Todos sabem que uma das colunas
mestras da Maçonaria é a procura da verdade. Mas o que é a Verdade? Se
consultarmos os filósofos, encontraremos ao longo dos tempos, pelo menos cinco
conceitos de Verdade:
Verdade
como sinônimo de correspondência entre o conhecimento das coisas e as coisas em
si, Verdade como sinônimo de revelação, Verdade como sinônimo de conformidade a
uma regra, Verdade como sinônimo de coerência e Verdade como sinônimo de utilidade.
Contudo, os dois primeiros são os conceitos mais difundidos. Já dizia Platão
que “verdadeiro é o discurso que diz as coisas como são”.
Aristóteles
afirmava que a Verdade está no pensamento e na linguagem, não nos seres ou nas
coisas. E mais ainda, que a medida da Verdade é o ser ou a coisa. Dito em
outras palavras; uma coisa não é branca só porque você diz que é assim, mas
porque ela é realmente branca. Santo Agostinho fala da Verdade como “o que
revela o que é ou se manifesta a si mesmo” e, assim, identifica a Verdade como
o Logos ou o Verbum, ou seja, com Deus ou o GADU. A Verdade é para ele então
revelação. São Tomás de Aquino vai um pouco mais adiante e constata que Verdade
é “a adequação do intelecto e das coisas”.
As
discussões em torno do conceito da Verdade ocuparam e ocupam os estudiosos até
os dias de hoje sem que tenham chegado a uma conclusão.
Por
que isso acontece, perguntaríamos? A resposta imediata seria:
Porque
não conseguimos atingir a Verdade, a Verdade entendida como Verdade absoluta,
Kant em seus tratados da Razão Crítica e da Razão Pura já havia chegado a esse
raciocino. Hoje até os lingüistas discutem o assunto. Na realidade, há uma
distância entre as coisas e nós. Nós só chegamos às coisas através dos sentidos
(visão, audição, tato, paladar, olfato) que estimulam os nervos que levam
determinadas correntes energéticas ao cérebro que as interpreta e armazena na
memória, então vejam, as coisas chegam a nós de maneira bem diferentes: quando
temos uma casa diante de nós, podemos percebê-la, sobretudo através das cores
em que está pintada e, deste modo, ela se fixa em nossa memória.
Mas nossos amigos podem perceber
a mesma casa pelos sons que vêm dela e é desse jeito, que ela vai ficar
registrada em sua memória. Isto quer dizer que cada um de nós tem uma imagem
diferenciada da mesma casa. Se alargarmos o processo de conhecimento da
realidade a todos os níveis, podemos imaginar como o mesmo mundo chega até nós
das maneiras mais variadas, dependendo do modo como o apreendemos e o
expressamos.
Com
este preâmbulo queremos levar à seguinte reflexão: Nenhum ser
consegue, pelo menos por enquanto; atingir a Verdade Absoluta cada
ser é portador de sua verdade individual que é limitada. Se quiser aumentá-la
ter-se-á que ter acesso á Verdade dos outros e, assim enriquecer-se. Ora, isto
quer dizer que aquilo que os outros têm a nos dizer, na maioria das vezes,
acrescenta-nos algo. Portanto, o primeiro passo para o enriquecimento da
nossa verdade é ouvir a opinião dos outros e tentar
entender as suas verdades. A isto se chama de tolerância, assim em posição
diametralmente oposta à ignorância.
É verdade que, às vezes; na
tentativa de entender o que os outros têm a nos dizer, surgem discussões.
Porém, se não se perder de vista que a finalidade do diálogo é nosso próprio
enriquecimento, as discussões serão apenas explicações, aulas, sobre o nosso
modo de pensar e sobre o modo de pensar dos outros.
E aulas e explicação dão-se
didaticamente, com as emoções em equilíbrio. Como exercitar o diálogo com
tolerância, em busca do enriquecimento da verdade de cada um? Diríamos;
aplicando a lei de Newton que afirma que toda a ação sofre uma reação de igual
intensidade. Assim, se a ação for amorosa, a reação também será amorosa. Com a
intolerância e o desamor só se alcança desunião.
Ora,
se opta e se tem o privilégio de ser iniciado na Ordem Maçônica, tendo acesso
aos seus ensinamentos, passa-se à busca da Verdade Absoluta, passa-se à
construção do Templo Interno. Por que não aproveitar esta oportunidade de ouro,
talvez a única nesta altura de nossas vidas? Fazemos parte de uma instituição
séria e universal, portanto temos que buscar a união e, para isso, não podemos
prescindir da tolerância, a fim de ajudar o País, a Humanidade e a Terra neste
momento crucial da Realidade.
M.'.M.'. Milo Luiz Bazaga Junior
- GLMMG - REAA
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