A
Maçonaria possui em sua filosofia um ensinamento que pode ser expresso num
simples ditame: “Proteja os oprimidos dos opressores; e dedique-se à honra e
aos interesses de seu País”.
Maçonaria
não é especulativa nem teórica, mas experimental, não sentimental, mas prática.
Ela requer renúncia e autocontrole. Ela apresenta uma face severa aos vícios do
homem e interfere em muitos de nossos objetivos e prazeres. Penetra além da
região do pensamento vago; além das regiões em que moralizadores e filósofos
teceram suas belas teorias e elaboraram suas esplêndidas máximas, alcançando as
profundezas do coração, repreendendo-nos por nossa mesquinhez, acusando-nos de
nossos preconceitos e paixões e guerreando contra nossos vícios.
É uma luta
contra paixões que brotam do seio dos mais puros sentimentos, um mundo onde
preconceitos admiráveis contrastam com práticas viciosas, de bons ditados e más
ações; onde paixões abjetas não são apenas refreadas pelos costumes e pelos
cerimoniais, mas se escondem por trás de um véu de bonitos sentimentos. Esse
solecismo tem existido por todas as épocas.
O
sentimentalismo católico tem muitas vezes acobertado a infidelidade e o vício.
A retidão dos protestantes apregoa, freqüentemente, a espiritualidade e a fé,
mas negligencia a verdade simples, a candura e a generosidade; e a sofisticação
do racionalismo ultra-liberal em muitas ocasiões conduz ao céu em seus sonhos,
mas chafurda na lama de suas ações.
Por mais
que exista um mundo de sentimentos maçônicos, ainda assim ele pode ser um mundo
onde ela está ausente. Ainda que haja um sentimento vago de caridade maçônica,
generosidade e desprendimento, falta a prática ativa da virtude, da bondade, do
altruísmo e da liberalidade. A Maçonaria assemelha-se aí às luzes frias, embora
brilhantes.
Há clarões
ocasionais de sentimentos generosos e viris, um esplendor fugaz de pensamentos
nobres e elevados, que iluminam a imaginação de alguns. Mas não há o calor
vital em seus corações.
Boa parte
dos homens tem sentimentos, mas não princípios. Os sentimentos são sensações
temporárias, enquanto os princípios são como virtudes permanentemente impressas
na alma para seu controle. Os sentimentos são vagos e involuntários; não
ascendem ao nível da virtude. Todos os têm. Mas os princípios são regras de
conduta que moldam e controlam nossas ações. Pois é justamente neles que a
Maçonaria insiste.
Nós
aprovamos o que é certo, mas geralmente fazemos o que é errado; essa é a velha
história das deficiências humanas. Ninguém encoraja e aplaude injustiça,
fraude, opressão, ambição, vingança, inveja ou calúnia; ainda assim, quantos
dos que condenam essas atitudes são culpados delas, eles mesmos.
Já nos foi
dito: “Homem, quem quer que sejas, se julgas, para ti não há desculpa, porque
te condenas a ti mesmo, uma vez que fazes exatamente as mesmas coisas.”
É
surpreendente ver como os homens falam das virtudes e da honra e não pautam
suas vidas nem por uma nem por outra. A boca exprime o que o coração deveria
ter em abundância, mas quase sempre é o reverso do que o homem pratica.
Os homens
podem realmente, de certo modo,
interessar-se pela Maçonaria, mesmo que muitos deficientes em virtudes. Um
homem pode ser bom em geral e muito mau em particular: bom na Loja e ruim no
mundo profano, bom em público e mau para com a família.
Muitos
desejam sinceramente ser bons maçons. Mas é preciso que resistam a certos
estímulos, que sacrifiquem certos caprichos. Como é ingrato aquele que morre
medíocre, sem nada fazer que o glorifique para os Céus. Sua vida é como árvore
estéril, que vive, cresce, exaure o solo e ainda assim não deixa uma semente,
nenhum bom trabalho que possa deixar outro depois dele! Nem todos podem deixar
alguma coisa para a posteridade, mas todos podem deixar alguma coisa, de acordo
com suas possibilidades e condições.
Quem
pretender alçar-se aos Céus, sozinho dificilmente encontrará o caminho.
A
operosidade jamais é infrutífera. Se não trouxer alegria com o lucro, ao menos,
por mantê-lo ocupado, evitará outros males. Tem-se liberdade para fazer
qualquer coisa, devemos encará-la como uma dádiva dos Céus; tem-se a
predisposição de usar bem essa liberdade, então é uma dádiva da Divindade.
Maçonaria
é ação, não inércia. Ela exige de seus iniciados que trabalhem, ativa e
zelosamente, para o benefício de seus Irmãos, de seu país e da Humanidade. É a
defensora dos oprimidos, do mesmo modo que consola e conforta os
desafortunados. Frente a ela é muito mais honroso ser o instrumento do
progresso e da reforma do que se deliciar nos títulos pomposos e nos autos
cargos que ela confere.
