Ao longo desses
últimos anos e observando algumas Lojas, bem como conversando com alguns
Irmãos, tenho observado e feito alguns comentários a respeito da não interação
dos Maçons na vida profana, enfim, na sociedade em que estão fixados.
Tem-se a impressão que
o Maçom vive alheio à sociedade e, o mais inadmissível, é que a maioria deles
nos dá a impressão de não querer aparecer como Maçom.
Parecem não querer se
identificar como Maçom, notadamente, assim se comportam como se tivessem
vergonha ou medo de pertencer à Arte Real.
Aqui, eu quero fazer
uma declaração muito especial: eu não tenho vergonha ou medo de ser Maçom,
entretanto, eu tenho muita vergonha do comportamento de certos Maçons que
denigrem essa Augusta Irmandade.
Tenho observado também
que os Maçons vivem apenas de glórias do passado, não sendo hoje, nem uma
pálida sombra de seus antigos dias.
Esta não é uma
observação somente minha, pois lendo vários autores, sabidamente de profundos
conhecimentos maçônicos, eles nos têm dito que a Maçonaria em diversas partes
do mundo se encontra na mesma situação.
Eu quero dizer numa
dormência de atos e fatos, preferindo a penumbra reclusa de seus Templos como
que querendo se esconder do mundo.
Esse comportamento
atípico dos Maçons nos leva ligeiramente a concluir que, a Maçonaria está
passando por uma crise de valores, encontrando dificuldades em se adaptar ao
mundo moderno.
Talvez, o
conservadorismo exagerado não seja um bom “status quo” para a Maçonaria.
Nos dias de hoje, tudo
evolui e aquilo que ficar preso às amarras do comportamento histórico
(conservadorismo), por certo, definhará e palmilhará tão somente a vereda da
inexpressividade – talvez seja este o caso.
Tudo aquilo que não se
atualiza, acaba ficando obsoleto.
Uma outra observação
diária e que se faz necessário nomear aqui, é que, os recém iniciados
(Aprendizes) estão totalmente desiludidos com o que estão presenciando, isto é,
apenas uma catequese homeopática de instruções e um rigor excessivo nos
rituais, como dizem: ”está faltando algo mais”.
As instruções que aqui
me refiro são aquelas ministradas pelos Mestres de uma forma didática sem
criatividade e com uma insistência na repetição, que induz a certa lavagem
cerebral, eu quero acreditar que esse não é o objetivo primordial da Maçonaria.
Mesmo porque, a
repetição sem a devida criatividade, liberdade ou conotação, leva o Aprendiz a
um bloqueio cego, não oferecendo condições para inteligir e argumentar o que
está sendo introjetado.
Não é intenção minha
querer mudar os Landmarks ou os princípios da Arte Real, afinal de contas, quem
sou eu para abrigar tamanha pretensão.
O que a maioria dos
Maçons deseja é que, não que a Maçonaria mude, muito pelo contrário, quem deve
mudar se atualizando e se reciclando são os Maçons.
E não viver como se
ainda estivessem trabalhando numa Guilda do século XVIII, ainda sob a
influência deletéria da Idade Média.
Talvez, na insipidez
árida das reuniões (sessões), na falta de estudo, na carência de cultura
maçônica, no desinteresse em geral, devemos ficar em alerta e ver a fonte
principal das ausências, das deserções e, afinal, do adormecimento definitivo.
As sessões em Loja não
devem ficar tão somente restritas à praxe ordinária, ficando dessa forma, o
tempo totalmente tomado pelos rituais e pela leitura dos expedientes, práxis
essa que, leva ligeiro ao enfado.
Assim, afasta a
possibilidade da apresentação de trabalhos, discussões temáticas, propostas de
possíveis atividades no mundo profano, (uma ausência muito grande dos Maçons).
Enfim, fazer das
sessões uma verdadeira tribuna para que, os Maçons de qualquer grau, possam
expor com espontaneidade seus pensamentos, seus desejos e seus objetivos.
Isso deverá ser feito
dentro de uma organização pré-estabelecida em uma outra sessão, obedecendo
todos os princípios da Arte Real, como também o comportamento maçônico da
tolerância e do respeito mútuo.
Esta afirmação de que
as reuniões são insípidas, temos ouvido sempre dos Irmãos, e isso deriva da
posição tomada por vários deles em reclamar de leitura de Boletim, de Atos, de
Decretos ou Leis, das correspondências recebidas e expedidas e etc.etc.
Se não for possível
mudar essa configuração das reuniões ordinárias, que se faça uma reunião
exclusivamente para os debates como acima propusemos.
