A palavra irmão, tal como se encontra no dicionário,
significa pessoa que descende de um ou dos dois pais comuns. Essa definição
baseada na origem biológica da pessoa, embora bastante simples e precisa não é
suficiente para definir a palavra irmão no sentido mais amplo do termo.
Muitas religiões, notadamente os evangélicos no Brasil,
utilizam o termo irmão para definir aquele que professa a mesma religião que a
sua, esse sentido deriva da crença que todos somos filhos de um único Deus e,
portanto a humanidade formaria, segundo esse entendimento, uma grande família,
sendo todos irmãos. É sem dúvida uma bela e filosófica visão e talvez seja um
fim a ser alcançado.
Nos Estados Unidos da América, os índios Sioux, tinham uma
tradição que era a seguinte: todo menino nascido na tribo, durante os primeiros
meses era amamentado por todas as mulheres da tribo, dessa forma esse menino ao
tornar-se um guerreiro, considerava todas as mulheres da tribo como suas mães e
todos os velhos como seus avós, destarte todos os outros guerreiros eram seus
irmãos e estando em batalha, cada um cuidaria da sua vida e da vida de seus
irmãos, sendo esse um sentimento tão forte que jamais um irmão seria abandonado
no campo de batalha, se tivessem que morrer morriam juntos, irmãos na vida e na
morte.
Na Maçonaria temos o costume de tratar-nos como irmãos,
demonstrando dessa forma o caráter fraternal de nossa organização. Quando um
profano recebe a luz em um templo, durante o ritual de iniciação, a primeira
coisa que ele vê são seus irmãos armados com espadas, jurando protegê-lo sempre
que for preciso.
A partir desse momento todos que a ele se referem o tratam
por irmão, os filhos de seus irmãos passam a tratá-lo como tio e as esposas de
seus irmãos passam a ser suas cunhadas. Forma-se nesse momento um elo firme
entre o novo membro da ordem e a família maçônica.
É difícil precisar, no entanto, como esse vinculo se cria e
se mantém. Por quê? ao sermos reconhecidos como Maçons o outro lado prontamente
abre um sorriso amigo e te abraça, como se já te conhecesse de toda a vida. Que
força é essa que nos une e faz com que homens de diferentes, raças, credos,
profissões e classes sociais, tenham um sentimento de irmandade mais forte
entre eles, que entre irmãos de sangue?
A Maçonaria que passou por várias fases em sua existência
desde a Maçonaria operativa até as atuais Lojas Simbólicas foi refinando a
maneira pela qual seus membros são escolhidos e convidados para integrar nossas
colunas, o possível candidato sem saber está sendo observado em seus atos e na
forma de conduta na vida profana, sendo que ao ser formalmente convidado, parte
de sua avaliação já foi concluída, bastando agora cumprir os regulamentos da
respectiva potência maçônica, para levar a cabo o ingresso do novo membro.
Talvez devido ao fato que todo o Maçom sabe dos rigores
dessa seleção, em que pese o fato de que algumas vezes cometemos erros,
iniciando irmãos que nem de longe mereceriam essa honra, nós temos a tendência
a confiar em um irmão porque sabemos que ele é livre e de bons costumes.
Aquele que ao apor sua assinatura em uma folha qualquer
acrescentar os três pontinhos deve saber que está dizendo ao mundo, “Sou Livre
e de Bons Costumes”. E como tal será cobrado em suas ações e atitudes tanto
dentro dos templos como no mundo profano.
Creio que muitos irmãos adentram à nossa ordem sem a devida
reflexão da responsabilidade que isso lhes impões, repetem os juramentos sem
entender a verdadeira abrangência de suas palavras, o fazem por que isso faz
parte do ritual, da mesma forma que pessoas que jamais freqüentam a igreja se
casam e juram amor eterno e fidelidade diante do sacerdote sem, no entanto ter
a menor intenção de cumprir esse juramento.
È compreensível que muitos irmãos entrem na Ordem sem o
devido conhecimento da mesma, até porque esse conhecimento é pouco divulgado e
muitas vezes os padrinhos e aqueles que fazem as sindicâncias não esclarecem o
profano devidamente sobre as responsabilidades que estará assumindo. O que não
é aceitável é que depois de ingressar e conhecer nossas normas e formas de
conduta exigidas o irmão continue agindo como antes do ingresso, ou seja, o
irmão transforma-se naquilo que costumamos chamar de “Profano
de Avental”, é aquele irmão que embora imbuído de boas
intenções não permeasse seu espírito com os ensinamentos da Maçonaria e mesmo
que permaneça na Ordem por toda a vida jamais será um Maçom no mais completo
sentido da palavra.
Nossa ordem necessita de irmão s que tenham entre si aquele
sentimento de fraternidade e solidariedade, tal quais os guerreiros Sioux, que
sendo filhos genéticos de pais diferentes se sentem irmãos, porque participam
de algo que é maior que cada um deles individualmente.
Nossas Lojas precisam de irmãos de verdade, aqueles que têm
orgulho de pertencer a essa instituição e estão dispostos a sacrifícios
pessoais em benefício da mesma. Ele deve lembrar-se sempre que ele não escolheu
a Maçonaria, mas foi por ela escolhido por reunir as condições necessárias para
tal. No entanto ele escolheu ficar e deve ser fiel aos seus juramentos.
Precisamos, portanto de Irmãos com três pontinhos de verdade.
Precisamos, portanto de Irmãos com três pontinhos de verdade.
Colaboração do Irmão Carlos Pereira.
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