquer organização, motivação, ou
uma ação global para todos os participantes; levando-os as situações
inquietantes geradoras de:
a) desinteresse pelos conteúdos e atividades propostas pelas lojas; e
b) insatisfação em relação ao que fazem e como fazem.
Nada encontrando de útil para si, o cliente deixa de comprar o produto
supérfluo, mal-embalado, e às vezes caro, não lhe restando outra solução: o
abandono.
Modernamente, considerando algumas ideias profanas numa visão mais
atualizada da administração de uma empresa vencedora, teríamos os métodos dos
sistemas, de uma Organização de Alto Desempenho, ou uma das mais em moda:
Gerência para a Qualidade Total, cujos princípios básicos seria criar
uma organização capaz de adaptar-se as novas tecnologias, as novas condições
ambientais geradas pelos nossos valores humanos, além de ser flexível, e ainda
em relação à Maçonaria, haveria, dentre outros os seguintes propósitos:
1) desenvolver lideranças efetivas;
2) investir em tecnologia de informação para obter respostas rápidas;
3) adotar um sistema eficaz de comunicação; e
4) fazer o planejamento estratégico em todos os níveis com metas bem
definidas, objetivos bem
operacionais.
Tudo isto como um começo para, segundo o filósofo colombiano Bernardo
Toro, as principais competências pessoais para o próximo século serão:
1) alta competência em leitura e escrita;
2) alta competência em cálculo matemático e resolução de problemas;
3) alta competência em expressão escrita: precisão para descrever,
precisão para analisar e comparar,
precisão para expressar o próprio pensamento;
4) capacidade para descrever, analisar e criticar o ambiente social;
5) capacidade para recepção crítica dos meios de comunicação de massas;
6) capacidade para criar, trabalhar e decidir em grupo: aprendizagem
cooperativa; e
7) capacidade para localizar, ter acesso e usar informações acumuladas
(guardados em bancos de dados).
Estas são algumas proposições sobre as qualidades do homem para o século
XXI, e não nos podemos esquecer que a Maçonaria é herdeira do Humanismo
medieval, centrado no indivíduo, o qual para o futuro deveria não só saber usar
a tecnologia, mais em especial a de informação, e poderíamos desde já pensarmos
numa rede de computadores de cada potência, reunidas numa rede geral de todas
elas.
Para chegarmos ao milênio que se avizinha, torna-se evidente a
necessidade de abandonarmos dogmas e preconceitos de um passado obscuro, e
iniciarmos a viver o aqui e agora, analisando e criticando as arcaicas
estruturas maçônicas legais, organizacionais, filosóficas, de usos e costumes,
e mesmo ritualísticas.
O tempo não espera. Ele passa rápido destruindo as estruturas de alto
gasto energético, e construindo composições mais econômicas e eficazes. Ou se
evolui ou se perece, não há terceira opção.
(Breno Trautwein)
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