A Maçonaria advoga pelo homem comum no que envolve os melhores
interesses da Humanidade. Ela odeia o poder insolente e a usurpação
desavergonhada. Apieda-se do pobre, dos que sofrem, dos aflitos; e trabalha
para elevar o ignorante, os que caíram e os desafortunados.
A
fidelidade à sua missão será medida pela extensão de seus esforços e pelos
meios que empregar para melhorar as condições dos povos. Um povo inteligente,
informado de seus direitos, logo saberá do poder que tem e não será oprimido.
Uma nação
nunca estará segura se descansar no colo da ignorância. Melhorar a massa do
povo é a grade garantia da liberdade popular. Se isso for negligenciado, todo o
refinamento, a cortesia e o conhecimento acumulado nas classes superiores
perecerão mais dia menos dia, tal como capim seco no fogo da fúria popular.
Não é a missão
da Maçonaria engajar-se em tramas e conspirações contra o governo civil. Ela
não faz propaganda fanática de qualquer credo ou teoria; nem se proclama
inimiga de governos. Ela é o apóstolo da liberdade, da igualdade e da
fraternidade. Não faz pactos com seitas de teóricos, utopistas ou filósofos.
Não reconhece como seus iniciados aqueles que afrontam a ordem civil e a
autoridade legal, nem aqueles que se propõem a negar aos moribundos o consolo
da religião. Ela se coloca à parte de todas as seitas e credos, em sua
dignidade calma e simples, sempre a mesma sob qualquer governo.
A
Maçonaria reconhece como verdade que a necessidade, assim como o direito
abstrato e a justiça ideal, deve ter sua participação na elaboração das leis,
na administração dos afazeres públicos e na regulamentação das relações da
sociedade. Sabe o quanto a necessidade tem por prioridade nas lidas humanas. A
Maçonaria espera e anseia pelo dia em que todos os povos, mesmo os mais
retrógrados, se elevem e se qualifiquem para a liberdade política, quando, como
todos os males que afligem a terra, a pobreza, a servidão e a dependência
abjeta não mais existirão. Onde quer que um povo se capacite à liberdade e a
governar-se a si próprio, aí residem às simpatias da Maçonaria.
A
Maçonaria jamais será instrumento de tolerância para com a maldade, de
enfraquecimento moral ou de depravação e brutalizarão do espírito humano. O
medo da punição jamais fará do maçom um cúmplice para corromper seus
compatriotas nem um instrumento de depravação e barbarismo. Onde quer que seja
como já aconteceu, se um tirano mandar prender um crítico mordaz para que seja
julgado e punido, caso um maçom faça parte do júri cabe a ele defendê-lo, ainda
que à vista do cadafalso e das baionetas do tirano.
O maçom
prefere passar sua vida oculto no recesso da penumbra, alimentando o espírito
com visões de boas e nobres ações, do que ser colocado no mais resplandecente
dos tronos e ser impedido de realizar o que deve.
Se ele
tiver dado o menor impulso que seja a qualquer intento nobre; se ele tiver
acalmado ânimos e consciências, aliviado o jugo da pobreza e da dependência ou
socorrido homens dignos do grilhão da opressão; se ele tiver ajudado seus
compatriotas a obter paz, a mais preciosa das possessões; se ele cooperou para reconciliar
partes conflitantes e para ensinar aos cidadãos a buscar a proteção das leis de
seu país; se ele fez sua parte, com os melhores e pautou-se pelas mais nobres
ações, ele pode descansar, porque não viveu em vão.
A
Maçonaria ensina que todo poder é delegado para o bem e não para o mal do povo.
A resistência ao poder usurpado não é meramente um dever que o homem deve a si
próprio e a seu semelhante, mas uma obrigação que ele deve a Deus para
restabelecer e manter a posição que Ele lhe confiou na criação. O maçom sábio e
bem informado dedicar-se-á à Liberdade e à Justiça. Estará sempre pronto a
lutar em sua defesa, onde quer que elas existam. Não será nunca indiferente a
ele quando a Liberdade, a sua ou a de outro homem de mérito, estiver ameaçada.
O verdadeiro
maçom identifica a honra de seu país como a sua própria. Nada conduz mais à
glória e à beleza de um país do que ter a justiça administrada a todos de igual
modo, a ninguém negada, vendida ou preterida.
Não se
esqueçam, pois daquilo a que você devotou quando entrou na Maçonaria: defenda o
fraco contra o truculento.
Enviado pelo Ir.’.
Gabriel Campos de Oliveira
Dep. Fed. SAFL-GOB -Divinópolis-MG-Brasil
Dep. Fed. SAFL-GOB -Divinópolis-MG-Brasil
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