Se assim se
procedesse, por certo, as reuniões tornar-se-iam mais agradáveis e não se
deixaria os Irmãos à mercê, em busca solitária sem muita propriedade, estando
sujeitos a muitas vezes adentrar por veredas não muito recomendáveis.
Eu tenho a certeza de
que, o verdadeiro ensinamento maçônico, seria transmitido pelo exemplo e pela
sabedoria de cada Irmão e pela atuação conjunta de toda a Loja.
A partir do momento em
que ficar entendido que, nenhum Irmão é possuidor da verdade e, por uma dedução
lógica, não estaria capacitado para transmitir a Verdade, sozinho.
Se fossem instaladas
as sessões de uma forma mais democrática, poderíamos contar com essa práxis
inovadora para, transmitir de uma forma mais aberta todos os conhecimentos,
fortalecendo maçonicamente ambas as Colunas.
Tendo em vista essa
atitude nova em se reunir com o objetivo de assimilar mais conhecimentos, fica
claro que é obrigação de todos os Irmãos de um Quadro, trazer suas Luzes para a
Loja.
Podendo assim, trilhar
com todo o esforço no sentido do aperfeiçoamento de cada um dos Irmãos a um só
tempo.
É evidente que se
instalassem sessões com esse objetivo, reduziriam a um número mínimo os males
que afligem a Maçonaria atual, trazendo, inclusive, benefícios para a Ordem.
Compete a todos os
Irmãos mostrar o caminho que a Maçonaria deve trilhar pelos tempos, pois o
colegiado de Irmãos é a Maçonaria e ela será sempre o somatório de todas as
nossas ações.
Não quero dar
continuidade a esse ensaio porque pode parecer uma intromissão, mas que na
verdade, eu estou completamente adormecido por vários motivos; e o que mais
influenciou para permanecer nesse estado foi esse que acima expus.
Porém, antes de
encerrar esse modesto trabalho de observação, eu tenho ainda de fazer uma
referência a algo também observado para concluir como desfecho final.
Existe uma grande
culpa dos Mestres e também do Generalato que é a seguinte: A cerimônia de
Iniciação não é acompanhada de esclarecimentos e estudos que objetivem
despertar a verdadeira Maçonaria no Aprendiz.
Simplesmente, eles são
colocados no alto da Coluna do Norte, onde assistindo as sessões econômicas,
aguardam certo intervalo de tempo para que como Companheiros possam passar à
Coluna do Sul, onde tudo se repetirá até se tornarem Mestres sem, contudo,
conseguirem ser um verdadeiro Maçom.
Urge que os Maçons
estudem com uma maior profundidade a sua própria Tríade:
LIBERDADE-IGUALDADE-FRATERNIDADE.
Eráclito Alírio da
silveira
Ao
ResponderExcluirIr.°. Eraclito Alírio da Silveira
Ir.°. adormecido, como êle próprio se diz ser.
Espero que tenha lido em Loja este seu trabalho, se assim agiu, terá meus parabéns senão retiro os parabéns. Temos em seu trabalho uma linha de pensamento, que não fica apenas em sua Loja, conforme você mesmo escreve, e posso lhe dizer que também constatei isto, em conversas extra-sessão. Algumas vezes temos receio de sermos mal interpretados quando assim nos colocamos frente àqueles que mais conhecem de ritual, compendios e constituições.
Como sugestão, deveria eu fazer uma prancha em minha Loja neste sentido,as Grandes Potencias e Orientes que estão acima das Lojas normais deveriam produzir cursos virtuais ou presenciais aos irmãos, para obtenção pelo irmão de conhecimentos, que uma propalada leitura de bons livros maçônicos nos traria. As opções de temas para estes cursos são várias, como: Ritualisticas dos Graus, Cargos e funções, quais as principais atividades que uma Loja deve realizar durante seu ano de trabalho, como fazer a programação da loja, comportamento em Loja, indicações de leitura de livros, revistas e sites maçônicos confiáveis. Melhor estruturação dos temas nos Seminários maçons em seus diversos graus dando motivação´`a participação dos irmãos.
Instituir durante o mês do dia do Maçon, semanas ou períodos culturais com palestras com temas maçônicos ou de atualidades brasileiras com debates, com a participação de todas as lojas da cidade e região, sem é claro não sobrecarregar a programação normal das lojas.
E uma série de outras sugestões de outros irmãos poderão ser elencadas, claro que tudo isso deve ter um consenso geral e uma tomada de posição onde todos possam opinar e se engajarem no que que se pretenderá fazer. ETctera e tal...
Grato,
Roberto Mitio Katsumoto
Loja Brasil II-024
Marília-SP
T.F.A
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